ANÁLISE TEMPORAL DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NO ASSENTAMENTO RURAL GRANDE VITÓRIA

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Transcrição:

ANÁLISE TEMPORAL DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NO ASSENTAMENTO RURAL GRANDE VITÓRIA RESUMO Nathália Karoline Feitosa dos Santos (nathaliakroline18@homail.com) Maria Rita Vidal (ritavidal@unifesspa.edu.br) Andrea Hentz de Mello (andreahentz@unifesspa.edu.br) Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará A formação de projetos de reforma agrária em locais historicamente explorados e com certo grau de fragilidade ambiental pode estimular o surgimento de conflitos sociais, econômicos e ambientais. A presente pesquisa teve como objetivo mapear o uso do solo, através de uma análise qualitativa no assentamento rural Grande Vitória no Sudeste Paraense a partir de mapas temáticos de dois períodos distintos ano 1999 anterior à implantação do assentamento e ano 2017, 18 anos posteriormente. Os mapas referentes ao uso do solo foram elaborado utilizando-se ferramentas do sensoriamento remoto e sistema de informação geográfica. Para a confecção do mapa temático do período anterior a implantação do assentamento foi utilizada uma imagem do satélite Landsat 5 TM (1999), do período posterior, imagem de satélite Landsat 8 TM (2017). As principais alterações observadas referem-se a conversão de áreas de campo nativo em áreas agrícolas. As práticas de uso e manejo do solo utilizadas, na maioria das propriedades, são inadequadas e tem intensificado provavelmente o assoreamento dos canais de drenagem, perda de qualidade da água e da diversidade das espécies florestais, o que intensifica a degradação ambiental. Palavras chaves: Fragilidade ambiental; Assentamento rural; Sudeste Paraense. 1. INTRODUÇÃO Na Amazônia, principalmente no Sudeste do Pará, a prática da agricultura familiar representa de fonte de emprego e induz a geração de renda para as diversas famílias. Como também, aumenta a possibilidade de reprodução social, e a oportunidade de recuperar a identidade social devido a recuperação dos vínculos com a terra e o desenvolvimento de sistemas familiares de produção agropecuários próprios (ALVES et al., 2006).

A análise temporal e espacial de uso e cobertura do solo tem como objetivo levantar as modificações ocorridas na paisagem ao longo do tempo, cujos resultados apresentam múltiplas finalidades, desde auxiliar o planejamento de órgão públicos até nas tomadas de decisões visando a conservação ambiental (TIBIRIÇÁ, 2016). De acordo com Fonseca e Fonseca (2012), as paisagens do nosso planeta estão sendo transformadas para satisfazer as necessidades da sociedade. Muitas dessas transformações podem provocar desequilíbrio nos ecossistemas, uma vez que existe uma inter-relação entre os recursos naturais, de modo que alterações ocorridas em um meio podem repercutir em outros. Dessa forma, não se pode considerar os recursos naturais como isolados, e sim associados aos outros componentes do meio ambiente (ALMEIDA, et al., 2016). Esses fatores podem ser evidenciados na região de Marabá, esta constitui uma área de estudo favorecida nesse âmbito, devido grande número de assentamentos rurais. O Sudeste do Pará, devido a sua complexidade ambiental, faz-se urgentemente pensar alternativas ou respostas para as pressões ocorridas sobre os sistemas ambientais. Para tanto, o uso das geotecnologias apontam várias técnicas que põem ser instrumentos importantes para análise das paisagens. A classificação de imagens é muito utilizada em pesquisas científicas, obtendo resultados satisfatórios com alto índice de acurácia, sendo utilizados algoritmos classificadores de melhor desempenho, onde alguns destes são baseados em contexto de regiões, sendo necessária inicialmente a segmentação, em que é feita a separação e agrupamento dos pixels em regiões, para posteriormente avaliar a distância entre as classes (PELUZIO et al. 2011 e OLIVEIRA et al., 2011). Com base no exposto, este estudo se propõe a analisar o uso e a ocupação do solo no Assentamento Rural Grande Vitória, indicando as mudanças na paisagem em uma escala temporal de 18 anos. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO Este trabalho está inserido no âmbito do Programa Pró-Amazônia: Biodiversidade e Sustentabilidade fomentado pela CAPES e desenvolvido no projeto Desenvolvimento de Competências e Formação de Recursos Humanos em Recuperação de Áreas Degradadas em projetos de Assentamentos em Áreas Amazônicas, que conta com uma equipe de pesquisadores interdisciplinar da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará - Unifesspa, em parceria com Universidade Federal do Pará UFPA, Instituto Nacional de Pesquisas 2

Espaciais - INPE e museu Emílio Goeldi, que através de pesquisas recentes sobre o crescimento da taxa de desmatamento na região e suas consequências ambientais, sociais e econômicas, tem buscado desenvolver estudos para compreender essas dinâmicas na região. O estudo foi realizado no Assentamento Grande Vitória que está localizado na micro região sudeste do Pará, no município de Marabá (Figura 01), margem esquerda do Rio Tocantins, podendo ser acessado pela BR 230. (EMATER, 2011). Figura 1: Mapa de localização do Assentamento Grande Vitória na zona rural do município de Marabá- PA. O assentamento possui uma área total de 4.463,33 ha dividido em 96 parcelas. Devido à grande diversidade de características que interferem no uso agrícola, além da ocorrência nos mais variados relevos, é difícil generalizar, para a classe como um todo, suas qualidades e limitações ao uso agrícola. O assentamento possui hoje 96 famílias na relação de beneficiários do INCRA sendo 56 lotes do lado esquerdo da BR 230 denominado lado altos e 40 lotes na margem direita da BR 230 limitando com as margens do Rio Tocantins, esta área sofre inundações periódicas em função do período chuvoso da região e foi denominado de lado baixo ou Baixão. A estrutura florística do PA Grande Vitória obedece às características da região do sudeste paraense de uma floresta umbrófila, com áreas antrópicas. A região apresenta significativa área de cobertura vegetal primária alterada por extração de espécies florestais de reconhecido valor econômico e significativos setores desmatados para a atividade agrícola de subsistência e pastagens (EMATER, 2011). 3

2.2. MÉTODOS A elaboração dos mapas de uso e ocupação do solo se deu a partir do processamento digital das imagens, sendo necessário o georreferencimento das mesmas. A análise foi feita por meio do uso de imagens de satélite, com técnicas do Sensoriamento Remoto e de um Sistema de Informação Geográfica. Foram utilizadas duas cenas LANDSAT 5 e 8/TM que foram georreferenciadas e adquiridas através do sítio EARTH EXPLORER para caracterizar e mapear alterações na cobertura do solo do assentamento. O software utilizado foi QGIS para composição, recorte com base no shapefile, realce do contraste, coleta de amostra, criação das classes de uso do solo. Os mapas de uso e cobertura do solo foram gerados com as seguintes classes: floresta, floresta secundária, água, pastagem degradada e queimada. Os mapas confeccionados foram analisados quantitativamente, sendo calculado a porcentagem de cada classe de uso e cobertura do solo. Após a definição das classes de uso, o próximo passou ocorreu a classificação automática da imagem para a determinação do uso do solo do assentamento. A classificação utilizada foi do tipo supervisionada. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A espacialização dos dados referente ao uso e ocupação no assentamento Grande Vitória, gerou 3 classes a saber: Floresta, atividades agrícolas e corpos hídricos, ambas levam a análise das modificações na paisagem em questão (Figura 2). Analisando o mapa pode-se ver as modificações na paisagem referente aos diferentes usos e cobertura da terra do período anterior e posterior à implantação do assentamento com 4

CLASSES 1999 2017 Área (ha) % Área (ha) % Floresta 3.390,030 72% 2.382,300 51% Atividades agrícolas 1.216,530 26% 2.126,610 45% Corpos Hídricos 102,780 2% 200,430 4% duração de 18 anos, sendo assim, a análise temporal permitiu identificar a ampliação do desmatamento na área de floresta. Figura 2 - Mapa de uso e ocupação do solo do Assentamento Rural Grande Vitória, Marabá- PA. Foi possível quantificar e analisar a área de ocupação de cada classe em porcentagem, onde na linha temporal determinada, a quantidade de floresta primária ocorreu uma considerável redução, devido a redução dessa categoria para a implantação de pastagem e cultivos agrícolas em que se enquadram na classe atividades agrícolas, essa alteração pode ser considerada comum, já que a maioria dos assentamentos rurais do país é resultante da desapropriação de latifúndios. (CAPOANE; SANTOS, 2012). Os valores em percentual são estabelecidos na Tabela 1. A análise temporal do uso e ocupação do solo permitiu identificar a ampliação do desmatamento na área de floresta. Comparando-se o uso praticado nas diferentes datas (Tabela 1) foi possível constatar intensa alteração na paisagem nos anos seguintes a criação do projeto. A agropecuária corresponde à classe de maior modificação espacial, sendo extensos locais utilizados. Tabela 1. Quantificação das classes de uso do solo do Assentamento Rural nos anos de 1999 e 2017. Foram identificados remanescentes de vegetação primária no entorno no assentamento, mas que sofreram altos índices de ação antrópica, devido as práticas agropecuárias representadas pela classe atividade agrícolas (Figura 2), alterados ou modificados pela extração de espécies de importância econômica e por desmatamentos realizados pelos ocupantes da área (EMATER, 2011). De acordo com a Tabela 1 houve um aumento em 2% do número de água no assentamento e isso é decorrente de projetos voltados a piscicultura, pois é uma atividade relevante dentro da área, com também alguns agricultores estão investindo recursos próprios na piscicultura e creditando numa boa rentabilidade e rápido retorno do capital investido, 5

tendo um aumento significativo na criação de açudes para a criação de peixes. Além disso, a classe corpos hídricos do assentamento é formada por algumas nascentes, pelo rio Tocantins que é navegável durante o ano todo, pelo igarapé do Burgo e grotão das antas, além dos açudes que vem sendo implantado no assentamento (EMATER, 2011). Tendo em vista este cenário, Travalini (2009) diz que, para que a reforma agrária cumpra sua função social é necessário que o planejamento ambiental dos projetos de assentamento ocorra sob uma visão integrada, ou seja, atendendo os anseios e necessidades dos pequenos trabalhadores rurais e suas famílias, no que tange ao acesso a condições sustentáveis de produção e comercialização de seus produtos, à saúde, à moradia, e a uma educação de qualidade. Além disso, A expressiva mudança dessa paisagem e a extinção de algumas espécies como o mogno, se dá pelo fato do desmatamento desordenado ocasionado pela grande maioria dos assentados que, pela falta de conhecimento da importância das matas ciliares e outras, tecnologias e práticas de renovação do solo, acabam tendo de derrubar áreas de floresta para o uso de lavouras de subsistência como o arroz, feijão e mandioca além do uso atrelado a pecuária de corte transformando essas áreas em pastagem (EMATER, 2011). 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se aferir que a área de estudo está em constante transformação embora os dados apontem para resultados não tão positivos acredita-se que pode-se ser proposto e elaborado uma recuperação da área, de maneira q auxilie na diminuição dos danos causados pelo desmatamento e degradação com o objetivo de melhorar a condição do solo e auxílio para a preservação da área. REFERÊNCIAS ALMEIDA, R.P. Uso e ocupação do solo em áreas de assentamentos rurais no norte de minas gerais.86 p. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) - Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Agrárias, Minas Gerais, 2016. ALVES, L. N. et al. Diagnóstico socioeconômico e ambiental da agricultura familiar e Plano territorial de desenvolvimento rural sustentável do sudeste do Pará. (LASAT). Marabá, PA: UFPA, 2006. CAPOANE, V.; SANTOS, D.R. Análise qualitativa do uso e ocupação da terra no assentamento Alvorada, Júlio de Castilhos Rio Grande do Sul. Revista Nera. Presidente Prudente. ANO 15, Nº. 20. p 193-205. Janeiro/Junho de 2012. EMATER- Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará. Plano de Desenvolvimento do Assentamento Grande Vitória. Itupiranga, Pará, 2013. INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária /Sistema de Informação em Projetos da Reforma Agrária Superintendência Regional Pará/ Marabá. SIPRA, 2008. PELUZIO, T. M. O.; SAITO, N. S.; KLIPPEL, V. H.; SOUZA, S. M.; SANTOS, A. R. 6

Utilização de algoritmos de classificação supervisionada no mapeamento do uso e cobertura da terra no aplicativo computacional Spring 5.1.6. In: XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 2011, Curitiba. XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 2011. OLIVEIRA, G.; GUASSELLI, L. A.; CUNHA, M. C.; SALDANHA, D. L. Análise comparativa do desempenho de algoritmos de classificação para o mapeamento de áreas de cultivo de banana. In: XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 2011, Curitiba - PR. Anais XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 2011. TIBIRIÇA, A. V. D. Análise temporal do uso do solo na região do assentamento trairão, estado de Roraima Brasil. 2016, Minas Gerais. TRAVALINI, V. A importância dos estudos ambientais como contribuição a projetos de Reforma Agrária. In: IV SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA / V SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA, 2009, Niterói. Anais... Niterói, 2009. p. 1-13. 7