Efeito dos Parâmetros de Resfriamento Acelerado na Microestrutura e nas Propriedades Mecânicas em Aços para Tubos de Grande Diâmetro

Documentos relacionados
CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL E MECÂNICA DO AÇO API 5L X80 COM DISTINTOS PROJETOS DE LIGA*

3 Material e Procedimento Experimental

LAMINAÇÃO TMCP DE CHAPAS GROSSAS PARA AÇOS ARBL MICROLIGADOS COM NIÓBIO, VANÁDIO E TITÂNIO LAMINADOS NA GERDAU OURO BRANCO*

Universidade Estadual de Ponta Grossa/Departamento de Engenharia de Materiais/Ponta Grossa, PR. Engenharias, Engenharia de Materiais e Metalúrgica

Gilmar Zacca Batista. Curvamento por Indução de Tubo da Classe API 5L X80. Dissertação de Mestrado

PRODUÇÃO DE AÇOS DAS CLASSES DE RESISTÊNCIA DE 80 E 90 KSI VIA TMCP NO LAMINADOR DE CHAPAS GROSSAS DA GERDAU OURO BRANCO *

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

MODELO MATEMÁTICO DE PREVISÃO DE PROPRIEDADES MECÂNICAS NA ARCELORMITTAL CARIACICA*

Tabela 4. Composição química dos aços API5LX80 (% em peso).

Título do projeto: SOLDABILIDADE DE UM AÇO ACLIMÁVEL DE ALTO SILÍCIO PARA CONSTRUÇÃO METÁLICA COM RESISTENCIA EXTRA A CORROSÃO MARINHA

Transformações de fase em aços [15]

Linha de Pesquisa: Controle de Processos Metalúrgicos.

Engenheiro Metalurgista, Mestrando em Engenharia Metalúrgica, Assistência Técnica, Usiminas, Ipatinga, MG, Brasil. 2

EFEITO DAS TEMPERATURAS DE BOBINAMENTO E ENCHARQUE NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE UM AÇO LAMINADO A FRIO MICROLIGADO AO NIÓBIO*

INFLUENCE OF THE PRESENCE OF MICROALLOYING ELEMENTS AND THERMOMECHANICAL ROLLING PROCESS ON THE MECHANICAL PROPERTIES OBTAINED IN A SBQ STEEL

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Metalurgia & Materiais

TRANSFORMAÇÃO DA AUSTENITA EM AÇOS MICROLIGADOS COM MICROESTRUTURA FERRÍTICA-BAINÍTICA 1 Antonio Augusto Gorni 2

3 Material e Procedimento Experimental

SIMULAÇÃO FÍSICA DA LAMINAÇÃO A QUENTE DE FIO- MÁQUINA DE AÇOS BAIXO E ULTRABAIXO CARBONO*

Linha de Pesquisa: Metalurgia de Transformação Soldagem e Processos Afins

ESTUDO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DO AÇO API X70 PRODUZIDO POR LAMINAÇÃO CONTROLADA

EFEITO DOS TEORES DE Nb E Mn NA PRECIPITAÇÃO DE CARBONETOS E NITRETOS EM AÇO MICROLIGADO AO Nb E Ti.

AVALIAÇÃO DA MICROESTRUTURA DOS AÇOS SAE J , SAE J E DIN100CrV2 APÓS TRATAMENTOS TÉRMICOS*

PROCESSO SELETIVO MESTRADO 2018 Projeto de Pesquisa

INVESTIGAÇÃO COMPUTACIONAL DO IMPACTO DOS PARÂMETROS TERMOMECÂNICOS NA MICROESTRUTURA DE UM AÇO MICROLIGADO AO NIÓBIO DURANTE A LTQ *

INFLUENCE OF THE NORMALIZING ROLLING PARAMETERS ON THE TOUGHNESS OF ANB, V AND TIMICROALLOYED STEEL PROCESSED IN THE GERDAU PLATE MILL

4 Resultados e Discussão

AVALIAÇÃO DA SOLDABILIDADE DO AÇO SINCRON-WHS-800T QUANDO SOLDADO PELO PROCESSO FCAW

4 Resultados (Parte 01)

A Tabela 2 apresenta a composição química do depósito do eletrodo puro fornecida pelo fabricante CONARCO. ELETRODO P S C Si Ni Cr Mo Mn

Introdução ao estudo das Estruturas Metálicas

Efeito da Têmpera Direta e Convencional na Microestrutura e Propriedades Mecânicas de Garras para Recuperação de Sapatas em Aço 15B30

INFLUÊNCIA DE ASPECTOS MICROESTRUTURAIS NA RESISTÊNCIA À FRATURA DE AÇO ESTRUTURAL COM APLICAÇÕES OFFSHORE

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MECÂNICO A ALTAS TEMPERATURAS DOS AÇOS SAE 1518 E MICROLIGADO AO NIOBIO POR ENSAIOS DE TORÇÃO A QUENTE*

DETERMINAÇÃO DO DIAGRAMA CCT POR ANÁLISE TÉRMICA ATRAVÉS DE E...

7 Resultados (Parte 04)

Sistema Ferro - Carbono

AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS DO PROCESSO TERMOMECÂNICO DA LAMINAÇÃO DE TIRAS A QUENTE DE AÇOS MICROLIGADOS AO NIÓBIO*

CÁLCULO DA TEMPERATURA DE NÃO-RECRISTALIZAÇÃO PARA AÇOS MICROLIGADOS, EM FUNÇÃO DA INTERAÇÃO ENTRE A PRECIPITAÇÃO E RECRISTALIZAÇÃO DA AUSTENITA 1

NOÇÕES DE SOLDAGEM. aula 2 soldabilidade. Curso Debret / 2007 Annelise Zeemann. procedimento de soldagem LIGAS NÃO FERROSAS AÇOS.

Eng. Materiais, Mestrando, Instituto de Pesquisas Tecnológicas, São Paulo-SP, Brasil 3

SOLDAGEM TIG. Prof. Dr. Hugo Z. Sandim. Marcus Vinicius da Silva Salgado Natália Maia Sesma William Santos Magalhães

INFLUÊNCIAS DE PROCESSO NO LIMITE DE ESCOAMENTO DE CANTONEIRA NA ESPECIFICAÇÃO NBR 7007 AR 415*

Benefícios do uso de aços microligados ao Nióbio em edifícios industriais. Roberval José Pimenta Leonardo Magalhães Silvestre

Caracterização microestrutural do aço ASTM-A soldado por GMAW.

João Carmo Vendramim 1 Jan Vatavuk 2 Thomas H Heiliger 3 R Jorge Krzesimovski 4 Anderson Vilele 5

TEMPERABILIDADE. Profa.Dra. Lauralice Canale

[8] Temperabilidade dos aços

CAP 11 - MICROESTRUTURAS

TRANSFORMAÇÕES DE FASES EM METAIS

3 - Metodologia Experimental

LAMINAÇÃO TERMOMECÂNICA DE UM AÇO MICROLIGADO AO NIÓBIO EM UM LAMINADOR DE TIRAS A QUENTE, COM CADEIRA STECKEL*

ÍNDICE. 9 Em Sincronia com o Mercado 11 A TECNOLOGIA CLC DE PRODUÇÃO DAS CHAPAS SINCRON. 11 Processo Integrado da Tecnologia CLC

23º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 04 a 08 de Novembro de 2018, Foz do Iguaçu, PR, Brasil

Frederico A.P. Fernandes

TRATAMENTOS TÉRMICOS

Efeito dos elementos de liga nos aços

Aços Planos Gerdau Chapas Grossas

SOLDA POR FRICÇÃO EM AÇO CARBONO

Avaliação das propriedades mecânicas em ligas ferríticas com 5% de Mo e diferentes teores de Cr

CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL DE JUNTA SOLDADA DE AÇO ASTM A 131M EH-36 UTILIZADO EM TUBULAÇÕES DE PETRÓLEO E GÁS

ESTUDO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DO AÇO API X70 PRODUZIDOS ATRAVÉS DE LAMINAÇÃO CONTROLADA 1

Brasil 2017 SOLUÇÕES INTEGRADAS EM ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS

INFLUÊNCIA DE ASPECTOS MICROESTRUTURAIS NA RESISTÊNCIA À FRATURA DE AÇO ESTRUTURAL COM APLICAÇÕES OFFSHORE

Dissertação de Mestrado

INFLUÊNCIA DE ASPECTOS MICROESTRUTURAIS NA RESISTÊNCIA À FRATURA DE AÇO ESTRUTURAL COM APLICAÇÕES OFFSHORE

EFEITO DO TEMPO DE ENCHARQUE NA DISSOLUÇÃO DE PRECIPITADOS E NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE CHAPAS GROSSAS DE AÇOS MICROLIGADOS*

TEMPERABILIDADE. Profa.Dra. Lauralice Canale

Doutor, Professor, Propemm, Instituto Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, Brasil. 3

3- Materiais e Métodos

EQUACIONAMENTO E AUTOMATIZAÇÃO DA NORMA SAE J 1397 PARA AÇOS CARBONO

INFLUÊNCIA DO CAMINHO DE AQUECIMENTO NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE UM AÇO 1020 TEMPERADO A PARTIR DE TEMPERATURAS INTERCRÍTICAS

Engenheiro Metalurgista, M. Eng., Especialista de Produto, Gerência de P&D, Gerdau, Ouro

5.1. Morfologia da Microestrutura Austenítica durante a Laminação a Quente

INFLUÊNCIA DO TEMPO DE RECOZIMENTO INTERCRÍTICO NA MICROESTRUTURA DE UM AÇO BIFÁSICO BAIXO CARBONO 1 Arnaldo Forgas Júnior 2

longitudinal para refrigeração, limpeza e remoção de fragmentos de solos provenientes da perfuração, Figura 10.

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE RECOZIMENTO NA MICROESTRUTURA DO AÇO INOXIDÁVEL FERRÍTICO DURANTE A RECRISTALIZAÇÃO*

DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO DE LAMINAÇÃO DO AÇO PARA A PRODUÇÃO DO VERGALHÃO CA50 32mm*

Desenvolvimento de Aços Alternativos aos Materiais Temperados e Revenidos com Limite de Resistência entre 600 e 800 MPa

ESTUDO AVALIATIVO DA TENACIDADE AO IMPACTO DE UM AÇO SAE 1644 SUBMETIDO A TRATAMENTO TERMOQUÍMICO DE CEMENTAÇÃO.

61º Congresso Anual da ABM

Representação da decomposição da austenita

ESTUDO DO EFEITO DO MOLIBDÊNIO EM AÇO DUAL PHASE TRATADO TERMICAMENTE NO CAMPO BIFÁSICO*

EFEITO DO TRATAMENTO TÉRMICO NA TRANSFORMAÇÃO DE FASES DE UM AÇO MICROLIGADO FORJADO

AVALIAÇÃO DA RECRISTALIZAÇÃO DINÂMICA DO AÇO ESTRUTURAL SAE 4140 ATRAVÉS DE ENSAIOS DE TORÇÃO A QUENTE

DANIEL BOJIKIAN MATSUBARA. Caracterização de chapa grossa de aço microligado temperado por meio da técnica de dilatometria

8º CONGRESSO IBEROAMERICANO DE ENGENHARIA MECANICA Cusco, 23 a 25 de Outubro de 2007

AVALIAÇÃO DA TEMPERABILIDADE, MICROESTRUTURA E TENACIDADE DE TUBOS DE AÇO ESPECIFICADOS PELA NORMA API 5CT*

PRODUÇÃO INDUSTRIAL DE AÇOS PLANOS COM GRÃO ULTRA-FINO

RELAÇÃO ENTRE A ENERGIA CHARPY E A DUTILIDADE ATRAVÉS DA ESPESSURA DO AÇO API 5L X80

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE AQUECIMENTO NA RESISTÊNCIA MECÂNICA DE UM AÇO MICROLIGADO *

EFEITO DA TÊMPERA E REVENIMENTO EM AÇOS MICROLIGADOS CONTENDO BORO E TITANIO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Curso de Pós-Graduação em Engenharia Metalúrgica, Materiais e de Minas. Dissertação de mestrado

3. MATERIAIS E PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

DESENVOLVIMENTO DE VERGALHÃO EM ROLO MICROLIGADO DE ALTA RESISTÊNCIA*

MR Simulação Aula 11 -

5 Resultados (Parte 02)

Ferro Fundido. A.S.D Oliveira

4 Apresentação e discussão dos resultados

Transcrição:

Título do Projeto: Efeito dos Parâmetros de Resfriamento Acelerado na Microestrutura e nas Propriedades Mecânicas em Aços para Tubos de Grande Diâmetro Linha de Pesquisa: Processamento Termomecânico e Químico de Metais Justificativa/motivação para realização do projeto: Realizar análises exploratórias para auxiliar no desenvolvimento de aços para tubos de grande diâmetro. Objetivos: Determinar os parâmetros de Resfriamento Acelerado e consequentemente a microestrutura final do aço, mais adequados para a produção de aços para tubos de grande diâmetro. Avaliar a previsão de um modelo matemático para simular as transformações de fases durante o processo de resfriamento acelerado. Estratégia experimental planejada para se alcançar os objetivos: Produzir as placas na aciaria, realizar laminação controlada seguida por resfriamento acelerado, sob diferentes condições, em seguida realizar ensaios mecânicos e micrográficos. Adicionalmente realizar análises através de ensaios de torção a quente, baseados em simulações de transformações de fases. Principais referências consultadas: ISASTI, N., GARCÍA-RIESCO, P.M., JORGE-BADIOLA, D., TAHERI, M., LÓPEZ, B., URANGA, P. Modeling of CCT Diagrams and Ferrite Grain Size Prediction in Low Carbon Nb Mo Microalloyed Steels, ISIJ International, v. 55, n. 9, p. 1963-1972. may. 2015. PEREDA, B., IBABE, J.M.R., LÓPEZ, B. Improved Model of Kinetics of Strain Induced Precipitation and Microstructure Evolution of Nb Microalloyed Steels During Multipass Rolling, ISIJ International, v. 48, n. 10, p. 1457-1466. jul. 2008. 1

1. Introdução Amplos esforços vêm sendo realizados em todo o mundo para garantir o fornecimento de diferentes fontes de energia para diversos segmentos, por isto novas fontes de exploração estão em continuo desenvolvimento. Neste contexto, devido à enorme dependência por fontes de petróleo, sua extração tem sido realizada em ambientes severos, muitas vezes por meio de plataformas marítimas, em profundidades cada vez maiores, em regiões com baixas temperaturas e em ambientes corrosivos. Para tal, a siderurgia tem um papel fundamental no fornecimento dos aços planos que irão compor as tubulações, embarcações e plataformas responsáveis por esta extração (1). Para garantir uma aplicação final segura e eficiente, estes aços devem ter excelentes propriedades mecânicas. Para que isto seja possível, é necessário que o aço tenha um controle rigoroso de composição química e segregação nas placas resultantes. Desta forma, estudos vem sendo conduzidos para se reduzir as concentrações de carbono, manganês, enxofre, fósforo, nitrogênio, hidrogênio no aço e para se controlar a forma das inclusões, através do tratamento com cálcio (2). Além do rigor para se obter as placas na aciaria, é necessário que estas sejam laminadas utilizando-se a técnica da laminação controlada seguida de resfriamento acelerado, conhecida como TMCP (thermo-mechanical controlled process). Alinhada a esta necessidade, as Laminações de Chapas Grossas ao redor do mundo têm adquirido modernos equipamentos de resfriamento acelerado (ACC) de chapas grossas. O processo ACC é conduzido através da aplicação de uma taxa moderada de resfriamento com água sobre as chapas, ao longo das faixas de temperaturas de transformação, imediatamente após o término da laminação a quente (1). As principais variáveis do processo são as temperaturas de início e de final de resfriamento (TIR e TFR, respectivamente) e a taxa de resfriamento (CR). A título de exemplo, os valores normalmente empregados de TIR variam na faixa de 700 C a 900 C, os de TFR na faixa de 450 C a 650 C e os de CR na faixa de 5 a 60 C/s, de acordo com as propriedades mecânicas desejadas e com a espessura da chapa. Observa-se que o resfriamento acelerado é conduzido somente ao longo de uma determinada faixa de temperatura. Ao se atingir o valor de TFR desejado, o resfriamento é interrompido e a chapa é resfriada ao ar até a temperatura ambiente. Um entendimento profundo das transformações de fases durante o resfriamento é crucial para se controlar a microestrutura e as propriedades finais do produto. Normalmente o comportamento das transformações são analisadas utilizando-se diagramas de transformação contínua durante o resfriamento (diagrama CCT). Nestes diagramas, as transformações de fases são representadas sob diversas taxas de resfriamento para uma dada composição química e condições iniciais dos grãos austeníticos, demonstrando as temperaturas iniciais e finais de transformação, regiões de estabilidade de fases e valores de dureza. Os diagramas CCT são determinados por dilatometria, caracterização microestrutural e teste de dureza. No entanto a determinação destes diagramas é extremamente trabalhosa e consomem muito tempo, por isso demandas para aprofundar o conhecimento em transformação de fases, tem levado ao desenvolvimento de modelos capazes de prever as características da microestrutura resultante, após determinado processo termomecânico, reproduzindo os diagramas CCT, incorporando os efeitos da composição química, tamanho de grão austeníticos (D γ ), deformação acumulada (ε acc )e taxa de resfriamento (CR) (3,4). Para tais modelos, equações foram propostas, através de técnicas de regressão linear múltipla, utilizando-se resultados de ensaios dilatométricos anteriores e suas formas gerais estão abaixo demonstradas: 2

Equação 1 - Temperaturas de transformação: T αi = T αf = T bi = T bf = a 1 + a 2 (%C) + a 3 (%Mn) + a 4 (%Nb) + a 5 (%Mo) + a 6 ε acc + a 7 ln(d γ ) + a 8 exp ( a 9 CR) Onde, T αi e T αf são as temperaturas iniciais e finais de transformação da ferrita, T bi e T bf são as temperaturas iniciais e finais de transformação da bainita. Equação 2 - Dureza Vickers: Dureza(HV) = b 1 + b 2 (%C + %Mn 16 ) + b 3 (%Nb) + b 4 (%Mo) + b 5 ε acc + b 6 ln(d γ ) + b 7 exp ( b 8 CR) Equação 3 - Tamanho de grão ferrítico: D = (c 1 + c 2 (%Nb) + c 3 (%Mo)). (D γ exp( ε acc )) m. (CR) p A figura abaixo representa um diagrama CCT de um aço carbono, sobre o qual encontramse superpostas seis curvas de resfriamento após laminação controlada: Figura 1 - Curvas de resfriamento após laminação, representadas sobre um diagrama CCT de um aço carbono. A curva 1 representa uma típica chapa produzida por laminação controlada seguida de resfriamento ao ar, cuja microestrutura consiste de uma mistura de ferrita e perlita. As curvas 2, 3 e 4 representam chapas processadas por ACC. Com taxas moderadas de resfriamento (curva 2), obtêm-se uma microestrutura ferrita-perlita, porém bem mais refinada que no caso anterior. 3

O refinamento microestrutural é atribuído à queda das temperaturas de início de formação da ferrita e da perlita, causada pelo aumento da taxa de resfriamento. Em outras palavras, o aumento do super-resfriamento abaixo das temperaturas de equilíbrio (Ae3 e Ae1) aumenta a quantidade de sítios para nucleação, resultando em refinamento da microestrutura. A elevação da taxa de resfriamento promove um refinamento adicional dos grãos ferríticos e a perlita é gradativamente substituída pela bainita (curvas 3 e 4). Finalmente, as curvas 5 e 6 representam chapas processadas por têmpera direta (DQ), em que são empregadas condições mais severas de resfriamento com objetivo de se obter uma microestrutura constituída, respectivamente, por martensita e bainita ou somente martensita (5). O resfriamento acelerado não é um processo que pode ser empregada de forma independente. Ao contrário, deve ser visto como parte de um complexo esquema de processamento. O processo de resfriamento acelerado só é totalmente efetivo quando controlado de maneira integrada, uma vez que, sozinho, não é capaz de assegurar melhorias significativas nas propriedades finais dos aços. As etapas de reaquecimento, de laminação e de resfriamento herdam, cada uma, os fenômenos físicos e metalúrgicos da etapa anterior. Portanto, para se obter uma microestrutura que atenda às propriedades mecânicas desejadas, é necessário considerar esses fenômenos em todas as etapas, desde a fabricação do aço líquido. A tabela 1 mostra os fenômenos metalúrgicos a serem considerados em cada etapa, os quais são selecionados e alterados em função das propriedades finais requeridas. O grande número de possibilidades existentes torna o processo bastante flexível e, ao mesmo tempo, complexo (6). Tabela 1 - Fenômenos metalúrgicos a serem considerados no processamento de chapas grossas por resfriamento acelerado. 4

2. Materiais e Métodos Será utilizado um projeto de liga para a produção das placas na aciaria visando a obtenção de chapas com as propriedades mecânicas de um aço da norma API grau X70. O aço deverá ser produzido na aciaria em convertedor, seguindo pelo processo de duplo refino, forno panela e em RH (desgaseificação a vácuo) e deverá conter baixos teores de fósforo, enxofre, hidrogênio e nitrogênio. O lingotamento contínuo deverá ser controlado a fim de se obter pouca ocorrência de segregação central. As placas serão reaquecidas, laminadas e processadas no resfriamento acelerado sob diferentes condições. Após a laminação, as chapas resultantes serão amostradas para a realização dos seguintes ensaios: Tração Ambiente, na direção transversal e longitudinal; Charpy (V2 mm), utilizando corpos de prova (CP s) com 10x10x55 mm, na direção transversal, à 1/4 da espessura e temperatura de -40 C; DWTT, com CP s dimensionados conforme a norma API-RP-5L3, entalhe Chevron, direção transversal e temperatura de -20 C; Dureza, com CP s dimensionados conforme a norma NBR NM ISO 6507-1, 2 e 3; Metalografia TGF (tamanho de grão ferrítico). Será fotografada a metalografia em uma das periferias, a 1/4 da espessura e no centro da espessura com ampliação de 100X e 500X. Adicionalmente deverá ser determinada a proporção de fases; Análise química de produto, conforme a norma ASTM A708. O critério de variação deverá ser conforme a norma NTU-TVCQ-01; 3. Infraestrutura e Recursos Necessários Para o desenvolvimento da pesquisa, serão utilizadas placas produzidas na aciaria, através da rota Convertedor LD - Forno Panela - RH - Lingotamento Contínuo de Placas. Estas placas serão enfornadas em um Forno de Reaquecimento, ao atingir a temperatura objetivada, serão desenfornadas e laminadas em um Laminador Acabador de Chapas Grossas, sofrendo em seguida resfriamento acelerado no Mulpic. Os esboços resultantes dos processos descritos acima, serão subdivididos em chapas e terão amostras retiradas para posteriores ensaios em laboratórios. Das amostras retiradas, serão confeccionados corpos de prova no laboratório de ensaios mecânicos da usina, para a realização dos ensaios de tração, charpy, DWTT, análise química e metalográfica. Adicionalmente serão enviadas amostras para laboratórios externos à usina, para ensaios de torção a quente, seguida por ensaios metalográficos. A disponibilidade de infraestrutura e dos recursos necessários à execução da pesquisa fazem parte de projetos que estão em desenvolvimento na usina e são de total responsabilidade da empresa patrocinadora. 5

4. Cronograma de Execução 1 - Revisão bibliográfica; 2 - Definição da composição química e dos parâmetros de laminação; 3 - Produção (Placas, Esboços, Chapas e Amostras); 4 - Ensaios mecânicos internos (tração, charpy, dureza, DWTT, metalografia); 5 - Análise dos resultados dos ensaios mecânicos internos; 6 - Ensaio de torção a quente; 7 - Análise micrográfica dos ensaios de torção a quente; 8 - Comparação dos resultados obtidos com os simulados; 9 - Discussão sobre os resultados; 10 - Conclusão 11 - Defesa 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1ºB 2ºB 3ºB 4ºB 5ºB 6ºB 1ºB 2ºB 3ºB 4ºB 5ºB 6ºB 5. Referências Bibliográficas 1) NISHIOKA, K., ICHIKAWA, K. Progress in Thermomechanical Control of Steel Plates and their Commercialization. Science and Technology of Advanced Materials. 13, 2012. 2) GRAY, J.M., Low Manganese Sour Service Linepipe Steel, Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração - CBMM. Proceedings of the Microalloyed Steels for Sour Service International Seminar; 2012; São Paulo, Brasil. 3) ISASTI, N., GARCÍA-RIESCO, P.M., JORGE-BADIOLA, D., TAHERI, M., LÓPEZ, B., URANGA, P. Modeling of CCT Diagrams and Ferrite Grain Size Prediction in Low Carbon Nb Mo Microalloyed Steels, ISIJ International, v. 55, n. 9, p. 1963-1972. may. 2015. 4) PEREDA, B., IBABE, J.M.R., LÓPEZ, B. Improved Model of Kinetics of Strain Induced Precipitation and Microstructure Evolution of Nb Microalloyed Steels During Multipass Rolling, ISIJ International, v. 48, n. 10, p. 1457-1466. jul. 2008. 5) BODNAR, R.L., SHEN, Y., LIN, M. Accelerated cooling on Burns Harbor's 160" plate mil, In: Conference Proceedings from Materials Solutions '97 on Accelerated Cooling Direct Quenching of Steels, 1997, Indianapolis. Ohio: ASM International, 1997. p.3-13. 6) OKAMOTO, K., YOSHIE, A., NAKAO, H. Microstructures and mechanical properties of heavy steel plates produced by accelerated cooling and direct quenching process, In: 32nd Mechanical Working and Steel Processing Conference, Cincinnati, Ohio, USA, October 1990. 21p. 6