CONSULTA PÚBLICA DA CMVM N.º 6/2006

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Transcrição:

CONSULTA PÚBLICA DA CMVM N.º 6/2006 Proposta de Directiva relativa ao exercício do direito de voto pelos accionistas de sociedades com sede social num Estado-Membro e cujos valores mobiliários estejam admitidos à negociação num mercado regulamentado e que altera a Directiva 2004/109/CE 1.º INTRODUÇÃO 1.1. A Proposta de Directiva relativa ao exercício do direito de voto pelos accionistas de sociedades com sede social num Estado-Membro e cujos valores mobiliários estejam admitidos à negociação num mercado regulamentado e que altera a Directiva 2004/109/CE No seguimento das iniciativas previstas no seu Plano de Acção de Maio de 2003 com vista a modernizar o Direito das Sociedades e reforçar o Governo das Sociedades na União Europeia, a Comissão Europeia apresentou, em 10 de Janeiro de 2006, uma Proposta de Directiva relativa ao exercício do direito de voto pelos accionistas de sociedades com sede social num Estado-Membro e cujos valores mobiliários estejam admitidos à negociação num mercado regulamentado e que altera a Directiva 2004/109/CE (doravante, Proposta de Directiva ou apenas Proposta ). A Proposta de Directiva apresentada pela Comissão Europeia prossegue o objectivo essencial de facilitar o exercício transfronteiriço dos direitos dos accionistas em sociedades cotadas, em particular, o direito de voto. Partindo da constatação de que, em média, um terço do capital social das sociedades cotadas da União Europeia é detido por não residentes e de que as principais dificuldades ao exercício efectivo dos direitos de voto geralmente apontados pelos accionistas não residentes consistem (i) na obrigatoriedade de bloqueio das acções, (ii) no acesso tardio ou insuficiente às informações relativas às reuniões de accionistas e (iii) na imposição de formalidades excessivas em relação à votação por correspondência, a Comissão Europeia, na presente Proposta, propõe um conjunto de regras mínimas tendentes à eliminação dos referidos obstáculos ao exercício transfronteiriço do direito de voto e à promoção de um conjunto de outros direitos específicos dos accionistas. 1.2. Os trabalhos preparatórios da apresentação da Proposta de Directiva As ideias principais que subjazem à presente Proposta de Directiva foram, inicialmente, sujeitas a duas consultas públicas organizadas pela Comissão Europeia. A primeira consulta decorreu entre 16/09/2004 e 19/12/2004 1. A segunda consulta pública, que sujeitou ao escrutínio do público soluções mais concretas baseadas nos resultados da primeira consulta, decorreu até ao dia 15/07/2005. 2 1 O texto da primeira consulta pública sobre o reforço dos direitos dos accionistas encontra-se disponível on-line em http://www.europa.eu.int/comm/internal_market/company/docs/shareholders/consultation_en.pdf; por sua vez, o documento de análise aos respectivos resultados encontra-se igualmente disponível em http://www.europa.eu.int/comm/internal_market/company/docs/shareholders/consultation-synthesis_en.pdf. 2 O texto da segunda consulta pública da Comissão Europeia sobre o reforço dos direitos dos accionistas, assim como o documento de análise aos respectivos resultados encontram-se disponível on-line em, respectivamente em http://www.europa.eu.int/comm/internal_market/company/docs/shareholders/consultation2_en.pdf e em http://ec.europa.eu/internal_market/company/docs/shareholders/consultation2_report_en.pdf. 1

O essencial das matérias incluídas na presente Proposta de Directiva integra, igualmente, desde algum tempo a esta parte, o escopo das preocupações da CMVM em termos de aperfeiçoamento da estrutura normativa e regulamentar do mercado português. Nesse sentido, as questões atinentes à legitimação para o exercício do direito de voto, foram já objecto de um processo de consulta a Consulta Pública da CMVM n.º 8/2005, sobre Actualização das Regras de Governo das Sociedades e de Deveres de Prestação de Informação Financeira, que decorreu entre os dias 21/07/2005 e 10/10/2005 onde se concluiu pela necessidade de aprofundar o debate sobre as aptidões e os obstáculos colocados pelo bloqueio das acções no sistema de legitimação para o exercício do direito de voto nas sociedades cotadas portuguesas e as alternativas que se colocam 3. 1.3. O processo de consulta Diante do texto da Proposta de Directiva aqui em referência, encontra-se, pois, chegado o momento de os agentes do mercado português, em função dos desafios específicos colocados pela titularidade transfronteiriça de acções, reequacionarem a temática dos sistema de legitimação para o exercício do direito de voto, assim como a possibilidade de desenvolvimento de determinados direitos dos accionistas em conexão. Nesta medida, são V. Exas. convidadas a apresentar as V. respostas às perguntas seguidamente enunciadas no âmbito da consulta que decorrerá até ao dia 23 de Junho de 2006. O V. contributo deverá ser remetido, preferencialmente, para o endereço de correio electrónico cmvm@cmvm.pt, podendo igualmente ser expedido, por correio normal, para a morada Avenida da Liberdade, n.º 252, 1056-801 Lisboa, e para o telefax n.º 21 353 70 77/78. Atendendo a razões de transparência, a CMVM propõe-se publicar os contributos recebidos ao abrigo desta consulta. Assim, caso o respondente se oponha à referida publicação deve comunicálo expressamente no contributo a enviar. Qualquer dúvida ou esclarecimento adicional sobre a presente consulta pública poderá ser elucidada pelo Dr. João Sousa Gião, do Departamento de Supervisão Financeira e de Operações. 2.º QUESTIONÁRIO 1 Uma das principais preocupações da Proposta de Directiva consiste em assegurar que as assembleias gerais sejam convocadas com uma antecedência suficiente, de modo a todas as informações relevantes sejam, em tempo, conhecidas pelos destinatários. Não obstante o predito, as exigências em termos de antecedência de divulgação do aviso convocatório de reuniões de accionistas devem ter correspondência com o desenvolvimento e a generalização do uso das tecnologias de informação e inerente aumento da velocidade de circulação da informação relevante nos mercados financeiros actuais. Concorda com um prazo de antecedência de 20 dias entre a divulgação da convocatória e a realização da assembleia geral? 2 O estabelecimento de um prazo de antecedência confortável para a divulgação do aviso convocatório não esgota o rol de obstáculos que a Proposta de Directiva se propõe ultrapassar. 3 O relatório final da Consulta Pública da CMVM n.º 8/2005, encontra-se disponível on-line em http://www.cmvm.pt/nr/exeres/161261b3-7ff1-4789-a758-7c0f38f779bd.htm. 2

O interesse relevado na Proposta da Comissão Europeia é o de permitir que todos os accionistas, independentemente do seu local de residência, possam exercer os seus direitos de forma atempada e devidamente informada. Neste contexto, admite-se como possível que, além do dever genérico de divulgação ao público do aviso convocatório, as sociedades cotadas sejam oneradas com o dever específico de envio do texto da convocatória para as entidades depositárias e/ou centrais de liquidação internacionais relevantes, de modo a incentivar a participação dos intermediários, através dos respectivos canais internos, no processo de disponibilização da convocatória aos accionistas não residentes. Concorda com o dever de envio da convocatória para centrais de liquidação internacionais ou depositários? 3 A rejeição do bloqueio das acções como parte integrante do sistema de legitimação para o exercício do direito de voto em sociedade cotadas europeias e a sua substituição por um sistema alternativo não é uma ideia recente no contexto comunitário. O bloqueio das acções é tido como elemento dissuasor do exercício efectivo do direito de voto porque impede os accionistas de vender as suas acções durante vários dias antes de qualquer assembleia geral. Ademais, sobreleva-se o elevado risco financeiro associado ao bloqueio devido à possibilidade de ocorrência de flutuações de mercado durante o período em que as acções estão cativas. As alternativas que se colocam ao bloqueio das acções no sistema de legitimação para o exercício de direitos de voto são, fundamentalmente, duas. Uma primeira alternativa consiste na implementação de um sistema de reconciliação, a cargo da entidade gestora do sistema centralizado onde as acções estejam integradas, que assegure ao emitente informações actualizadas à data (ou véspera) da assembleia geral sobre as transacções ocorridas até então. A verificação da legitimidade para o exercício de direitos de voto nestes moldes continuaria a exigir a prova perante o emitente da qualidade de accionista com uma determinada antecedência, mas não implicaria a imobilização das acções e, dessa forma, não oneraria os accionistas. Uma segunda alternativa reside na implementação do sistema de data de referência Num sistema de data de referência é estabelecida uma data que antecede a data da reunião de accionistas na qual é fixada a lista de accionistas que poderão participar na assembleia geral com possibilidade de exercício de direitos de voto. O sistema da data de referência apresenta a vantagem de prescindir da emissão de certificados para o exercício de direitos por parte das entidades registadoras, o que agiliza e economiza os procedimentos de legitimação tanto da parte dos accionistas, como da parte da sociedade emitente. A Proposta de Directiva não considera o sistema de reconciliação como satisfatório: em primeiro lugar, porque o mesmo nem sempre é compreendido pelos accionistas que, frequentemente, desconhecem a possibilidade de transaccionar as acções após o primeiro momento de prova da qualidade de accionista; em segundo lugar, porque o procedimento reconciliatório é complexo e comporta um elevado risco de falhas, em resultado das quais, os votos podem não ser tomados em consideração. Concorda com a abolição do bloqueio prévio de acções como requisito de participação em assembleia geral (artigo 7.º, n.º 1 da Proposta de Directiva)? 3

4 A implementação de um sistema de data de referência para efeitos da determinação dos participantes em assembleia geral obriga a uma articulação com os prazos das restantes fases do procedimento tendente ao exercício dos direitos dos accionistas. Nesta sede importa, designadamente, considerar a eventual necessidade de assegurar uma distância temporal entre a data da divulgação da convocatória e a data de referência (obviamente posterior). O estabelecimento de tal distância temporal destina-se, primordialmente, a garantir aos accionistas e investidores em geral um lapso de tempo suficiente para ajustarem as respectivas carteiras em função da influência que em concreto pretendam exercer na assembleia geral subsequente. Concorda com a fixação de um prazo mínimo de distância entre a data de referência na participação da assembleia geral e a divulgação da convocatória? 5 De acordo com o regime actualmente vigente em Portugal, o direito a colocar questões por escrito aos membros do órgão de administração é atribuído apenas aos accionistas cujas acções atinjam 10% do capital social. Todavia, o âmbito de matérias sobre o qual incide o direito à informação não é limitado, abrangendo todos os assuntos sociais (artigo 291.º, n.º 1 do Código das Sociedades Comerciais). Paralelamente, a qualquer accionista é atribuído o direito de, no decurso de uma assembleia geral, requerer a prestação de informações sobre os assuntos sujeitos a deliberação (artigo 290.º do Código das Sociedades Comerciais). A Proposta de Directiva, no artigo 9.º, atribui a qualquer accionista o direito a colocar questões por escrito antes da assembleia geral relacionadas com a respectiva ordem de trabalhos. Tal orientação afigura-se adequada especialmente aos casos em que a decisão do sentido de voto é tomada antes da reunião de accionistas por exemplo, nos casos de representação, de voto por correspondência, ou de existência de acordos de voto entre accionistas. Concorda com a consagração de um direito a colocar questões por escrito relacionadas com a ordem de trabalhos, atribuído a todos os accionistas, até um período razoável antes da assembleia geral (artigo 9.º da Proposta de Directiva)? 6 - A Comissão Europeia considera que quando a identificação dos accionistas é conhecida da sociedade emitente, a forma mais fácil e barata de exercer os direitos de voto é através do voto por via postal. Concorda com a obrigatoriedade de prever, em todas as situações, o voto por correspondência em sociedades abertas (artigo 12.º da Proposta de Directiva)? 7 No âmbito da sua actividade, os intermediários financeiros detêm frequentemente valores mobiliários por conta de outras pessoas e recorrem ao seu depósito em contas colectivas. As referidas contas colectivas representam, por definição, um obstáculo ao conhecimento pela sociedade emitente e pelo mercado da identidade dos investidores finais. Por força do princípio da unidade do voto, previsto no n.º 1 do artigo 385.º do Código das Sociedades Comerciais, e da presunção de titularidade conferida pelo registo, tal como consta do n.º 1 do artigo 74.º do Código dos Valores Mobiliários, o depósito em contas colectivas representa igualmente um obstáculo ao exercício de direitos de voto por parte dos intermediários financeiros. 4

Concorda com a consagração do dever de não criar obstáculos ao exercício de direito de voto de acções detidas através de intermediários (artigo 13.º, n.º 2 da Proposta de Directiva)? 8 Considerando que, na generalidade dos casos, os resultados das votações são comunicados na própria assembleia geral, os accionistas que não se encontrem fisicamente presentes não têm possibilidade de lhes aceder. A Comissão Europeia propõe-se modificar a situação, sem custos adicionais relevantes para as sociedades emitentes, mediante o estabelecimento do dever de divulgação dos resultados das votações nos respectivos sítios da Internet. Concorda com o dever de divulgação dos resultados da votação em sítio da Internet (artigo 15.º da Proposta de Directiva)? 5