BAIXA IDADE MÉDIA: As cruzadas

Documentos relacionados
1. Renascimento comercial na Baixa Idade Média. Introdução

ARTE MEDIEVAL. Estilo Bizantino

A baixa Idade Média: da crise do Feudalismo à formação dos Estados Nacionais na Europa (Séc. XI-XV) [Cap. 5 e 8] Prof. Rafael Duarte 7 Ano

Prof. José Augusto Fiorin

AS TRANSFORMAÇÕES NO SISTEMA FEUDAL

Conceito de Feudalismo: Sistema político, econômico e social que vigorou na Idade Média.

INSTRUMENTOS DE TORTURA UTILIZADOS CONTRA AS HERESIAS, CONSOLIDANDO O TRIBUNAL DA INQUISIÇÃO

A BAIXA IDADE MÉDIA (séc. XI XV)

Idade Média. Ocidental. (Séc V ao Século XV)

Baixa Idade Média 1 CARACTERÍSTICAS GERAIS:

Preparatório EsPCEx História Geral. Aula 2 O renascimento comercial e urbano

Baixa Idade Média. Professoras: Martha Silva e Andréia Stival

Preparatório EsPCEx História Geral. Aula 2 O renascimento comercial e urbano

As transformações no modo de viver feudal. Profª Ms Ariane Pereira

AS TRANSFORMAÇÕES NO SISTEMA FEUDAL

Igreja medieval Cruzadas Renascimento: Comercial e Urbano

ATIVIDADE DE HISTÓRIA PROF. MARCELO SAMPAIO ALUNO(a): Turma Assunto(s): Capítulo 12 A Europa Feudal OBS: Responda no seu caderno para posterior visto.

O RENASCIMENTO. Comercial e urbano

RECUPERAÇÃO PARALELA PREVENTIVA DE HISTÓRIA 7º ANO

ESTUDO DIRIGIDO CONTEÚDO DO BIMESTRE CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO TÓPICOS DO CONTEÚDO

Colégio FAAT Ensino Fundamental e Médio

Conceito de Feudalismo:

A FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS NACIONAIS. Professor: Eustáquio

Professor: Eustáquio

Capítulo 11 Baixa Idade Média

A Europa na época das Grandes Navegações

2. RENASCIMENTO COMERCIAL E URBANO. Páginas 16 à 27.

BAIXA IDADE MÉDIA. Professora: Schirley Pimentel FATORES: GRANDE FOME; PESTE NEGRA; GUERRAS MEDIEVAIS; REVOLTAS CAMPONESAS;

Mudanças no feudalismo

14. RENASCIMENTO COMERCIAL E URBANO. Páginas 16 à 30.

As Cruzadas, a Crise do Sistema Feudal, Renascimento Comercial, Renascimento Urbano, Pré-Capitalismo. Prof. Alan Carlos Ghedini

As transformações de saberes, crenças e poderes na transição para a Idade Moderna. Profª Ms. Ariane Pereira

ANTIGO REGIME. Páginas 20 à 31.

1. Formação do Feudalismo

EXTERNATO DA LUZ ANO LECTIVO DE 2010 / 2011

Milhões de habitantes Milhões de habitantes

Mudanças no feudalismo

PORTUGAL NO CONTEXTO EUROPEU DOS SÉCULOS XII-XIV O DINAMISMO RURAL E O CRESCIMENTO ECONÓMICO

FEUDALISMO. CONCEITO: Modo de Produção que vigorou na Europa Ocidental durante a Idade Média e que se caracteriza pelas relações servis de produção.

IDADE MÉDIA BAIXA IDADE MÉDIA (SÉC. XI XV)

HISTÓRIA DA ARTE. Arte gótica Renascimento Barroco

O feudalismo foi um sistema econômico, social político e cultural predominantemente na Idade Média.

O feudalismo foi um sistema econômico, social político e cultural predominantemente na Idade Média. ORIGEM e CARACTERÍSTICAS: O processo de

Idade Média Século V - XV

MONARQUIAS ABSOLUTISTAS A CONSTRUÇÃO DO ABSOLUTISMO

A IGREJA MEDIEVAL. Profª. Maria Auxiliadora

e) ( ) V V F F F c) ( ) V F V V F

Aula 20- Crise do século XIV

O que foram as Cruzadas? Prof. Tácius Fernandes

A SOCIEDADE NOS SÉCULOS XIII E XIV: OS GRUPOS SOCIAIS

1. FEUDALISMO. Páginas 04 à 15.

Considerando os milhares de anos da história da humanidade, faz pouco tempo que as pessoas trabalham o dia inteiro, têm horários rígidos e vivem com

Correção Ficha Formativa - 5 -

Ampliação de seus conhecimentos sobre a África, a América e a Europa do século V ao século X. Profª Ms. Ariane Pereira

BÁRBAROS Para os romanos, bárbaros eram todos aqueles que não tinham a cultura romana, que estavam fora das fronteiras do Império.

A Idade Média inicia-se em 476 com aqueda do Império Romano do Ocidente, devido às invasões de povos barbaros.

1. O Século XIV foi uma época de grandes dificuldades. Assinala com X, as causas dessa crise:

HISTÓRIA 1 ANO PROF. AMAURY PIO PROF. EDUARDO GOMES ENSINO MÉDIO

Crise do Império Romano

A arte medieval Estilo românico e estilo gótico

Roteiro de Estudos para o 3º Bimestre 1 os anos Roberson ago/10. Nome: Nº: Turma:

O ESTADO MODERNO SÃO AS GRANDES NAÇÕES EUROPÉIAS ( países da Europa hoje )

Técnico Design Interior

INSTRUÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DA PROVA LEIA COM MUITA ATENÇÃO

Agrupamento de Escolas de Terras de Bouro

FEUDALISMO P R O F E S S O R R O D R I G O AL C A N T A R A G AS P A R

IDADE MÉDIA. Habilidade 11 - Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.:

A arte medieval: o estilo românico e o gótico

Fim do Império Romano - causas

Prof. Alexandre Goicochea História

Com a tomada de Roma pelos povos bárbaros, em 476, inicia-se a Idade Média. A arte da Idade Média tem suas raízes na época conhecida como

IDADE MÉDIA OCIDENTAL

Território e gove go r ve n r o

Mestre Consolus. Um milagre de São Pedro. Segunda metade do século XIII. A caverna confere sensação de profundidade.

A Europa Feudal. Professor Ulisses Mauro Lima historiaula.wordpress.com

COLÉGIO MARQUES RODRIGUES - SIMULADO

Idade Média Século V - XV

ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL. Prof. Carla Hammes

Vista da Catedral de Colónia, Alemanha

Isimar de Azevedo Santos Doutor em Meteorologia USP Professor e Chefe do Departamento de Meteorologia da UFRJ

HISTÓRIA GERAL AULA 7

ABSOLUTISMO REGIME AUTORITÁRIO

Fatores religiosos: Corrupção do clero religioso : Venda de relíquias sagradas; venda de indulgencias; lotes celestiais; Ignorância do clero a maior

Ano Lectivo 2012/ ºCiclo 8 ºAno. 8.º Ano 1º Período. Unidade Didáctica Conteúdos Competências Específicas Avaliação.

REVISÃO PARA RECUPERAÇÃO FINAL 7 ANO

Os povos bárbaros. Povos que não partilhavam da cultura greco-romana. Bárbaros. Estrangeiros. Para os romanos

A consolidação das monarquias na Europa moderna

Eu disse que seria ABSOLUTO XVI e XVIII

CAESP - Artes Aula 07-22/03/2018 ARTE MEDIEVAL ROMÂNICA E GÓTICA

ARTE GÓTICA. Prof. Nunes

FB MED, M3, 3 ANO, ANUAL, INTENSIVO. Aula 19- Renascimento comercial e urbano Prof. Dawison Sampaio

1) A crise do feudalismo é um processo de longa duração que conta com uma série de fatores determinantes. Em linhas gerais, quais foram eles?

CEEJA MAX DADÁ GALLIZZI. Atividade de História E. Médio U.E. 08

Linha do Tempo. Linha do Tempo

PERFIL DE APRENDIZAGENS 7 ºANO

Colégio Santa Dorotéia

O que é produção do espaço?

REINO FRANCO E FEUDALISMO. Professor Romildo Tavares

ABSOLUTISMO REGIME AUTORITÁRIO

Arquitetura Românica

Transcrição:

BAIXA IDADE MÉDIA: As cruzadas Foram tropas ocidentais enviadas à Palestina para recuperarem a liberdade de acesso dos cristãos à Jerusalém. A guerra pela Terra Santa, que durou do século XI ao XIV, foi iniciada logo após o domínio dos turcos seljúcidas sobre esta região considerada sagrada para os cristãos. Após domínio da região, os turcos passaram impedir ferozmente a peregrinação dos europeus, através da captura e do assassinato de muitos peregrinos que visitavam o local unicamente pela fé. Em 1095, Urbano II, em oposição a este impedimento, convocou um grande número de fiéis para lutarem pela causa. Muitos camponeses foram a combate pela promessa de que receberiam reconhecimento espiritual e recompensas da Igreja; contudo, esta primeira batalha fracassou e muitos perderam suas vidas em combate. Após a Primeira Cruzada foi criada a Ordem dos Cavaleiros Templários que tiveram importante participação militar nos combates das seguintes Cruzadas. Após a derrota na 1ª Cruzada, outro exército ocidental, comandado pelos franceses, invadiu o oriente para lutar pela mesma causa. Seus soldados usavam, como emblema, o sinal da cruz costurado sobre seus uniformes de batalha. Sob liderança de Godofredo de Bulhão, estes guerreiros massacraram os turcos durante o combate e tomaram Jerusalém, permitindo novamente livre para acesso aos peregrinos. Outros confrontos deste tipo ocorreram, porém, somente a sexta edição (1228-1229) ocorreu de forma pacífica. As demais serviram somente para prejudicar o relacionamento religioso entre ocidente e oriente. A relação dos dois continentes ficava cada vez mais desgastada devido à violência e a ambição desenfreada que havia tomado conta dos cruzados, e, sobre isso, o clero católico nada podia fazer para controlar a situação. Embora não tenham sido bem sucedidas, a ponto de até crianças terem feito parte e morrido por este tipo de luta, estes combates atraíram grandes reis como Ricardo I, também chamado de Ricardo Coração de Leão, e Luís IX. Consequências Elas proporcionaram também o renascimento do comércio na Europa. Muitos cavaleiros, ao retornarem do Oriente, saqueavam cidades e montavam pequenas feiras nas rotas comerciais. Houve, portanto, um importante reaquecimento da economia no Ocidente. Estes guerreiros inseriram também novos conhecimentos, originários do Oriente, na Europa, através da influente sabedoria dos sarracenos.

Não podemos deixar de lembrar que as Cruzadas aumentaram as tensões e hostilidades entre cristãos e muçulmanos na Idade Média. Mesmo após o fim das Cruzadas, este clima tenso entre os integrantes destas duas religiões continuou. Já no aspecto cultural, as Cruzadas favoreceram o desenvolvimento de um tipo de literatura voltado para as guerras e grandes feitos heróicos. Muitos contos de cavalaria tiveram como tema principal estes conflitos. Curiosidade: - A expressão "Cruzada" não era conhecida nem mesmo foi usada durante o período dos conflitos. Na Europa, eram usados termos como, por exemplo "Guerra Santa" e Peregrinação para fazerem referência ao movimento de tentativa de tomar a "terra santa" dos muçulmanos. 1231 - O papa Gregório IX institui a Inquisição Meados do século XIV foi uma época marcada por muita dor, sofrimento e mortes na Europa. A Peste Bubônica, que foi apelidada pelo povo de Peste Negra, matou cerca de um terço da população européia. A doença mortal não escolhia vítimas. Reis, príncipes, senhores feudais, artesãos, servos, padres entre outros foram pegos pela peste. A peste espalha a morte pela Europa Nos porões dos navios de comércio, que vinham do Oriente, entre os anos de 1346 e 1352, chegavam milhares de ratos. Estes roedores encontraram nas cidades européias um ambiente favorável, pois estas possuíam condições precárias de higiene. O esgoto corria a céu aberto e o lixo acumulava-se nas ruas. Rapidamente a população de ratos aumentou significativamente. Estes ratos estavam contaminados com a bactéria Pasteurella Pestis. E as pulgas destes roedores transmitiam a bactéria aos homens através da picada. Os ratos também morriam da doença e, quando isto acontecia, as pulgas passavam rapidamente para os humanos para obterem seu alimento, o sangue. Após adquirir a doença, a pessoa começava a apresentar vários sintomas: primeiro apareciam nas axilas, virilhas e pescoço vários bulbos (bolhas) de pus e sangue. Em seguida, vinham os vômitos e febre alta. Era questão de dias para os doentes morrerem, pois não havia cura para a doença e a medicina era pouco desenvolvida. Vale lembrar que, para piorar a situação, a Igreja Católica opunha-se ao desenvolvimento científico e farmacológico. Os poucos que tentavam desenvolver remédios eram perseguidos e condenados à morte, acusados de bruxaria. A doença foi identificada e estudada séculos depois desta epidemia. Relatos da época mostram que a doença foi tão grave e fez tantas vítimas que faltavam caixões e espaços nos cemitérios para enterrar os mortos. Os mais pobres eram enterrados em valas comuns, apenas enrolados em panos.

O preconceito com a doença era tão grande que os doentes eram, muitas vezes, abandonados, pela própria família, nas florestas ou em locais afastados. A doença foi sendo controlada no final do século XIV, com a adoção de medidas higiênicas nas cidades medievais. A Baixa Idade Média período->vai do século XIII ao XV. Corresponde a fase em que as principais características da Idade Média, principalmente o feudalismo, estavam em transição: Muitas mudanças econômicas, religiosas, políticas e culturais ocorrem nesta fase. Mudanças na forma de produzir O século XIII representou uma época de avanços tecnológicos na área agrícola representaram uma evolução agrícola importante, trazendo um aumento significativo na produção dos gêneros agrícolas: - O desenvolvimento do arado de ferro com rodas - do moinho hidráulico - utilização da atrelagem dos animais (bois e cavalos) pelo peito Crescimento demográfico O século XIII -> diminuição nas guerras. Vivenciou-se neste período uma situação de maior tranqüilidade em função do fim das cruzadas. Este clima de paz em conjunto com o aumento na produção de alimentos significou um significativo aumento populacional no continente europeu. Este crescimento demográfico porém foi interrompido em meados do século XIV com a peste bubônica, que matou cerca de um terço da população européia. Revoltas Camponesas Com a morte de boa parte dos servos, muitos senhores feudais aumentaram as obrigações, fazendo os camponeses trabalharem e pagarem impostos pelos que haviam morrido. Como a exploração sobre os servos já era exagerada, em muitos feudos, principalmente na França e Inglaterra), ocorreram revoltas camponesas. Estes, chegaram a invadir e saquear castelos, assassinando os senhores feudais e outros nobres. Os senhores feudais que conseguiram sobreviver não ficaram inertes aos movimentos de revolta. Organizaram exércitos fortes e combateram com violência as revoltas. Porém, em muitas regiões da Europa, os camponeses obtiveram conquistas importantes, conseguindo diminuir as obrigações servis. As Jaquerries e

A Guerra dos Cem Anos foi a mais longa de toda a Idade Média. Ocorreu entre os anos de 1337 e 1453, envolvendo os reinos da França e Inglaterra. Renascimento Comercial e Urbano Quando retornavam das cruzadas, muito cavaleiros saqueavam cidades no oriente. O material proveniente destes saques (jóias, tecidos, temperos, etc) eram comercializados no caminho. Foi neste contexto que surgiram as rotas comerciais e as feiras medievais. A saída dos muçulmanos do mar Mediterrâneo também favoreceu o renascimento comercial. Foi neste contexto também, que começou a surgir uma nova camada social: a burguesia. Dedicados ao comércio, os burgueses que enriqueceram e dinamizaram a economia no final da Idade Média. Esta nova camada social necessitava de segurança e buscou construir habitações protegidas por muros. Surgia assim os burgos que, com o passar do tempo, deram origem a várias cidades (renascimento urbano). As cidades passaram a significar maiores oportunidades de trabalho. Muitos habitantes da zona rural passaram a deixar o campo para buscar melhores condições de vida nas cidades européias (êxodo rural). Com a diminuição dos trabalhadores rurais, os senhores feudais tiveram que mexer nas obrigações dos servos, amenizando os impostos e taxas. Em alguns feudos, chegaram a oferecer pequenas remunerações para os servos. Estas mudanças significaram uma transformação nas relações de trabalho no campo, desintegrando o sistema feudal de produção. Com o aquecimento do comércio surgiram também novas atividades como, por exemplo, os cambistas (trocavam moedas) e os banqueiros (guardavam dinheiro, faziam empréstimos, etc). Estes novos componentes sociais (burgueses, cambistas, banqueiros, etc) passaram a começar a se preocupar com a aquisição de conhecimentos. Este fato fez surgir, nos séculos XII e XIII, várias universidades na Europa. Estas instituições de ensino dedicavam-se ao aos conhecimentos matemáticos, teológicos, medicinais e jurídicos. A Arte medieval: teve uma forte marca temática: a religião. Pinturas, esculturas, livros, construções e outras manifestações artísticas eram influenciados e supervisionados pelo clero católico.

Estilo Românico Este estilo prevaleceu na Europa no período da Alta Idade Média (entre os séculos XI e XIII). Na arquitetura, principalmente de mosteiros e basílicas, prevaleceu o uso dos arcos de volta-perfeita e abóbadas (influências da arte romana). Os castelos seguiram um estilo voltado para o aspecto de defesa. As paredes eram grossas e existiam poucas e pequenas janelas. Tanto as igrejas como os castelos passavam uma idéia de construções pesadas, voltadas para a defesa. As igrejas deveriam ser fortes e resistentes para barrarem a entrada das forças do mal, enquanto os castelos deveriam proteger as pessoas dos ataques inimigos durante as guerras. Com relação às esculturas e pinturas podemos destacar o caráter didáticoreligioso. Numa época em que poucos sabiam ler, a Igreja utilizou as esculturas, vitrais e pinturas, principalmente dentro das igrejas e catedrais, para ensinar os princípios da religião católica. Os temas mais abordados foram: vida de Jesus e dos santos, passagens da Bíblia e outros temas cristãos. Estilo Gótico O estilo gótico predominou na Europa no período da Baixa Idade Média (final do século XIII ao XV). As construções (igrejas, mosteiros, castelos e catedrais) seguiram, no geral, algumas características em comum. O formato horizontal foi substituído pelo vertical, opção que fazia com que a construção estivesse mais próxima do céu. Os detalhes e elementos decorativos também foram muitos usados. As paredes passaram a ser mais finas e de aspecto leve. As janelas apareciam em grande quantidade. As torres eram em formato de pirâmides. Os arcos de volta-quebrada e ogivas foram também recursos arquitetônicos utilizados. Com relação às esculturas góticas, o realismo prevaleceu. Os escultores buscavam dar um aspecto real e humano às figuras retratadas (anjos, santos e personagens bíblicos). No tocante à pintura, podemos destacar as iluminuras, os vitrais, painéis e afrescos. Embora a temática religiosa ainda prevalecesse, observa-se, no século XV, algumas características do Renascimento: busca do realismo, expressões emotivas e diversidade de cores. Alguns fatos históricos importantes ocorridos na Baixa Idade Média: - Cisma entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente (1054) - O papa Urbano II convoca a Primeira Cruzada com o objetivo de libertar a Terra Santa (1095) - A Inquisição foi instituída pelo papa Gregório IX (1231) - Início da Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra (1337)

- Chegada dos espanhóis, liderados por Cristovão Colombo, à América (1492) Curiosidades: As guildas eram associações de profissionais surgidas na Baixa Idade Média (séculos XIII ao XV). O surgimento das guildas estava relacionado ao processo de renascimento comercial e urbano que ocorreu neste período. Tipos de guildas Existiam guildas de alfaiates, sapateiros, ferreiros, artesãos, comerciantes, artistas plásticos entre outros profissionais. As guildas tinham como objetivo principal a defesa dos interesses econômicos e profissionais dos trabalhadores que faziam parte delas. Para manter o funcionamento destas associações de mutualidade, os trabalhadores associados eram obrigados a pagar uma determinada quantia. As Hansas Além das guildas, existiam também as hansas na Idade Média. Estas eram associações de comerciantes que dominavam determinados segmentos do comércio. A mais conhecida foi a Liga Hanseática, formada por várias cidades mercantis, que dominou o comércio na região norte do continente europeu no final da Idade Média. COMENTANDO A CRISE DO SÉCULO XIV: Por volta de fins do século XIII a produtividade agrícola já dava claros sinais de fim, prenunciando uma possível falta de alimentos, devido ao esgotamento dos solos, enquanto a população continuava apresentando tendências de crescimento, era o fim da Idade Média. A exploração predatória e extensiva dos domínios, que caracterizara a agricultura feudal, fazia com que o aumento da produção se desse, em sua maior parte, com a anexação de novas áreas (que não estava mais ocorrendo) e não com a melhoria das técnicas de cultivo. Agravaram-se as contradições entre o campo e a cidade da Idade Média. A produção agrícola não respondia às exigências das cidades em crescimento. Nos séculos XI, XII e primeira metade do século XIII, a utilização de novas terras e as inovações técnicas permitiram uma ampliação da produção. Na última década do século XIII já não restavam terras por ocupar, e as utilizadas estavam cansadas, gerando uma baixa produtividade. As inovações técnicas anteriores já não respondiam às novas necessidades. Além disso, a substituição do trabalho assalariado ocorria muito lentamente.com a insuficiente produção agrícola e a estagnação do comércio, a fome se alastrou pela Europa, era o prelúdio do fim do sistema feudal e consequentemente o fim da Idade Média.

A partir do início do século XIV, uma profunda crise anunciou o final da época medieval. Fome, pestes, guerras e rebeliões de servos atingiram a essência do sistema feudal. No inicio do século XIV, a Europa foi assolada por intensas chuvas (1315 a 1317) que arrasaram os campos e as colheitas. Como conseqüência, a fome voltou a perturbar os camponeses, favorecendo o alastramento de epidemias e trazendo a mortalidade da população. "Nos campos ingleses, ele passou de 40 mortos por cada mil habitantes, para 100 por mil. Na cidade belga de Ypres, uma das mais importantes da Europa, pelo menos 10% da população morreu no curto espaço de seis meses em 1316". A peste negra amedrontou a Europa e abalou a economia. Cidades ricas foram destruídas e abandonadas pelos seus habitantes desesperados a procura de um lugar com ar puro e sem pessoas infectadas. Os servos morriam e as plantações ficavam destruídas por falta de cuidados. Por esta causa os Senhores Feudais começaram a receber menos tributos diminuindo seus rendimentos. Os senhores feudais viram seus rendimentos declinarem devido à falta de trabalhadores e ao despovoamento dos campos. Procuraram então, de todas as maneiras, superar as dificuldades. Por um lado, reforçaram a exploração sobre os camponeses, aumentando as corvéias e demais impostos, para suprir as necessidades de ostentação e consumo, dando origem à "segunda servidão". Por outro, principalmente nas regiões mais urbanizadas, os nobres passaram a arrendar suas terras, substituindo a corvéia por Pagamento em dinheiro e dando maior autonomia aos camponeses, alterando bastante as relações de produção. "Depois da acima dita pestilência, muitos edifícios, grandes e pequenos, caíram em ruínas nas cidades, vilas e aldeias, por falta de habitantes, de maneira que muitas aldeias e lugarejos se tornaram desertos, sem uma casa ter sido abandonada neles, mas tendo morrido todos os que ai viviam; e é provável que muitas dessas aldeias nunca mais fossem habitadas". A mortalidade trazida pelas chuvas, fome e peste negra foi ainda ampliada pela longa guerra entre os reis de Inglaterra e França, que entre combates e tréguas, durou mais de um século (1337/1453): a Guerra dos Cem Anos. A Guerra dos Cem Anos surgiu porque o rei de França, Felipe IV, anexou a região de Bordéus domínio feudal do rei da Inglaterra, de onde provinha grande parte dos vinhos que os ingleses bebiam. Deveu-se também às ambições da França e da Inglaterra em dominarem a região de Flandres, rica por seu comércio e produção de tecidos. Entre batalhas vendidas ora por ingleses ora por franceses e períodos de trégua, a guerra aumentou as dificuldades da nobreza e agravou a situação de miséria dos servos. O recrudescimento da exploração feudal sobre os servos contribuiu para as revoltas camponesas que grassaram na Europa do século XIV, nas quais milhares deles foram mortos. Elas consistiam em súbitas explosões de resistência feroz; duravam pouco e, em regra, estavam mal organizadas. Logo que os lideres morriam ou eram feitos prisioneiros, a resistência apagava-se novamente com a mesma rapidez com que tinha começado a arder.

Pro fim, um fator fundamental para a quebra das estruturas do sistema feudal foi a longa série de rebeliões dos servos contra os senhores feudais. Ainda que momentaneamente derrotados, os levantes dos servos foram tornando inviável a manutenção das relações de servidão. A partir do século XIV, com mais rapidez em algumas regiões e menor em outras, as obrigações feudais foram se extinguindo. A conjuntura de epidemias, de aumento brutal da mortalidade e de superexploração camponesa que caracterizou a Europa do século XIV trazendo crise, foi sendo superada no decorrer do século XV, que viu a retomada do crescimento populacional, agrícola e comercial. No campo, os senhores feudais, substituindo as corvéias por salários, rompiam com o sistema senhorial de produção. Nas cidades, o revigoramento do mercado era favorecido pela ascensão dos preços das manufaturas. Finalmente vencida pelos franceses, a Guerra dos Cem Anos fez emergir o sentimento nacional na França e na Inglaterra, favorecendo, um nos dois países, a consolidação territorial e a retomada do poder político pelos reis. Os monarcas contaram com as dificuldades da nobreza e com o apoio econômico da burguesia para recuperar e fortalecer sua autoridade.