Sacramento do Matrimónio (tema dois)
1. Luzes e sombras da Família actual: a) Influência cultural - instabilidade, culto do provisório, do prazer, do consumo e bem estar, da facilidade, do individualismo, irresponsabilidade (sem valores), cultura de morte, mediatizada (Meios de C. social, 4º poder). b) Influência sócio-económica urbanismo, desemprego, injustiça fiscal, pouco apoio à maternidade, sida, droga, delinquência c) Fragilidades internas independência dos cônjuges, as traições ao amor e à vida, pobreza da dimensão espiritual (indiferença perante Deus, sem oração e vida eclesial), divórcios (50% ; USA 75%).
2. Que tipo de família Antes sabíamos de que família estávamos a falar. Hoje há uma multiplicidade de tipos de família: nuclear (sem filhos), à experiência, monoparental, reconstruída, pluralidade cultural (mundo de leste) e religiosa (muçulmanos, judeus), com pluralidade de critérios. Uma nova modalidade (G8), M. homossexual.
I. A Dimensão humana do Matrimónio 1.1. O Matrimónio como realidade natural dois namorados sentados juntos à praia declaram: quero ser teu, quero ser tua, para sempre. Nada nos vai separar. O Amor é uma realidade humana, natural e não imposta por qualquer estado ou religião. Estamos pois, perante: virilidade e feminilidade (um homem e uma mulher) livres e apaixonados (liberdade e amor) numa relação estável ( nada nos vai separar ) num amor fecundo (paternidade e maternidade).
1.2. Matrimónio como realidade humana Do Eros -> ágape -> filia (ver: Deus caritas est ) Assistimos à cultura do corpo e do prazer. O eros é reduzido a puro sexo e torna-se mercadoria, uma coisa que se pode comprar e vender. O corpo e a sexualidade são vistos como parte meramente material de si mesmo a usar e explorar com proveito, relegado a algo puramente biológico. Mas o eros quer elevar-se em êxtase para o Divino. Mas isso requer um caminho de ascese, renúncias, purificações. É o amor dado e oferecido ao outro, que não procura apenas a imersão no inebriamento da felicidade; procura o bem do amado (Cântico dos Cânticos).
Em todo o processo amoroso há uma atracão física, paixão (eros), que deve levar a pessoa a descobrir o outro não como coisa mas como pessoa. Passar do físico, do irracional., da paixão à comunhão a dois (ágape). Esta conduz ao verdadeiro amor, à amizade profunda. O Processo amoroso vai: da atracção física -> ao namoro -> noivado -> ao casamento.
2.1. O Matrimónio como realidade espiritual (Sacramento-Aliança) Visão Bíblica Comentário ao livro do Génesis (ver Gén. 2 - Mat.19,3-8) Estes dois textos dão-nos a visão do matrimónio na sua essência: do sonho de Deus -> à miséria humana -> reabilitação feita por Jesus.
Do sonho de Deus: O homem criado à imagem de Deus (Gén.1 e 2) Deus disse: façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Domine sobre os peixes do mar e sobre as aves do céu Então Javé fez cair sobre o homem um sono profundo, e este adormeceu. Tirou-lhe uma costela da costela que tirou do homem e edificou uma mulher e apresentou-a ao homem. O homem exclamou: desta vez, sim! É osso de meus ossos e carne da minha carne! Esta chamar-se-á mulher, isto é, humana, porque foi tirada do homem. É por isso que o homem deixará pai e mãe, e unir-se-á à sua mulher e serão uma só carne.
Gén. 1 Sublinha a dignidade do homem e da mulher criados à imagem de Deus. A família é a imagem mais perfeita da Trindade Santíssima: o pai e a mãe unidos geram o filho num vínculo de amor. Gén. 2. Sublinha: igualdade do homem e da mulher, faz-lhe um ser igual a ele: osso dos meus ossos, carne da minha carne. - Diversificação sexual criou-os homem e mulher para serem comunhão, complementaridade.
- comunhão espiritual e corporal: crescei e multiplicai-vos deixará o pai e a mãe para se unir à sua mulher e os dois serão um, só viu Deus que era bom - Intimidade com Deus Deus vinha passear com eles todas as tardes
O Homem Histórico (Gén.3) Pecado original (que se esconde de Deus e destrói o seu projecto): Chamou então Deus pelo homem: onde está? Ao que ele respondeu: ouvi o rumor de teus passos no Jardim e tive medo, porque estava nu, e escondi-me: de novo perguntoulhe: Quem te deu a conhecer que estavas nu? Comeste acaso da árvore da qual te proibi de comer? Respondeu o homem: A mulher que puseste na minha companhia foi quem me deu da árvore e eu comi. Disse Deus `a mulher: Que fizeste? E a mulher respondeu: A serpente enganou-me e eu comi
O homem passa a estar vestido nasce a concupiscência do olhar, de querer dominar o outro a nudez original muda-se em vergonha; a relação entre o homem e a mulher altera-se dominada pelo marido ; Perigo da infidelidade e do fracasso.
Redenção de Cristo Perguntaram a Jesus: é licito ao homem repudiar a sua esposa por qualquer motivo? Ele respondeu: não lestes que o Criador os fez homem e mulher e disse: por isso o homem deixará pai e mãe e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne?... ao princípio não foi assim (Mat. 19, 3-8)
- Cristo, perante a banalidade do divórcio do seu tempo, remete ao homem original, ao projecto original. Para isso, é necessária a graça de Deus, o coração novo redimido por Ele, que gera corações Bem-Aventurados. - A relação do homem com a mulher é vista no amor de Cristo com a Igreja, que se dá a ponto de dar a vida por ela.
* Matrimónio Sacramento O Salvador vem ao encontro dos esposos cristãos com o sacramento do matrimónio e permanece com eles, para que, assim como Ele amou a Igreja e se entregou por ela, de igual modo os cônjuges, dando-se um ao outro, se amem em perpétua fidelidade. O autêntico amor é assumido no divino os esposos são fortalecidos e como que consagrados em ordem aos deveres do seu estado por meio de um sacramento especial. (G et Spes)
- O matrimónio é sinal do amor de Deus e eficaz, mas pode não o ser por dois motivos: pela falta de fé (não entrar no projecto de Deus), ou pela falta de verdadeiro amor (base do matrimónio). - Sois ministros de um sacramento que perdura. O padre é testemunha qualificada, não vos casa, casais-vos ao prestar o vosso mútuo consentimento na presença da Igreja. -O sacramento supõe: um chamamento (vocação) -um dom a receber (graça) -e uma missão (ser casal cristão)
O Matrimónio na visão Eclesial (Direito Canónico) Definição: O matrimónio é a aliança pela qual o homem e a mulher constituem entre si a comunhão de toda a vida, ordenada pela sua índole natural ao bem dos cônjuges e à geração e educação dos filhos, foi elevada por Cristo à dignidade de Sacramento. (c.1055)
Para casar a Igreja exige: - pessoas hábeis (livres de impedimentos: (12) idade, não casado, não familiar (tio-sobrinha, primos direitos), baptizados - capacidade suficiente : maturidade c. 1095- (casos de droga, álcool), liberdade (coação interna ou externa), verdade (erro doloso-engano do outro deliberadamente), ou seja, livres de vícios da Inteligência (ver) e da vontade (querer).
- assumir as propriedades do Matrimónio: unidade (contra a infidelidade), indissolubilidade (para sempre), abertura aos filhos (fecundidade) 3 bens do matrimónio. - Consentimento: acto da vontade pelo qual o homem e a mulher, por acto irrevogável, se entregam e aceitam mutuamente a fim de constituírem o matrimónio (c. 1057 &2). -. Legitimamente manifestado Forma canónica: um homem, uma mulher, duas testemunhas e o padre ou diácono.
III. Processo Devo dirigir-me à Conservatória do Registo Civil e tratar do processo civil cerca de 6 meses antes do casamento (180 dias de licença). Certificado da Conservatória ou casamento civil. - Licença do Bispo que supõe: ter a Certidões de Baptismo, e de estado livre, inquérito e a respectiva preparação.
IV. Os dez Mandamentos do Casal Cristão : V. Alertas a ter em conta (ver anexo) VI. A infidelidade
VII. Ter uma Espiritualidade Espiritualidade, significa aquilo que orienta as nossas vidas, a redescoberta de Deus nas nossas vidas, a que a Igreja chama: espiritualidade conjugal. Os principais pilares desta espiritualidade são: viver em comunhão oração pessoal, conjugal, familiar espírito de sacrifício diálogo perdão vida eclesial.
IV. Os dez Mandamentos do Casal Cristão : 1.- Direito / Dever aos actos íntimos, de modo humano, como relação amorosa O Matrimónio constitui-se como comunidade inter-sexual. A relação sexual deve ser a expressão do amor conjugal que deve ser: livre, total, fecundo, fundado numa promessa e decisão.
IV. Os dez Mandamentos do Casal Cristão : 2.- Direito / Dever à comunidade de vida e amor Ao casar, os esposos constituem uma comunidade, isto significa da parte de cada um: maturidade humana, equilíbrio suficiente, relação de amizade inter-pessoal e inter-sexual, capacidade de participação, igualdade fundamental, respeito mútuo, fidelidade, coabitação, assistência mútua supõe ter em conjunto: amor, projectos, fins, regras e etapas a cumprir.
IV. Os dez Mandamentos do Casal Cristão : 3.- Direito / Dever ao desenvolvimento consensuado dos fins do matrimónio Tudo na família deve ser decidido em conjunto. Evitar dois extremos: o reducionismo, só um decide; ou viver separados como dois desconhecidos
IV. Os dez Mandamentos do Casal Cristão : 4.- Direito / Dever à abertura aos filhos Estais dispostos a receber os filhos como dom de Deus? Estou sim. Numa sociedade anti-vida importa sublinhar a generosidade: -os filhos como dom de Deus ( bênção), cooperadores na obra criadora de Deus - a família como santuário da vida - sinal pascal - fruto de um amor transbordante, na própria
IV. Os dez Mandamentos do Casal Cristão : 5.- Direito / Dever a educar os filhos Os pais têm a obrigação gravíssima e o direito primário de cuidar, na medida das suas forças, da educação dos filhos, tanto física, social e cultural, como moral e religiosa (c.1136). A FC. sublinha que esta educação é um ministério, um autêntico sacerdócio (nº 39). -Evitar os órfãos de pais vivo
IV. Os dez Mandamentos do Casal Cristão : 6.- Direito / Dever a guardar fidelidade Prometo ser-te fiel Fidelidade não é apenas não ter outra pessoa, não adulterar, mas uma fidelidade positiva, criadora, que leve a ser uma só carne a casarem cada dia os temperamentos, as opções, as maneiras de ser. Razões: Antropológica o amor exige fidelidade. Teológica como o amor de Cristo pela Igreja
IV. Os dez Mandamentos do Casal Cristão : 7.- Direito / Dever à mútua perfeição material O sonho de o amor e uma cabana, ao fim de poucos dias está falido Diz o ditado: Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão. O casal deve esforçar-se por alcançar um pecúlio que lhe possibilite enfrentar a vida com serenidade (evitar a ganância e o esbanjamento).
IV. Os dez Mandamentos do Casal Cristão : 8.- Direito / Dever à mútua perfeição espiritual Ao casar recebemos um sacramento que perdura na vida de ambos. Temos de ser um para o outro presença de Cristo, sinal do amor de Deus. Esta graça dever ser alimentada: pela Palavra de Deus, sacramentos, formação cristã, viver em Igreja, pela oração pessoal, conjugal, familiar.
IV. Os dez Mandamentos do Casal Cristão : 9.- Direito / Dever ao bem material e espiritual doa filhos O cuidado dos filhos não acaba aos 18 ou aos 21 anos mas prolonga-se pela vida fora. Quanto ao material, não basta dar o pão, mas prepará-los para a vida. Como diz o ditado chinês: não lhe dês o peixe, ensina-o a pescar. Quanto ao espiritual, os pais devem cuidar que os seus filhos vivam como filhos de Deus e da Igreja.
IV. Os dez Mandamentos do Casal Cristão : 10.- Direito / Dever ao trato pessoal e familiar O matrimónio é a união de duas pessoas o que supõe a igualdade e o respeito mútuos. É preciso ser co-responsáveis em toda a vida da comunidade.
FAMÍLIA
A Família é (1) 1º - Santuário da vida - Cooperadores de Deus na obra da criação 2º - Escola de Comunhão e de Amor - Fomos criados para amar e ser amados 3º - Escola de Solidariedade - A família é o espaço aberto a todos, ao pobre, ao indigente, ao deficiente, ao velhinho 4º - Escola de Humanismo (Personalismo) - É na família que tomamos a consciência de pessoas. 5º- Escola de Valores perenes: (Virtudes) - Justiça, verdade, paz, compreensão, pobreza, austeridade, diálogo, respeito
A Família é: (2) 6º - Escola e base do trabalho - O trabalho é a base da família e nela se aprende a trabalhar 7º- Escola dos direitos da Criança 8º- Igreja Doméstica (S. João Crisóstomo eclesiola a pequena igreja ) - Escuta a palavra, celebra a fé e vive a caridade. 9º - Protagonistas da Política - Lutar, associados, pelo direitos da Família 10º - Base da sociedade, anterior ao Estado.
Propostas: Criar equipas da PF Casais de acolhimento e CAF Maior colaboração com o CPM Aposta nos movimentos familiares: ENS, MFC, MEV, MPLC, Famílias numerosas Envolvimento dos pais na catequese Defensores dos direitos da Família (14)
Direitos da família Constituir família e sustentá-la Paternidade responsável e educação Intimidade conjugal e familiar Estabilidade do vínculo conjugal Liberdade religiosa Educar os filhos Segurança física, social, política, económica
Direitos da Família (2) Habitação digna De expressão e representação diante das autoridades Associação Protecção dos menores Ao lazer Idosos a viver e morrer dignamente Emigrar