TÍTULO: CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO (CAD) REFORÇADO DE FIBRA DE KEVLAR

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Seminário Tecnologia de estruturas com foco em desempenho e produtividade Porto Alegre, 8 de dezembro de 2016

Transcrição:

TÍTULO: CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO (CAD) REFORÇADO DE FIBRA DE KEVLAR CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA SUBÁREA: Engenharias INSTITUIÇÃO(ÕES): CENTRO UNIVERSITÁRIO DO INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA - CEUN-IMT AUTOR(ES): GEYSA CARVALHO LOSOVOI ORIENTADOR(ES): CÁSSIA SILVEIRA DE ASSIS

Resumo A incorporação de fibras em concreto vem sendo uma alternativa para suprir características particulares do material composto que comprometem o desempenho da estrutura em geral culminando em deficiências para certas utilidades. Esse incremento atribui ao novo compósito, além de outras características discutidas ao longo do trabalho, a possibilidade de maior deformação em relação àquele que não contém fibras. No referido trabalho, particulariza-se a fibras de aramida, que foram patenteadas pela DuPont como fibras de Kevlar, e o estudo da quantidade ótima para que se obtenha um desempenho significativo de sua incorporação. Para tanto, variou-se a quantidade de fibra em cinco níveis proporcionais ao volume de concreto, observando a relação da metodologia de incorporação e a formação de nichos de concretagem; a trabalhabilidade do concreto, à medida que a proporção de fibra aumentava; e os resultados quando os corpos de prova eram submetidos a compressão simples e diametral (que simula a tração). Introdução O concreto, de modo geral, é o material compósito mais utilizado pelo homem. Amplamente disseminado, por seu baixo custo e por sua produção em variadas condições, é encontrado em grande parte das construções atuais. Definição: Material composto que consiste essencialmente de um meio contínuo aglomerante, dentro do qual estão mergulhadas partículas ou fragmentos de agregados. (MEHTA, 1994) O concreto, portanto, pode ser definido com um compósito com matriz aglomerante e cimentícia, material granular, e fragmentos de agregados. Essas fases distintas podem ser divididas em três partes: agregados, zona de transição e pasta de cimento. Entretanto, apesar de muito usado, com o decorrer do tempo, passou-se a exigir mais desse material, tornando o concreto comum (CC) insuficiente para atender à solicitação estrutural de vários projetos. As exigências obrigaram o desenvolvimento de um concreto mais durável e mais resistente ao longo do tempo.

1.1 Concreto de alto desempenho Em 1990, pela primeira vez, é mencionado por Mehta & Aïtcin o termo: Concreto de Alto Desempenho (CAD). Além de estabelecer especificações dos princípios gerais que regem esse tipo de concreto. Tem-se por características principais do concreto de alto desempenho, segundo ISAIA, 2011: Diminuição da relação água/cimento com a utilização de aditivos plastificantes ou superplastificantes; Diminuição da porosidade do concreto, diminuindo a quantidade de vazios; Otimização da granulometria dos agregados para aumentar o esqueleto inerte e obter maior compacidade, utilizando-se agregados graúdos de menor diâmetro máximo e adequada composição granulométrica dos finos; Reforço das ligações químicas primárias e secundárias entre as partículas, pelo uso de adições minerais que provocam o refinamento dos poros e dos grãos, especialmente do silicato de cálcio hidratado (C-S-H). Segundo Schmidt e Caravelas (2013), do ponto de vista da abordagem de mecânica da fratura, o concreto irá fissurar numa das três fases que o compõe. Com tal possibilidade é preciso atentar para o reforço de todas as fases, garantindo que não haja grande disparidade de capacidade portante entre elas. Figura1: Concreto Comum e Concreto de Alto Desempenho Fonte: Adaptado MEHTA (1994).

1.2 Fibras As fibras são elementos descontínuos, cujo comprimento é bem maior que a maior dimensão da seção transversal. Sua origem pode ser variada, produzida em aço plástico, vidro e materiais naturais, bem como seu tamanho. (FIGUEIREDO, 2011) Kevlar A fibra de aramida Kevlar, material muito resistente ao impacto e leve, é um polímero sintético, uma amida poli-aromática que apresenta uma estrutura cristalina altamente ordenada. Sua extrema resistência dá-se por sua cadeia com orientação radial de alta ordenação e com poucas falhas. (OLIVEIRA, 2011) Atualmente o Kevlar proporciona ao mercado artigos de vestuário, acessórios e equipamentos seguros e resistentes a cortes. Conhecida pela utilização na fabricação de coletes a prova de bala. 1.3 Concreto com fibra O concreto é um compósito frágil e tem baixa capacidade de deformar antes de romper quando submetido a esforços de tração. Contém fissuras que se propagam rapidamente sob uma tensão aplicada tornando-se pouco resistente a tal esforço. O material constituinte da fibra irá definir o módulo de elasticidade e a resistência mecânica da mesma, que são duas das propriedades que mais influenciam a capacidade de reforço que a fibra pode proporcionar ao concreto. (FIGUEIREDO, 2011) A incorporação de fibra no concreto denota considerável melhora no comportamento pós-fissuração. Por meio de estudos notou-se que, enquanto as resistências últimas à tração não aumentaram apreciavelmente, as deformações de tração na ruptura aumentaram. (MEHTA, 1994) O reforço do concreto com a incorporação de fibras de alto módulo de elasticidade e alta resistência, supondo uma boa aderência ao concreto, inibi o desenvolvimento de fissuração, visto que a fibra, a grosso modo, absorve a tensão aplicada. Essas, mais especificamente, tornam-se pontes de transferência de tensões aumentando a capacidade de deformação.

A vantagem do concreto com fibra segundo Mehta (1994) é a maior tenacidade e a maior resistência ao impacto que esse compósito atingirá, criando um compósito pseudo-dúctil. O controle da fissuração pode ser ressaltado como consequência dessa ação. Sob a óptica da trabalhabilidade, essa é diminuída, apresentando-se como desvantagem dependendo do cenário que o concreto será inserido. Objetivos O presente trabalho prevê determinar a relação entre quantidade de fibra de aramida a ser incorporada em um concreto, examinando as diferenciações que irão se apresentar em sua resistência (fck) nos testes de compressão simples e diametral. Materiais e Método O traço adotado (Quadro 1 refere-se a 1m³ de concreto) para obtenção do concreto referência teve em sua composição cimento CPV ARI, brita zero, quartzo (com granulometria: 0,6; 0,3; 0,15; 0,075; 0,04; 0,02), sílica, aditivo superplastificante Glenium e água. Quadro 1: Proporção do traço Material Kg Material Kg Cimento 377,63 Quartzo #0,6 101,15 Água 126,44 Quartzo #0,3 151,73 Sílica 98,18 Quartzo #0,15 195,63 Glenium 13,41 Quartzo #0,075 33,74 Brita 0 120,67 Quartzo #0,04 57,33 Quartzo #0,02 91,07 A porcentagem de fibra de que foi incorporada no traço considerou cinco variações de porcentagem de fibra em relação ao volume de concreto: 0,2%, 0,4%, 0,6%, 0,8% e 1%.

A modelagem dos corpos de prova, com formato cilíndrico de 10x20 cm, seguiu a norma NBR 5738. O material foi homogeneizado na betoneira e a incorporação de fibra foi feita manualmente. Como processos gerais para fabricação dos corpos de prova, seguiu-se: pesagem dos materiais, verificação da temperatura ambiente, mistura dos materiais na betoneira, incorporação da fibra (Figura 2), realização do teste de abatimento (Figura 1) e moldagem na fôrma (Figura 3). Figura 1: Realização do teste de abatimento Slump test. Figura 2: Incorporação da fibra de Kevlar de forma manual.

Figura 3: Moldagem dos corpos de prova em fôrmas de 10x20 centímetros. Para o procedimento de mistura dos materiais utilizou-se uma betoneira com capacidade mínima de 15 litros. Após a pré-molhagem da mesma, os materiais foram colocados na seguinte ordem: brita com parte da água; cimento com parte da água e aditivo; sílica com parte da água e aditivo; quartzo e o restante da água e aditivo. Com a finalização da produção do concreto a fibra foi adicionada de forma manual, sendo homogeneizada com o concreto no carrinho de mão, e o teste de abatimento realizado seguindo a norma NBR NM 67. Depois de desformado, os corpos de prova foram imersos em água com temperatura ambiente, iniciando o processo de cura, que teve término com a realização dos testes de compressão e compressão diametral. Tais testes seguiram, respectivamente, as normas: NBR 5739 e NBR 7222, como demonstrado na Figura 4.

Figura 4: A esquerda: teste de compressão simples; a direita: teste de compressão diametral. Ao todo, foram produzidos 72 corpos de prova, sendo que cada grupo de 12 provinha de uma produção única com variação de fibra fixa, divididos, seis para o ensaio de compressão simples e seis para o ensaio que simula a tração, com resultados mostrados na Figura 5. Figura 5: À esquerda modelo de ruptura à compressão simples; à direita modelo de ruptura à compressão diametral

Resultados Como primeira análise, comprovou-se a absorção de água pela fibra diminuindo a fluidez do concreto. Ao aplicar o teste de abatimento o Quadro 2 mostra que houve significativa diminuição do mesmo, prejudicando a trabalhabilidade do compósito. Quadro 2: Teste de abatimento realizado de acordo com a quantidade em Porcentagen de fibra porcentagem de fibra Temperatura ( C) 1,00% 24 35 0,80% 25 88 0,60% 24 92 0,40% 31 97 0,20% 26 175 0,00% 23 195 Slump Test (mm) Os testes de compressão simples e diametral foram realizados após 7 dias de sua fabricação. Pode-se observar a tabela com os resultados dos testes efetuados, Quadro 3, e o gráfico ilustrativo, Figura 6, a seguir, com as médias de tensão em MPa para o teste de compressão simples em relação a quantidade de fibras em porcentagem. Quadro 3 Resultados do teste de compressão simples dos corpos de prova 10x20 Corpos de prova e porcentagem Compressã o - 7 dias centímetros e suas médias Média Corpos de prova e porcentagem Compressã o - 7 dias 1-1% 51,70 1-0,4% 54,03 2-1% 54,63 2-0,4% 56,97 3-1% 48,03 3-0,4% 50,42 52,1 4-1% 51,89 4-0,4% 61,53 5-1% 57,14 5-0,4% 59,93 6-1% 49,37 6-0,4% 55,73 1-0,8% 45,17 1-0,2% 55,91 2-0,8% 60,70 2-0,2% 60,75 3-0,8% 44,68 3-0,2% 47,48 51,3 4-0,8% 45,95 4-0,2% 53,70 5-0,8% 52,56 5-0,2% 49,40 6-0,8% 58,66 6-0,2% 55,36 Média 56,4 53,8

1-0,6% 55,48 1-0,0% 52,29 2-0,6% 48,88 2-0,0% 62,86 3-0,6% 59,45 3-0,0% 50,40 51,9 4-0,6% 46,93 4-0,0% 35,59 5-0,6% 46,95 5-0,0% 57,33 6-0,6% 52,53 6-0,0% 48,65 Fonte: Autor, 2017 51,2 Figura 6 Gráfico ilustrativo com as médias de tensão em MPa para o teste de compressão simples em relação a quantidade de fibras em porcentagem. Ainda que as médias de tensões para ruptura dos corpos de prova que foram submetidos à compressão simples não apresentem constância regular em resultados, constata-se que o melhor desempenho da fibra ocorreu com uma porcentagem de 0,4% do volume de concreto. Nessas proporções houve melhora de 10,15% do concreto que tem fibras incorporadas comparado com àquele que não tem. Pode-se observar a tabela com os resultados dos testes efetuados, Quadro 4, e o gráfico ilustrativo, Figura 7, a seguir, com as médias de tensão em MPa para o teste de compressão diametral em relação a quantidade de fibras em porcentagem.

Média de tensão Quadro 4 - Resultados do teste de compressão diametral dos corpos de prova Corpos de prova e porcentagem Compressã o - 7 dias 10x20 cm e suas médias Média Corpos de prova e porcentagem Compressã o - 7 dias 1-1% 5,72 1-0,4% 5,89 2-1% 6,73 2-0,4% 4,75 3-1% 5,48 3-0,4% 5,15 5,7 4-1% 5,12 4-0,4% 5,34 5-1% 5,78 5-0,4% 5,76 6-1% 5,30 6-0,4% 5,04 1-0,8% 4,35 1-0,2% 5,44 2-0,8% 5,25 2-0,2% 4,54 3-0,8% 4,96 3-0,2% 4,32 5,3 4-0,8% 5,94 4-0,2% 5,39 5-0,8% 5,49 5-0,2% 4,12 6-0,8% 5,96 6-0,2% 4,45 1-0,6% 6,19 1-0,0% 5,14 2-0,6% 5,20 2-0,0% 4,29 3-0,6% 5,79 3-0,0% 4,75 5,7 4-0,6% 5,90 4-0,0% 4,54 5-0,6% 5,84 5-0,0% 5,01 6-0,6% 5,37 6-0,0% 6,58 Fonte: Autor, 2017 Média Figura 7 Gráfico ilustrativo com as médias de tensão em MPa para o teste de compressão diametral em relação a quantidade de fibras em porcentagem. 6,0 5,5 5,1 5,0 4,5 4,7 Compressão diametral 5,3 5,7 4,0 0,0% 0,2% 0,4% 0,6% 0,8% 1,0% 1,2% Porcentagem de fibra 5,3 5,7 5,3 4,7 5,1 As médias de tensões de ruptura dos corpos de prova que foram submetidos à tração por compressão diametral apresentaram valores mais próximos. Contudo, ainda há variação em seus resultados, que demonstram que houve acréscimo de

11,76% de resistência ao concreto com fibra (porcentagem de 0,6% e 1%) comparado ao que não contem fibra. Falhas observadas Com o aumento da quantidade de fibras incorporadas houve o aumento das falhas em moldagem, ou seja, com a maior quantidade de fibra (Figura 8 à direita), os corpos de prova apresentaram mais nichos de vazios de concretagem em comparação ao de baixa porcentagem (Figura 8 à esquerda). Figura 8: À esquerda concreto com 0,2% de fibras; à direita concreto com 1% de fibra Houve registro de que incorporação manual não é completamente eficaz, já que não garante a homogeneidade do concreto com a fibra incorporada (Figura 9). Isso não permite que a fibra tenha participação efetiva em todos os corpos de prova, o que pode comprometer a resistência do mesmo.

Figura 9: Concentração de fibra de Kevlar em determinada área Conclusão Na fase inicial, de definição do traço que seria utilizado no concreto, a inserção da fibra de Kevlar em relação ao volume de concreto foi mais efetiva e houve completa incorporação. Caso contrário, sendo a proporção em relação à massa, não seria possível trabalhar com a quantidade que teria de ser incorporada. Essa seria extremamente grande e dificultaria muito a incorporação. Conforme observado o aumento do percentual de fibra, produz diminuição da trabalhabilidade do concreto. Juntamente a isso, as maiores quantidades de fibras quando incorporadas, culminam na maior probabilidade que o corpo de prova seja alvo de nichos de vazios de concretagem e heterogeneidade prejudicial ao próprio desempenho. Há uma diminuição de capacidade resistente local. Perante os testes de compressão simples, pode ser observado que, quando houve a ruptura, os corpos de prova se mantiveram concentrados e não desintegraram de forma instantânea, houve um esmagamento mais coeso devido à participação das fibras. Outro ponto a ser ressaltado nesse teste é que o ponto ótimo da fibra teve por resultado o percentual de 0,4% de fibra em relação ao volume de concreto. A ressalva quanto ao teste de compressão diametral é que a incorporação de fibras de Kevlar não apresenta divergência significativa entre as porcentagens e em sua melhor condição proporciona aumento de 11,76%.

Referências ABNT: NBR 5738: concreto procedimento para moldagem e cura de corpos de prova. Rio de Janeiro. 2003. NBR 5739: concreto ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro. 1994. NBR 5739: concreto e argamassa determinação da resistência à tração por compressão diametral de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro. 2010. NBR 5739: concreto determinação da consistência pelo abatimento do tronco cone. Rio de Janeiro. 1998. NBR 12655: concreto de cimento Portland preparo, controle e recebimento - procedimento. Rio de Janeiro. 2006. MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: estrutura, propriedades e materiais. São Paulo: Pini, 1994. ISAIA, Geraldo C. [Ed.]. CONCRETO: ciência e tecnologia. São Paulo, SP: IBRACON, 2011. v. 1. 931 p. ISAIA, Geraldo C. [Ed.]. CONCRETO: ciência e tecnologia. São Paulo, SP: IBRACON, 2011. v. 2. 932-1902 p. ANÁLISE NUMÉRICA E EXPERIMENTAL DE VIGAS DE MATERIAIS COMPÓSITOS, 2016. São Caetano do Sul. Anais... São Caetano do Sul: 8.º Seminário Mauá de Iniciação Científica, 2016. 9 p.

SCHMIDT, E. P.; CARAVELAS, R. S. R. Aplicação do método de empacotamento de partículas para redução do consumo de cimento em CAD. São Caetano do Sul, SP. 2013. GUSSAROV, D. B.; AMARAL, F. K.; SOUZA, J. V.V. Estudo da performance da introdução de fibra de aramida no concreto reforçado com fibras de vidro e no concreto armado convencional. São Caetano do Sul, SP. 2017. FIGUEIREDO, A. D. Concreto reforçado com fibras. 2011. 247p. Tese de doutorado Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.