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O livro dos Elogios
LEONARDO BOFF Elogios O livro dos O significado do insignificante
Direção editorial Claudiano Avelino dos Santos Coordenação editorial Alexandre Carvalho Sumário Coordenação de revisão Tiago José Risi Leme Capa Marcelo Campanhã Editoração, impressão e acabamento PAULUS Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Boff, Leonardo O livro dos elogios / Leonardo Boff. São Paulo: Paulus, 2017. ISBN 978-85-349-4452-6 1. Amizade - Aspectos religiosos - Cristianismo 2. Amor - Aspectos religiosos - Cristianismo 3. Conduta de vida 4. Gentileza 5. Vida cristã I. Título. 15-09910 CDD-248.4 Índice para catálogo sistemático: 1. Vida Cristã: Cristianismo 248.4 1ª edição, 2017 PAULUS - 2017 Rua Francisco Cruz, 229 04117-091 São Paulo (Brasil) Fax (11) 5579-3627 Tel. (11) 5087-3700 www.paulus.com.br editorial@paulus.com.br ISBN 978-85-349-4452-6 Esclarecimento... 11 Primeira Parte Elogio das virtudes cotidianas 1. Elogio do cuidado: ele é a essência do humano... 18 2. Elogio da hospitalidade: quem acolhe o outro hospeda a Deus... 28 3. Elogio de Héstia, a cuidadora do fogo e do lar... 42 4. Elogio da comensalidade: o comer como rito... 52 5. Elogio da gentileza: gentileza gera gentileza... 60 6. Elogio da modéstia que inibe a arrogância... 70 7. Elogio do coração leve: a simplicidade e a humildade... 80 8. Elogio da luta em favor da vida, contra a morte... 90 9. Elogio de quem doou o coração: a irrestrita solidariedade... 98 10. Elogio da imperfeição e da liberdade de criar... 106 Segunda Parte Elogio da vida do espírito 1. Elogio da criança que está em nós... 118 2. Elogio do Natal de outrora: o lado mágico do mundo... 130 3. Elogio do boi e do jumento: um milagre de Natal... 138
4. Elogio de um misterioso cartão de Natal vindo de Belém... 146 5. Elogio do Filho do Homem: humano assim só Deus mesmo... 154 6. Elogio do pranto de Deus: chorou pelos que se afogaram... 168 7. Elogio do pranto de Cristo sobre os palácios do Vaticano... 176 8. Elogio do Cristo cósmico: ele está na pedra, na lenha... 186 9. Elogio do Cristo do Corcovado: vê, consola e abençoa... 192 10. Elogio da Mãe de Deus: sofrer com os condenados do inferno... 202 11. Elogio do amor entre Francisco e Clara... 212 12. Elogio a São Francisco: Ribeirinho, fala-me de Deus... 220 13. Elogio de quem esperava o advento de Deus... 228 Terceira Parte Elogio das narrativas exemplares 1. Elogio da águia: chamados a voar alto e não a rastejar... 238 2. Elogio da mãe que virou beija-flor... 248 3. Elogio do cuidado dos grandes pelos pequenos... 256 4. Elogio do trem da vida: Deus carrega todos, bons e maus... 264 5. Elogio aos afrodescendentes: atualizam a Paixão de Jesus... 272 6. Elogio de uma santa que não conseguia crer na existência de Deus... 282. Quarta Parte Elogio dos parentes, de próximos e distantes 1. Elogio da mãe: geradora, amorosa e camponesa... 294 2. Elogio do pai: Quem não vive para servir não serve para viver... 306 3. Elogio da companheira: terna, cuidadosa e guerreira... 316 4. Elogio do amigo que tinha ciúmes de Deus... 334 5. Elogio da amiga distante e próxima... 342 Quinta Parte Elogio das coisas cotidianas 1. Elogio da caneca: sacramento que muda o gosto da água... 356 2. Elogio do toco de cigarro: um último sinal de vida... 364 3. Elogio do pé: com ele andamos, sem ele não haveria futebol... 374 4. Elogio da velha meia de lã: o cuidado maternal... 382 5. Elogio à sesta: no mesmo dia, acordamos duas vezes... 390 6. Elogio do boteco: onde se come sem escrúpulos... 398 7. Elogio da gente boa: estes salvam o mundo... 406 8. Elogio da vela natalina: fez superar a saudade e a solidão... 414 Conclusão Elogio da Mãe Terra: um hino de celebração... 424
Esclarecimento Oelogio se realiza no mundo das excelências: de pessoas diante das quais reverentemente nos curvamos, de histórias que tocam nosso coração, de situações que nos convocam para uma celebração. Este Livro dos elogios trata de realidades que, por mais cotidianas que sejam, ganharam especial significação existencial. Daí o louvor e o elogio. A vida, no fundo, é feita destas pequenas coisas que não têm preço, mas possuem especial valor. Uma das vantagens da idade já avançada é possuir a distância necessária para poder olhar para trás e identificar aquelas coisas, aqueles fatos e aquelas 11
Esclarecimento O livro dos elogios estórias que exercem uma função sacramental. Quer dizer, deixaram de ser meras coisas ou fatos objetivos do passado para se transformarem em símbolos, dignos de elogios para o presente. Na verdade, o sentido da vida está inscrito em tais realidades sacramentais. Elas começam a constituir parte da saga pessoal ou pequenos marcos de nossa caminhada por esta terra. Nunca são acontecimentos extraordinários; diria até: são insignificantes e sem qualquer relevância maior. Esta é dada pelo coração e pelo afeto. Trata-se de um pequeno toco de cigarro de palha, uma velha meia de lã, uma vela natalina, uma sesta repousante ou um boteco, onde podemos comer sem má consciência. Ou estórias que se tornaram ilustrações de certos valores que defendemos ou intuições que nos desvelam dimensões ocultas no dia a dia. Especialmente recebem os devidos elogios os parentes e amigos, as virtudes cotidianas do cuidado e da gentileza. Contam-se estórias cheias de sabedoria, como aquela da Mãe de Deus que se prontificou a ir ao inferno para estar com seus filhos e filhas sofredores, ou a do choro de Deus ao ver os egípcios com seus cavalos 12 se afogando no mar Vermelho e, por fim, o elogio e o louvor à Mãe Terra, nossa única Casa Comum. A reação é de louvor e de elogio à vida, feita de cacos-mosaicos dessas realidades. Tanto o elogio como o louvor são dimensões do valor que encontramos nas pessoas e da admiração diante de histórias que deixaram marcas profundas em nossa vida. Isso vale principalmente para Deus, aquele Mistério que inunda o profundo de nossa vida. A ele o louvor eterno e o derradeiro elogio. Nesse espírito escrevi, já há muito tempo, este pequeno poema que me permito publicar. O derradeiro louvor Ao chegar, ouvirei a sentença. Temo e tremo porque é o fim. Estarei diante da Presença Que esquadrinha tudo de mim. Pela última vez, e uma vez ainda, Ergo a Ti a mão suplicante: 13
Esclarecimento O livro dos elogios Senhor, o meu louvor nunca finda, Porque é infinito e constante. Com o rosto em terra repito: Só a Ti, só a Ti, o louvor. Desta vez não falo, mas grito: Te louvarei para sempre, Senhor. Julga, Senhor, que teu servo escuta! Se me mandares para o inferno, Irei cabisbaixo, mas como quem reluta, Pois continuarei com o louvor eterno. Se me mandares para o purgatório, Irei cantando como os redimidos, Pois lá é a clínica, o salvatório Para todos os erros cometidos. Sempre quis escrever um Livro dos elogios. De repente senti que havia chegado o momento de fazê- -lo, não por mera vontade, ainda que antiga, mas por um secreto imperativo interior, cujo sentido escapa ao meu entendimento. Este texto, ao lado dos livros teóricos que escrevi, representa o que os alemães chamariam de Kleinliteratur, quer dizer, uma literatura menor. Mas deixemo-nos surpreender: na parte pode estar o todo e no menor pode esconder-se o maior. Geralmente, é num frasco pequenino, gracioso e genuíno que existe o melhor perfume. Leonardo Boff Petrópolis, festa de São Batista de 2016. Mas se na tua infinita bondade Me abrires o céu que busquei, Me juntarei aos eleitos da eternidade E então, Pai amado, te louvarei e louvarei 14 15