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Transcrição:

Introdução Josivaldo Pires de Oliveira Luiz Augusto Pinheiro Leal SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros OLIVEIRA, J. P., and LEAL, L. A. P. Introdução. In: Capoeira, identidade e gênero: ensaios sobre a história social da capoeira no Brasil [online]. Salvador: EDUFBA, 2009, pp. 21-24. ISBN: 978-85- 232-1726-6. Available from: doi: 10.7476/9788523217266.002. Also available in epub from: http://books.scielo.org/id/96v9g/epub/oliveira-9788523217266.epub. All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International license. Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribição 4.0. Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento 4.0.

Introdução Os interesses da população afro-brasileira, nos últimos anos, têm sido vitoriosos no que diz respeito às diversas políticas de ações afirmativas em discussão ou implementação no país. Com essas características, destacamos particularmente a lei 10.639/2003 e a proposta de cotas raciais. A primeira ação afirmativa consiste na obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana na educação básica 1. A segunda é referente à garantia de vagas nas universidades brasileiras para os afro-descendentes. Ambas têm proporcionado importantes debates e diálogos mais abrangentes com a sociedade brasileira. Contudo, estas propostas podem ser consideradas recentes, se levarmos em conta a trajetória, muitas vezes atribulada, das tradições culturais negras que há décadas têm desenvolvido atividades de ação afirmativa no Brasil. Entre as mais diversas práticas culturais afro-brasileiras, destacam-se duas manifestações culturais que, ao longo das últimas décadas, têm proporcionado a guarda de saberes e a proteção material de diferentes elementos da cultura afro-brasileira: a capoeira e o candomblé. Ambas ao longo de suas histórias têm recebido a atenção das autoridades brasileiras, visando a diversos fins. Na capoeira, a trajetória variou entre usos e abusos favoráveis ou dispendiosos a seus praticantes. No candomblé, a violência contra seus praticantes caracterizou o diálogo da sociedade com este saber ancestral dos africanos no Brasil. Em ambos os 1 BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria da Promoção de Políticas da Igualdade Racial. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília, 2004. Capoeira, Identidade e Gênero 21

casos, os agentes culturais foram os mais prejudicados. Contudo, a interação de diversos intelectuais, brasileiros ou estrangeiros, com as referidas manifestações culturais gerou experiências positivas, tanto para a divulgação pública desses saberes, como para a delimitação sistemática das características de culto, rito e/ou fundamentos dessas práticas culturais. Em relação à capoeira, por exemplo, o ano de 1937 é um marco para a sua emancipação, extinguindo-se do rol de crimes do Código Penal brasileiro. Para muitos capoeiras, a descriminalização estaria vinculada ao esforço do mestre Bimba em promover a capoeira como educação física ainda na década de 1930 2. Além disso, outro fator que teria influenciado a extinção da capoeira do Código Penal estaria relacionado a uma apresentação que mestre Bimba fez, também em 1937, na Bahia, para Getúlio Vargas, então presidente do Brasil. No entanto, o que muitos ainda precisam saber é que, no mesmo ano de 1937, ocorreu em Salvador o II Congresso Afrobrasileiro organizado por diversos intelectuais, preocupados com o estudo da cultura negra no Brasil, a exemplo de Edison Carneiro e Jorge Amado, assim como lideranças do candomblé, na capital baiana. Nesse congresso, os diferentes representantes de práticas culturais afro-brasileiras foram convidados a se pronunciar, ampliando o diálogo entre os estudiosos e os agentes das manifestações de matriz africana na Bahia. Nesse sentido, Capoeira, identidade e gênero: ensaios sobre história social da capoeira no Brasil é um livro no qual pretendemos evidenciar o processo de (re)invenção e afirmação das identidades 2 Manoel dos Reis Machado (1900-1974), capoeirista baiano conhecido por mestre Bimba, foi responsável pela criação do Centro de Cultura Física e Regional da Bahia, onde ensinava a capoeira. Protagonista de uma das mais importantes transformações sofrida pela prática da capoeira nas décadas de 1930 e 1940. Representa nos dias de hoje um dos mais significativos símbolos da cultura afro-brasileira. 22 Capoeira, Identidade e Gênero

produzidas na dinâmica da cultura afro-brasileira, com especial atenção para a experiência histórica da capoeira e sua relação com diferentes contextos vivenciados na sociedade brasileira, tanto do ponto de vista da espacialidade, quanto da temporalidade. Os ensaios que compõem os nove capítulos foram escritos em momentos distintos, o que permite uma leitura transversal de cada um, podendo o leitor escolher por onde começar. A escolha dos textos foi orientada pela necessidade de atender a uma demanda de literatura sobre temas da cultura afro-brasileira, em linguagem acessível aos professores do ensino fundamental e médio sem, no entanto, fugir ao rigor técnico-científico da produção acadêmica. A capoeira, de modo geral, contempla os diferentes temas pontuados no parecer das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, o qual fundamenta nossa argumentação temática para este livro. Na primeira parte do livro, intitulada: Capoeira, história e identidade, situamos a capoeira na produção da historiografia brasileira. Em seguida, apresentamos uma reflexão sobre o lugar da capoeira nos manuais didáticos de história, assim como no debate político-ideológico que definia a participação das práticas simbólicas afro-brasileiras no projeto de formação da identidade nacional. Na segunda parte, intitulada Personagens da capoeira na literatura brasileira, tratamos das narrativas literárias como registro das diferentes experiências dos capoeiras tanto na Bahia quanto no Pará, através da produção romanesca da literatura brasileira. A terceira e última parte do livro trata sobre a experiência das mulheres no universo dos capoeiras, problematizando as possibilidades de pesquisas mais aprofundadas sobre este tema que tem custado tão caro à historiografia da capoeira no Brasil. Capoeira, Identidade e Gênero 23

Nesta parte do livro, é também apresentada para o leitor uma outra possibilidade de leitura da capoeira, a partir do discurso imagético de Gabriel Ferreira, jovem artista plástico que tem se destacado pela mágica de seus pincéis, ao dar movimento ao jogo da capoeira sobre as telas de madeira e algodão. Alguns textos foram escritos para serem apresentados em congressos acadêmicos, outros surgiram como inquietações de nossa prática docente e intervenção em espaços alternativos de educação, a exemplo dos grupos de capoeira, outros, ainda, foram produzidos como exercício de nossas reflexões teóricas. Desejamos ao leitor um bom e divertido passeio pelas diferentes, contraditórias e encantadoras histórias dos capoeiras e da capoeiragem no Brasil. 24 Capoeira, Identidade e Gênero