EQUILÍBRIOS NO SISTEMA DE MEIOS DE COMUNICAÇÃO (PÚBLICOS, COMERCIAIS E COMUNITÁRIOS) T1: La democratización de las comunicaciones en América Latina

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Transcrição:

EQUILÍBRIOS NO SISTEMA DE MEIOS DE COMUNICAÇÃO (PÚBLICOS, COMERCIAIS E COMUNITÁRIOS) T1: La democratización de las comunicaciones en América Latina Avanços Allana Meirelles Vieira 1 Brasil Em 2007, foi criada a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), responsável por gerir o canal de televisão público, a TV Brasil, com a proposta de suprir uma lacuna no sistema de radiodifusão brasileiro, já que a Constituição Brasileira prevê uma complementaridade dos modelos comerciais, estatais e públicos. Debilidades: Historicamente, o Brasil é marcado pela exploração comercial dos meios de comunicação, ainda que as TVs e rádios sejam concessões públicas. O modelo comercial de televisão e, principalmente, o modelo Globo de produção, ainda é tido como exemplo para profissionais de comunicação, assim como apesar de recentes manifestações de críticas à emissora ainda é o principal veículo de informação dos cidadãos brasileiros. Fortalecimento dos meios de comunicação públicos Avanços: A criação da TV Brasil representa um avanço na democratização dos meios. Com a proposta de ser uma emissora pública, ela apresenta conteúdos 1 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (PPGCom-UFJF). Integrante do Grupo de Pesquisa Jornalismo, Imagem e Representação desde 2010. allanameirelles@hotmail.com.

alternativos, com maior diversidade de conteúdos, formatos e vozes ouvidas, como foi verificado pela pesquisa realizada pelo grupo Jornalismo, Imagem e Representação, desde 2010. Debilidades: A estrutura de financiamento e gerência da TV Brasil coloca em questionamento o papel público da emissora. O financiamento via governo federal, a indicação de cargos de direção pela Presidência da República, além da mistura de atribuições da EBC (já que ela presta serviços à Secretaria de Comunicação do Governo Federal, produzindo programas governamentais) acaba prejudicando o grau de autonomia da instituição, colocando em risco seu papel público. Limites à concentração dos meios privados e melhorias nas regulações do setor Avanços: Com a Internet e a criação de veículos alternativos de comunicação, o debate sobre a concentração dos meios é apropriado por um maior número de pessoas. Porém, a questão ainda se restringe a universidades, observatórios e alguns grupos interessados no assunto. Com o domínio da grande mídia, a parcela da sociedade brasileira que tem acesso a essas discussões ainda é reduzida. Debilidades: O Brasil ainda é marcado fortemente pela concentração dos meios de comunicação nas mãos de poucas famílias. Como exemplo temos: as Organizações Globo, da família Marinho; o Grupo Abril, da família Civita; o Grupo O Estado de São Paulo, da família Mesquita; o Grupo Folha da Manhã, que edita o jornal Folha de São Paulo, da família Frias; o Grupo RBS, dona do jornal Zero Hora, da família Sirotsky; o Grupo Bandeirantes, da família Saad; e o Grupo Silvio Santos SBT, da família Abravanel/Silvio Santos. Além disso, ainda é possível

verificar casos extremos como a propriedade de canais de rádio e TV por políticos e grupos religiosos, o que é proibido pela constituição. Presença da sociedade civil nos processos e lutas pela democratização Avanços: Foi com a participação da sociedade civil, por meio do I Fórum Nacional de TVs Públicas, realizado em 2007, por uma iniciativa do Ministério da Cultura, que foi implementada a EBC e a TV Brasil. Participaram dessas discussões, grupos como o Coletivo Intervozes, o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), além de outros. Além disso, por meio do Conselho Curador e da Ouvidoria da EBC, a sociedade civil pode se ver representada na emissora, já que a composição do Conselho, por exemplo, é feita por indicação de entidades civis. Debilidades: Apesar de diversas discussões no âmbito das universidades e das entidades dedicadas ao tema, com propostas legislativas, por exemplo, esse debate dificilmente chega aos cidadãos, até porque a grande mídia, por interesse próprio, não pauta o assunto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aguiar, I. (2012). TV Brasil: algo novo no ar. Florianópolis: Tribo da Ilha. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. (1998). Brasília. Recuperado em 01 de março, 2014, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%c3%a7ao.ht m Coutinho, I (coord.). (2011). Avaliação do Telejornalismo da TV Brasil: Relatório Final. Juiz de Fora: Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, Universidade Federal de Juiz de Fora. Freire, R. (2013). EBC e sociedade: é preciso que se conheçam. Revista do Conselho Curador EBC, (2), 26-27. Intervozes. (2013). Intervozes apresenta contribuições sobre a autonomia da EBC. Recuperado em 01 de março, 2014, de http://intervozes.org.br/intervozesapresenta-contribuicoes-sobre-a autonomia-da-ebc/. Lei nº 11.652, de 7 de abril de 2008 (2008). Institui os princípios e objetivos dos serviços de radiodifusão pública explorados pelo Poder Executivo ou outorgados a entidades de sua administração indireta; autoriza o Poder Executivo a constituir a Empresa Brasil de Comunicação EBC. 2008. Recuperado em 1 de março, 2014, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11652.htm.

Meirelles, A. (2013). Telejornalismo público: uma avaliação dos compromissos da TV Brasil e da TV Cultura. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Comunicação Social, Faculdade de Comunicação Social, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Brasil. Rincón, O. (org.). (2002). Televisão pública: do consumidor ao cidadão. São Paulo: FriedrichEbert-Stiftung. Tv Brasil. Disponível em: <http://www.tvbrasil.org.br/sobreatv/>. Acesso em: 06 mai. 2013.