COLETA E CARACTERIZAÇÃO IN SITU DE POPULAÇÕES DE ESPÉCIES DO GÊNERO GOSSYPIUM, NATIVAS OU NATURALIZADAS NO ESTADO DE ALAGOAS

Documentos relacionados
PROSPECÇÃO E CARACTERIZAÇÃO IN SITU DE POPULAÇÕES DE ESPÉCIES DO GÊNERO Gossypium, NATIVAS OU NATURALIZADAS NO ESTADO DE SERGIPE

ALGODOEIROS DE FUNDO DE QUINTAL DOS ESTADOS DO PARÁ E DO AMAPÁ

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa de Algodão Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

PROSPECÇÃO DE POPULAÇÕES DE ESPÉCIES DO GÊNERO Gossypium, NATIVAS OU NATURALIZADAS, NO ESTADO DO CEARÁ

CARACTERIZAÇÃO IN SITU DE ACESSOS DE ALGODOEIRO COLETADOS NO ESTADO DE PERNAMBUCO ¹

CIDADE (TURNO) VAGAS INSCRITOS RELACAO CANDIDATOS x VAGAS AREA LEI LEI LEI TOTAL VCG PCD TOTAL VCG PCD VCG PCD 12990

18 Traipu - Arapiraca e V.V. 7, Igaci - Palmeira dos Índios e V.V. 2,50

INSTITUTO DO MEIO AMBIENTE DE ALAGOAS ASSESSORIA AMBIENTAL DE GEOPROCESSAMENTO RELATÓRIO SEMANAL DE MONITORAMENTO DE FOCOS DE QUEIMADAS

ESTIMATIVAS DAS COTAS DO FPM ALAGOAS

ESTIMATIVAS DAS COTAS DO FPM ALAGOAS

ESTIMATIVAS DAS COTAS DO FPM ALAGOAS

ESTIMATIVAS DAS COTAS DO FPM ALAGOAS

ESTIMATIVAS DAS COTAS DO FPM ALAGOAS

ESTIMATIVAS DAS COTAS DO FPM ALAGOAS

Relação de Padroeiras

ESTADO DE ALAGOAS CONSELHO DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE RESOLUÇÃO Nº. 01/2017

Prospecção, Coleta e Caracterização In Situ de Populações de Espécies do...

ESTIMATIVAS DAS COTAS DO FPM ALAGOAS

AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS TECNOLÓGICAS DA FIBRA DA BRS 200 MARROM A NÍVEL DE GRANDES CAMPOS DE PRODUÇÃO DE SEMENTES

Recursos genéticos e melhoramento do algodão no Nordeste do Brasil 1

QUALIDADE DA FIBRA DE CULTIVARES DE ALGODOEIRO HERBÁCEO EM DIFERENTES NÍVEIS DE ADUBAÇÃO NITROGENADA NO AGRESTE DO ESTADO DE ALAGOAS

SUMÁRIO. Texto Alex Renner Silva Santos

DA DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE ALAGOAS

REGISTRO FÁBIO RIBEIRO BRANCOS NULOS TOTAL DE VOTOS APTOS A VOTAR FALTOSOS

PORTARIA Nº 2904/2012-DGPC/GD

DESEMPENHO DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODOEIRO HERBÁCEO NO CERRADO DO SUL MARANHENSE

VARIABILIDADE EM GERMOPLASMA DE Gossypium hirsutum

Comunicado Técnico 160

ENSAIO REGIONAL DE LINHAGENS E CULTIVARES DE ALGODÃO HERBÁCEO DO NORDESTE

Número de Processos em 31/05/2015 Classificação. Número de Processos em31/12/2014

VII Congresso Brasileiro do Algodão, Foz do Iguaçu, PR 2009 Página 1550

CONSERVANDO A CAATINGA: ÁREAS DE PROTEÇÃO NO ALTO SERTÃO ALAGOANO E SERGIPANO

PERFIL DA CULTURA DO ALGODOEIRO ARBÓREO NO ESTADO DO CEARÁ

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA DE MOSSORÓ COORDENADORIA DE APOIO DE AO ENSINO IDENTIFICAÇÃO

CAMPUS: MACEIÓ MODALIDADE CURSOS DATAS HORÁRIOS LOCAIS ENDEREÇO

Estimativa da quantidade de alunos aptos a cursar o primeiro ano do ensino médio, por microrregiões de Alagoas, para 2014.

Resumo Expandido. Palavras-Chave: capsicum spp., germoplasma, características morfoagronômicas.

Análise pluviométrica do estado de Alagoas

Comunicado Técnico 162

Comunicado Técnico 161

LINHAGENS DE ALGODOEIRO DE FIBRAS ESPECIAIS NO CERRADO DA BAHIA, SAFRA 2008/09. 1

AVALIAÇÃO DE NOVAS LINHAGENS ORIUNDAS DE CAMPOS DE SEMENTES GENÉTICAS DE ALGODÃO EM BARBALHA- CE RESUMO

Zoneamento Agrícola do Algodão no Nordeste Brasileiro - Safra 2002/ Estado de Pernambuco

Comunicado Técnico 156

TESTES PARA AVALIAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES DE ALGODÃO ARMAZENADAS EM CONDIÇÕES AMBIENTAIS

AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE LINHAGENS FINAIS DE ALGODÃO PARA LANÇAMENTO DE CULTIVARES, SAFRA 2008/09. 1 INTRODUÇÃO

INFLUÊNCIA DE DIFERENTES ARRANJOS DE PLANTAS EM CULTIVARES DE ALGODÃO HERBÁCEO NA REGIÃO AGRESTE DO ESTADO DE ALAGOAS

SUMÁRIO. 1 Apresentação. 2 Notas Informativas. 3 Características de Instrução da População - Alagoas. 4 Indicadores Educacionais Alagoas

Comunicado Técnico 154

LEVANTAMENTO SOBRE LAI E PORTAIS DA TRANSPARÊNCIA NOS MUNICÍPIOS ALAGOANOS

TECNOLOGIA DA FIBRA DE CULTIVARES DE ALGODÃO SUBMETIDAS AO BENEFICIAMENTO EM DISTINTOS DESCAROÇADORES

EFFECT OF PLANTS ARRANGEMENTS AND GROWTH REGULATOR MEPIQUAT CHLORIDE IN THE YIELD AND RESISTANCE FIBER IN THE SERTÃO REGION OF ALAGOAS STATE

ENSAIO DE VALOR DE CULTIVO E USO (VCU 2004) DO PROGRAMA DE MELHORAMENTO DA EMBRAPA NO CERRADO

QUALIDADE DE SEMENTES DE ALGODOEIRO, CULTIVARES BRS VERDE E CNPA 7H, ARMAZENADAS EM CÂMARA SECA

UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI NOTA DE AULA¹

RANKING DA TRANSPARÊNCIA

PRODUTIVIDADE DAS COLMEIAS DE

ALGODÕES COLORIDOS NO BRASIL. Luiz Paulo de Carvalho Embrapa Algodão

ÉPOCAS DE PLANTIO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE CICLO PRECOCE PARA A REGIÃO DO PONTAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

Coleta de Cucurbitáceas no Estado de Mato Grosso do Sul

ESTIMATIVAS DAS COTAS DO FPM ALAGOAS

CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS EM ALGODOEIRO IRRIGADO NO LITORAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Série Histórica da Rubéola em Alagoas

Geografia. Aspectos Físicos e Geográficos - CE. Professor Luciano Teixeira.

Tópicos Específicos em Estimação de Receita

APLICAÇÃO DOS RECURSOS DO FUNDEB REALIDADE DE ALAGOAS

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODOEIRO HERBÁCEO NO CERRADO DO SUDOESTE PIAUIENSE

Aula 1 -Importância e Objetivos do Melhoramento Genético

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS CONTROLADAS

ESTIMATIVA DA HETEROSE EM ALGODOEIRO HERBÁCEO IRRIGADO NO NORDESTE

CRESCIMENTO INICIAL DE DUAS CULTIVARES DE MAMONA (Ricinus communis) EM DIFERENTES POPULAÇÕES

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Algodão Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Algodão. Volume 1

LINHAGENS FINAIS DE ALGODÃO NO VALE DO IUIU, SUDOESTE DA BAHIA, SAFRA 2009/10. 1 INTRODUÇÃO

APLICAÇÃO DO MÉTODO DIRETO VOLUMÉTRICO PARA MENSURAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA VAZÃO DE NASCENTE NA SERRA DA CAIÇARA, NO MUNICÍPIO DE MARAVILHA, ALAGOAS

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ DEPARTAMENTO DE GENÉTICA LGN0313 Melhoramento genético. Recursos genéticos

DESEMPENHO DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODOEIRO HERBÁCEO NO ESTADO DO CEARÁ *

Quantificação da Ocorrência de Plantas Produtoras de Algodão de Fibra de Cor...

PMAQ ALAGOAS CRONOGRAMA DE VISITAS DA MACRO 2. ROTA COMUM MACROS 01 e 02 PMAQ ALAGOAS NÚMERO EQUIPES. SEGUNDA-FEIRA 25/11 Atalaia TODOS

QUALIDADE DE SEMENTES DE ALGODOEIRO EM MATO GROSSO

PROPOSTA DE POLÍTICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS PARA O ESTADO DE ALAGOAS METODOLOGIA DE ATUAÇÃO


COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO DE ALGODÃO

POPULAÇÃO DE PLANTAS NO CONSÓRCIO MAMONEIRA / CAUPI.

( ) OBRIGATÓRIA (X) OPTATIVA

INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS REITORIA DIRETORIA DE COMUNICAÇÃO E EVENTOS COMISSÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES

A PROBLEMÁTICA DA SEMIARIDEZ NO SERTÃO PARAIBANO

MELHORAMENTO PARTICIPATIVO: RESGATANDO, PRESERVANDO E MULTIPLICANDO SEMENTES CRIOULAS

Dados estatísticos revelam o perfil da mão-de-obra, o desempenho e a participação no contexto nacional do setor gráfico do Estado de Alagoas

VIABILIDADE DA PODA EM ALGODOEIRO Gossypium hirsutum L. NO VALE DO YUYU BAHIA

Caracterização morfológica de acessos do Banco Ativo de Germoplasma de mangueira da Embrapa Semi-Árido

ARRANJO DE PLANTAS PARA LINHAGENS E CULTIVAR DE ALGODOEIRO NO ESTADO DE GOIÁS

ISSN Novembro, A cocoicultura nos tabuleiros costeiros alagoanos. Sua evolução entre 1990 e 2001

SITE INATIVO CONTA SUSPENSA

AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO INICIAL DE HÍBRIDOS DE MAMONEIRA COM SEMENTES SUBMETIDAS AO ENVELHECIMENTO ACELERADO

Potencial Pedoclimático do Estado de Alagoas para Culturas Agrícolas

Planejamento e Expansão do Sistema Elétrico em Alagoas. Engº Geraldo Dias de Araújo Superintendência de Planejamento Elétrico

Comunicado Técnico 362

CARACTERIZAÇÃO DE ACESSOS DO BANCO DE GERMOPLASMA DE MAMONA DA EMBRAPA ALGODÃO*

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

Transcrição:

COLETA E CARACTERIZAÇÃO IN SITU DE POPULAÇÕES DE ESPÉCIES DO GÊNERO GOSSYPIUM, NATIVAS OU NATURALIZADAS NO ESTADO DE ALAGOAS Francisco das Chagas Vidal Neto (Embrapa Algodão / Vidal@cnpa.embrapa.br), Joaquim Nunes da Costa (Embrapa Algodão), Paulo Augusto Vianna Barroso (Embrapa Algodão), Francisca Robevania Medeiros Borges (CENTEC), Cícero Bueno dos Santos (CENTEC), Gildo Pereira de Araújo (Embrapa Algodão). RESUMO - O Levantamento, mapeamento, coleta e caracterização das populações de Gossypium ocorrentes no Brasil são instrumentos para o conhecimento da sua diversidade, importantes para o desenvolvimento de políticas de preservação da variabilidade existente no país. Como parte de um projeto nacional, foi conduzida uma expedição às principais áreas com presença de Gossypium no estado de Alagoas, para realizar um estudo sobre a ocorrência de populações de espécies nativas ou naturalizadas deste gênero. Foram realizadas 37 coletas, em 37 propriedades de 20 municípios, onde eram preenchidos questionários visando caracterizar as populações encontradas. A presença de G. barbadense verificou-se nas mesorregiões do Leste alagoano e Agreste, do estado de Alagoas, na forma de populações de fundo-de-quintal e de uso, predominante, para a confecção de pavio de lamparina. As condições em que são mantidas as populações denotam a vulnerabilidade da preservação in situ. Palavras-chave: diversidade genética; Gossypium hirsutum; Gossypium barbadense INTRODUÇÃO O estudo da diversidade genética de uma espécie é de grande importância para sua preservação e utilização em programas de melhoramento genético. Nos últimos anos tem-se observado uma significativa perda de variabilidade genética das espécies vegetais, decorrente de fatores como: perda do habitat natural (desmatamento, desertificação, expansão urbana, modernização da agricultura), distúrbios no habitat (construção de rodovias e outras ações do homem), desastres naturais (seca, enchente), substituição de variedades locais ou tradicionais por novas variedades melhoradas, mudanças nas práticas culturais, etc (FALEIRO, 2005). Com o gênero Gossypium, não foi diferente e pode até ser mais drástico, para o algodoeiro Mocó, que já chegou a ocupar mais de 2,5 milhões de hectares, na região Nordeste e hoje está em extinção (FREIRE et al., 1999). No Brasil são encontradas três espécies do gênero Gossypium, nas formas silvestres ou asselvajadas: Gossypium mustelinum, Gossypium barbadense e Gossypium hirsutum L.r. marie galante Hutch (Freire, 2000). A espécie G. mustelinum só ocorre, atualmente, nos estados do Rio Grande do Norte e Bahia. A G. hirsutum L.r. marie galante Hutch (Algodão mocó) é de ocorrência comum em grande parte do Nordeste, onde foi amplamente cultivada até meados da década de 1980. A G. barbadense, que ocorre nas formas varietais semi-domesticadas rim-de-boi e quebradinho, é comum em regiões litorâneas e, citada como ausente no semi-árido nordestino, devido à pluviosidade insuficiente para o seu desenvolvimento. O objetivo do trabalho foi realizar a coleta e caracterização in situ, e sistematizar informações, sobre a ocorrência de populações de espécies do gênero Gossypium, nativas ou naturalizadas, no

estado de Alagoas, visando atualizar a base de conhecimentos sobre sua evolução e oferecer subsídios a futuras ações de preservação. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho é parte do projeto Prospecção e caracterização de populações das espécies do gênero Gossypium nativas ou naturalizadas do Brasil e foi realizado no estado de Alagoas. A caracterização in situ e coleta de plantas de G. barbadense e G. hirsutum var. marie galante foi realizada com base em levantamentos conduzidos por uma expedição abrangendo todas as regiões do Estado, e realizada em conformidade com a legislação vigente, mediante o documento de AUTORIZAÇÃO DE ACESSO DE AMOSTRA DE COMPONENTE GENÉTICO N o 034/2004, expedido pelo IBAMA em 14/09/2004 e, com validade prorrogada até 09/01/2007. A expedição durou 5 dias e foram realizadas 37 coletas, em 20 municípios. As coletas foram realizadas no mes de dezembro de 2006. Para cada ponto de coleta das populações foi preenchido um questionário com quesitos sobre a localização geográfica, dados do proprietário/mantenedor, da estrutura da população e do ambiente em que a população está localizada. RESULTADOS E DISCUSSÃO As coletas foram realizadas em 10 das 13 microrregiões geográficas do estado de Alagoas, com maior concentração na mesorregião do Leste Alagoano, onde foram coletados materiais em todas as microrregiões (Tab. 1). Tabela 1. Distribuição das coletas realizadas por município, no Estado de Alagoas segundo as meso e microrregiões geográficas. Mesorregiões geográficas Microrregiões geográficas Municípios Coletas Plantas Leste Alagoano Litoral Norte Alagoano Passo de Camaragibe 02 02 Porto de Pedras 02 02 São Miguel dos Milagress 02 02 Maceió Maceió 04 04 Marechal Deodoro 02 02 Paripueira 01 01 Mata Alagoana São Luis do Quitunde 01 01 Joaquim Gomes 02 02 Penedo Feliz Deserto 01 01 Penedo 03 03 Piaçabuçu 01 01 São Miguel dos Campos Coruripe 04 04 São Miguel dos Milagres 03 03 Serrana dos Quilombos Viçosa 01 01 Agreste Arapiraca Arapiraca 01 01 Palmeira dos Índios Igaci 01 01 Palmeira dos Índios 01 01

Sertão Alagoano Alagoana do Sertão do São Francisco Delmiro Gouveia 02 02 Piranhas 01 01 Batalha Batalha 02 02 Total 37 37 A mesorregião do Leste alagoano, respondeu por 78,38% das coletas realizadas, vindo em seguida o Sertão alagoano, com 13,51% e, finalmente, o Agreste, com 8,11%. Observou-se que 81,00 % das coletas foram da espécie G. barbadense, 16,00% de G. hirsutum L.r. marie galante Hutch. e 3,00% foram classificados como espécie desconhecida, pois as características morfológicas intermediárias entre as raças de G. hirsutum Latifolium e Marie galante sugerem um provável híbrido entre estas (Fig. 1). 16% 3% G. barbadense G. hirsutum Não identificado 81% Figura 1. Distribuição percentual das coletas, de acordo com a espécie. A predominância de G. barbadense no Leste alagoano e Agreste e sua ausência no Sertão Alagoano, caracterizam bem a preferência por habitat, referida por Freire (2000), que o cita como de ocorrência comum em regiões litorâneas e ausente no semi-árido nordestino, devido à pluviosidade insuficiente para o seu desenvolvimento. Quanto à natureza da propriedade, contatou-se que 46% das coletas foram realizadas em residências rurais e 41% em residências urbanas, representando bem a maneira como são mantidas as populações de G. barbadense, que constituiu a maioria das coletas (Fig. 2). Mesmo os 8% referentes às pequenas propriedades, são oriundos de populações de fundo-de-quintal. As populações de beira-de-estrada (8%) são, geralmente, oriundas de sementes dispersas durante o transporte.

8% 8% 43% Res. urbana Res. rural Peq. Prop. Beira-de-estrada 41% Figura 2. Distribuição percentual das populações coletadas, por tipo de propriedade. O tipo de população predominante foi de fundo-de-quintal (86,00 %), que é característico das populações de G. barbadense, no Nordeste (Fig. 3). As plantas de beira-de-estrada vieram em seguida, com 8,00 %. 3% 3% 8% Fundo-de-quintal Variedade local Expontânea Beira-de-estrada 86% Figura 3. Distribuição percentual das coletadas, por tipo de população. Os tipos de usos declarados denotam a vulnerabilidade das populações coletadas, por serem, em sua maioria, facilmente substituíveis e não estarem atrelados a atividades econômicas (Fig. 4).

80 70 73 60 Pocentagens (%) 50 40 30 20 22 35 14 14 10 8 0 Medicinal Lamparina Ornamental Algodão de farmácia Nenhum Desconhecido Figura 4. Tipos de usos atribuídos à pluma ou partes da planta. O maior percentual de utilização foi na forma de algodão-de-farmácia (73,00 %), usado para a limpeza de ferimentos e retirada de esmalte de unhas. O uso para a confecção de lamparina (35,00 %), que vem em segundo lugar, é apenas eventual, se considerarmos que a energia elétrica está presente em todas as propriedades.com finalidade medicinal (22,00 %), as sementes ou outras partes da planta são usados como antiinflamatórios e antibiótico, principalmente. CONCLUSÃO A presença de G. barbadense verificou-se nas mesorregiões do Leste alagoano e Agreste, do estado de Alagoas, na forma de populações de fundo-de-quntal e de uso, predominante, para a confecção de pavio de lamparina. A ocorrência de G. hirsutum L.r. marie galante foi constatada apenas na mesorregião do Sertão alagoano. As condições em que são mantidas as populações denotam a vulnerabilidade da preservação in situ. CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA DO TRABALHO Este trabalho vem contribuir para o conhecimento e preservação da variabilidade genética do gênero Gossypium no Brasil e oferecer subsídios para programas de melhoramento e políticas de preservação da diversidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FALEIRO, F.G. Preservação da variabilidade genética de plantas: um grande desafio. Boletim Agropecuário- 2005. Disponível em:

<http://www.boletimpecuario.com.br/artigos/showartigo.php?arquivo=artigo350.txt&tudo=sim>. Acesso em: 11 dezembro 2006. FREIRE, E.C. Distribuição, coleta, uso e preservação das espécies silvestres de algodão no Brasil. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2000. 22p (EMBRAPA-CNPA. Documentos, 78). FREIRE, E.C.; MEDEIROS, J. da C.; SILVA, C.A.D. da; AZEVEDO, D.M.P. de; ANDRADE, F.P. de; VIEIRA, D.J. Cultura dos algodoeiros mocó precoce e algodão 7MH. Campina Grande: Embrapa Algodão, 1999. 65p (EMBRAPA-CNPA. Circular Técnica, 78).