REVOLUÇÃO EUROPÉIAS - NACIONALISMO E UNIFICAÇAO. NOVA ONDA REVOLUCIONÁRIA A explosão do liberalismo e do nacionalismo na Europa.



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Transcrição:

TEXTO HISTÓRIA GERAL PROFESSOR RIBAMAR REVOLUÇÃO EUROPÉIAS - NACIONALISMO E UNIFICAÇAO NOVA ONDA REVOLUCIONÁRIA A explosão do liberalismo e do nacionalismo na Europa. O Congresso de Viena (1814-1815) propôs a restauração das monarquias absolutistas nos países europeus, unindo forças tradicionais da nobreza e do clero. Porém, tal tendência conservadora prevaleceu na Europa, por apenas alguns anos. A partir de 1850, a Europa absolutista foi cedendo lugar a uma nova Europa predominantemente liberal. Estudaremos, a seguir, os principais acontecimentos que contribuíram para essa transformação. Uma cena comum nas grandes cidade européias da século XIX:desempregados procura de trabalho, casa e comida... Pintura Louis-Léopold Boiuy De 1830 a 1848, a Europa enfrentou um complexo conjunto de fatores socioeconômicos negativos: queda de colheitas, situação de miséria do operariado, ausência de garantias e direitos fundamentais para o trabalhador e repressão à liberdade de expressão. Essa situação de crise e insatisfação social possibilitou a aliança temporária entre setores da pequena e média burguesias com o operariado, cada vez mais consciente da exploração social de que era vítima. Dessa aliança instável nasceram diversos movimentos revolucionários de contestação às estruturas de poder vigentes em grande parte da Europa. Misturando ideais nacionalistas, liberais e socialistas, esses movimentos explodiram em diferentes lugares: França, Itália, Áustria, Irlanda, Alemanha, Suíça, Hungria etc. REVOLUÇÕES LIBERAIS NA FRANÇA O barril de pólvora francês volta a agitar a Europa Duas revoluções agitaram a França no século XIX: a Revolução de 1830, liderada pela alta burguesia; e a Revolução de 1848, impulsionada pela aliança temporária entre burguesia e operariado.

Restauração dos Bourbou Após a queda de Napoleão Bonaparte (1815), a dinastia dos Bourbon retomou ao trono francês através de Luís XVIII e de seu sucessor, Carlos X. O retomo dos Bourbon foi acertado no Congresso de Viena. Vejamos: Governo de Luís XVIII (1815-1824) período marcado pela violenta repressão política às oposições, especialmente bonapartistas e grupos liberais, conhecido como Terror Branco. Os setores ultraconservadores que apoiavam Luís XVIII queriam o pleno regresso do absolutismo do Antigo Regime. Entretanto, o rei percebeu que regressar totalmente ao passado era impossível, sendo necessário haver um ponto de equilíbrio entre as forças aristocráticas tradicionais e o liberalismo burguês. Governo de Carlos X (1824-1830) - com a morte de Luís XVIII, seu irmão, Carlos X, assumiu o trono francês. Também apoiado pelos ultraconservadores, procurou ampliar a política antiliberal que já caracterizava o governo de seu irmão. Decretou leis que davam à Igreja o controle do ensino, indenizou os nobres que sofreram prejuízo durante a Revolução Francesa, reforçou a censura à imprensa etc. Revolução de 1930 Problemas econômicos, como as más colheitas de 1827, aumentaram o descontentamento do povo em relação ao regime conservador. As forças liberais burguesas se reorganizaram e, em 1830, deflagrou-se uma revolução contra o governo de Carlos X. O rei foi derrubado do poder, sendo substituído por Luís Filipe de Orléans. A revolta foi liderada pela alta burguesia, tendo repercussões em várias regiões, como Itália, Bélgica, Prússia, Espanha, Portugal e Polônia. Até no Brasil chegou a onda liberal-burguesa: D. Pedro I, em 1831, foi obrigado a abdicar, tendo início o período regencial. Governo de Luis Filipe O governo de Luís Filipe (1830-1848) foi a época de ouro para a alta burguesia francesa, pois o capitalismo francês teve grande desenvolvimento nos setores financeiro e industrial. Para garantir os interesses econômicos burgueses, a França iniciou sua expansão colonial em direção à África e à Oceania. (Trataremos desse assunto no capitulo Expansão do imperialismo.) Luís Filipe ficou conhecido como o rei burguês ou o rei dos banqueiros. Auxiliado pelo importante ministro François Guizot, governou procurando harmonizar os interesses da burguesia liberal com os da resistência conservadora. Seu principal objetivo era garantir uma ordem social interna que não atrapalhasse a liberdade econômica das classes dominantes e o desenvolvimento capitalista francês. Com isso, assegurou a concentração de riquezas nas mãos da alta burguesia e provocou maior empobrecimento das classes populares, sobretudo dos numerosos operários franceses que o movimento socialista procurava organizar.

O quadro pintado por Delacroix reflete o espírito revolucionária do período. A mulher, com a bandeira tricolor, representa a liberdade. Ela guia o povo Francês Revolução de 1848 A fórmula de governo de Luís Filipe foi eficiente para mantê-lo no poder durante 16 anos. A partir de 1846, porém, uma sucessão crescente de problemas econômicos e dificuldades políticas fizeram desmoronar as forças do governo. A crise se refletiu no aumento da miséria do povo, más colheitas agrícolas, greves operárias e campanhas políticas por reformulação e ampliação do sistema eleitoral. A burguesia liberal e o operariado uniram-se temporariamente contra o governo. Um grande levante popular (trabalhadores, estudantes, certos setores da guarda nacional) derrubou Luis Filipe do poder. Eclodia a Revolução de 1848, movimento popular que pregava o fim do reinado dos banqueiros. Governo Provisório e Derrota dos Socialistas Com a queda do monarca francês, organizou-se um Governo Provisório. Este proclamou a república, promoveu a liberdade de imprensa, aboliu a escravidão nas colônias francesas e estabeleceu o sufrágio universal, isto é, o direito de voto para todo cidadão. Desse governo participaram socialistas, como Louis Blanc, e representantes da burguesia liberal, como Affonse Lamartine. Os socialistas exigiam mudanças mais profundas na sociedade, reclamando medidas que beneficiassem diretamente os trabalhadores urbanos. Em 23 de abril de 1848, realizaram-se eleições parlamentares em todo o país, sendo eleita, então, uma Assembléia Nacional Constituinte, com maioria de parlamentares de tendência liberal-burguesa. Derrotados nas eleições, os socialistas comandaram varias lutas de trabalhadores umtra as decisões da Constituinte. Numerosas rebeliões operárias eclodiram em Paris e em outras cidades francesas. Foi exatamente em 1848 que os pensadores Marx e Engels publicaram o Manifesto comunista, conclamando união e luta do proletariado* contra as injustiças da sociedade capitalista. Apavorado com as rebeliões dos trabalhadores, o governo burguês pediu a intervenção do general Eugéne Cavaignac para impor ordem no país. Os levantes foram totalmente

reprimidos pelo exército, provocando a morte de mais de 10 mil pessoas. Os líderes socialistas foram mortos ou tiveram de fugir da França. Nas ruas de Paris, as movimentas revolucionários faziam barricadas para impedir a passagem da polícia. Nessa imagem, um ira batalhar, de fuzil na mão, reparte seu pão com um estudante, em uma dessas barricadas. Litografia de H. Jannin Governo de Luís Bonaparte Após o massacre do movimento socialista operário, foi promulgada uma nova Constituição em novembro de 1848. Um mês depois, realizaram-se eleições para a presidência da República. O candidato vitorioso, com 73% dos votos, foi o sobrinho de Napoleão Bonaparte: Luís Napoleão Bonaparte. Luís Bonaparte elegeu-se com o apoio de boa parcela do exército, dos camponeses, da Igreja e da burguesia, temerosa de revoltas sociais. Era o candidato do Partido da Ordem, e prometia devolver à França os tempos de glória vividos durante o Império Napoleônico. Em seu governo, Luís Bonaparte conquistou a confiança dos funcionários administrativos, do exército, da Igreja, da classe média urbana e da população rural. Pouco antes do fim de seu mandato presidencial, em 2 de dezembro de 1851, promoveu um golpe de Estado, para permanecer no poder. Alguns meses depois do golpe de Estado, Luís Bonaparte conseguiu o necessário apoio popular para realizar um plebiscito que decidiu pelo fim da república e pela instituição do império na França. Em dezembro de 1852, Luís Bonaparte foi coroado como Napoleão III, imperador dos franceses pela graça de Deus e vontade geral da nação. O segundo Império Napoleônico durou até 1870. UNIFICAÇÃO ITALIANA A conquista da unidade política Desde a Idade Média, a Itália era uma região dividida em várias unidades políticas independentes entre si. Após o Congresso de Viena (1815), passou a ser dominada por austríacos e franceses e pela Igreja católica. Os reinos e os ducados estavam assim distribuídos: Lombardia - Veneza, Toscana, Parma Módena e Romagna, submetidos ao domínio do império austríaco;

Reino das Duas Sicílias, pertencentes dinastia francesa dos Bourbon; Estados da igreja, pertencentes ao Papa; Reino do Piemonte-Sardenha, autônomo, governado por um monarca liberal. No início do século XIX, o norte da Itália passava por transformações sociais e econômicas desencadeadas pelo desenvolvimento industrial: as cidades cresceram e o comércio se intensificou. Para dar continuidade ao processo de desenvolvimento e expansão de suas atividades no mercado exterior, a burguesia desejava a unificação de toda essa região. Tentativa frustrada em 1848 Em 1848, o rei Carlos Alberto, do reino do Piemonte-Sardenha, fizera a primeira tentativa de unificação, declarando guerra contra a Áustria. Influenciadas pelos ideais liberais e nacionalistas, as rebeliões explodiram em diversos Estados da península; porém, todas foram sufocadas pelas tropas austríacas. O rei foi vencido, deixando o trono para seu filho Vítor Emanuel II. Embora tenham sido vencidos, os nacionalistas mantiveram o ideal da unificação. Unificação Somente o reino sardo-piemontês, sob o governo de Vítor Emanuel II, possuía uma Constituição liberal. Ali, as forças da burguesia incentivaram o movimento a favor da unificação da Itália, liderado pelo primeiro-ministro Camilio Benso, conde de Cavour (1810-1861). Com o apoio da França, em 1859, o conde de Cavour deu início à guerra contra a dominação austríaca. Alcançando expressivas vitórias, conseguiu anexar ao reino sardopiemontês as regiões de Lombardia, Toscana, Parma, Módena e Romagna. Lutando pela unificação italiana, Giuseppe Garibaldi formou um exército de mil voluntários, conhecido como camisas vermelhas, e ocupou o reino das Duas Sicílias, afastando do poder o representante da dinastia dos Bourbon, Francisco II. No final de 1860, a unificação da Itália estava praticamente concluída. Vítor Emanuel II, dominando quase todo o território italiano, foi proclamado rei da Itália em março de 1861. Somente Veneza e Roma ainda resistiram por algum tempo, sendo a primeira anexada em 1866 e a segunda, em 1870.

Questão Romana A Igreja católica, através do papa Pio IX, opunha-se à perda dos seus territórios. Quando Roma foi anexada à Itália, em 1870, o papa permaneceu no palácio do Vaticano, considerando-se prisioneiro. Surgiu, então, a chamada Questão Romana, que foi resolvida somente 60 anos depois, em 1929, com a assinatura do Tratado de Latrão, negociado entre o papa Pio XI e o Estado italiano. Por esse tratado, ficou decidida a criação do pequeno Estado do Vaticano, sob a direção da Igreja católica, com área de 0,44km2. UNIFICAÇÃO ALEMÃ Surge uma nova potência econômica Até a primeira metade do século XIX, não existia na Europa um país chamado Alemanha. O que havia era um conjunto de 39 Estados independentes, uns pobres e outros ricos, uns agrícolas e outros iniciando o desenvolvimento industrial. Desde 1815, pelas determinações do Congresso de Viena, esses Estados estavam reunidos na Confederação Germânica, liderada pela Prússia e pela Áustria. Zollverein: o início da unificação Em 1834 foi dado um dos primeiros passos no sentido de promover a unidade dos Estados alemães. Sob a influência da burguesia industrial, sobretudo da Prússia, estabeleceu-se o Zollverein, uma união aduaneira* com o objetivo de eliminar os impostos alfandegários entre os diferentes Estados da Confederação Germânica. Até o ano de 1853, quase todos os Estados alemães faziam parte do Zollverein, menos a Áustria. Além de possibilitar a integração dos Estados da Confederação Germânica, o Zollverein contribuiu para impulsionar o desenvolvimento socioeconômico alemão. Surgiram várias indústrias e cidades, foram construídas mais estradas de ferro, incentivou-se a exploração de carvão e ferro etc. Unificação: obra de Bismarck Cresciam pelos diferentes Estados da Confederação Germânica idéias de caráter nacionalista, elaboradas por intelectuais que desejavam a união étnica e cultural do povo germânico sob a tutela de um só Estado. A primeira tentativa de unificação já havia sido feita pela Prússia em 1850. Porém, devido à interferência da Áustria, essa tentativa fora fracassada. Depois da segunda metade do século XIX, a Prússia passou a liderar firmemente o processo de unificação dos Estados alemães. Em 1862, o rei da Prússia, Guilherme 1, nomeou como seu primeiro-ministro o habilidoso político Otto von Bismarck (1815-1898), conhecido como o Chanceler de Ferro. Com extraordinária determinação e astúcia diplomática, Bismarck coordenou todo o processo de unificação da Alemanha. Para ele, a unificação se concretizaria pela força militar. Assim, organizando um poderoso exército, conduziu, sob a liderança da Prússia, guerras contra a Dinamarca (1864), a Áustria (1866) e a França (1870). Ao final de todas essas lutas, em 18 de janeiro de 1871, Guilherme I foi proclamado, em Versalhes, imperador da Alemanha. Acelerando o desenvolvimento industrial, o país tomou-se uma das maiores potências econômicas do mundo. O crescimento de sua produção industrial exigiu uma ampliação

dos mercados consumidores. Isso levou a Alemanha a disputar regiões coloniais antes dominadas por Inglaterra e França. COMUNA DE PARIS Primeira tentativa de criação de um Estada socialista Em 1870, após a derrota na guerra contra a Prússia, instalou-se na França um governo de caráter conservador, comandado por Thiers. Submetidos à fome, à miséria e àhumilhação, milhares de trabalhadores organizaram uma grande rebelião proletário-socialista. Tomaram a cidade de Paris em março de 1871 instaurando um governo popular: a Comuna de Paris. Propostas da Comuna O governo da Comuna era constituído por socialistas, anarquistas* e liberais radicais que concordavam em não obedecer ao governo francês conservador, instalado no palácio de Versalhes. Só não estavam de acordo quanto aos objetivos da revolução proletário-socialista. E, divididos, foram se enfraquecendo. Apesar das discordâncias e lutas internas, o governo da Comuna de Paris divulgou um manifesto, em abril de 1871, conclamando todos os trabalhadores franceses a seguirem o exemplo de Paris. A proposta era construir na França uma federação de comunas, tendo como base objetivos como: criação de um Estado dos trabalhadores, formado por uma federação de comunas livres e autônomas; eleição dos funcionários do Estado pelo voto dos trabalhadores. Esses funcionários poderiam perder seus cargos a qualquer momento; substituição do exército por milícias populares; congelamento dos preços dos alimentos e aluguéis; criação de creches e escolas para os filhos dos trabalhadores; estabelecimento de que o esforço do Estado estaria voltado à melhoria da condição de vida dos trabalhadores. Fim da Comuna

Apoiado pelos alemães e pela burguesia tradicional, o governo de Thiers conseguiu reunir um exército de 100 mil homens para destruir a Comuna de Paris. Em maio de 1871, Paris foi cercada pelo exército. Começou, então, urna semana de sangrentas batalhas. A comuna foi violentamente esmagada. Mais de 20 mil pessoas morreram; outras 40 mil foram presas ou expulsas do país. O objetivo da burguesia era destruir por completo o movimento socialista francês.