NATAL DO SENHOR 25 de dezembro de 2015 MISSA DA NOITE DO NATAL Não tenhas medo! Eu vos anuncio uma grande alegria que o será para todo o povo (Lc 2,10) Leituras: Isaías 9, 1-6; Salmo 95 (96); Carta de São Paulo a Tito 2, 11-14; e Lucas 2, 1-14. COR LITÚRGICA: BRANCA OU DOURADA Animador: No Natal, celebramos a vinda de Jesus Cristo. O Papa Francisco inicia a sua Bula de Proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia dizendo: Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai. O mistério da fé cristã parece encontrar nestas palavras a sua síntese. Tal misericórdia tornou-se viva, visível e atingiu o seu clímax em Jesus de Nazaré (MV 1). No Natal, a misericórdia de Deus vem ao nosso encontro na pessoa de Jesus Cristo. Devemos ver nele e aprender dele as exigências da misericórdia, assim como nos alegrar, porque Deus nos ama tanto. 1. Situando-nos No Natal celebramos o nascimento de Jesus, o Filho de Deus que assume a condição humana. A salvação entra definitivamente em nossa história pela porta dos pequenos, e a contemplamos na singeleza do Menino de Belém, na visita dos pastores e dos magos ao presépio, no Batismo de Jesus no Jordão, quando o Pai proclama que esse é seu Filho amado a quem devemos ouvir. Natal não é simples comemoração do nascimento de Jesus, mas a realização da promessa de Deus de fazer uma aliança eterna de amor com toda a humanidade e de restabelecer o seu reinado no mundo. Assumindo nossa condição humana e deitado na manjedoura de Belém, Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai. Recordando o nascimento de Jesus em Belém, pobre entre os pobres, junto com Maria e José, com os pastores de ontem e de hoje, acolhemos o anúncio dos anjos e a proclamação da paz a todos os filhos amados de Deus. Celebramos a páscoa de Jesus Cristo que acontece em sua Encarnação no seu ato solidário de assumir a nossa condição humana, nossa corporeidade com suas necessidades vitais; nossas alegrias e tristezas nossas audácias e fraquezas, nossas conquistas e nossos fracassos. 1
2. Recordando a Palavra O evangelista Lucas situa historicamente a ida de Maria e José a Belém e o nascimento de Jesus na pobreza, na época de César Augusto, imperador romano desde o ano 27 antes de Cristo. A viagem tem como finalidade o recadastramento ordenado pelo imperador para arrecadar impostos. O império romano exerce um poder de dominação sobre as pessoas, explorando-as. O nascimento de Jesus nesse tempo e lugar revela que a salvação não vem dos poderosos, mas de um pobre, filho de marginalizados e explorados. José e Maria, sobem, vindo de Nazaré, na Galileia, para Belém, cidade de Davi, na Judeia, para se recensearem, porque eram da casa e família de Davi. Maria estava nos últimos dias de gravidez e aí completaram-se os dias para o parto. E ela deu à luz ao filho primogênito, envolveu-o com faixas e colocou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Ao descrever o nascimento de Jesus, Lucas estabelece um paralelismo com a morte e ressurreição do Messias: José de Arimateia: desceu o corpo da cruz, enrolou-o num lençol e colocou-o num túmulo escavado na rocha (Lc 23, 53ª). O evangelista descreve o nascimento do Messias à luz do evento central da nossa fé. Seu nascimento já é anúncio de sua morte. Narrativa do nascimento de Jesus em Belém, apresenta Jesus como o Messias pobre, nascido entre os pobres pastores, que estavam nos campos, guardando o rebanho à noite. O Messias recémnascido escolhe caminhos novos não percorridos pelos poderosos de sua época. Além dos pastores, surge o Anjo do Senhor, sua glória e luz. Na Bíblia, a glória do Senhor designa a manifestação visível do mistério de Deus. Lucas a atribui a Jesus na transfiguração, na ressurreição em sua segunda vinda. Os pastores se atemorizam ante a aparição e o anúncio do Anjo de que lhes diz: Não tenham medo! Dou-lhes uma boa notícia! Alegria para todo o povo! Os pastores viviam à margem da comunidade, por isso eram malvistos e desconsiderados. Mas eles são os favorecidos por serem gente simples, sem preconceitos, receptivos à revelação de Deus. O Sinal que lhes é oferecido é um menino na pobreza e humildade. E ao anjo juntou-se uma multidão celestial que louvava a Deus dizendo: Glória a Deus no alto, e na terra paz à humanidade que Ele ama! Paz aos que são objetos da misericórdia divina, não por iniciativa humana, mas por vontade de Deus. O cristianismo leu a profecia de Isaías 9, 1-6 a luz do nascimento, vida, morte e ressurreição de Jesus. O profeta nos anuncia que chegou a salvação para os pobres e oprimidos. Em um rito solene, o recém-nascido recebe um manto sobre seus ombros e um nome de coroação, evitando o nome de rei: Conselheiro maravilhosos, admirável mais sábio do que Salomão, capaz de fazer justiça ao povo. Deus forte, Guerreiro divino mais forte que Davi, defendendo o povo das ameaças eternas, pois tem a força de Deus. Pai, chefe perpétuo, para sempre supera a liderança de Moisés, conduzindo o povo à Terra definitiva. Príncipe da paz por seu projeto de vida, exercício do direito e da justiça em defesa do povo oprimido, criará a paz. Seu nome revela seu agir a favor do povo sofrido. 2
O Salmo 96 (95) pertence ao conjunto dos hinos, considerado salmo de realeza do Senhor. O Senhor é merecedor de um canto novo, porque é criador, libertador e rei universal. O seu governo e administração se caracterizam pela retidão, justiça e fidelidade. O Senhor é aliado da humanidade, soberano do universo e da história. Devemos proclamar isto, desmascarando tudo o que pretende ocupar o lugar de Deus. A criação inteira é convidada a festejar nosso Deus (Cf. Jesus veio nos indicar os caminhos do Reino. Roteiros Homiléticos para o tempo do Advento Natal Tempo Comum. Ano B São Marcos. Brasília. Edições CNBB, 2014, p.42). A carta de Paulo a Tito, nos traz uma síntese catequética das grandes linhas de comportamento particular e social. O ponto de partida é a manifestação da clemencia de Deus, o seu favor, a sua graça que se expressam na encarnação do Filho, para a salvação de todos. Vivendo em meio a uma sociedade violenta e corrupta, os cristãos são convocados a viver a novidade do Evangelho de Jesus Cristo. Por um lado, é necessário romper com as atitudes e paixões do mundo, modo de viver contrário ao que Deus nos revelou no Messias. Professando nossa fé com equilíbrio, moderação, justiça e piedade à espera desta bem-aventurada esperança a manifestação gloriosa de Jesus Cristo, que se entregou totalmente para nos resgatar e purificar. Agora este amor tornou-se visível e palpável em toda a vida de Jesus. A sua pessoa não é senão amor, um amor que se dá gratuitamente (Misericordiae Vultus, n.8) 3. Atualizando a Palavra Hoje é dia de Boa Notícia! Deus fiel e solidário com a humanidade e a humanidade pode tomar novo rumo. A glória de Deus é que a humanidade toda viva, é ação concreta repercutindo na Terra trazendo a paz para todos. Esta noite nos conduz às fontes de nossa fé. Noite de luzes, cores, cheiros, sons, cantos e diálogos. Jesus nasceu em Belém, a casa do pão, e foi rodeado de pobres, pastores e animais. Na marginalidade, o Filho de Deus tornou-se um de nós, fez-se criança, entrou na História da humanidade e no mundo criado. A Palavra fez-se gente pequena, em um lugar pequeno, entre pequenos para o ser o Emanuel, Deus-conosco para sempre. Nasce Jesus, insignificante ante os olhos da força cínica de Herodes e força endeusada do imperador de Roma; reconhecido apenas pelos que não tinham poder na terra, mas que estavam atentos aos sinais de Deus. Jesus nasceu de Maria, no seio de um povo sofrido e dominado em lugar e época bem concretos, Se falarmos apenas em Jesus que nasce em nossos corações, em nossas famílias, a encarnação poderá tornar-se uma abstração, ou um sentimento parcial. O Natal manifesta a irrupção de Deus a história humana com a seriedade de sua fidelidade às promessas de restauração de suas criaturas desviadas do projeto fundamental do Pai. Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai. O mistério da fé cristã parece encontrar nestas palavras a sua síntese. Tal misericórdia tornou-se viva, visível e atingiu o seu clímax em Jesus de 3
Nazaré. O Pai, rico em misericórdia (Ef 2,4), depois de ter revelado o seu nome a Moisés como Deus misericordioso e clemente, vagaroso na ira, cheio de bondade e fidelidade (Ex34,6), não cessou de dar a conhecer, de vários modos e em muitos momentos da história, a sua natureza divina. Na plenitude do tempo (Gl 4,4), quando tudo estava pronto segundo o seu plano de salvação, mandou o seu Filho, nascido da Virgem Maria, para nos revelar, de modo definitivo, o seu amor. Quem O vê, vê o Pai (cf. JO 14,9). Com a sua palavra, os seus gestos e toda a sua pessoa, Jesus de Nazaré revela a misericórdia de Deus (Misericordiae Vultus, n.1). 4. Ligando a Palavra com a ação eucarística Toda a celebração é hoje profissão de fé, grande ato de adoração, hino de louvor jubilosamente entoado pela salvação que entra definitivamente em nossa história e realiza com todo o universo a nova criação. Agradecemos ao Pai por ter realizado em Jesus Cristo um verdadeiro enlace nupcial com toda a humanidade. Terra e céu trocam os seus dons: Deus entra em nossa frágil humanidade tornandoa, em Jesus, plenamente humana e, portanto, divina: Ao tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos eternos... (Cf. Missal Romano. Prefácio do Natal do Senhor, III, p. 412). Pela participação na Eucaristia, vivemos o sentido profundo do Natal: O Verbo de faz carne em nós! PRECES DOS FIÉIS Presidente: Com o coração repleto de alegria pela celebração do Natal do Senhor, elevemos nossas preces ao Pai. Leitor 1: O Papa Francisco diz em sua Bula do Ano da Misericórdia: A Igreja tem a missão de anunciar a misericórdia de Deus, coração pulsante do Evangelho, que por meio dela deve chegar ao coração e à mente de cada pessoa (MV 12). Leitor 2: Senhor, que o Natal seja marcado pela presença evangelizadora da Igreja anunciando a misericórdia. Peçamos: Todos: (cantado) Vossa Igreja eleva um clamor, escutai nossa prece Senhor! Leitor 1: O Papa Francisco diz em sua Bula do Ano da Misericórdia: Redescubramos as obras de misericórdia corporais: dar comida aos famintos, dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, acolher o estrangeiro, assistir aos doentes, visitar os presos, sepultar os mortos (MV 15) Leitor 2: Senhor, que nossos governantes possam sempre estar atentos às necessidades dos nossos irmãos e irmãs. Peçamos: Leitor 1: O Papa Francisco diz na sua Bula do Ano da Misericórdia: Em todas as necessidades, o que movia Jesus era apenas a misericórdia, com a qual lia no coração dos seus interlocutores e dava resposta às necessidades mais autênticas que tinham (MV 8). Leitor 2: Senhor por todos nossos irmãos e irmãs sofredores, para que possam encontrar em Cristo este olhar de misericórdia. Peçamos: 4
Leitor 1: O Papa Francisco diz em sua Bula do Ano da Misericórdia: É meu desejo sincero de que o povo cristão reflita durante o jubileu sobre as obras de misericórdia corporais e espirituais. Será um modo para despertar a nossa consciência, muitas vezes adormecida diante do drama da pobreza e para entrar cada vez mais no coração do Evangelho (MV 15). Leitor 2: Senhor, que neste Natal, nossa comunidade possa estar atenta às necessidades dos nossos irmãos e irmãs. Peçamos: (Outras intenções) Presidente: Ó Senhor, com a luz do teu Espírito, ajuda-nos a descobrir em Jesus a tua face humana e misericordiosa, e nos irmãos e irmãs a tua face de Pai. Por Cristo, nosso Senhor. Todos: Amém III. LITURGIA EUCARÍSTICA ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS: Presidente: Acolhei, ó Deus, a oferenda da festa de hoje, na qual o céu e a terra trocam os seus dons, e dai-nos participar da divindade daquele que uniu a vós a nossa humanidade. Por Cristo, nosso Senhor. ORAÇÃO PÓS-COMUNHÃO: Presidente Ó Senhor nosso Deus, ao celebrarmos com alegria o Natal do nosso Salvador, dai-nos alcançar por uma vida santa seu eterno convívio. Por Cristo, nosso Senhor. BÊNÇÃO E DESPEDIDA: Presidente: O Deus de infinita bondade, que, pela encarnação do seu Filho, expulsou as trevas do mundo e, com seu glorioso nascimento, transformou esta noite santa, expulse dos vossos corações as trevas dos vícios e vos transfigure com a luz das virtudes. Presidente: Aquele que anunciou aos pastores pelo anjo a grande alegria do nascimento do Salvador, derrame em vossos corações a sua alegria e vos torne mensageiros do Evangelho. Presidente: Aquele que, pela encarnação de seu Filho, uniu a terra ao céu, vos conceda sua paz e seu amor e vos torne participantes da Igreja celeste. Presidente: Abençoe-vos o Deus todo-poderoso, Pai + e Filho e Espírito Santo. Presidente: Vamos em paz e que o Senhor vos acompanhe. Todos: Graças a Deus. 5