REPETIBILIDADE NA GERMINAÇÃO PRÉ-COLHEITA EM TRIGO

Documentos relacionados
GERMINAÇÃO PRÉ-COLHEITA NAS CULTIVARES DE TRIGO DO RIO GRANDE DO SUL, ANO 2014

ADENSAMENTO DE SEMEADURA EM TRIGO NO SUL DO BRASIL

Avaliação da performance agronômica do híbrido de milho BRS 1001 no RS

ASSOCIAÇÃO ENTRE GERMINAÇÃO NA ESPIGA EM PRÉ-COLHEITA E TESTE DE NÚMERO DE QUEDA EM GENÓTIPOS DE TRIGO

Avaliação de variedades sintéticas de milho em três ambientes do Rio Grande do Sul. Introdução

COMPORTAMENTO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE TRIGO NO MUNICÍPIO DE MUZAMBINHO MG

ESTABILIDADE E ADAPTABILIDADE DE RENDIMENTO DE GRÃOS DE GENÓTIPOS DE TRIGO EM DIVERSAS REGIÕES TRITÍCOLAS DO BRASIL

DESEMPENHO DE VARIEDADES DE MANDIOCA DE MESA NO NÚCLEO RURAL JARDIM-DF

DESEMPENHO DE NOVAS CULTIVARES DE CICLO PRECOCE DE MILHO EM SANTA MARIA 1

COEFICIENTE DE REPETIBILIDADE PARA O CARÁTER MATURAÇÃO DE FRUTOS EM TUCUMANZEIROS (Astrocaryum vulgare Mart.)

FENOLOGIA DAS CULTIVARES DE TRIGO DO RIO GRANDE DO SUL, ANO 2012

Efeito do estresse por encharcamento no ciclo reprodutivo, no número de afilhos e no rendimento de grãos em trigo

fontes e doses de nitrogênio em cobertura na qualidade fisiológica de sementes de trigo

ESTABILIDADE DE GENÓTIPOS DE FEIJOEIRO COMUM NO ESTADO DE GOIÁS PARA PRODUTIVIDADE DE GRÃOS, CICLO 2005/2006 1

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES DE FEIJÃO-CAUPI EM FUNÇÃO DA COLORAÇÃO DO TEGUMENTO

Produtividade do Sorgo Forrageiro em Diferentes Espaçamentos entre Fileiras e Densidades de Plantas no Semi-Árido de Minas Gerais

Adaptabilidade e Estabilidade de Cultivares de Milho na Região Norte Fluminense

EFEITO DO DIÂMETRO DE SEMENTE NA GERMINAÇÃO E NO DESENVOLVIMENTO DE PLÂNTULAS DE AVEIA BRANCA

ESTIMATIVAS DE CORRELAÇÃO ENTRE CARACTERES PRODUTIVOS DE PROGÊNIES PARCIALMENTE ENDOGÂMICAS DE MILHO SAFRINHA

VARIABILIDADE GENÉTICA EM LINHAGENS S 5 DE MILHO

REPETIBILIDADE DE CARACTERES DE DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO E DE PRODUÇÃO DE CLONES DE CAJAZEIRA

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MILHO DE BAIXO CUSTO DE SEMENTES NA SAFRINHA 2016

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1670

VARIABILIDADE GENÉTICA E POTENCIAL AGRONÔMICO DE GENÓTIPOS DE FEIJÃO CAUPI DE PORTE SEMIPROSTRADO NO MUNICÍPIO DE TERESINA-PI

VALIDAÇÃO DO MÉTODO PADRÃO PARA AVALIAÇÃO DA GERMINAÇÃO PRÉ-COLHEITA EM GENÓTIPOS DE TRIGO - RESULTADOS PRELIMINARES

AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE FEIJOEIRO COMUM NO ESTADO DE GOIÁS

Avaliação do desenvolvimento inicial de milho crioulo cultivados na região do Cariri Cearense através de teste de germinação

Produtividade e heterose de híbridos experimentais de milho em dialelo parcial

APLICAÇÃO DE REDUTOR DE CRESCIMENTO NO PERFILHAMENTO DE CULTIVARES DE TRIGO, EM DOIS NÍVEIS DE NITROGÊNIO

Dano de geada nos estádios vegetativos do trigo em Guarapuava, invernos 2010 e 2011

DIVERGÊNCIA GENÉTICA EM GERMOPLASMA DE MANGUEIRA BASEADA EM CARACTERES QUALITATIVOS DO FRUTO

CORRELAÇÕES LINEARES ENTRE CARACTERES E DIFERENCIAÇÃO DE HÍBRIDOS SIMPLES, TRIPLO E DUPLO DE MILHO 1

Anais do Seminário de Bolsistas de Pós-Graduação da Embrapa Amazônia Ocidental

ANÁLISE DIALÉLICA DE LINHAGENS DE MILHO FORRAGEIRO PARA CARACTERES AGRONÔMICOS E DE QUALIDADE BROMATOLÓGICA

Análise de trilha para componentes da produção de álcool em híbridos de sorgo sacarino 1

UFGD/FCA-Dourados MS, 1

Rendimento e caraterísticas agronômicas de soja em sistemas de produção com integração lavoura-pecuária e diferentes manejos de solo

SELEÇÃO INDIRETA DE PROGÊNIES DE MILHO SAFRINHA POR MEIO DE ANÁLISE DE TRILHA

ESTUDOS DE CULTIVARES DE TRIGO SUBMETIDAS AO ESTRESSE HÍDRICO EM CASA DE VEGETAÇÃO

CRIOCONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE ALGODÃO COLORIDO. RESUMO

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1573

l«x Seminário Nacional

Adaptabilidade de Cultivares de Milho (Zea mays L.), de Ciclo Super Precoce, nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Goiás, na Safra 1997/1998

Análise de Trilha para os Componentes de Produção de Grãos em Variedades de Milho Tropical

Arranjo espacial de plantas em diferentes cultivares de milho

INTERAÇÃO ENTRE NICOSULFURON E ATRAZINE NO CONTROLE DE SOJA TIGUERA EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIA

Comportamento de cultivares de milho, quanto ao teor de proteína, no Estado do Tocantins.

Fenotipagem de trigo exposto ao molhamento contínuo na maturidade fisiológica

Recomendação de Variedades de Polinização Aberta de Milho para a região de Viçosa- MG

Comportamento de genótipos de canola em Maringá em 2003

VARIABILIDADE E CORRELAÇÕES EM LINHAGENS DE FEIJÃO-CAUPI DE TEGUMENTO E COTILÉDONE VERDES AVALIADAS PARA FEIJÃO-VERDE

DESEMPENHO DE UMA SEMEADORA-ADUBADORA UTILIZANDO UM SISTEMA DE DEPOSIÇÃO DE SEMENTES POR FITA.

ADENSAMENTO DE MAMONEIRA EM CONDIÇÕES DE SEQUEIRO EM MISSÃO VELHA, CE

Eficiência de fungicidas para controle de giberela em trigo: resultados dos ensaios cooperativos - safra 2012

Estimativas dos Coeficientes de Repetibilidade para Caracteres do Fruto do Bacurizeiro (Platonia insignis Mart.)

Comportamento Agronômico de Progênies de Meios-Irmãos de Milheto Cultivados em Sinop MT 1

Relações lineares entre caracteres de tremoço branco

POTENCIAL GENÉTICO DE PROGÊNIES PARCIALMENTE ENDOGAMICAS DE MILHO SAFRINHA

AVALIAÇÃO DE LINHAGENS DE PORTE BAIXO DE MAMONA (Ricinus communis L.) EM CONDIÇÕES DE SAFRINHA EM TRÊS MUNICÍPIOS NO ESTADO DE SÃO PAULO

INFLUÊNCIA DE BORDADURA NAS LATERAIS E NAS EXTREMIDADES DE FILEIRAS DE MILHO NA PRECISÃO EXPERIMENTAL 1

SELEÇÃO DE GENÓTIPOS DE MILHO EM CONDIÇÕES DE ESTRESSE DE SECA EM CASA DE VEGETAÇÃO

Precisão experimental, na avaliação da produtividade de colmos, em ensaios de genótipos de cana-de-açúcar com colheita mecanizada

AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE MAMONA DE PORTE BAIXO PARA O ESTADO DO PARANÁ*

BROTAÇÃO DE VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR NAS CONDIÇÕES DE CERRADO DO BRASIL-CENTRAL

em função da umidade e rotação de colheita

Precisão experimental, na avaliação da produtividade de colmos, em ensaios de genótipos de cana-de-açúcar com colheita manual

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE VARIEDADES E HÍBRIDOS DE SORGO FORRAGEIRO NO OESTE DA BAHIA

QUALIDADE DA FIBRA EM FUNÇÃO DE DIFERENTES FORMAS DE PLANTIO DA SEMENTE DE ALGODÃO LINTADA, DESLINTADA E DESLINTADA E TRATADA *

Leonardo Henrique Duarte de Paula 1 ; Rodrigo de Paula Crisóstomo 1 ; Fábio Pereira Dias 2

Caraterísticas agronômicas de híbridos experimentais e comerciais de milho em diferentes densidades populacionais.

Henrique Pereira dos Santos 1 ; Renato Serena Fontaneli 2 ; Silvio Tulio Spera 3 & Jane Rodrigues de Assis Machado 4

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE SOJA REGISTRADAS PARA CULTIVO NO RIO GRANDE DO SUL, NA SAFRA DE 1998/99

COMPORTAMENTO AGRONÔMICO DE HÍBRIDOS DE MILHOS TRANSGÊNICOS E ISOGÊNICOS NA SAFRINHA 2013 EM MATO GROSSO SUL

CRESCIMENTO DE DIFERENTES CULTIVARES DE SOJA SUBMETIDAS A ÉPOCAS DE SEMEADURAS DISTINTAS NO SEMIÁRIDO PIAUIENSE

DESEMPENHO AGRONOMICO DE PROGÊNIES DE MILHO PARCIALMENTE ENDOGÂMICAS

DENSIDADE DE SEMEADURA E POPULAÇÃO INICIAL DE PLANTAS PARA CULTIVARES DE TRIGO EM AMBIENTES DISTINTOS DO PARANÁ

ADAPTABILIDADE E ESTABILIDADE DE HÍBRIDOS DE MILHO EM DIFERENTES SAFRAS AGRÍCOLAS

EFiCÁCIA DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DE DOENÇAS TRANSMITIDAS PELAS SEMENTES DE TRIGO. Resumo

Rendimento e Propriedades Físicas de Grãos de Soja em Função da Arquitetura da Planta

CORRELAÇÃO DE FORÇA DE GLÚTEN E ÍNDICE DE ELASTICIDADE COM ESTABILIDADE, PARA GENÓTIPOS DE TRIGO DA EMBRAPA, POR REGIÃO TRITÍCOLA DO PARANÁ

EVOLUÇÃO DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

VIABILIDADE DO TRIGO CULTIVADO NO VERÃO DO BRASIL CENTRAL

QUALIDADE DE SEMENTES DE ALGODOEIRO, CULTIVARES BRS VERDE E CNPA 7H, ARMAZENADAS EM CÂMARA SECA

Dissimilaridade de Ambientes de Avaliação de Milho, na Região Subtropical do Brasil

Universidade Federal do Ceará Campus Cariri 3 o Encontro Universitário da UFC no Cariri Juazeiro do Norte-CE, 26 a 28 de Outubro de 2011

COMPETIÇÃO DE GENÓTIPOS DE MAMONEIRA NO PERÍODO OUTONO-INVERNO EM ITAOCARA, RJ*

ENSAIO PRELIMINAR DE CEVADA, ENTRE RIOS - GUARAPUAVA/PR

CAPACIDADE GERAL E ESPECIFICA DE COMBINAÇÃO EM ALGODOEIRO HERBÁCEO

CALAGEM, GESSAGEM E MANEJO DA ADUBAÇÃO EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis

GIRASSOL EM SAFRINHA NO CERRADO DO DISTRITO FEDERAL: DESEMPENHO DE GENÓTIPOS EM

III Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária - Agronomia

Resposta de Cultivares de Milho a Variação de Espaçamento Entrelinhas.

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

PRODUÇÃO DE MILHO VERDE NA SAFRA E NA SAFRINHA EM SETE LAGOAS MG

AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DE VARIEDADES E HÍBRIDOS DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) EM CRUZ DAS ALMAS, BAHIA

Perfil de ácidos graxos de híbridos de girassol cultivados em Londrina

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Modalidade do trabalho: Relatório técnico-científico Evento: XX Jornada de Pesquisa

Transcrição:

REPETIBILIDADE NA GERMINAÇÃO PRÉ-COLHEITA EM TRIGO 1, Valéria Carpentieri-Pípolo 1, Eduardo Stefani Pagliosa 2, Thiago Henrique Oro 2,Karla Bianca de Almeida Lopes 2, Claudemir Zuccareli 3, Deoclécio Domingos Garbuglio 4 ¹Pesquisador, Centro Nacional de Pesquisa de Trigo - CNPT (Embrapa Trigo), Rodovia BR 285, km 294, CEP 99001-970, Passo Fundo - RS. E-mail: valeria.pipolo@embrapa.br; 2 Estudante do Programa de Pós Graduação em Agronomia da Universidade Estadual de Londrina, Londrina- UEL, Londrina -PR; 3 Professor, Departamento Agronomia, UEL, Londrina; 4 Pesquisador, Instituto Agronômico do Paraná- IAPAR, PR As condições de ambiente, onde são cultivados trigos no Brasil, favorecem a ocorrência de chuvas no momento da colheita podendo causar, para a maior parte das cultivares, uma elevada perda do potencial de germinação e de qualidade industrial, principalmente em função da germinação dos grãos na espiga. Além das condições do ambiente, o processo de germinação na espiga, também pode ser influenciado pelo período de dormência dos cultivares (Cunha et al., 2004; Bassoi, 2004; Biddulph et al., 2005). A germinação dos grãos na espiga do trigo é induzida a partir da absorção de água pelos grãos, logo depois da maturação completa. Trata-se de um problema que afeta tanto o produtor rural como a indústria, pois reduz o potencial de rendimento das lavouras, afetando negativamente o peso do hectolitro (Gross et al., 2002). Da mesma forma, a busca de metodologias eficientes que propiciem maior precisão na estratificação dos genótipos deve ser investigada, devido sua utilidade na seleção de cultivares (Gavassa et al, 2012), O coeficiente de repetibilidade é uma ferramenta altamente indicada para a determinação do número mínimo de espigas necessárias para a determinação, com alta precisão, da porcentagem de germinação dos grãos na espiga para estratificação de genótipos em programas de melhoramento de trigo. Desta forma, este trabalho tem como objetivos: I)- avaliar a eficiência dos métodos de indução de germinação na espiga através de diferenças de resistência para esta característica, entre genótipos contrastantes de trigo; II)- obter estimativas de repetibilidade através de diferentes métodos estatísticos, com o intuito de identificar o número mínimo de espigas necessárias para uma avaliação adequada da porcentagem de germinação dos grãos na espiga..

2 As espigas foram provenientes de um experimento instalado em blocos casualizados, com três repetições, no Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), na safra agrícola de 2012. A colheita das espigas foi realizada no estádio de pré-colheita. Avaliaram-se quatro cultivares de trigo: Frontana (resistente); IPR Catuara (moderadamente resistente); Quartzo (moderadamente resistente) e BRS 220 (sensível), contrastantes com relação à ocorrência de germinação na espiga, sendo os mesmos submetidos a três métodos de indução de germinação dos grãos na espiga, descrito abaixo: a) Imersão em água; b) Simulador de chuva; c) Câmara de Germinação. As espiras provenientes dos três métodos foram envoltas em papel toalha e colocadas em câmaras de germinação a 85±3% de umidade relativa e 27±2 C de temperatura e foram, posteriormente, retiradas para avaliação após seis dias. Realizou-se a avaliação da massa da espiga (ME), comprimento da espiga (CE), número de grãos por espiga (NGE), sem haver a destruição das espigas. Após o período de seis dias em câmaras de germinação as espigas foram secas e debulhadas manualmente, sendo então submetidas à contagem de grãos germinados e não germinados, individualmente para cada espiga. Através da relação entre número de grãos germinados e não geminados calculou-se a porcentagem de germinação (%G). Uma vez que as estimativas da repetibilidade variam de acordo com a natureza da variável, com as propriedades genéticas dos genótipos e com as condições nas quais as plantas são cultivadas obtiveram-se coeficientes de repetibilidade através de quatro métodos distintos, descritos por Cruz & Regazzi (2001): Através do método da ANOVA, considera-se que o número de medidas repetidas foi igual para todos os genótipos, adotou-se o Modelo 2, descrito por Cruz & Regazzi (2001). Houve diferença significativa apenas entre genótipos, para os caracteres massa da espiga (ME), comprimento da espiga em cm (CE) e número de grãos por espiga (NGE) O genótipo de trigo Frontana apresentou desempenho superior aos demais genótipos, para ME, CE e NGE (Tabela 2). Franco et al. (2009) observaram diferenças entre genótipos quanto ao número de grãos por espiga, em Palotina, evidenciando a superioridade das cultivares CD 104, BRS 208 e Frontana. Da mesma forma, os autores citam que é provável que a base genética do trigo nacional, proveniente da Frontana, tenha transmitido um maior número de grãos por espiga para a descendência, o qual pode ter contribuído no acréscimo de rendimento de grãos dos novos cultivares. Na Tabela 3, observa-se que a maior estratificação dos genótipos de trigo deu-se no método de indução de germinação através da imersão das espigas em água. A estratificação dos genótipos era esperada, uma vez que Frontana, IPR Catuara, Quartzo e

3 BRS 220 são resistente, moderadamente resistente, moderadamente sensível e sensível, respectivamente a germinação dos grãos na espiga. A diferenciação dos genótipos não pôde ser observada para os métodos de simulador de chuva e câmara de germinação, que agruparam os genótipos Frontana, IPR Catuara e Quartzo em uma mesma categoria de resposta a germinação da espiga. Após a identificação do método de imersão em água como sendo o mais apropriado para a estratificação de genitores de trigo, realizouse a análise de repetibilidade, que pode ser observada da Tabela 4. Os coeficientes de repetibilidade (r) variaram entre 0,90 e 0,97 e os coeficientes de determinação (R 2 ) entre 99,64 e 99,90. A alta magnitude dos coeficientes de repetibilidade e coeficientes de determinação indicam que o modelo matemático adotado ajustou-se satisfatoriamente ao conjunto de dados. Valores altos de estimativas de repetibilidade para determinado caráter indicam que é viável predizer o valor real do indivíduo utilizando-se um número relativamente pequeno de medições, sendo que ocorre o inverso quando a repetibilidade é baixa (Cargnelutti et al., 2004). Botrel et al. (2000) afirmam que a predição do valor real em torno de 90%, ou seja, R 2 = 90%, é considerada bastante satisfatória. O método baseado na ANOVA, modelo 2, apresentou estimativas menos precisas, comparada com outros métodos. De acordo com a alta precisão obtida em todos os métodos (acima de 99%), qualquer um dos métodos avaliados poderia ser indicado para a utilização da avaliação de repetibilidade, com elevada precisão. O número mínimo de espigas necessárias para que o valor real da porcentagem de germinação na espiga seria de 11, para uma precisão de 99%. O método de indução de germinação na espiga através da imersão em água é mais eficiente na indicação de genótipos contrastantes e pode ser usado em programas de melhoramento para esta finalidade. O método de repetibilidade com base nos componentes da covariância é mais eficiente. É necessário um número mínimo de 11 espigas para uma estimativa de porcentagem de germinação dos grãos na espiga de 99% de confiabilidade. Referências Bibliográficas BASSOI, M.C.; FLINTHAN, J.; RIEDE, C.R.; Analysis of pre harvest sprouting in three Brazilian wheat populations. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.41, n.4, p583-590, 2006. BIDDULPH, T.B.; MARES, D.J.; PLUMMER, J.A.; SETTER, T.L. Drought and high temperature increases preharvest sprouting tolerance in a genotype without grain dormancy. Euphytica, v.143, p.277-283, 2005.

4 BOTREL, M. de A.; FERREIRA, R. de P.; CRUZ, C.D.; PEREIRA, A.V.; VIANA, M.C.M.; ROCHA, R.; MIRANDA, M. Estimativas de coeficientes de repetibilidade para produção de matéria seca em cultivares de alfafa, sob diferentes ambientes. Revista Ceres, v.47, p.651 663, 2000. CUNHA, G.R. et al. Introdução ao problema da germinação na pré-colheita em trigo no Brasil. In: CUNHA, G.R.; PIRES, J.L.F. Germinação pré-colheita em trigo. Passo Fundo: Embrapa, 2004. p.11-20. CARGNELUTTI FILHO, A.; CASTILHOS, Z.M.S. Análise de repetibilidade de caracteres forrageiros de genótipos de Panicum maximum, avaliados com e sem restrição solar. Ciência Rural, n.34, p.723-729, 2004. CRUZ, C.M. Programa genes. Aplicativo computacional em genética e estatística. Viçosa: UFV, 2001. 422 p. Disponível em: <http://www.ufv.br/dbg/genes/genes.htm>. Acesso em: 3 set. 2012. CRUZ, C.D.; REGAZZI, A.J.; CARNEIRO, P.C.S. Modelos biométricos aplicados ao melhoramento genético. 3.ed. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 2004. v.1. 480p FRANCO, F.A.; PINTO, R.J.B.; SCAPIM, C.A.; Schuster, I.; PREDEBON, C.T.; MARCHIORO, V.S. Tolerância à germinação na espiga em cultivares de trigo colhido na maturação fisiológica. Ciência Rural, v.39, n.9, dez, 2009. GAVAZZA, M.I.A.; BASSOI, M.C.; CARVALHO, T.C.; BESPALHOK FILHO, J.C.; PANOBIANCO, M. Methods for assessment of pré-harvest sprouting in wheat cultivars. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.47, n.7, p.928-933, jul. 2012. GROOS, C.; GAY, G,; PERRETANT, M.R.; GERVAIS, L.; BERNARD, M.; DEDRYVER, F.; CHARMET, G. Study of the relationship between pre-harvest sprouting and grain color by quantitative trait loci analysis in a white red grain bread-wheat cross. Theoretical and Applied Genetics, v.104, p.39 47, 2002. Tabela 1. Quadrados médios da análise de variância (ANOVA) para os caracteres Massa da espiga (ME), Comprimento da espiga em cm (CE), Número de grãos por espiga (NGE) e Porcentagem de germinação dos grãos por espiga (%), para quatro genótipos de trigo submetidos a três diferentes formas de indução da germinação dos grãos na espiga. F.V. G.L. QUADRADOS MÉDIOS ME CE NGE %G Indução de germinação (IG) 2 0.047 NS 0.15 NS 4.21 NS 982.55** Genótipos (G) 3 4.74** 11.40** 539.12** 7146.54** IG x G 6 0.018 NS 0.29 NS 4.23 NS 340.77** Resíduo 24 0.031 0.132 7.074 27.643 Média 1.45 7.15 31.14 17.46 C.V. (%) 12.15 5.09 8.54 30.11

5 NS, ** e *: Não significativa, significativa a 1 e 5% de probabilidade pelo teste F, respectivamente. Tabela 2. Comparação de médias entre quatro genótipos de trigo para caracteres Massa da espiga (ME), Comprimento da espiga em cm (CE) e Número de grãos por espiga (NGE). CARACTERES GENÓTIPOS (1) BRS 220 QUARTZO IPR CATUARA FRONTANA ME (g) 0.86 C 1.11 BC 1.32 B 2.50 A CE (cm) 6.23 C 6.51 BC 7.13 B 8.74 A NGE 27.54 B 28.12 B 26.21 B 42.69 A (1) : Médias seguidas pela mesma letra na horizontal não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. Tabela 3. Efeito de três diferentes formas de indução da germinação dos grãos na espiga nos caracteres e Porcentagem de germinação dos grãos por espiga (%), em quatro genótipos de trigo. GENÓTIPOS (1) INDUÇÃO DE GERMINAÇÃO (1) BRS 220 QUARTZO IPR CATUARA %G FRONTANA Imersão em água 85.02 aa 17.35 ab 6.71 abc 1.25 ac Simulador de chuva 56.11 ba 1.14 bb 1.20 ab 0.20 ab Câmara de germinação 37.59 ca 1.61 bb 0.59 ab 0.81 ab (1) : Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na horizontal, e minúsculas na vertical, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. Tabela 4. Estimativas dos coeficientes de repetibilidade (r), coeficientes de determinação (R 2 ) e número de medições (η) para o caractere Porcentagem de germinação dos grãos por espiga (%), de quatro genótipos de trigo, cuja germinação foi induzida através do método de Imersão em água. MÉTODO (1) ANOVA - 2 CPCOV CPCOR AECOR r 0.9 0.97 0.93 0.93 R 2 99.64 99.9 99.77 99.75 η R 2 ANOVA - 2 CPCOV CPCOR AECOR 0.8 1 1 1 1 0.85 1 1 1 1 0.9 1 1 1 1 0.95 3 1 2 2 0.99 11 3 7 8 (1) : ANOVA: análise de variância; CPCOV e CPCOR: componentes principais, com base na matriz de covariância e de correlação, respectivamente; AECOR: análise estrutural, baseada na matriz de correlação.