ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DE PARÂMETROS DE SHOT PEENING NA DUREZA SUPERFICIAL E RUGOSIDADE DO AÇO ASTM A743-CA6NM

Documentos relacionados
ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DE PARÂMETROS DE SHOT PEENING NA DUREZA SUPERFICIAL, RUGOSIDADE E TENSÃO RESIDUAL EM AÇO ASTM A743-CA6NM

PARTE 7: EFEITOS DE ENTALHE E DE TENSÕES RESIDUAIS. Fadiga dos Materiais Metálicos - Prof. Carlos Baptista EEL

Introdução Conteúdo que vai ser abordado:

FADIGA DOS MATERIAIS: INTRODUÇÃO E METODOLOGIA S-N FATORES MODIFICADORES

A INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO TÉRMICO PÓS SOLDAGEM PARA ALÍVIO DE TENSÕES NA DUREZA DA SOLDA COM MATERIAL DE ADIÇÃO ER410NIMO *

INFLUÊNCIA DO SHOT-PEENING E DA ANODIZAÇÃO CRÔMICA NA RESISTÊNCIA À FADIGA DA LIGA DE ALUMÍNIO 7475-T7351

ENRIQUECIMENTO SUPERFICIAL COM CROMO E NITRETAÇÃO DO AÇO IF EM DESCARGA ELÉTRICA EM REGIME ANORMAL

MOLAS DE SUSPENSÃO PRODUZIDAS EM DIFERENTES PROCESSOS DE JATEAMENTO. VIEIRA, R. F. P (1); Silva, O. M. M (2); Hashimoto, T. M (3)

INFLUÊNCIA DAS INTERAÇÕES ENTRE SENTIDO DE CORTE E PROPRIEDADES DA MADEIRA DE Pinus elliottii, NA RUGOSIDADE

Caracterização microestrutural do aço ASTM-A soldado por GMAW.

FORNO T4 (c/ Atm. Controlada) AUTOMATIZADO

ESTUDO DO DESGASTE ABRASIVO DE AÇO CARBONITRETADO EM DIFERENTES RELAÇÕES AMÔNIA/PROPANO

COMPARAÇÃO DE MOLAS DE SUSPENSÃO TEMPERADAS E REVENIDAS ENROLADAS A QUENTE E A FRIO

NOÇÕES DE SOLDAGEM. aula 2 soldabilidade. Curso Debret / 2007 Annelise Zeemann. procedimento de soldagem LIGAS NÃO FERROSAS AÇOS.

SOLDA POR FRICÇÃO EM AÇO CARBONO

DEFINIÇÃO DE PARÂMETROS DE TRATAMENTO QUE TORNEM O PERFIL DE DUREZAS DO AÇO SAE 4140 SIMILAR AO DE UM FERRO FUNDIDO NODULAR TEMPERADO E NITRETADO

Estudo comparativo de custo-rendimento entre granalha de aço e escória

ESTUDO DO PROCESSO DE LAMINAÇÃO DE FIOS DE COBRE: INFLUÊNCIA DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS E DA TEMPERATURA DE PROCESSAMENTO

CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS E MICROESTRUTURAIS E ANÁLISE DAS TENSÕES RESIDUAIS EM TUBOS SOLDADOS DE AÇO P110 E N80Q

ESTUDO DE TRATAMENTO TÉRMICO DE PINO J*

longitudinal para refrigeração, limpeza e remoção de fragmentos de solos provenientes da perfuração, Figura 10.

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO METAL-MECÂNICO APÓS CONFORMAÇÃO A QUENTE

GRSS. SOLDAGEM POR EXPLOSÃO Explosion WELDING

3 Material e Procedimento Experimental

RELAÇÕES ENTRE PARÂMETROS DE CORTE E ACABAMENTO SUPERFICIAL NA LIGA DE ALUMINIO 7050

5.3. ANÁLISE QUÍMICA 5.4. ENSAIO DE DUREZA

EFEITOS DO PROCESSO DE JATEAMENTO COM GRANALHAS NA MICROESTRUTURA E NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE UM AÇO SAE 1070.

Ensaio de Dureza. Propriedade utilizada na especificação de materiais

PRECIPITAÇÃO DA AUSTENITA SECUNDÁRIA DURANTE A SOLDAGEM DO AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX S. A. Pires, M. Flavio, C. R. Xavier, C. J.

AVALIAÇÃO DE ATRITO POR MEIO DE TESTE DO ANEL EM AÇO MÉDIO CARBONO. Anderson F. Lopes (acad. Ulbra) José C. K. de Verney (Ulbra)

3 - QUE TIPO DE PROBLEMA PODE OCORRER QUANDO SE REALIZA UM PONTO DE SOLDA?

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO METAL-MECÂNICO APÓS CONFORMAÇÃO A QUENTE

3 MATERIAIS E MÉTODOS

INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS DE TRATAMENTO NO RETORNO ELÁSTICO DA LIGA DE ALUMÍNIO AA7475 EM CONDIÇÕES DE CONFORMAÇÃO SOB FLUÊNCIA E ENVELHECIMENTO*

Estudo comparativo de custo-rendimento entre granalha de aço e garnet

EFEITOS DO TRATAMENTO CRIOGÊNICO DE 24 E 36 HORAS EM AÇOS D2 E D6

Simulação de Diferentes Tratamentos Térmicos na Aceitação do Aço 2,25Cr-1Mo Adotado em Equipamentos para Hidrotratamento de Derivados de Petróleo

INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE ELETROEROSÃO A FIO NAS PROPRIEDADES DO AÇO AISI D6.

Revestimentos e Metalização

AVALIAÇÃO DO PERFIL DE RUGOSIDADE OBTIDO COM NOVOS ABRASIVOS

ESTUDO DA USINABILIDADE DE AÇO AISI 1045 APÓS DIFERENTES TRATAMENTOS TÉRMICOS

Processos Mecânicos de Fabricação. Conceitos introdutórios sobre usinagem dos metais

Figura 1 - Dureza mínima bruta de têmpera necessária para obter dureza após revenido (1).

ANÁLISE METALOGRÁFICA DO AÇO INOX 304 SUBMETIDO A DIFERENTES ESFORÇOS MECÂNICOS

FIGURA 34 Superfície de falha CP5. Formação de rebarba na superfície de falha devido à haste permanecer em trabalha (rotação) após a fratura.

Disciplina: Projeto de Ferramentais I

ESTUDO DA CORRELAÇÃO ENTRE A ENERGIA DE IMPACTO ABSORVIDA E A ESPESSURA DOS CORPOS DE PROVA DE CHARPY-V*

ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DOS TIPOS DE PROCESSOS DE SOLDAGEM NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DAS JUNTAS SOLDADAS EM AÇO INOXIDÁVEL ASTM A743 CA-6NM

A superfície polida, geralmente, é avaliada a olho nu, e deve atender à algumas condições:

MANTA DE CARBETO DE TUNGSTÊNIO

ESFEROIDIZAÇÃO DO AÇO SAE 1080*

AÇOS INOXIDÁVEIS (Fe-Cr-(Ni))

3 Material e Procedimento Experimental

TM373 Seleção de Materiais Metálicos

INTRODUÇÃO EQUIPAMENTOS

CENTRO DE SERVIÇOS DE TRATAMENTO TÉRMICO. Soluções completas em tratamento térmico.

ESTUDO DO EMPREGO DE MATERIAIS SINTERIZADOS SUBMETIDOS A EXTRUSÃO A MORNO*

CENTRO DE SERVIÇOS DE TRATAMENTO TÉRMICO. Soluções completas em tratamento térmico.

A UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS DE SIMULAÇÃO NUMÉRICA NA OTIMIZAÇÃO DE PROJETOS DE MECANISMOS DE VÁLVULA GAVETA*

Autor(es) GUILHERME GORGULHO. Orientador(es) ANDRÉ DE LIMA. Apoio Financeiro FAPIC/UNIMEP. 1. Introdução

CARACTERIZAÇÃO DA RUGOSIDADE SUPERFICIAL ATRAVÉS DE TÉCNICA ULTRA-SÔNICA

PMR-3101 INTRODUÇÃO A MANUFATURA MECÂNICA Aula 5: Propriedades mecânicas: FRATURA E FADIGA

INFLUÊNCIA DA SOLDA NA VIDA EM FADIGA DO AÇO SAE 1020

Aula 11 Projetos 04 Considerações sobre projetos de fundição

TENSÕES RESIDUAIS INDUZIDAS POR SHOT-PEENING E DURABILIDADE DE MOLAS EM LÂMINA

FADIGA DE CONTATO DE FERRO FUNDIDO NODULAR NITRETADO POR PLASMA

ENSAIO DE DUREZA. F. Jorge Lino (Prof. Associado da FEUP/DEMEGI) Investigador do INEGI

GUIA PRÁTICO AÇOS E METAIS

Insertos Econômicos com 8 Arestas de Corte. Reduz o Custo no Desbaste de Canto

ANÁLISE MECÂNICA E MICROESTRUTURAL DE UM AÇO BAIXO CARBONO (ABNT 1015), SUBMETIDO À RECRISTALIZAÇÃO TÉRMICA PÓS-DOBRAMENTO.

PROPRIEDADES MECÂNICAS I Fundamentos

Propriedades dos Materiais Fadiga INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA PROGRAMA DE CIÊNCIA DOS MATERIAIS FADIGA

Estudo comparativo de custo-rendimento entre granalha de aço e óxido de aluminio.

LAMINAÇÃO EM UM E DOIS PASSES DA LIGA AA1100 PARA FABRICAÇÃO DE EVAPORADORES ROLL BOND. Fernando Frias da Costa, Kátia Regina Cardoso

ANÁLISE DOS FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO DE CRESCIMENTO DE TRINCAS NA CAMADA CEMENTADA DO AÇO 20MnCr5

COMPORTAMENTO À FADIGA EM CONTROLE POR TENSÃO DE AÇO INOXIDÁVEL FERRÍTICO*

AVALIAÇÃO DA MICROESTRUTURA DOS AÇOS SAE J , SAE J E DIN100CrV2 APÓS TRATAMENTOS TÉRMICOS*

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC CENTRO DE ENGENHARIA, MODELAGEM E CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES (BC 1105)

Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Diretoria de Graduação e Educação Profissional Departamento Acadêmico de Mecânica

A Tabela 2 apresenta a composição química do depósito do eletrodo puro fornecida pelo fabricante CONARCO. ELETRODO P S C Si Ni Cr Mo Mn

EFEITO DOS ELEMENTOS DE LIGA NOS AÇOS RSCP/ LABATS/DEMEC/UFPR

INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE USINAGEM NA INTEGRIDADE SUPERFICIAL E PROPRIEDADES DA LIGA DE AÇO INOX AUSTENÍTICO F138 E AISI 316L.

- Fornos primitivos, com foles manuais, ainda hoje usados na África Central - Fornos primitivos, com foles manuais, utilizados na europa medieval.

BREVE DISCUSSÃO DO COMPONENTE RUGOSIDADE EM AÇO CARBONO SAE 1045 e SAE 1035 NITRETADOS PELOS PROCESSOS: SAL, GÁS e PLASMA

Universidade Estadual de Ponta Grossa/Departamento de Engenharia de Materiais/Ponta Grossa, PR. Engenharias, Engenharia de Materiais e Metalúrgica

Estudo de falha do eixo de correia transportadora de Minério

MARTENSITA DE NITROGÊNIO OBTIDA PELO PROCESSO DE SHTPN EM AÇOS INOXIDÁVEIS FERRITICOS

EFEITO DA VARIAÇÃO DE PRESSÃO NA ETAPA DE COMPACTAÇÃO DA LIGA FE-NI-MO NO PROCESSO DA METALURGIA DO PÓ.

AUMENTO DA VIDA ÚTIL DE BOMBAS POR METALIZAÇÃO DE SUPERFÍCIE COM CARBETO DE TUNGSTÊNIO BASE COLBALTO POR MÉTODO HVOF.

PROCESSOS DE FABRICAÇÃO DE MOLAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA CURSO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS NITRION DO BRASIL LTDA.

Aula 6 Propriedades dos materiais

Existem diversas técnicas e procedimentos empregados visando o aumento das propriedades

AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO REVENIDO E DA TENACIDADE DO AÇO FERRAMENTA H13

Aspersão Térmica - Um Método Limpo e Eficiente para a Substituição do Cromo Duro

TRATAMENTOS TERMOQUÍMICOS A PLASMA EM AÇOS CARBONO PLASMA TERMOCHEMICAL TREATMENTS ON CARBON STEELS

RESISTÊNCIA À FADIGA DE CONTATO DE FERROS FUNDIDOS EM SUPERFÍCIES FRESADAS

LEVANTAMENTO DA CURVA DE TEMPERABILIDADE E CARACTERIZAÇÃO METALOGRÁFICA DO AÇO SAE-1140-D

ESTAMPAGEM ESTAMPAGEM

INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS DA TÊMPERA SUPERFICIAL A LASER POR DIODO NA DUREZA DO AÇO FERRAMENTA PARA TRABALHO A FRIO VF 800AT

Transcrição:

ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DE PARÂMETROS DE SHOT PEENING NA DUREZA SUPERFICIAL E RUGOSIDADE DO AÇO ASTM A743-CA6NM K. Bertuol 1, A. G. M. Pukasiewicz 1, G. B. Sucharski 2 1 Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, Pr, Brasil 2 Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Pr, Brasil Rua Albert Einsten 45, CEP 84032-015, Uvaranas - Ponta Grossa/PR. kauebertuol@gmail.com, anderson@utfpr.edu.br, gustavobavaresco@gmail.com Resumo: O presente trabalho tem como objetivo avaliar a influência da pressão, ângulo e distância de Shot Peening na microdureza superficial e rugosidade do aço ASTM A743-CA6NM. O aço CA6NM é normalmente empregado em peças que exigem elevadas propriedades mecânicas, e o Shot Peening é um processo que visa melhorar tais propriedades, sendo assim, o presente trabalho se justifica pelo fato de avaliar o comportamento do CA6NM quando submetido a este tratamento. No estudo, foram variados dois níveis de pressão, distância e ângulo de incidência das granalhas durante o jateamento. Notou-se um acréscimo na dureza superficial após o tratamento, onde o parâmetro mais influente foi o ângulo de ataque das granalhas. O fator que apresentou maior significância na rugosidade média foi a pressão do jateamento. Palavras-chaves: shot peening, CA6NM, microdureza, rugosidade. INTRODUÇÃO O aço martensítico ASTM A743 de grau CA6NM, foi desenvolvido visando suprir o mercado onde se requisita resistência a erosão por cavitação engajado com boa resistência mecânica e à corrosão (1). Atualmente, vem sendo praticado a fabricação de turbinas hidráulicas do tipo Francis e Pelton com a utilização exclusiva do aço CA6NM, uma vez que além de ótimas propriedades mecânicas apresenta boa soldabilidade e fácil fabricação (1). É importante ressaltar que para tal aplicação necessita-se de um material com elevada tenacidade e o CA6NM é uma boa escolha para atender a esse requisito (2). O jateamento por Shot Peening trata-se de um tratamento superficial de trabalho a frio, que utiliza-se de pequenas granalhas de aço, vidro ou cerâmica a serem propelidas com alta velocidade contra a superfície da peça a fim de aliviar as tensões residuais ali presentes (3), ou ainda, induzir a formação de tensão residual compressiva na superfície, o que, de forma geral aumenta a vida útil em fadiga. Por meio do 4716

jateamento por Shot Peening, é perceptível uma melhoria nas propriedades mecânicas superficiais dos materiais. O tratamento em questão além de efetuar um encruamento na superfície do componente, ainda promove um aumento na dureza, no limite de escoamento do material e na rugosidade final (4). Propriedades estas que influenciam significativamente na vida a fadiga dos componentes, na resistência a corrosão, e ainda, permite o controle dos parâmetros superficiais da peça como, rugosidade, porosidade, dureza, e eliminação de marcas de ferramenta (5). Existem diversas variáveis operacionais no processo de jateamento por Shot Peening, sendo elas: pressão de jateamento, ângulo de ataque, distância de jateamento, tempo de exposição, tipos de granalhas e velocidade das granalhas. Sendo assim, este trabalho busca estudar o perfil de rugosidade, microdureza superficial e perda de massa em chapa de aço CA6NM quando submetida a diferentes parâmetros de jateamento por Shot Peening. MATERIAIS E MÉTODOS O material a ser trabalhado neste estudo trata-se de um aço inoxidável martensítico fundido da classe ASTM A743 de grau CA6NM. Foram aplicados três parâmetros em dois níveis diferentes, para tanto foi utilizado um planejamento fatorial completo 2 k, onde k é igual ao número de parâmetros, resultando em um experimento estatístico igual a 2³, totalizando 8 amostras. Ângulo de ataque das granalhas, pressão do jateamento e distância do tratamento foram os parâmetros variáveis escolhidos no processo de Shot Peening. O parâmetro ângulo de ataque foi escolhido, uma vez que ele interfere na intensidade do tratamento. Será trabalhado com ângulos de 60 e 80 que são os valores médios trabalhados com granalhas de aço e vidro. Com relação a pressão do ar do tratamento, foram definidos valores de 35 e 53 psi devido a limitações técnicas no equipamento, as pressões foram controladas através de uma válvula reguladora no equipamento de Shot Peening. A respeito da distância do tratamento, variável que também interfere na intensidade e área do tratamento, os níveis trabalhados foram, 200 mm e 300 mm. A Tabela 1 apresenta de forma objetiva todos os parâmetros variáveis do tratamento de Shot Peening com seus respectivos valores. 4717

Tabela 1 - Variáveis do tratamento de Shot Peening com seus respectivos valores. Variáveis Valor I Valor II Ângulo de ataque das granalhas 60 80 Pressão do ar do tratamento 35 psi 53 psi Distância do tratamento 200 mm 300 mm O tempo de exposição ao tratamento será fixado em 30 segundos para cada amostra, tempo este necessário para uma total cobertura do tratamento. A granalha de aço trabalhada foi do tipo SAE S-390 (granulometria de 1 mm), esta escolha se dá pelo fato de ser uma das mais usuais na indústria. Os tratamento de Shot Peening com as combinações apresentadas na Tabela 2 foram executados. O equipamento utilizado para os tratamentos foi o jato de alta pressão para jateamento modelo JM 45, e uma cabine de jateamento, ambos localizados no laboratório de aspersão térmica da UFPR em Curitiba-PR. Tabela 2 - Combinações dos valores de cada variável na realização do Shot Peening. Variáveis I II III IV V VI VII VIII Ângulo de 60 60 60 60 80 80 80 80 ataque Pressão do ar 35 35 53 53 35 35 53 53 do tratamento (psi) Distância do tratamento (mm) 200 300 200 300 200 300 200 300 Para a execução dos tratamentos metade da área superficial do corpo de prova foi preservado. Para tanto, foi utilizado uma cobertura com uma simples chapa metálica, sendo assim a área sujeitada ao tratamento foi em torno de 800 mm² (20x40 mm). Este procedimento é justificado pelo fato de posteriormente facilitar a análise e comparação da região tratada e a região não tratada. Conforme Figura 1. 4718

Figura 1 Foto da superfície de uma das amostras após tratamento, demonstrando a superfície jateada (direita) e não jateada (esquerda), dimensões externas 40 x 40 mm. Após realizar o Shot Peening sobre metade da superfície da amostra, foi possível verificar a rugosidade e microdureza de ambas as superfícies dos corpos de prova, visando comparar os valores de antes e depois do Shot Peening. A análise da microdureza superficial foi feita pelo Durômetro Time Vickers localizado no laboratório de preparação metalográfica (DAMEC) da UTFPR-PG, com aplicação de carga de 300 gf e 16 medidas para cada uma das amostras. A rugosidade média Ra foi analisada por meio de um Perfilômetro ótico TAYLOR HOBSON modelo CCI, com o auxílio do software TalyMap Gold 6.2 com lente de 50X, localizado no laboratório de preparação metalográfica (DAMEC) da UTFPR-PG. RESULTADOS E DISCUSSÃO ANÁLISE DA VARIAÇÃO DA MICRODUREZA SUPERFICIAL APÓS SHOT PEENING Na Tabela 4 e Figura 2, são apresentados os níveis de dureza superficial para cada corpo de prova ensaiado, destacando os valores de dureza obtidos na superfície jateada e não jateada. Tabela 4 - Dureza superficial dos corpos de prova sob tratamento de Shot Peening. Corpo de prova Dureza superficial sem Shot Peening (HV) Dureza superficial após o Shot Peening (HV) Acréscimo de dureza superficial (HV) Percentual de acréscimo 1 280±5,54 363±31,52 83 29,6% 2 305±9,54 366±17,83 61 20,0% 4719

3 314±7,84 391±22,38 77 24,5% 4 286±6,04 340±20,95 54 18,9% 5 306±8,04 352±18,69 46 15,0% 6 305±6,77 340±19,49 35 11,5% 7 306±6,83 338±18,76 32 10,5% 8 312±7,59 339±15,90 27 8,7% 420 400 24,5% Sem Shot Peening Com Shot Peening % Aumento percentual Dureza Superficial (HV 0,3 ) 380 360 340 320 300 29,6% 20,0% 18,9% 15,0% 11,5% 10,5% 8,7% 280 260 1 2 3 4 5 6 7 8 Experimento Figura 2 - Gráfico que apresenta a dureza superficial dos corpos de prova sob tratamento de Shot Peening. Por meio da Tabela 4 e Figura 2, é possível notar um aumento percentual mais elevado na dureza superficial, principalmente em função do ângulo de ataque das granalhas (comparativo entre as 4 primeiras amostras com as 4 últimas). Enquanto que para a distância e pressão do tratamento não houve mudanças tão significativas. Com os dados da tabela 4, foi possível elaborar gráficos que apresentem a variação individual de cada uma das variáveis do tratamento com um grau de certeza de 95% (Figura 3, 4 e 5), juntamente com um gráfico de barras que visa demonstrar o índice de significância de cada variável em função do resultado final (Figura 6). 4720

Figura 3 - Gráfico que apresenta a variação da dureza em função dos diferentes níveis de ângulo de ataque ensaiados. Figura 4 - Gráfico que apresenta a variação da dureza em função dos diferentes níveis de pressão do jateamento. Figura 5 - Gráfico que apresenta a variação da dureza em função dos diferentes níveis de distância do jateamento. 4721

Figura 6 - Gráfico que apresenta a índice de significância de cada variável no resultado final de dureza. Sendo assim, o resultado do experimento foi contrário com a teoria de Rego, 2011 (6) que afirma que quanto maior o ângulo de ataque, maior seria a intensidade do tratamento. No entanto, este trabalho está de acordo com a teoria de Rohweder et al, 2011 (7) que afirma que se o ângulo de ataque for muito grande existirá o choque das granalhas ricocheteadas com as incidentes. Portanto, neste estudo, foi observado que o ângulo de incidência de 80 foi o suficiente para que houvesse perda na eficiência do tratamento devido a colisão entre as granalhas, o que fez com que para 60, mesmo que apresente uma componente vertical da força inferior, resultasse em um acréscimo de dureza superficial superior ao ângulo de 80. ANÁLISE DO PERFIL DE RUGOSIDADE RESULTANTE DO TRATAMENTO DE SHOT PEENING Com o auxílio do perfilômetro com lente de 50X, foi possível gerar perfis de rugosidade tridimensionais das superfícies jateadas e não jateadas de cada amostra. Na Figura 7 a seguir, é possível visualizar a clara mudança no perfil de rugosidade após o tratamento de Shot Peening. 4722

(a) (b) Figura 7 Vista tridimensional do perfil de rugosidade da superfície não jateada do corpo de prova número 1 (a) e após jateamento (b). Fonte: Software TalyMap. Por meio das imagens tridimensionais da Figura 7, observa-se a diferença entre as superfícies jateadas e não jateadas. Nas imagens das superfícies não jateadas percebe-se como acabamento final o processo de usinagem, inclusive até a direção do lixamento e seus baixos níveis de rugosidade. Na superfície jateada nota-se a presença de diversas cavidades, cavidades estas oriundas da incidência das granalhas sobre a peça durante o jateamento por Shot Peening. Os valores de rugosidade Ra são apresentados na Tabela 5 e na Figura 8, em função de cada combinação de parâmetros. Convém destacar que nesta tabela os valores de rugosidade são dados para ambas as superfícies de cada amostra, superfície jateada e não jateada. Corpo de prova Tabela 5 - Rugosidade Ra dos corpos de prova. Ra da Ra da Diferença Acréscimo superfície superfície de percentual sem Shot após Shot rugosidade Ra Peening Peening Ra (µm) (µm) (µm) 1 0,0540 1,710±0,25 1,6560 3067% 2 0,0418 1,700±0,35 1,6582 3967% 3 0,0627 1,940±0,35 1,8773 2994% 4 0,0576 1,880±0,43 1,8224 3164% 5 0,0315 1,610±0,26 1,5785 5011% 6 0,0393 1,730±0,35 1,6907 4302% 7 0,0407 1,780±0,38 1,7393 4273% 8 0,0634 1,830±0,49 1,7666 2786% 4723

Rugosidade Ra (µm) 2,6 2,4 2,2 2,0 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 1 2 3 4 5 6 7 8 Experimento Ra sem Shot Peening Ra com Shot Peening 0,049µm - Média Ra sem Shot Peening Figura 8 - Gráfico que apresenta a rugosidade dos corpos de prova sob tratamento de Shot Peening. Através dos valores obtidos na Tabela 5 foi possível elaborar gráficos que apresentam a variação individual de cada variável do tratamento na rugosidade média Ra, com um grau de confiabilidade de 95% (Figura 9, 10 e 11), juntamente com um gráfico de barras que demonstra o índice de significância de cada variável na rugosidade média Ra (Figura 12). Figura 9 - Gráfico que apresenta a variação da rugosidade média Ra em função dos diferentes níveis de ângulo de ataque ensaiados. 4724

Figura 10 - Gráfico que apresenta a variação da rugosidade média Ra em função dos diferentes níveis de pressão do jateamento. Figura 11 - Gráfico que apresenta a variação da rugosidade média Ra em função dos diferentes níveis de distância do jateamento. Figura 12 - Gráfico que apresenta a índice de significância de cada variável na rugosidade média Ra. 4725

Se relacionarmos as Figuras 9, 10, 11 e 12, nota-se que o principal parâmetro e o que apresenta maior significância na rugosidade média Ra foi a pressão do jateamento. Enquanto que o ângulo de ataque e distância do jateamento não apresentaram influência significativa no resultado da rugosidade Ra. CONCLUSÃO O processo de Shot Peening se mostrou capaz de promover alterações na dureza superficial e na rugosidade das chapas. Em relação a microdureza, houve acréscimo significativo na dureza superficial após o jateamento, sendo que o fator que mais influenciou no endurecimento superficial foi o ângulo de ataque. Notou-se que 80 foi o suficiente para que houvesse perda na eficiência do tratamento, tornando 60 mais efetivo. Para rugosidade Ra, o parâmetro que apresentou maior significância foi a pressão do jateamento. Convém ressaltar que o ângulo de ataque e distância do jateamento não apresentaram influência significativa no resultado da rugosidade Ra. REFERÊNCIAS (1) ALLENSTEIN, A.N. Estudo da resistência à cavitação do aço inoxidável Martensítico CA6-NM Nitretado por plasma. 2007. (2) PUKASIEWICZ, M.G.A. Propagação de trincas por fadiga em juntas soldadas do aço inoxidável martensítico tipo CA6NM. 2002. Tese de Doutorado. Dissertação de mestrado, Curitiba. (3) BLODGETT, M.P.; NAGY, P.B. Eddy current assessment of near-surface residual stress in shot-peened nickel-base superalloys. Journal of Nondestructive Evaluation, v. 23, n. 3, p. 107-123, 2004. (4) SCURACCHIO, Bruno Geoffroy. Tensões residuais induzidas por Shot Peening e durabilidade de molas em lâmina. 2012. Tese (Doutorado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. 4726

(5) HIGOUNENC, O. Correlation of Shot Peening parameters to surface characteristic. Schulze, V. and Niku-Lari, A.(eds). Shot Peening and other Mechanical Surface Treatments, IITT-International, Marne la Vallee, v. 28, 2005. (6) REGO, R.R. Influência do uso de Distribuição Bimodal de Classes de Granalha no Processo de Shot Peening sobre o Perfil de Tensões Residuais de Engrenagens. SENAI Cimatec. Salvador, 2011. (7) ROHWEDER, A. et al. Shot Peening jateamento por granalha. Centro universitário Católica de Santa Catarina, Curso de Engenharia mecânica ciência e tecnologia dos materiais, 2011. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/91647086/shot-peening-jateamento-por-granalha- Ciencia-e-Tecnologia-dos-Materiais>. Acesso em: 10 jan. 2014. ANALYSIS OF SHOT PEENING PARAMETERS ON SURFACE HARDNESS AND RUGOSITY OF ASTM A743-CA6NM STEEL Abstract: The objective of this work is to evaluate the influence of Shot Peening pressure, angle and distance on surface hardness and roughness in ASTM A743- CA6NM steel. CA6NM steel is normally used in parts that require high mechanical properties, and Shot Peening is a process that aims to improve such properties, so the present work is justified by the fact of evaluating the behavior of CA6NM when exposed to this treatment. In the study, two levels of pressure, distance and angle of incidence were varied during the treatment. As a result, an increase in surface hardness after Shot Peening was observed, where the most influent parameter was the angle of grits attack. The factor that presented the greatest significance in the average roughness was Shot Peening pressure. Keywords: shot peening, CA6NM, hardness, roughness. 4727