TALCO 1. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DO TALCO



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Transcrição:

TALCO Descrição: Este documento contém informações sobre as principais características físicas e químicas desse grupo de minerais, suas aplicabilidades e formas de ocorrência. Palavras-chave: composição química, propriedades óticas, cor, dureza, clivagem, densidade, cor, brilho, diversidades mineralógicas, usos, ocorrências. 1. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DO TALCO 2. APLICABILIDADE DO TALCO 3. OCORRÊNCIAS DO TALCO 1. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DO TALCO FAMÍLIA/GRUPO: Filossilicatos. Apresenta-se geralmente em massas fibrosas ou foliadas sendo os cristais muito raros. FÓRMULA QUÍMICA: Mg 3(Si 4O 10)(OH) 2 / silicato de magnésio hidratado COMPOSIÇÃO: Silicato de magnésio, MgO= 31,7%, SiO 2=63,5%, H 2O=4,8%. CRISTALOGRAFIA: Monoclínico - CLASSE: Prismático PROPRIEDADES ÓPTICAS: Biaxial negativo HÁBITO: Micáceo CLIVAGEM: Perfeita em (001) DUREZA: 1 DENSIDADE RELATIVA: 2,7-2,8 BRILHO: Perláceo (nacarado) a gorduroso COR: Verde pálido, amarelo ou cinza-esverdeado, cinza escuro, branco ou branco prata ASPECTOS DIAGNÓSTICOS: Pode ser identificada pela sua baixa dureza, e sedosidade. O mineral talco ocorre numa variedade de ambientes geológicos, e comercialmente está sempre associado a uma série de outros minerais. É um mineral de metamorfismo, produto de reações ativadas por altas temperaturas e pressões, envolvendo rochas carbonatadas, rochas calco-silicáticas, rochas básicas e ultrabásicas metamorfisadas, e é gerado em processos de alteração hidrotermal de minerais magnesianos, especialmente olivina e ortopiroxênio. Referências: DANA, J. D. (1978). Manual de Mineralogia. Tradução de Rui Ribeiro Franco. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos 2 volumes. www.pr.gov.br/mineropar/htm/rocha/talco.html www.rc.unesp.br/museudpm

2. APLICABILIDADE DO TALCO A maior parte da produção anual de talco é empregada nas indústrias de cerâmica, inseticidas, tintas, borrachas, papel, têxtil, cosméticos, isolantes térmicos, moldes de fundições, polidores de cereais, polidores de calçados, etc. O talco é utilizado em diversos setores industriais, sendo que as impurezas contidas podem prejudicar ou até mesmo beneficiar a sua aplicação. A indústria cerâmica (azulejos, pisos, cerâmicas artísticas, louças, porcelanas, cerâmicas elétrica e refratária) é responsável pelo consumo de cerca de 75% do talco produzido e o restante é destinado à produção de papel e celulose, borrachas, defensivos agrícolas, tintas e vernizes, produtos farmacêuticos e veterinários, perfumaria e cosméticos, sabões, plásticos, alimentos (beneficiamento de arroz, óleos comestíveis, balas e doces), minas para lápis, têxteis, produtos asfálticos, eletrodos para solda, explosivos, ornamentos (pedra sabão), etc., (DNPM/CPRM, 1997). Muitas dessas indústrias requerem um produto finamente moído que, às vezes, podem incluir o refugo do corte dos blocos de talco ou de blocos de esteatito. De modo geral, é muito importante a granulometria, o grau de pureza e a cor do produto. As especificações das propriedades físicoquímicas necessárias variam com a destinação industrial do talco. Com relação a teores médios econômicos, a maior parte das aplicações exige minérios de talco de relativa pureza, sendo que seu uso industrial específico é que vai determinar o grau de tratamento e/ou beneficiamento necessário. INDÚSTRIA DE PRODUTOS MINERAIS NÃO METÁLICOS Cerâmica - as especificações exigidas para o talco se prendem ao produto final, podendo aumentar a resistência ao choque térmico, diminuir a retração de queima, aumentar a resistência mecânica, diminuir a temperatura de maturação da massa, aumentar a resistência ao ataque de álcalis, diminuir a expansão por absorção de água (reduz a possibilidade de gratagem), elevar a resistência elétrica em altas temperaturas e apresentar baixa perda dielétrica (DNPM/CPRM, op.cit). A quantidade de talco utilizada varia de acordo com o processo e o produto que se quer obter. Pode ser o componente principal (70% a 80%), como para a massa de isoladores elétricos. Em revestimentos, azulejos, cerâmica artesanal varia entre 7% e 15%. Além do talco, o esteatito, o agalmatolito e a pirofilita estão sendo cada vez mais requisitados para emprego na indústria cerâmica - azulejos e pisos, porcelanas, esmaltes, refratários elétricos, etc. O ideal para qualquer fabricante de produtos cerâmicos, seria uma única matéria-prima natural com características físico-químicos - resistência à flexão, absorção de água, porosidade, cor, coeficiente de dilatação térmica, retração de queima - adequadas. INDÚSTRIA DE MATERIAL DE TRANSPORTE O talco é utilizado no setor de material de fricção, como auxiliar corretivo - lonas, pastilhas, sapatas de freio, platôs e outros materiais para as indústrias automobilísticas, ferroviárias e máquinas agrícolas - (DNPM/CPRM, op.cit). INDÚSTRIA DE PAPEL E PAPELÃO O talco é utilizado neste setor não só para evitar que haja aderência da massa aos rolos das máquinas, mas também como insumo direto para proporcionar elevada retenção e suficiente opacidade ao produto final. As exigências se prendem à granu1ometria no primeiro caso e, no segundo, aos teores de CaCO 3, óxidos de ferro e à cor (DNPM/CPRM, op.cit). A indústria de papel consome grande quantidade de talco, utilizado como carga ( filler ) quando incorporados à massa e como pigmento alvejante. Deve ser livre de impurezas, apresentando coloração ou alvura aceitável, ter alto índice de refração para uma boa opacidade, e ser quimicamente inerte evitando reações com outros materiais usados na fabricação ou uso do papel.

As principais propriedades que definem o uso do talco no fabrico de papel são: composição e propriedades químicas do mineral; geometria das partículas do mineral; densidade do mineral; caráter abrasivo do mineral; alvura do mineral; reologia de dispersões do mineral. Além da melhoria da qualidade do papel, o uso do talco na fabricação do papel traz benefícios significativos. O maior teor de mineral no papel implica na diminuição da quantidade de fibras celulósicas necessárias com diminuição do corte de árvores, e economia de energia na secagem do papel. INDÚSTRIA DA BORRACHA Utilizado como agente de pulverização para lubrificar os moldes e evitar que as superfícies se liguem durante a manufatura do produto e na produção de borrachas semiduras para válvulas. As exigências se fazem em função da granulometria, teores de MgO, SiO 2 e Fe 2 O 3 -Al 2 O 3 e umidade (DNPM/CPRM, op.cit). INDÚSTRIA QUÍMICA Tintas e Vernizes - usado para a fabricação de tintas látex, a óleo, impermeabilizantes, fritas metálicas (esmaltes porcelanizados) e tintas de baixa visibilidade de estratégia militar. O talco lamelar é utilizado tanto como carga quanto como pigmento, e o fibroso asbestino é empregado como agente de suspensão, inclusive em tintas à prova de fogo. O setor restringe a aplicação com relação à cor, granulometria, densidade absoluta, absorção, teor de umidade, ph e teores de MgO, SiO 2 CaO e Fe 2 O 3. Produtos Asfálticos - é usado como carga inerte na fabricação de membranas impermeabilizantes. Defensivos Agrícolas - é utilizado como carga inerte, principalmente na fabricação de inseticidas, fungicidas e pesticidas. Sofre exigências de granulometria, densidade aparente e absoluta, abrasividade, teor de umidade, higroscopicidade e ph neutro. Explosivos - é utilizado como material antiaderente na fabricação de estopins. INDÚSTRIA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS E VETERINÁRIOS É utilizado na produção de comprimidos e drágeas, na fabricação de cápsulas e como carga na produção de pós, granulados, pomadas e cremes. Sofre restrições com relação à cor, granulometria e impurezas solúveis em ácido e água (DNPM/CPRM, op.cit). INDÚSTRIA DE PERFUMARIA, SABÕES E VELAS É um dos materiais mais importantes usados na moderna indústria de cosméticos. Provavelmente, a porcentagem de talco empregada nessa indústria é maior do que a de qualquer outro ingrediente, sendo talvez o insumo de maior importância e participação neste setor. Devido à sua adsorção e fluidez, o talco é de fundamental importância como suporte para pigmentos orgânicos e inorgânicos. Suas propriedades de limpeza e desodorização são conhecidas há séculos. A indústria de cosméticos exige talco de alta qualidade e pureza. Trata-se de um produto valorizado, já que as exigências do mercado obrigam o emprego de técnicas e processos de beneficiamento visando a eliminação de impurezas indesejáveis. As exigências se prendem principalmente à cor, granulometria, forma das partículas, ph, teor de ferro solúvel em água, solúveis em ácido e/ou água, à não existência de substâncias abrasivas, a restrições à presença de arsênio e chumbo e a contaminações bacteriológicas. Nos sabonetes e sabões o talco, é utilizado como carga após a saponificação e formação da base (DNPM/CPRM, op.cit). Atualmente o talco engloba um grande número de aplicações em cosméticos, as quais estão sempre se renovando. Contudo, em comparação com seus outros usos, a quantidade em cosméticos é muito pequena.

INDÚSTRIAS DE PRODUTOS DE MATÉRIAS PLÁSTICAS Utilizam o talco como carga e reforço na produção de artefatos diversos, na fabricação de baquelite e artigos de polipropileno e em massas plásticas para funilaria e marmoraria. As especificações exigem baixíssimos teores de Fe 2 O 3 e apresentam restrições de granulometria (DNPM/CPRM, op.cit). INDÚSTRIA TÊXTIL Finamente moído é empregado para dar peso e alvejar tecidos de algodão, cordoalha, barbantes e fios. (DNPM/CPRM, op.cit). Para uso na indústria têxtil é necessário que o talco possua cor clara e ausência de materiais duros (abrasivos) como quartzo e calcita que desgastam as agulhas e facas das máquinas. Este setor impõe restrições ainda quanto ao teor de umidade. INDÚSTRIA DE PRODUTOS ALIMENTARES O setor de beneficiamento de arroz utiliza o talco para polimento dos grãos. É também usado como elemento clarificante na indústria de óleos comestíveis e, em pequena escala, como agente em pó para impedir de grudar na manufatura de balas e doces (DNPM/CPRM, op.cit). INDÚSTRIAS DIVERSAS Utilizado na fabricação de eletrodos para solda (como escorificante e estabilizador do arco elétrico), em minas para lápis (na composição da massa), em esculturas e peças de ornamentação (DNPM/CPRM, op.cit). INDÚSTRIA DE REFRATÁRIO BÁSICO Os refratários básicos são intensamente usados na indústria de aço, fornos para cimento e metalurgia do Cu e Ni. O consumo na indústria do aço é de aproximadamente 12 kg de refratário/t de aço. Também nos fornos para cimento tem crescido o uso dos refratários básicos (consumo de 0,7kg de refratário/t de clínquer). Serpentina e talco (silicatos hidratados de Mg), pirofilita (silicato hidratado de Al), wollastonita (silicato de Ca), cordierita (silicato de Mg e Al) e olivina (silicato de Mg e Fe) são usados subordinadamente nos refratários básicos. Algumas vezes como fornecedores de SiO 2 para a matriz cimentadora (SiO 2 + CaO) do MgO, outra para estabilizar o CaO (que é reativo, mesmo após tratamento a altas temperaturas) ou para outros usos especiais. INDÚSTRIA DE POLIAMIDA O nascimento e desenvolvimento das poliamidas com carga mineral foram determinados pela necessidade de produtos de menor custo em relação ao polímero puro. Neste novo contexto, os setores de extração e beneficiamento de talco deverão estar aptos a fornecer materiais dentro de exigências técnicas específicas e rígidas normas de qualidade. A poliamida 6.6, um polímero de engenharia, vem cada dia sendo mais utilizada na indústria eletroeletrônica e automobilística, deslocando o mercado dos materiais metálicos. Devido à sua natureza semi-cristalina possui limitações de deformabilidade durante o resfriamento de peças moldadas por injeção, na correção deste fenômeno utiliza-se o carregamento da poliamida com silicatos, principalmente o talco. REFERÊNCIAS: DNPM/CPRM (1997) Principais Depósitos Minerais do Brasil, V.4, Parte C - Rochas e Minerais Industriais. Coordenação Geral: Carlos Scobbenhaus, Emanuel Teixeira de Queiroz e Carlos Eduardo Silva Coelho, p530-531.brasília DANA, J. D. (1978). Manual de Mineralogia. Tradução de Rui Ribeiro Franco. Rio de Janeiro. http://www.pr.gov.br/mineropar/htm/rocha/talco.html www.rc.unesp.br/museudpm

3. OCORRÊNCIAS DO TALCO Estados Unidos, China, Japão, Republica da Coréia, Índia, Brasil (Bahia, Paraná, Minas Gerais e São Paulo) e em outros países em quantidades menos significativas. DESCRIÇÃO DAS OCORRÊNCIAS O talco é um mineral de origem secundária, formado pela alteração dos silicatos de magnésio: olivina, piroxênios e anfibólios, podendo ser encontrado como pseudomorfos sobre estes minerais. Pode ser encontrado nas rochas ígneas devido a alteração desses silicatos, especialmente nos peridotitos e piroxenitos. Contudo, é encontrado de maneira mais característica nas rochas metamórficas, nas quais, sob a forma granular a criptocristalina, conhecida por PEDRA-SABÃO, pode constituir quase toda a massa de rocha. É possível, também, sua ocorrência como constituinte proeminente nas rochas xistosas, entre as quais o talco xisto. OCORRÊNCIAS E DEPÓSITOS BRASILEIROS A grande maioria dos depósitos comerciais brasileiros de talco está associada a calcários dolomíticos metamorfisados, sob a forma de lentes ou bolsões, ou a rochas básicas/ultrabásicas, principalmente nas bordas dos maciços, formando auréolas, algumas vezes com zonas bem definidas de mineralização (LARA F o, 1997) ESTADO DO PARANÁ O Paraná destaca-se como o maior produtor nacional de talco, participando com cerca de 76% da produção bruta, possuindo em 1989 quarenta e seis áreas autorizadas para lavra nos municípios de Ponta Grossa, Castro, Bocaiúva do Sul e Piên. Com exceção do município de Piên, todos os depósitos dos demais municípios encontram-se na Formação Capiru, principalmente na faixa Itaiacoca, base do Grupo Açungui, atribuído ao Pré-cambriano Médio, formando bolsões irregulares associados a epicalcários dolomíticos, próximos ao ou no contato com as intrusões (diques) de diabásio, dioritos e quartzo-dioritos. Esses diques funcionam tanto como suportes para os corpos de talco contra os agentes erosivos como guias orientativos na prospecção destes corpos. Em profundidade o minério apresenta a coloração branca primária, e superficialmente mostra cores que vão do creme, amarelo e rosa até o avermelhado, devido à impregnação de soluções ferruginosas. Pode apresentar-se compacto, semicompacto e mesmo lamelar; é untuoso e de brilho nacarado. As impurezas mais comuns são os óxidos de ferro, carbonatos, sílica livre, clorita, caulinita e, às vezes, tremolita, serpentina, anfibólios, piroxênios e pirita (LARA F o, 1997). Já no sul do estado, no município de Piên, ocorrem pequenos corpos de talco-xisto derivados de um complexo máfico-ultramáfico encaixado em embasamento granulítico-migmatítico pertencente ao Grupo Taboleiro. Esses ta1co-xistos são formados. quase que essencialmente pelo mineral talco, contendo ainda magnetita, anfibólio, cromita, clorita e olivina em pequenas quantidades. A coloração é esverdeada, podendo variar para tonalidades amarelada, rósea e acinzentada. Sua ocorrência é em forma de massas compactas e em veios de poucos centímetros a mais de seis metros, encaixados em rochas piroxeníticas e serpentiníticas (LARA F o, 1997). DO ESTADO BAHIA Segundo LARA F o (1997) na Bahia a mineração de talco se concentra: a) Na serra das Éguas, município de Brumado, região centro-sul do estado, b) No município de Casa Nova, no extremo noroeste existe uma área em lavra e diversas ocorrências. Em Brumado, o talco ocorre economicamente associado às jazidas de magnesita, na unidade média do Grupo Serra das Éguas, constituído de metamorfitos de origem vulcanogênica. A unidade inferior do referido grupo é composta por pelo menos duas fases de vulcanismo básico-ultrabásico. A unidade média é de natureza químico-sedimentar e a superior, epiclástica. A Magnesita S.A. divide os depósitos de talco da serra das Éguas em três conjuntos distintos: a) associados aos mármores magnesíticos da Unidade Média, ocorrendo talco maciço, sendo que os principais jazimentos se correlacionam a extensas zonas de falha. Apresentam-se na forma de níveis

concordantes com a foliação, em veios discordantes relacionados a juntas ou falhas, ou acompanhando diques básicos intrudidos nos mármores; b) nos contatos dos mármores com suas unidades justapostas, onde aparecem massas de talco lamelar impuro; c) em zonas de cisalhamento nos actinolititos da Unidade Inferior onde se desenvolveram ocorrências de talco lamelar com magnetita. Em Casa Nova, os jazimentos de talco de importância econômica estão relacionados ao Complexo Metamórfico-migmatítico, ocorrendo em forma de pequenas lentes e vieiros concordantes com as encaixantes, associados aos tremolita-actínolita-xistos e aos anfibolitos, metabasitos e metaultrabasitos. O talco apresenta-se geralmente no tipo lamelar, em tonalidades variando do verdeclaro, cinza esverdeado e branco, em associações minerais com tremolita, actinolita, vermiculita e biotita que, conforme as concentrações, pode comprometer localmente a qualidade do minério. ESTADO de SÃO PAULO Segundo LARA F o (1997) no estado de São Paulo existem jazidas de talco em dois ambientes geológicos distintos: a) Nas regiões de Itararé e Ribeirão Branco, onde o talco aparece associado às rochas do Grupo Açungui, em condições de jazimento semelhantes aos já descritos em Ponta Grossa, Castro e Bocaiúva do Sul, no estado do Paraná. Essas lavras são responsáveis por toda a produção no Estado b) Em Cananéia e Jacupiranga, o talco ocorre em micaxistos regionais do Grupo Açungui, encaixados em corpos lenticulares de rochas anfibolíticas. O minério aparece em forma de lentes ou camadas descontínuas, com alongamento predominante para NW, embora concordando também com a orientação NE das rochas regionais, com textura que varia de semi-lamelar a compacta e colorações variando de branco, cinzento, cinza-esverdeado e cinza-amarelado. Já Silva (1981), coloca esses jazimentos na base da Seqüência Cachoeira. ESTADO DE MINAS GERAIS Segundo LARA F o (1997), em Minas Gerais o talco é lavrado nos municípios de Nova Lima, Caranaíba, Carandaí, Ouro Preto e Ouro Branco, a sul-sudeste de Belo Horizonte. Em Nova Lima existe oficialmente a maior reserva (1997) do País, totalizando cerca de 60 milhões de toneladas de esteatito, entre reservas medida e indicada, associadas a reservas de serpentinito, sendo que a lavra nesta área é realizada apenas para este outro bem mineral, visando sua utilização como matéria-prima para a siderurgia. Em Caranaíba/Carandaí o talco se apresenta na forma lenticular, provavelmente originado por alteração hidrotermal em diques de rochas básicas/ultrabásicas, causadas por intrusões graníticas regionais encaixadas em gnaisses do complexo cristalino, apresentando camadas de talco verde-claro, distribuído em massa talcosa, com escassas disseminações de biotita e, por vezes, com núcleos de cristais aciculares de actinolita. Na região de Ouro Preto/Ouro Branco, tradicional distrito de talco de Minas Gerais, desde a época da colonização, a pedra sabão era utilizada artesanalmente para a fabricação de esculturas e peças de ornamentação, mas, com o passar do tempo, passou também a ter aplicações industriais. As jazidas e ocorrências desse distrito estão associadas a rochas ultrabásicas serpentinizadas, encaixadas em gnaisses, xistos e migmatitos do embasamento cristalino. Sua formação é atribuída ao metassomatismo hidrotermal das rochas ultrabásicas (serpentinitos) e também relacionadas a intrusões graníticas de caráter regional. Roeser et al. (1980), estudando esteatitos do sudeste do Quadrilátero Ferrífero, observaram a característica de zoneamento desses corpos, onde, partindo de seu centro para o contato com as encaixantes, diferenciam-se as seguintes zonas: a) esteatito maciço; b) rocha com carbonato-talco; c) rocha com anfibólio-talco; d) rocha clorítica. O minério apresenta-se compacto, com textura microcristalina, com associações de clorita, hidróxido de ferro, quartzo, actinolita e carbonatos, como impurezas mais comuns.

OUTROS DEPÓSITOS DE TALCO (LARA F o, 1997). ESTADO DO CEARÁ - no município de Quixeramobim, no local Cacimba da Pedra ocorre talco tremolititíco, utilizado na indústria cerâmica. A Área de Lavra acha-se inserida em rochas pertencentes ao Grupo Ceará, formado por gnaisses, migmatitos, quartizitos e xistos provavelmente de idade Pré-Cambriana Superior. A rocha encaixante é um biotitia-xisto gnaissificado. O talco ocorre em forma de lente sobreposta a uma camada de dolomita concordante com a encaixante. O minério é de cor esverdeada, lamelar, untuoso, contendo cristais de tremolita de hábito radial. (Dados fornecidos em 1997, pela Mineração Geral do Nordeste S/A No DNPM 803.312/77). ESTADO DO PIAUÍ - no município de Raimundo Nonato, na Fazenda Boa Vista, existe, legalmente, uma jazida de talco (os trabalhos de lavra estavam paralisados em 1997). Segundo a empresa Produtos Minerais do Piauí Ltda.( No DNPM 812.913/71). O talco se apresenta em forma de lente encaixada em biotita gnaisse. Apresenta-se sob a forma lamelar, de coloração verde, com manchas de clorita, parecendo localmente agulhas de actinolita. ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL no município de Caçapava do Sul, no local denominado Estrada do Boqueirão, existe uma área autorizada para Lavra de Talco (Empresa de Mineração Butiaense Ltda. No DNPM 809.157/69). Encontrava-se com trabalhos paralisados (1997). O talco ocorre sob a forma de lentes, com espessura variável de 70 a 100 metros, com direção N-S, cortadas por veios de quartzo leitoso de pequena possança. Estratigraficamente, a lente de talco se encontra encaixada em um pacote de rochas metavulcano-sedimentares compostas de tufos ácidos a intermediários, filitos, clorita-xistos e muscovita-xistos. Referências: DANA, J. D. (1978). Manual de Mineralogia. Tradução de Rui Ribeiro Franco. Rio de Janeiro LARA F o, J. (1997) Geologia do Talco e Pirofilita. In: Cap. 47 de Principais Depósitos Minerais do Brasil, V.4, Parte C - Rochas e Minerais Industriais. Coordenação Geral: Carlos Scobbenhaus, Emanuel Teixeira de Queiroz e Carlos Eduardo Silva Coelho, DNPM/CPRM Brasília, DF., p531-539. www.pr.gov.br/mineropar/htm/rocha/talco.html www.rc.unesp.br/museudpm