Desde a sua tomada de posse em 26 de novembro de 2015 o. Governo cumpriu, um após outro, todos os compromissos que

Documentos relacionados
APRECIAÇÃO PARLAMENTAR Nº./XIII/4.ª

milhões e milhões para os bancos, aquisições/privatizações de serviços, PPP s, pagamento de juros da dívida.

Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores

2cefc2258baf4b6ab09f8dc70fffac24

Dados sobre a carreira dos professores

PROPOSTAS DE ALTERAÇÃO. Exposição de Motivos

CICLO DE REUNIÕES AO ABRIGO DO COMPROMISSO NEGOCIAL CELEBRADO ENTRE O 28 DE FEVEREIRO DE 2018

Exmo. Senhor. Dr. António Costa

Programa do novo Governo tem de abrir portas ao diálogo e à concertação

RESOLUÇÃO DO SECRETARIADO NACIONAL OE 2017 MANTER A CREDIBILIDADE. RESPEITAR OS COMPROMISSOS INTERNACIONAIS. APROFUNDAR A DIMENSÃO SOCIAL.

VALORIZAR O TRABALHO E OS TRABALHADORES DA ADMINISTRAÇÃO LOCAL

DO PROGRAMA DE ESTABILIDADE AO ORÇAMENTO DO ESTADO

ORÇAMENTO DO ESTADO 2018

PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS Grupo Parlamentar. Projeto de Lei n.º 608/XIII/3.ª. Exposição de Motivos

Eis as principais medidas incluídas na proposta de programa de Governo do PS:

PROJETO DE LEI N.º 797/XIII/3ª

A pensão média dos aposentados da Administração Pública aumenta 55 cêntimos por dia em 2008 Pág. 1

ORÇAMENTO DO ESTADO 2018

PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO REGIONAL RECUPERAÇÃO DO TEMPO DE SERVIÇO DO PESSOAL DOCENTE

PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS Grupo Parlamentar. Projeto de Lei n.º 215/XIII/1.ª

RESOLUÇÃO UGT REIVINDICA DIMENSÃO SOCIAL NO PROGRAMA DE GOVERNO

Grupo Parlamentar !"#$%&!'

INTERVENÇÃO SOBRE FINANÇAS PÚBLICAS, CRESCIMENTO ECONÓMICO E AUMENTO DE RENDIMENTOS

RESOLUÇÃO DO SECRETARIADO NACIONAL

NOME COMPLETO. Página 2 de 6

Exmº Senhor Presidente do Tribunal Constitucional Palácio Ratton Rua de O Século, Lisboa

Propostas na área do Trabalho e Segurança Social

PROPOSTA PARA MELHORAR AS CONDIÇÕES DE OBTENÇÃO DE UM COMPROMISSO NACIONAL A PRESENTE PROPOSTA REFLETE A VONTADE AFIRMADA POR TODOS DE PROCURAR

Contra os roubos nas pensões!

O ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2012 A POLÍTICA DA DESPESA EM DEBATE

Lisboa, 3 de Maio de José Manuel Durão Barroso Mario Draghi Christine Lagarde

PROJECTO DE LEI N.º 4/IX ACTUALIZAÇÃO EXTRAORDINÁRIA DAS PENSÕES MÍNIMAS DE INVALIDEZ E VELHICE

Assembléia Legislativa da Região Autônoma dos Açores Representação Parlamentar do PCP Açores

PROJETO DE LEI N.º 822/XIII/3.ª

Comissão de Segurança Social e Trabalho

MANIFESTO REIVINDICATIVO DA FRENTE COMUM DOS SINDICATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA 2020

A DESPESA COM O PESSOAL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA REDUZ-SE MILHÕES DE EUROS ENTRE 2011 E 2013!

APRECIAÇÃO DA PROPOSTA DE LEI DO ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2018

CICLO DE REUNIÕES AO ABRIGO DO COMPROMISSO NEGOCIAL CELEBRADO ENTRE O 15 DE DEZEMBRO DE 2017

Orçamento do Estado para 2018

tem défice de nove milhões

Protocolo Negocial com os Sindicatos Médicos

PROPOSTA AO CONSELHO NACIONAL DO SNESup. reunido em 11 de setembro de 2015

CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

Decreto-Lei n.º 137/2010, de 28 de dezembro

CADERNO DE REIVINDICAÇÕES DO SINTAP/AÇORES PARA 2018

MINISTÉRIO DAS FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GABINETE DO MINISTRO DE ESTADO E DAS FINANÇAS

Projeto de Resolução n.º 549/XIII-2ª AUMENTO DO SALÁRIO MÍNIMO NACIONAL

PROJETO DE LEI N.º 1138/XIII/4

Recuperar salários, estabelecer salário mínimo, devolver a dignidade

Recomendação de DECISÃO DE EXECUÇÃO DO CONSELHO. que aplica uma multa a Portugal por não tomar medidas eficazes para corrigir um défice excessivo

Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados

O beco sem saída em que Sócrates, o PSD e o CDS nos estão a meter Eugénio Rosa, Economista

PROJETO DE LEI N.º 1136/XIII/4.ª

CADERNO DE REIVINDICAÇÕES DO SINTAP/AÇORES PARA 2017

APRECIAÇÃO PARLAMENTAR N.º 129/XIII/4ª

1. Tempo de serviço dos professores, Rádio Comercial - Notícias, 07/03/2019 1

TOMADA DE POSIÇÃO PERANTE UMA DEMAGOGIA QUE SÓ PREJUDICA OS ENFERMEIROS

Lei do Orçamento de Estado para 2017

RELATÓRIO DO ORÇAMENTO ANO 2015

Exmº Senhor Chefe do Gabinete de Sua Excelência o Ministro da Defesa Nacional

DECRETO LEGISLATIVO REGIONAL Nº. 28/2001

DEPARTAMENTO DE RECURSOS HUMANOS NOTA INFORMATIVA

PROPOSTA DE LEI N.º 9/XIII REDUZ O HORÁRIO DE TRABALHO PARA AS 35 HORAS SEMANAIS

NOTA INFORMATIVA. ASSUNTO: Orçamento de Estado 2014 l Processamento de Remunerações

DECRETO N.º 264/XII. Estabelece os mecanismos das reduções remuneratórias temporárias e as condições da sua reversão no prazo máximo de quatro anos

PROJETO DE LEI N.º 1011/XII/4.ª CRIAR UM ORÇAMENTO QUE NÃO IMPONHA MAIS AUSTERIDADE AO PAÍS

Decreto-Lei n.º 70/2010, de 16 de junho

Que Reformas Para a Segurança Social?

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS. Proposta de Lei n.º 5/XIII. Exposição de Motivos

Dissemos com clareza ao longo deste debate o que deve ser. dito: não é por se abrir uma crise política que o FMI virá, é

PROJETO DE LEI N.º 41/XIII/1.ª

08/01/2019 TÍTULOS. Diário de Coimbra Diário de Leiria Público. cm-pombal.pt

REUNIÃO COM O GOVERNO

ORÇAMENTO DO ESTADO PARA Discurso de abertura

SISTEMA TRIBUTÁRIO PORTUGUÊS. 7ª Edição da Pós-Graduação em Fiscalidade

PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS Grupo Parlamentar

PRÉ-AVISO DE GREVE À ATIVIDADE IDENTIFICADA NO PRESENTE PRÉ-AVISO DAS ZERO ÀS VINTE E QUATRO HORAS DE 8 DE ABRIL DE ANOS, 4 MESES E 2 DIAS

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS. Proposta de Lei n.º 6/XIII. Exposição de Motivos

PROJETO DE LEI N.º 911/XIII/3.ª ELIMINA O FATOR DE SUSTENTABILIDADE E PROCEDE À REPOSIÇÃO DA IDADE LEGAL DE REFORMA AOS 65 ANOS. Exposição de motivos

RESUMO DE REUNIÃO COM O

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES TRABALHOS DA COMISSÃO

PROJECTO DE LEI N.º 447/X

Decreto Legislativo Regional n.º14/2010/m, de 5 de Agosto-Série I, n.º151

OFÍCIO CIRCULAR Nº 2 / DGPGF / 2014

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES

ORÇAMENTO DO ESTADO D ( M

Pensões Novas regras, com valorização das muito longas carreiras contributivas, entram em vigor a 1 de outubro

Finanças Públicas: Situação e Condicionantes Apresentação à comunicação social 18 de março de 2015

Apresentação da Proposta de ORÇAMENTO DO ESTADO 2017

Sindicato dos Inspectores do Trabalho

Prioridades reivindicativas Descongelar as carreiras, valorizar o trabalho e os trabalhadores

Fórum para a Competitividade Orçamento do Estado Perspectivas orçamentais Luís Morais Sarmento

UGT contra a Proposta de Orçamento do Estado para 2013

UGT contra a Proposta de Orçamento do Estado para 2013

TEMA 3 TRABALHO DESIGUAL? NOVAS FORMAS DE DESIGUALDADE E A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

15 de Dezembro de 2010.

Desencadear um processo parlamentar de audição pública para avaliação do impacto da dívida pública e das soluções para o problema do endividamento

Transcrição:

Desde a sua tomada de posse em 26 de novembro de 2015 o Governo cumpriu, um após outro, todos os compromissos que assumiu com os portugueses, e com a maioria parlamentar que viabilizou na Assembleia da República a sua formação. Ao contrário do que muitos então recearam, foi possível assegurar estabilidade política, recuperar a credibilidade internacional do país, reverter todas as medidas que haviam cortado o rendimento dos portugueses, estabilizar o sistema financeiro, incutir confiança no investimento. Assim, conseguimos assegurar um período sustentado de crescimento económico acima da média europeia, de forte redução do desemprego, progressiva valorização dos rendimentos, redução da pobreza e das desigualdades, com uma sólida melhoria das finanças públicas, com diminuição do défice orçamental e da dívida pública. 1

Em todas as medidas adotadas, da reposição de vencimentos e pensões à redução do IRS ou do IVA; da gratuidade dos manuais escolares à redução do número de alunos por turma; da diminuição em 25% das taxas moderadoras, ao novo regime dos passes sociais; da valorização do abono de família aos aumentos extraordinários das pensões; do aumento do SMN à reposição dos feriados nacionais, sempre tivemos em conta, não só a sua compatibilidade com a disponibilidade orçamental e o crescimento económico no presente, como também a sua sustentabilidade futura, de modo a garantir que nenhum passo seria maior que a perna, garantindo, sempre, a irreversibilidade destas medidas. Cada medida foi avaliada, e adotada com a conta, peso e medida adequadas. Como disse no dia 22 de maio de 2017, quando a Comissão Europeia encerrou o procedimento por défice excessivo: Não podemos voltar a perder o que hoje alcançamos. Devemos, por 2

isso, prosseguir o caminho que estamos a construir, com uma política orçamental responsável que acompanha o triplo desígnio de termos mais crescimento, melhor emprego e maior igualdade. Foi também com esta preocupação que conduzimos a nossa política na administração pública: repondo progressivamente a totalidade dos salários e remunerações complementares que haviam sido cortadas; o horário de trabalho, alterado unilateralmente; integrando nos quadros os que ilegalmente eram mantidos em situação precária; reforçando os serviços públicos com novos recursos humanos; e iniciando como previsto em janeiro de 2018 o descongelamento das carreiras de todos os trabalhadores e servidores do Estado. Assim, ao longo deste ano e meio já tiveram oportunidade de progredir na carreira mais de 350 mil funcionários que tinham as suas carreiras anteriormente congeladas. 3

Nem no Programa do Governo, nem no programa eleitoral de qualquer partido, estava previsto que o descongelamento das carreiras fosse acompanhado da recuperação do tempo entretanto decorrido. O que se previa e cumpriu era muito claro: repor o tempo a contar, sem pretender refazer a história. Contudo, a Lei do Orçamento do Estado para 2018 veio impor ao Governo o dever de negociar com os sindicatos a expressão remuneratória do tempo de serviço ( ) em corpos especiais, ( ) tendo em conta a sustentabilidade e compatibilização com os recursos disponíveis. Foi assim que assinámos uma declaração de compromisso com os sindicatos dos professores que previa mitigar o impacto do congelamento. 4

De boa fé e com o escrupuloso respeito pela Assembleia da República, iniciámos negociações, procurando acordar uma solução que fosse no presente e no futuro financeiramente sustentável e que assegurasse igualdade de tratamento dos professores relativamente aos restantes corpos especiais, como os magistrados judicias e do MP; militares das FA e da GNR e oficiais de justiça. Durante este longo período confrontámo-nos com a continuada intransigência sindical, que nunca se moveu da repetida reivindicação de nove anos, quatro meses e dois dias, recusando sistematicamente as propostas do Governo. Finalmente chegámos a um ponto em que nada justificava prolongar o impasse negocial, devendo consolidar o compromisso que havíamos assumido de mitigar os efeitos do congelamento. 5

Assim, aprovámos um Decreto-Lei que assegurou a todos os professores e educadores o correspondente à recuperação de 70% do respetivo módulo de progressão, ou seja 2 anos, 9 meses e 18 dias. Esta solução foi naturalmente adotada para os restantes corpos especiais, conforme decreto que aprovámos e aguarda promulgação por S. Exa. o Presidente da República e que assegura também a recuperação de 70% dos respetivos módulos de progressão. Ontem, a Comissão Parlamentar de Educação aprovou na especialidade um conjunto de normas que, independentemente das muitas dúvidas de inconstitucionalidade que suscita, é socialmente injusto e financeiramente insustentável. 6

Apesar de não estar ainda concluído o processo legislativo é dever do Governo ser desde já claro para com os portugueses quanto às consequências da votação de ontem: 1.ª A criação de um encargo adicional de pelo menos 340 M entre este ano e o próximo, devido ao pagamento de retroativos relativos a 1 de janeiro de 2019; 2ª. A aplicação deste diploma ao ano de 2019 implicaria necessariamente um orçamento retificativo o que quebraria a regra da estabilidade e da boa gestão orçamental que tem sido cumprida, todos os anos, desde 2016. 3.ª A necessária extensão deste diploma aos demais corpos especiais, por si só, implicaria um acréscimo da despesa certa e permanente em 800 M por ano. 4.ª Como já hoje vieram declarar as duas centrais sindicais, a restrição desta solução aos professores e restantes corpos especiais, coloca em situação de desigualdade os demais funcionários públicos e, convém acrescentar, todos os portugueses que sofreram nos seus salários, nas suas 7

pensões, no seu emprego e nos seus impostos, os efeitos da crise. 5.ª A acomodação no curto, médio e longo prazo dos encargos gerados por esta medida só seria possível com inevitáveis cortes no investimento e nos serviços públicos, ou com significativos aumentos de impostos. Qualquer uma destas consequências compromete a governabilidade presente e condiciona de forma inadmissível a governação futura, em termos que só o eleitorado tem legitimidade para determinar. A aprovação em votação final global desta iniciativa constitui uma rutura irreparável com o compromisso de equilíbrio entre a devolução de rendimentos e direitos com a consolidação das contas públicas e compromete a credibilidade internacional de Portugal. 8

Ao Governo cumpre garantir a confiança dos portugueses nos compromissos que assumimos e a credibilidade externa do País. Nestas condições, entendi ser meu dever de lealdade institucional informar suas Exas. o Presidente da República e o Presidente da Assembleia da República que, a aprovação em votação final global desta iniciativa parlamentar forçará o Governo a apresentar a sua demissão. 9