ANÁLISE COMPARATIVA DE SISTEMAS DE CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL: CRITÉRIOS DE CONFORTO TÉRMICO GOMES, D. P. 1 ; SILVA, L. R. P. 2 ; MARCOLINI, M. P. 3 ¹Acadêmico do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Luterano de Palmas - CEULP/ULBRA. E-mail: gomespdani@gmail.com. 2 Acadêmico do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Luterano de Palmas - CEULP/ULBRA. 3 Doutorando em Engenharia Civil, Mestre em Agroenergia, Engenheiro Civil, Ambiental e de Segurança no Trabalho, Professor do curso de Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil do CEULP/ULBRA. RESUMO: Com o crescimento populacional e a expansão das cidades, se veio a degradação e consumo exacerbado dos recursos naturais, sendo a causa de problemas ambientais como o aquecimento global. Preocupado em diminuir esses efeitos no ambiente, países se uniram tendo a elaboração de documentos como a Agenda 21. Logo essa preocupação chega a construção civil, trazendo a criação das certificações ambientais visando medir a sustentabilidade das edificações. Dessa forma com base em pesquisas documentais, se desenvolveu essa análise das certificações ambiental quanto a sua eficiência no conforto térmico dos ambientes. PALAVRAS CHAVE: certificação ambiental; conforto térmico; sustentabilidade INTRODUÇÃO: O crescimento populacional alavanca vários setores da sociedade e um deles é o da construção civil, esta atividade que aponta e que acompanha o homem e as suas civilizações evidenciando uma forma de organização e de procura de melhores condições de vida, abarca a construção de edifícios habitacionais, industriais, agrícolas, dentre outros. (PINHEIRO, 2006, p.18). Os reflexos ambientais aparecem nestas atividades devido à ocupação do solo, consumo de recursos naturais renováveis e não renováveis, produção de resíduos em grande escala além da alteração de ecossistemas inteiros (OLIVEIRA, 2014). Após a movimentação em prol da sustentabilidade alguns documentos propondo melhorias foram assinados entre os países, entre eles está a Agenda 21, que no setor de construção civil apontou como necessário a alteração da projeção, construção e gerenciamento dos edifícios, gerando então, a longo prazo, a procurada eficiência energética e de recursos, o melhor uso do solo, além de fortalecer a economia. Assim as edificações consideradas ambientalmente corretas se difundiram e tornou-se necessário um meio de avalia-las e classifica-las (BUENO E ROSSIGNOLO, 2010). Esses sistemas para certificar vão além do que é estabelecido legalmente em cada país, utilizando assim como base a legislação e critérios de desempenho. A justificativa econômica para a aplicação destes métodos ocorre devido a beneficiação do empreendimento no sentido de atrair investimentos e compradores além de valorização no mercado devido ao prestigio dado pela sociedade ao sustentável. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo analisar de forma comparativa segundo critérios adotados para aferição e classificação dos sistemas de certificação de desempenho ambiental quanto ao Conforto Térmico. MATERIAL E MÉTODOS: Este trabalho utilizou como método de pesquisa revisão bibliográfica de cunho exploratório e quantitativo, realizando uma análise comparativa entre os cinco sistemas de certificação analisados até aqui com ênfase nos critérios utilizados para avaliar o conforto térmico das construções. RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENQUADRAMENTO: diante da necessidade de avaliar e certificar ambientalmente as construções civis múltiplos países têm vindo a desenvolver sistemas próprios de avaliação e certificação ambiental dos edifícios (PINHEIRO, 2006, p.155). Entre elas se destacam a BREEAM, o SELO CASA AZUL, o AQUA, o LEED e o PROCEL EDIFICA, explanados mais detalhadamente a seguir, mas que como característica comum, buscam a quantificação da sustentabilidade e os critérios de desempenho de um projeto, de uma construção e de um edifício.
BREEAM: Criado no Reino Unido e baseado na atribuição de créditos a requisitos especificados o sistema BREEAM possui várias versões que podem ser aplicadas em setores como explica Pinheiro (2006). Como todos os outros métodos de certificação o principal objetivo é incentivar algo além da legislação para as melhores práticas com o meio ambiente em todas as fases das construções, distinguindo essas edificações das outras no mercado (Pinheiro et al, 2002). Ele observa as várias fases da construção, desde a Avaliação Inicial, Dimensionamento, Inventário e Compra de Materiais, Gestão e operação, Controle de qualidade (OLIVEIRA, 2014). SELO CASA AZUL: Este certificado, lançado em 2010 com a Caixa Econômica Federal como Instituição Responsável, possui um viés social. Segundo Mendes et al. (2014, p.202) este certificado foi o primeiro criado com características voltadas para o Brasil, focando nos quesitos socioambientais com o intuito de classificar empreendimentos residenciais da Caixa Econômica Federal (CEF). A Caixa Econômica Federal no CEF (2010, p.21) destaca que o Selo Casa Azul busca reconhecer neste tipo de empreendimento aqueles que adotam as soluções mais eficientes aplicadas à construção, ao uso, à ocupação e à manutenção das edificações, objetivando incentivar o uso racional de recursos naturais e a melhoria da qualidade da habitação e de seu entorno. Ao todo são 53 critérios de avaliação: 05 na categoria Qualidade Urbana, 11 na categoria Projeto e Conforto, 08 em Eficiência Energética, 10 critérios na categoria Conservação de Recursos Materiais, 8 critérios na categoria Gestão da água e 11 critérios de avaliação para categoria Práticas Sociais. Para a obtenção de cada gradação um número mínimo de critérios é necessário. Tabela 1: Níveis de gradação do Selo Casa Azul. Fonte: (CEF, 2010, p.21). Gradação Atendimento mínimo BRONZE 19 Critérios obrigatórios PRATA Critérios obrigatórios e mais 6 critérios de livre escolha = 25 critérios OURO Critérios obrigatórios e mais 12 critérios de livre escolha = 31 critérios AQUA: Esta certificação tem objetivo de caracterizar um edifício saudável e confortável, com bom desempenho energético, cujos impactos ambientais e econômicos são os mais controlados possíveis em seu contexto territorial e no conjunto de seu ciclo de vida (FCAV e CERWAY, 2016a, p.12). A exigências para os Edifícios em construção estão divididas em 14 categorias do processo AQUA e agrupadas em 4 temas: Tabela 2: Temas e Categorias AQUA. Fonte: FCAV e CERWAY (2016). TEMAS CATEGORIAS 1-Edifício e seu entorno; 2-Produtos,sistemas e Meio Ambiente processos construtivos; 3- Canteiro de obras; 6- resíduos. Energia e Economias 4-Energia; 5-Água; 7-Manutenção Conforto 8-Conforto térmico; 9- Conforto acústico; 10- Conforto visual; 11- Conforto olfativo. Saúde e Segurança 12-Qualidade dos espaços; 13- Qualidade do ar; 14- Qualidade da água. Os edifícios Construídos possuem três referenciais para seguir nos seguintes eixos: Uso sustentável, Edifício Sustentável e Gestão Sustentável, sendo que no primeiro a avaliação não é feita por categorias como ocorre naqueles em construção e nos outros dois eixos, mas é realizada uma avaliação global do certificado e de seus 4 temas, sendo cada tema avaliado na escala das 5 estrelas da forma que segue (FCAV, segue (FCAV, 2017, p.17): Tabela 3: Avaliação por tema certificação AQUA. Energia Meio Ambiente Saúde Conforto 4 estrelas disponíveis 4 estrelas disponíveis 4 estrelas disponíveis 4 estrelas disponíveis Cálculo em função da Cálculo em função da Cálculo em função da Cálculo em função da
na categoria 4 Gestão da energia nas categorias Meio Ambiente (categorias 1, 2, 3, 5, 6 e 7) nas categorias Saúde (categorias 12, 13 e 14) nas categorias Conforto (categorias 8, 9, 10 e 11): LEED: Nos Estados Unidos foi elaborado pelo US Green Building Council, USGBC12 um sistema de avaliação chamado LEED que semelhante à maioria das certificações ambientais também objetiva promover a sustentabilidade por meio da promoção de construções lucrativas e responsáveis ambientalmente, além de priorizar lugares saudáveis para viver e trabalhar (OLIVEIRA, 2014). No Brasil é representado pelo GBC BRASIL Conselho de Construção Sustentável do Brasil, que foi criado no ano de 2007. Assim como o BREEAM o LEED dispõe de um conjunto de versões para conseguir atender as variadas edificações. Essa certificação utiliza uma lista de pré-requisitos para certificar os edifícios, atribuindo créditos baseada em objetivos pré-selecionados. Quatro diferentes níveis de certificação de edifícios verdes são concedidos (Certificado, Prata, Ouro e Platina), com base em um total de pontos obtidos em seis categorias (BUENO e ROSSIGNOLO, 2010, p.46). Mesmo com esse impasse a LEED é apontada por Santos (2014) como a certificação sustentável com mais aceitação no Brasil, sendo também a mais popular. As dimensões avaliadas pelo LEED são: Espaço sustentável, Eficiência do uso da água, Energia e Atmosfera, Materiais e Recursos, Qualidade Ambiental Interna, Inovação e Processos e Créditos de Prioridade Regional. A avaliação no Brasil considera sete quesitos, sendo eles: uso racional da água; eficiência energética; redução, reutilização e reciclagem de materiais e recursos; qualidade dos ambientes internos da edificação; espaço sustentável; inovação e tecnologia; atendimento a necessidades locais (que variam de empreendimento para empreendimento). PROCEL EDIFICA: Após a criação do AQUA, o Brasil continuou buscando novos caminhos na certificação ambiental em geral pela crescente preocupação com a sustentabilidade na construção civil. Em 2003 foi instituído O Programa Nacional de Eficiência Energética em Edificações, o chamado PROCEL EDIFICA, que ampliou as ações do PROCEL, que já funcionava promovendo o uso racional de energia, agora todos os recursos naturais (água, luz, ventilação, etc) tem sua importância e fazem parte da certificação nas edificações para minimizar desperdícios e impactos no ambiente (ELETROBRAS, 2006). Este selo, que certifica a eficiência energética, em edifícios comerciais, de Serviços e Públicos e Residenciais é emitido pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem. As classificações concedidas se dão pela pontuação alcançada pelo edifício, que é calculada com base no resultado de cada sistema individual. Sendo a classificação A (mais eficiente) e E (menos eficiente). CONCLUSÃO: De modo a avaliar os sistemas de certificação, com relação aos critérios utilizados de Conforto térmico fora criado 5 (cinco) categorias: Condicionamento Artificial; Desempenho no Verão e Inverno; Eficiência da Envoltória; Medidas Arquitetônicas; e Ventilação Natural; onde cada categoria apresenta variáveis que são avaliadas pelos sistemas e posteriormente verificado qual das categorias se faz presente individualmente nas exigências de cada sistema. Os quadros abaixo trazem as variáveis analisadas discriminadas em qual categoria se encontra e a distribuição das categorias por Sistema de certificação. Tabela 5: Agrupamento das Variáveis em Categorias. Fonte: Autores, 2018. CATEGORIAS DE AVALIAÇÃO DE VARIAVEIS ANALISADAS CONFORTO HIGROTÉRMICO CONDICIONAMENTO ARTIFICIAL DESEMPENHO NO VERÃO E INVERNO EFICIÊNCIA DA ENVOLTÓRIA Ventiladores de teto; Condicionadores de ar; Projeto do sistema de aquecimento e resfriamento Simulação Computacional Transmitância térmica; Capacidade térmica; Absortância solar
MEDIDAS ARQUITETÔNICAS Orientação ao sol; Orientação aos ventos; Contribuições do Paisagismo Ventilação natural; Ventilação cruzada; Ventilação VENTILAÇÃO NATURAL controlável; Ventilação das fachadas; Aberturas para ventilação Tabela 6: Comparação das Certificadoras em relação ao Conforto térmico. Fonte: Autores, 2018. EGORIAS DE AVALIAÇÃO DO CONFORTO HIGROTÉRMICO cionamento Artificial penho no verão e inverno ncia da Envoltória as Arquitetônicas ação Natural IFICADORAS AMBIENTAIS REEAM CASA AZUL AQUA EED EL EDIFICA Quanto a analise realizada pode-se verificar que o sistema AQUA é o mais criterioso apresentando maior número de obrigatoriedades entre os critérios analisados. Em um contesto geral as categorias que foram contempladas em todos as certificadoras foram Eficiência da Envoltória, Medidas Arquitetônicas e Ventilação Natural, demonstrando que tais critérios devem ser avaliados na execução de uma residência que visa ser ambientalmente correta. REFERÊNCIAS: BUENO, C.; ROSSIGNOLO, J. A. Desempenho ambiental de edificações: Cenário atual e perspectivas dos sistemas de certificação. Revista Minerva Pesquisa &Tecnologia, São Paulo, v.7, n.1, p. 46-51, Abr. 2010. CAIXA ECONÔMOCA FEDERAL (CEF). Selo Casa Azul: Boas práticas para habitação mais sustentável. São Paulo: Páginas e Letras Editora e Gráfica, 2010. ELETROBRAS. PROCEL EDIFICA - Eficiência Energética nas Edificações. 2006 Disponível em: <http://www.procelinfo.com.br/data/pages/lumis623fe2a5itemidc46e0ffdbd124a0197d258 7926254722LUMISADMIN1PTBRIE.htm>. Acesso em: 10 jan de 2018. ELETROBRAS. Resultados Procel 2016. Disponível em < http://eletrobras.com/pt/imprensa/rel_procel2016_web.pdf#search=procel%20edifica> Acesso em: 10 jan de 2018. FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI (FCAV) e CERWAY. Referencial de avaliação da qualidade ambiental de edifícios residenciais em construção. São Paulo, Brasil, 2016a. FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI (FCAV) e CERWAY. Regras de Certificação Aqua-Hqe Edifíciosem Operação. São Paulo, Brasil, 2016b. FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI (FCAV). Guia prático Aqua-Hqe edifícios em operação uso sustentável. São Paulo, Brasil, 2017.
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