DESENVOLVIMENTO DE ARGILA VERDE ORGANOFÍLICA APLICADA AO PROCESSO DE REMOÇÃO ÓLEO/ÁGUA

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INTRODUÇÃO. Resumo. Abstract

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DA ARGILA VERMELHA

Transcrição:

DESENVOLVIMENTO DE ARGILA VERDE ORGANOFÍLICA APLICADA AO PROCESSO DE REMOÇÃO ÓLEO/ÁGUA Luana Araújo de Oliveira 1* e Meiry Glaucia Freire Rodrigues 1 1 Laboratório de Desenvolvimento de Novos Materiais, Universidade Federal de Campina Grande, Av. Aprígio Veloso, 58109-970 Campina Grande, Brasil. email: *luanaoliveiraeq@gmail.com RESUMO Com a grande preocupação com o meio ambiente, as indústrias de refinamento de petróleo têm procurado tecnologias alternativas para o processo de separação óleo/água. As argilas vêm sendo consideradas alternativas econômicas nos tratamentos de efluentes. O objetivo do trabalho é avaliar o potencial da argila verde esmectita organofílica como adsorvente na remoção do óleo presente na água produzida. Foi realizada uma modificação química na argila com o sal quaternário de amônio cloreto de cetil trimetil amônio (Genamin), para obter a organofilização da argila e assim avaliar seu potencial adsorvente. Um planejamento experimental foi realizado analisando as variáveis de tempo (1h, 3h e 5h) e concentração de óleo (100 ppm, 300 ppm e 500 ppm) e suas respostas foram a porcentagem de remoção e capacidade de remoção. A argila foi caracterizada por difração de Raios X, capacidade de adsorção em solventes orgânicos e teste de Inchamento de Foster. Os resultados indicaram que houve a modificação química e que a argila apresenta capacidade de adsorção óleo/água, com quase 80% de remoção sem precisar do gasto energético da agitação. Palavras-chave: adsorção, argila organofílica, remoção óleo/água. INTRODUÇÃO O termo argila apresenta diversos significados, essa terminologia sofre variação nos setores científicos e tecnológicos que se utilizam desse tipo de material (DUARTE NETO et al., 2014). A argila é considerada como um dos adsorventes de uso industrial, e em particular, a argila bentonita é bastante utilizada para esse fim por possuir boa capacidade em termos de área superficial e de sítios ativos, apresenta cristais elementares com uma folha de octaedros, com alumínio no centro e oxigênios ou hidroxilas nos vértices, entre duas folhas de tetraedros, com silício no centro e oxigênios nos vértices, formando camadas denominadas de 2:1 (trifórmicas) (SANTOS, 1989 e NOBREGA et al., 2011). Embora as argilas tenham muitas aplicações, como por exemplo, na agricultura (AGHA et al., 2015), indústrias de cerâmica (BENNOUR et al.,2015), cosméticos (MATTIOLI et al., 2016), farmacêutica (SÁNCHEZ-ESPEJO et al., 2014), entre outras, muitas delas só são

possíveis após a modificação superficial das argilas, gerando novos materiais e novas aplicações. Com base nisso, a modificação da argila possibilita seu uso como adsorvente de compostos orgânicos como gasolina, óleo diesel, xileno, tolueno, destacando-se na separação de misturas óleo/água (BERTAGNOLLI et al., 2009). Um dos processos de modificação de argilas é a organofilização. Bentonitas organofílicas são argilas que podem ser sintetizadas a partir de bentonita sódica, que é altamente hidrofílica, pela adição de sais quaternários de amônio dentro das lamelas da argila (COSTA et al., 2012). Como resultado da adição do sal, a argila torna-se hidrofóbica, aumentando a sua capacidade de adsorção para os poluentes orgânicos caracterizados por uma baixa solubilidade em água ou polaridade. Nos últimos anos, organofílicas têm atraído grande interesse devido à sua importância acadêmica e industrial (MOTA et al., 2011). Caso a bentonita não seja sódica, seja catiônica, é necessária a substituição dos cátions trocáveis, como Ca 2+, Mg 2+, Fe 2+, localizados nas camadas interlamelares do mineral, pelo íon Na + para facilitar a troca de cátions, uma vez que o íon monovalente proporciona interações mais fracas em relação à argila na sua forma natural, essa etapa é chamada de sodificação da argila (LARANJEIRA et al., 2010). A inserção de moléculas orgânicas faz com que ocorra expansão entre os planos d(001) da argila onde é facilmente verificada por difração de raios X (PAIVA et al., 2008). Um dos problemas que afetam o meio ambiente é a poluição de natureza química, nos quais possuem compostos orgânicos ou inorgânicos, provenientes das diversas atividades industriais, que são considerados nocivos e prejudiciais para organismos vivos, mesmo em baixas concentrações (CUNHA et al., 2014). Com base nisso, objetiva nesse trabalho avaliar a utilização da argila verde organofílica como adsorvente no tratamento de remoção óleo/água. MATERIAIS E MÉTODOS MATERIAIS Foi utilizada uma amostra da argila policatiônica bentonita esmectítica denominada de argila verde, fornecida pela Bentonisa do Nordeste S.A.. Como a amostra foi fornecida na forma de aglomerados, ela foi desagregada, moída e passada em peneira ABNT Nº 200 (abertura de 0,074mm). O sal quaternário utilizado foi

o cloreto de cetil trimetil amônio (Genamin ) adquirido através da empresa Clariant. Preparação da argila organofílica O método de preparação de argilas organofílicas foi baseado em Pereira et al. (2007), onde inicialmente adicionou-se 32g da argila verde natural peneirada para preparar uma dispersão aquosa à concentração de 4% em peso de argila, mantendo sob agitação por 30 minutos. Para transformar a argila policatiônica na forma mais sódica possível foi necessário um tratamento com solução de carbonato de sódio (Na 2 CO 3 ), sob agitação constante e aquecimento até 95 ºC. Após resfriamento da dispersão, foi adicionado o sal quaternário de amônio (Genamin ), na proporção de 100 meq/100 g argila, agitando-se durante 30 minutos. Em seguida a dispersão foi filtrada, lavada e seca em estufa a 60 ± 5ºC por 24 horas e posteriormente foi desagregada e passada na peneira malha 200 mesh e foi submetida à caracterização. Caracterização da argila Difração de raios X (DRX) As amostras foram analisadas utilizando o método do pó empregando-se um difratômetro Shimadzu XRD-6000 com radiação CuKα, tensão de 40 KV, corrente de 30 ma, tamanho do passo de 0,020 2θ e tempo por passo de 1,000s, com velocidade de varredura de 2º(2θ)/min, com ângulo 2θ percorrido de 0º a 50º. Teste de Capacidade de Adsorção A avaliação da capacidade de adsorção nos solventes orgânicos gasolina, óleo diesel e querosene, foi baseada no Standard Methods of Testing Sorbent Performance of Adsorbents através das normas ASTM F716 82 e ASTM F726 99. O resultado é dado a partir da Equação 1: (1) Em que: P 1 : peso do material após adsorção; P 2 : peso do material adsorvente seco; Ad: eficiência da adsorção para o fluído e o adsorvente testado, em percentagem. Teste de Inchamento de Foster Permite avaliar o quanto a argila se dispersa e

incha em compostos orgânicos, ou seja, avalia a afinidade do sal quaternário de amônio com as moléculas orgânicas dos solventes (gasolina, querosene, óleo diesel). O teste é baseado no Standard Test Method for Swell Index of Clay Mineral Component of Geosynthetic Clay Liners (ASTM D 5890-95). Foram adotados alguns parâmetros de avaliação baseados em Vianna et al, 2002, apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Considerações adotadas para o teste de Inchamento de Foster (Vianna et al, 2002). INCHAMENTO Não - Inchamento Baixo Médio Alto FAIXA Igual ou inferior a 2 ml/g 3 a 5 ml/g 6 a 8 ml/g Acima de 8 ml/g Preparação das emulsões óleo/água Para a realização dos ensaios de remoção óleo/água, foram produzidos efluentes sintéticos de óleo lubrificante (marca Lubrax) em água, com concentrações de 100 ppm, 300 ppm e 500 ppm. As emulsões foram preparadas sob agitação intensa, durante 20 minutos, com rotação de 17000 rpm, em agitador mecânico, rotação esta suficiente para a formação das emulsões estáveis. Planejamento experimental O planejamento experimental foi realizado com o objetivo de avaliar os fatores: concentração do óleo (100 ppm, 300 ppm e 500 ppm) e tempo de contato entre a argila organofílica e a emulsão (1h, 3h e 5h). Os resultados foram analisados no programa Statistica 7. O planejamento foi 2 2 + 3 pontos centrais, tendo como respostas a porcentagem de remoção (%Rem) e a capacidade de remoção (qeq) que foram obtidas através das Equações (2) e (3) respectivamente: C0 C % Re m *100 C0

(2) Em que: % Rem é a porcentagem de remoção, C 0 é a concentração inicial (mg/l), C é a concentração final (mg/l). q eq V ( C0 Ceq ) (3) m Em que: qeq é a capacidade de remoção (mg de óleo/g do adsorvente), V é o volume da solução (ml), m é a massa de adsorvente (g), C 0 é a concentração inicial (mg/l) e C é a concentração no equilíbrio (mg/l). Após a mistura da emulsão do óleo e da argila organofílica, todos os experimentos foram deixados em repouso (sem agitação), com o intuito de verificar a remoção óleo/água sem ocorrer o gasto energético, visando aumentar ainda mais o custo benefício do processo. RESULTADOS E DISCUSSÃO Difração de raios X (DRX) Na Figura 1 são apresentados os difratogramas de raios X das amostras da argila verde natural e verde organofílica. Por meio destes difratogramas é possível verificar que a argila verde natural apresenta reflexão do grupo da esmectita que aparece em aproximadamente 5,63 e corresponde ao espaçamento basal (d 001 ) de 15,71 Å (1,571 nm). Outros picos também são observados e são referentes a minerais não esmectíticos como o quartzo que se apresenta como impureza. Já no difratograma da argila verde organofílica observa-se que houve o deslocamento do pico característico e um aumento do espaçamento basal de 15,71 Å para 21,67 Å (1,571 nm para 2,167 nm) confirmando a efetiva intercalação do cátion quaternário de amônio (Genamin ) nas camadas interlamelares da argila.

Intensidade 1800 1600 ARG VERDE NATURAL ARG VERDE ORGANOFILICA 1400 1,571 nm 1200 1000 2,167 nm 800 600 400 200 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 2 Figura 1. Difratogramas da argila verde natural e organofílica. Teste de Capacidade de Adsorção Na Figura 2 são apresentados os resultados referentes aos testes de capacidade de adsorção onde os resultados são calculados em porcentagem como mostrado pela Equação 1. Figura 2. Capacidade de adsorção da argila verde natural e da argila verde organofílica. Analisando a Figura 2, a argila natural apresentou baixos valores de capacidade de adsorção, sendo de 27,2% de adsorção para a gasolina e 22,8% para o óleo diesel e 21,8% para o querosene. Com a organofilização, a adsorção aumentou para 81,8% na gasolina, 90,4% para o óleo diesel e 85,9% para o querosene. Este fato comprova que o processo de organofilização provocou mudanças nas propriedades

químicas da argila, a deixando mais adsorvente em solventes orgânicos e tornando-a eficiente na remoção de derivados de petróleo, característica desejada para usos ambientais. A amostra de argila verde organofílica apresentou melhor interação com o solvente óleo diesel, onde esta interação pode estar relacionada diretamente à composição e estrutura química dos compostos orgânicos e também relacionada com a forma que o sal tenha maior afinidade por um derivado em relação ao outro (SILVA et al., 2011). Teste de Inchamento de Foster Na Figura 3 apresentam-se os resultados obtidos para o Inchamento de Foster da argila verde organofílica, antes e após agitação. Figura 3. Inchamento de Foster da argila verde organofílica. Os resultados do teste de Inchamento de Foster visam mostrar a modificação química na qual ocorreu a argila avaliada, através do seu grau de expansão das galerias da argila para acomodar o solvente intercalado. Analisando a Figura 3 e as classificações estabelecidas na Tabela 1, pode-se observar que a argila verde organofílica demonstrou um alto grau de inchamento para todos os solventes quando houve agitação. Para os casos sem agitação, houve um alto inchamento para a gasolina e médio inchamento tanto para o diesel quanto querosene. Pode-se observar ainda que todos os testes se mostraram melhor com agitação do que sem

agitação, mostrando a influência da agitação no experimento. Com os resultados, pode-se dizer que a argila organofílica tem um grande potencial no processo de separação óleo/água. Planejamento Experimental Na Tabela 2 é mostrada a matriz de planejamento com os fatores e as respostas do experimento. Tabela 2. Matriz de planejamento para remoção óleo/água da argila verde organofílica. Ensaios Co (mg/l) tempo (h) % Rem q eq (mg/g) 1 100 1 57,45 5,74 2 100 5 69,37 6,94 3 500 1 78,54 39,27 4 500 5 75,34 37,67 5 300 3 78,14 23,44 6 300 3 70,46 21,14 7 300 3 74,07 22,22 Através do software Statistica 7 foram obtidas as superfícies de resposta que são mostradas na Figura 4 para a porcentagem de remoção e para a capacidade de remoção.

(a) (b) Figura 4. (a) Superfície de resposta para o percentual de remoção; (b) Superfície de reposta para a capacidade de remoção. Pela análise da Tabela 2 e da Figura 4, pode ser observado que o melhor experimento foi com a concentração de 500 mg/l e com uma hora de contato entre a argila e a emulsão, obtendo uma remoção de 78,54% e uma capacidade de remoção de 39,27 mg de óleo/g do adsorvente. Embora a remoção não tenha obtido valores mais altos, ainda sim a argila organofílica conseguiu remover quase 80% do óleo na água onde foi realizado um procedimento sem gasto energético algum (não teve agitação) que gera uma economia em um processo de tratamento de efluentes de uma indústria. CONCLUSÃO O aumento do espaçamento basal confirma a intercalação das cadeias orgânicas provenientes do sal quaternário de amônio nas argilas, resultando no aumento da adsorção em solventes orgânicos. A remoção óleo/água teve um máximo 78% comprovando que a argila tem potencial de aplicação em remoção óleo/agua, uma vez que não houve gasto energético para fazer a remoção.

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