CONCRETO COM ADIÇÃO DE MATERIAL FRESADO ASFÁLTICO Wesley Severino Prado¹ - UNITOLEDO Pedro Sérgio Hortolani Rodrigues² - UNITOLEDO RESUMO Em busca de novos materiais para substituição dos agregados naturais no concreto, tanto para controle ambiental, quanto economicamente, a fresagem asfáltica, a qual consiste na remoção superficial da camada asfáltica, gerando resíduos em forma de agregados, seria uma alternativa. Este trabalho pretende avaliar as propriedades de resistência à compressão do concreto com adição de material fresado asfáltico. As avaliações de desempenho do material adicionado ao concreto deram-se através de ensaios laboratoriais onde se realizou a substituição total e/ou parcial dos agregados miúdos e graúdos do concreto pelo material fresado, de modo a desenvolver um material com boa resistência e trabalhabilidade, discutindo sobre suas possíveis aplicações e novos estudos a serem conduzidos. Palavras-chave: Material Fresado Asfáltico; Concreto; Agregado. ¹ Graduando em Engenharia Civil - UNITOLEDO (2017). ² Mestre em Engenharia Civil - UNESP (2007). 1
1. INTRODUÇÃO O crescimento da construção civil e a grande demanda na utilização dos recursos naturais e minerais estão cada vez mais gerando resíduo de construção e demolição (RCD). Questões estas, que estão ligadas diretamente à preservação do meio ambiente e da qualidade de vida, buscam padrões de produção e de consumo sustentáveis, assim, voltando-se para a preservação dos recursos da humanidade (TONUS; MINOZZI, 2013). Conforme Scremin et al. (2014), estima-se que existe uma grande quantidade de resíduo de construção, que é gerada e descartada de forma irregular, tanto pelos geradores quanto pelos coletores, aumentando substancialmente o percentual de resíduo de construção e demolição que compõe o resíduo sólido urbano. Os principais objetivos da reciclagem de pavimentos são o reaproveitamento de materiais, a economia da utilização de recursos naturais e, se possível, a melhoria das propriedades físicas e mecânicas dos materiais (LUCENA et al., 2010). Segundo Gewehr (2012), existem três técnicas básicas de fresagem aplicadas de acordo com o objetivo, são elas: a fresagem profunda, a fresagem superficial e a microfresagem. As principais características que as distinguem são a distância entre os dentes de corte e a profundidade alcançada. A finalidade da fresagem é a remoção de pavimentos antes da execução de um novo revestimento, áreas com defeitos que afetem o bom serviço do pavimento são alvo desta técnica. No processo de restauração e recuperação de vias pavimentadas, utiliza-se a raspagem do pavimento antigo e posteriormente, é feita a aplicação do novo. No ponto de vista de pesquisa e inovação, o desafio para ampliar a utilização dos resíduos nos mercados potenciais seria o de desenvolver uma tecnologia de reciclagem e formulação de produtos que deve ser flexibilizada em função do balanço entre os custos de produção, as aplicações potenciais e a demanda de materiais em um dado momento e local (ULSEN, 2011). Segundo Marcelo de Jesus (2011), o uso de agregados reciclados (RAP, do inglês Recycled Asphalt Pavement) surge como alternativa tecnologicamente viável e sustentável, tanto do ponto de vista ambiental como econômico, podendo reduzir em até 45% do uso de material virgem. Com o RAP, é possível construir estruturas de pavimento utilizando materiais fresados, os quais costumam ser descartados. Atualmente, esse material já pode ser produzido com um nível elevado de qualidade e por uma ampla gama de equipamentos. Existem quatro tipos de misturas adequadas ao reciclado: espuma de asfalto; emulsões; 2
cimento ou cal e, por fim, a mistura produzida in situ (que possibilita a adição de material fresado junto ao material virgem). 2. OBJETIVO Este trabalho tem por objetivo analisar a substituição total e/ou parcial dos agregados naturais utilizando material originado da fresagem asfáltica em um traço de concreto controlado, analisando seu desempenho através de ensaios laboratoriais. 3. METODOLOGIA Para a avaliação do comportamento mecânico do concreto com a substituição dos materiais foram coletados materiais fresados asfálticos na Rodovia SP-300, no KM 533, pista leste, administrada pela empresa ViaRondon, indicado na Figura 01 e realizados ensaios laboratoriais. Figura 01: Local de descarte do material fresado asfáltico fonte: próprio autor (2017). De início, realizou-se o peneiramento do resíduo, separando-se quantidades passantes na peneira de abertura 19,0 mm para agregados graúdos (Figura 02), separandose também em agregados miúdos (Figura 03), passantes na peneira de abertura 4,75 mm, deixando assim o material com partículas uniforme. Figura 02: Material para agregado graúdo fonte: Figura 03: Material para agregado miúdo - fonte: 3
Em seguida, foi realizada a caracterização dos materiais envolvidos no estudo, sendo eles, CP-II Z 32 (cimento Portland composto com pozolana), brita zero, areia média e material fresado asfáltico, seguido de ensaios de granulometria por peneiramento (Figura 04), segundo a NBR NM 248 (ABNT, 2003), ensaio de massa específica aparente (Figura 05), segundo a NBR NM 52 (ABNT, 2003) e massa específica absoluta (Figura 06), segundo a NBR NM 53 (ABNT, 2003). Figura 04: Ensaio de granulometria por peneiramento - fonte: Figura 05: Ensaio de massa específica aparente - fonte: Figura 06: Ensaio de massa específica absoluta - fonte: 3.1 ENSAIOS DOS MATERIAIS 3.1.1 ENSAIO DE GRANULOMETRIA Seguem abaixo os procedimentos para realização do ensaio granulométrico dos agregados miúdos dos materiais, tanto natural, quanto do resíduo, de acordo com a NBR NM 248 (ABNT, 2003). 1. Colocou-se certa quantidade de material (areia e resíduo) em estufa por 24 horas a 105 C. 2. Foi pesado 1 kg do material e levado para o agitador de peneiras por 10 minutos em uma frequência de 15 Hz. 3. Passados os 10 minutos, foi verificado a quantidade de material retida em cada peneira. Resultados obtidos no ensaio de granulometria do material natural e do resíduo encontram-se anexados na Tabela 01, no item 4.1. 4
4. Após o peneiramento, foi calculado o módulo de finura do material, o qual é obtido pela divisão da somatória das porcentagens retida acumulada, exceto o fundo, por 100. Segue abaixo equação do módulo de finura: MF = % retida acumulada (exceto o fundo) 100 Cálculos e resultados do módulo de finura do material natural e do resíduo encontram-se anexado na Tabela 01, no item 4.1. Em seguida, foi verificado o DMC, Dimensão Máxima Característica, que corresponde à abertura nominal em mm da malha da peneira da série normal ou intermediária, na qual o agregado apresenta uma porcentagem retida acumulada igual ou imediatamente inferior a 5% em massa. Os valores de DMC do material natural e do resíduo encontram-se anexados na Tabela 01, no item 4.1. Segue abaixo, Figura 07 com a separação do agregado miúdo natural e Figura 08 com a separação do agregado miúdo do resíduo: Figura 07: Separação do agregado miúdo natural - fonte: próprio autor (2017). Figura 08: Separação do agregado miúdo do resíduo - fonte: próprio autor. (2017). 3.1.2 MASSA ESPECÍFICA APARENTE DO AGREGADO MIÚDO O ensaio de massa específica aparente do agregado miúdo dos materiais, tanto areia, quanto resíduo, foi realizado segundo a NBR NM 52 (ABNT, 2003). Seguem abaixo procedimentos realizados para ambos os materiais: 1. Foram colocadas três quantidades diferentes de volumes conhecidos do material (em um caso areia, e no outro, resíduo) no béquer, sendo elas 200 ml, 400 ml e 600 ml, em seguida pesados, conforme Figuras 09 e 10. 5
A massa específica aparente dos materiais foi obtida através da divisão do valor pesado na balança pelo volume conhecido, em seguida, foi calculada uma média dos três valores encontrados. Figura 09: Béquer com certa quantidade de areia - fonte: Segue abaixo a equação da massa específica aparente do agregado miúdo: ρap = M ; V ρap = dos 3 3 Cálculos e resultados da massa específica aparente da areia e resíduo encontramse anexados na Tabela 02, no item 4.2. 3.1.3 MASSA ESPECÍFICA ABSOLUTA DO AGREGADO MIÚDO O ensaio de massa específica absoluta do agregado miúdo tanto natural, quanto do resíduo, foi realizado segundo a NBR NM 52 (ABNT, 2003). Segue abaixo procedimentos realizados para ambos os materiais: 1. Colocou-se 200 ml de água no Frasco de Chapman. 2. Foram despejados, com o auxílio de um funil, 500 gramas do agregado miúdo seco (em um caso areia, e no outro, resíduo) dentro do frasco com água, Figuras 11 e 12, e anotado o valor da altura de água que se deslocou. Figura 10: Béquer com resíduo miúdo - fonte: Figura 11: Frasco de Chapman com água e areia - fonte: Figura 12: Frasco de Chapman com água e resíduo - fonte: 6
O valor da massa específica absoluta dos materiais foi obtido através da divisão da massa do material (areia ou resíduo), despejado no frasco pela diferença da altura de água no frasco. Segue abaixo a equação da massa específica absoluta do agregado miúdo: Material (500g) ρab = Lfinal - Linicial Cálculos e resultados da massa específica absoluta da areia e resíduo encontramse anexados na Tabela 02, no item 4.2. 3.1.4 MASSA ESPECÍFICA APARENTE DO AGREGADO GRAÚDO O ensaio de massa específica aparente do agregado graúdo dos materiais, tanto brita natural, quanto resíduo, foram realizados segundo a NBR NM 53 (ABNT, 2003). Seguem abaixo os procedimentos realizados para ambos os materiais: 1. Foram colocadas três quantidades diferentes de volumes conhecidos do agregado graúdo (em um caso brita natural, e no outro, resíduo), no béquer, sendo elas 200 ml, 400 ml e 600 ml, em seguida pesados, conforme Figuras 13 e 14. Figura 13: Béquer com brita natural - fonte: Figura 14: Béquer com resíduo graúdo - fonte: A massa específica aparente dos materiais foi obtida através da divisão do valor pesado na balança pelo volume conhecido, em seguida, foi calculada uma média dos três valores encontrados. Segue abaixo a equação da massa específica aparente do agregado graúdo: ρap = M ; V ρap = dos 3 3 Cálculos e resultados da massa específica aparente do agregado graúdo encontram-se anexados na Tabela 02, no item 4.2. 7
3.1.5 MASSA ESPECÍFICA ABSOLUTA DO AGREGADO GRAÚDO Para o ensaio de massa específica absoluta do agregado graúdo dos materiais, tanto brita natural, quanto resíduo, foi realizado segundo a NBR NM 53 (ABNT, 2003). Seguem abaixo procedimentos realizados de ambos os materiais: 1. Colocou-se 300 ml de água na proveta. 2. Foram despejados 500 gramas do agregado graúdo seco (em um caso brita natural, e no outro, resíduo) dentro da proveta com água, Figuras 15 e 16, e anotado o valor da altura de água que se deslocou. Figura 15: Proveta com água e brita - fonte: próprio autor (2017). Figura 16: Proveta com água e resíduo - fonte: próprio autor (2017). O valor da massa específica absoluta dos materiais foi obtido através da divisão da massa de agregado graúdo (brita natural ou resíduo), despejado na proveta pela diferença da altura de água na proveta. Segue abaixo a equação da massa específica absoluta do agregado graúdo: Material (500g) ρab = Lfinal - Linicial Cálculos e resultados da massa específica absoluta do agregado graúdo encontram-se anexados na Tabela 02, no item 4.2. 3.2.1 MASSA ESPECÍFICA DO CIMENTO A massa específica do cimento foi realizada segundo a NBR NM 23 (ABNT, 2001). Seguem a baixo os procedimentos realizados: 1. No frasco de Le Chatelier, foi colocado querosene entre a marca de 0 a 1. 2. Em seguida, foram despejados 60 gramas de cimento dentro do frasco com querosene, Figura 17, e anotado o valor da altura no frasco. 8
O valor da massa específica absoluta do cimento foi obtido através da divisão da massa de cimento despejado pela diferença da altura de querosene no frasco. item 4.3. Segue equação da massa específica absoluta do cimento: ρab = Cimento (500g) Lfinal - Linicial Cálculo e resultado da massa específica absoluta do cimento encontram-se no 3.3 CONCRETO Para a produção do concreto, foram elaborados quatro traços diferentes, sendo eles: um concreto convencional, um com substituição total do agregado miúdo e graúdo natural por resíduo, um com substituição de 30% do agregado miúdo natural por resíduo e um com substituição de 50% do agregado miúdo natural por resíduo. Para cada traço desenvolvido, foram moldados seis corpos de prova, sendo três destinados ao ensaio de resistência à compressão com 07 dias de cura e outros três realizados o ensaio de resistência à compressão com 28 dias de cura. Todos com as mesmas dimensões, variando apenas na porcentagem do material fresado. Figura 17: Frasco de Le Chatelier com querosene e cimento - fonte: próprio autor (2017). 3.3.1 DOSAGEM E PRODUÇÃO DOS CONCRETOS Segue abaixo o procedimento para produção do concreto convencional e residual: 1. Inicialmente, foram estabelecidas as características dos concretos, tipos de uso, resistência desejada aos 28 dias, o abatimento desejado e verificada as informações dos materiais, como, massa específica aparente, massa específica absoluta, módulo de finura do agregado miúdo e diâmetro máximo do agregado graúdo. 9
Resultados das informações dos materiais encontram-se na Tabela 03 no item 4.4 e características dos concretos encontram-se na Tabela 04 no item 4.4. 2. Com o auxílio da tabela 7.2, (BAUER, 1994), conforme Figura 18, foi estabelecido a quantidade de água utilizada e o ar incorporado. Figura 18: Tabela 7.2 - Consumo de água em função do abatimento e da dimensão máximo do agregado - fonte: Livro Materiais de Construção - Falcão Bauer. 3. A partir de uma curva de Abrams, foi correlacionada a resistência desejada aos 28 dias com o tipo de cimento utilizado, para obtenção do fator água-cimento (A/C). 4. A quantidade de cimento utilizada foi obtida pela relação água/cimento. 5. Em seguida, com a tabela 7.6 (BAUER, 1994), conforme Figura 19, foi estabelecido o volume do agregado graúdo por m³. A quantidade de agregado graúdo necessária foi obtida através da multiplicação do valor encontrado na tabela pela massa especifica aparente do material. Figura 19: Tabela 7.6 - Volume de agregado graúdo por m³ de concreto - fonte: Livro Materiais de Construção - Falcão Bauer. 10
6. O consumo de agregado miúdo foi calculado por meio da seguinte equação: Consumo de cimento Vm = 1 - ( ρ do cimento + Consumo de brita ρ da brita + Consumo de água ρ da água + Ar Incorporado 100 ) Com o resultado do volume do agregado miúdo obtido, foi possível calcular o consumo do mesmo, multiplicando a massa específica aparente do material pelo volume encontrado. Segue equação do consumo de agregado miúdo: C agr.miúdo = ρ ag.miúdo x V agr.miúdo. 7. O traço do concreto foi estabelecido pela proporção de materiais em massa em relação à massa de cimento. Seguem as relações para traço do concreto: 1: a: b: a/c Onde: Massa cimento Massa cimento Massa ag.miúdo = 1 Massa cimento = a Massa ag.graúdo = b Massa cimento Massa água Massa cimento = a/c 8. Em seguida, foi calculado o volume dos corpos de prova, o qual foi obtido multiplicando a área pela altura, em seguida, o valor encontrado foi multiplicado pela quantidade de corpos de prova a serem utilizados. 9. O cálculo da quantidade de cimento para moldagem dos dez corpos de prova foi obtido pela seguinte equação: Ccimento = Volume corpo de prova 1 a + ρ do cimento ρ ag.miúdo + b ρ ag.graúdo + a c. Cálculos e resultados das equações descritas acima se encontram anexados na Tabela 04, no item 4.4. 10. Com todos os cálculos realizados e as quantidades de materiais determinadas, (Figura 20), foi então produzido o concreto. Inicialmente, foi colocada toda quantidade de agregado graúdo na betoneira, em seguida, metade da quantidade de água e deixado rodar por um minuto, depois foi despejado o agregado miúdo, o cimento e o restante da água, deixando rodar por mais três minutos. 11
11. Enquanto o concreto foi batido, passou-se óleo nos corpos de prova. Após terminar o concreto foi realizado o slump test, de acordo com a NBR NM 67 (ABNT, 1998) (Figuras 21 e 22). Figura 20: Materiais separados nas quantidades determinadas - fonte: Figura 21: Realização do slump test - fonte: próprio autor (2017). Figura 22: Realização do slump test - fonte: próprio autor (2017). O abatimento verificado encontra-se anexado na Tabela 05, no item 4.5. 12. Terminado o slump test, foram moldados os corpos de prova, de acordo com a NBR NM 5738 (ABNT, 2015). Foram moldados seis corpos de prova para posterior ensaio de compressão com 7 e 28 dias (Figuras 23, 24 e 25). Figura 23: Moldagem do corpo de prova - fonte: Figura 24: Corpos de prova desmoldados - fonte: próprio autor (2017). Figura 25: Corpos de prova moldados - fonte: próprio autor (2017). 12
Os resultados do ensaio de compressão dos corpos de prova encontram-se conforme Tabela 06, no item 4.6. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 GRANULÓMETRIA DO AGREGADO MIÚDO Segue abaixo Tabela 01 o resultado da distribuição granulométrica do agregado miúdo natural e resíduo, de acordo com a NBR NM 248 (ABNT, 2003), e resultados do módulo de finura e DMC: Tabela 01: Distribuição granulométrica dos agregados miúdos Material Natural Resíduo Abertura da Peneira Massa % Retida Massa % Retida % Retida % Retida Retida (g) Acumulada Retida (g) Acumulada #4,75 mm 0 0 0 0 0 0 #2,36 mm 6,30 0,63 0,63 441,63 44,163 44,163 #1,18 mm 35,24 3,53 4,16 296,99 29,699 73,862 #0,600 mm 155,55 15,56 19,72 146,99 14,699 88,561 #0,300 mm 390,98 39,12 58,84 72,44 7,244 95,805 #0,150 mm 387,00 38,72 97,56 23,83 2,383 98,188 Fundo 24,32 2,44 100 18,09 1,809 99,997 TOTAL 999,39 99,48-999,97 99,997 - Módulo de Finura: 1,81 Módulo de Finura: 4,00 DMC: 1,18 mm DMC: 0,150 mm Um módulo de finura de 1,81 trata-se de um material com partículas bem finas, pois quanto menor for o valor do módulo de finura, menores são as partículas do material, sendo assim, consumirá mais água. O módulo de finura do resíduo foi de 4,00, comparado com o módulo de finura da areia natural de 1,81, significa que as partículas do resíduo são partículas mais grossas que as da areia natural. O DMC da areia natural foi de 1,18 mm e do resíduo foi de 0,150 mm. Esses valores significam que na peneira de abertura 1,18 mm e na peneira de 0,150 mm tiveram uma porcentagem retida acumulada inferior a 5% em massa. 4.2 MASSA ESPECÍFICA APARENTE E ABSOLUTA Segue abaixo Tabela 02 com os resultados da massa específica aparente e absoluta dos agregados miúdos e graúdos do material natural e material com resíduo: 13
Tabela 02: Resultados de massa específica absoluta e aparente dos materiais Agregado Miúdo - Areia Agregado Miúdo - Resíduo Massa específica aparente: 1,67 g/cm³ Massa específica aparente: 1,49 g/cm³ Massa específica absoluta: 2,63 g/cm³ Massa específica absoluta: 2,02 g/cm³ Agregado Graúdo - Brita Agregado Graúdo - Resíduo Massa específica aparente: 1,54 g/cm³ Massa específica aparente: 1,30 g/cm³ Massa específica absoluta: 2,94 g/cm³ Massa específica absoluta: 1,58 g/cm³ Diâmetro máximo 19 mm Diâmetro máximo 19 mm A massa específica aparente do agregado natural comparada à massa específica aparente do agregado resíduo tiveram pequenas diferenças, esses valores mostram que o agregado miúdo natural possui um menor índice de vazios que o agregado resíduo, o que comprova os valores de módulo de finura apresentados. Já a massa específica absoluta dos agregados se comparadas tiveram uma diferença um pouco maior, principalmente no agregado graúdo. 4.3 MASSA ESPECÍFICA ABSOLUTA DO CIMENTO Segue abaixo cálculo da massa específica absoluta cimento: ρab = Cimento (500g) Lfinal - Linicial = 60 = 3,03 g/cm³ 19,9-0,10 Ao conhecer a massa especifica do cimento (CP-II Z 32), podemos determinar a dosagem do concreto, fazendo uso do consciente obtido nos cálculos de consumo dos produtos na mistura. concreto: 4.4 CONCRETO Segue abaixo Tabela 03 com as características estabelecidas para produção do Tabela 03: Características do concreto. Características do Concreto Cimento utilizado: CP II - Z 32 Abatimento máximo e mínimo 7,5 cm e 15 cm Tipos de construção e estrutura: Lajes, vigas e cortinas armadas Uso de água por m³ de concreto: 203 litros Ar contido na massa: 2,0 % Desvio Padrão: 4,0 Mpa - Condição A 14
concreto: Descrição Resistência 28 dias: Segue abaixo Tabela 04 com os valores referentes aos traços das amostras de Concreto Convencional 100 % Resíduo 50 % Resíduo 30 % Resíduo 20 MPa 20 MPa 20 MPa 20 MPa Relação A/C: 0,57 0,57 0,57 0,57 Consumo de cimento: 356,14 kg/m³ 356,14 kg/m³ 356,14 kg/m³ 356,14 kg/m³ Quantidade de agregado graúdo: 1.184,26 kg/m³ 767,00 kg/m³ 884,00 kg/m³ 930,80 kg/m³ Quantidade de agregado miúdo: 668,28 kg/m³ 739,32 kg/m³ 740,82 kg/m³ 734,60 kg/m³ Consumo de água: 203 litros 203 litros 203 litros 203 litros Traço para 1 m³ de concreto: Tabela 04: Traço dos concretos produzidos 1:1,88:3,33:0,57 1:2,08:2,15:0,57 1:2,08:2,48:0,57 1:2,07:2,61:0,57 4.5 SLUMP-TEST Segue abaixo Tabela 05 com resultados do slump test: Tabela 05: Resultados do slump test Traço Abatimento Verificado Convencional 13,5 cm 100 % Resíduo Zero 50 % Resíduo 13,0 cm 30 % Resíduo 14,0 cm Os traços com utilização parcial de resíduos não tiveram grandes alterações nos valores verificados pelo slump test, em relação ao concreto convencional, devido ao fato de que sua absorção de água apresentou resultados parecidos, já em relação à substituição total dos agregados, houve uma grande absorção de água, assim não possuindo uma boa trabalhabilidade como mostra no resultado de zero obtido. 4.6 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO AXIAL Os resultados do ensaio de compressão axial dos corpos de provas (Figura 26) nas datas dos ensaios de 07 e 28 dias estão indicados abaixo na Tabela 06. 15
Tabela 06: Resultados do Ensaio de Resistência à Compressão Axial Traço: Convencional 100% Resíduo 50% Residúo Miúdo 30% Residúo Miúdo 7 dias 28 dias 7 dias 28 dias 7 dias 28 dias 7 dias 28 dias Tempo: Resistência (MPa) Resistência (MPa) Resistência (MPa) Resistência (MPa) CP1 17,88 24,07 5,37 7,16 16,39 18,42 17,91 22,30 CP2 20,90 23,90 5,19 7,15 14,40 18,19 19,05 24,25 CP3 21,82 26,21 5,71 7,40 16,37 17,61 18,52 25,22 Média: 20,20 24,73 5,422 7,235 15,72 18,07 18,05 23,92 Figura 26: Rompimento do corpo de prova - fonte: próprio autor (2017). Os resultados dos ensaios de compressão axial foram bem satisfatórios quanto à resistência adquirida pelo traço com a utilização de resíduos com substituição de 30% do agregado miúdo, já a substituição total dos agregados pelo resíduo e substituição de 50% não atingiram a resistência esperada de 20 MPa, apresentaram resistências abaixo da calculada, principalmente na substituição total. 5. CONCLUSÃO Ao analisar os resultados obtidos neste trabalho, conclui-se que a produção de um concreto com substituição total dos agregados por resíduo não é uma boa alternativa, este tipo de concreto não obteve bons resultados em relação à resistência. O concreto com substituição de 30% do agregado por resíduo já é uma alternativa que deu certo, atingindo uma resistência acima da calculada, sinalizando assim que pode ser utilizado para lajes e estruturas. A substituição de 50% do agregado por resíduo também não atingiu a resistência esperada, porém apresentou uma resistência próxima à calculada, podendo, 16
assim, serem utilizados para calçadas, guias, local sem peso ou tração. Para trabalhos futuros sugere-se que para os concretos com fresado asfáltico, seja estudada novas variações de porcentagens dos agregados, e também a variação da resistência e comportamento em função da variação da temperatura, tendo em vista a sensibilidade deste resíduo as oscilações de calor. 6. REFERÊNCIAS Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR NM 248:2003: Agregados - Determinação da composição granulométrica - Classificação, Rio de Janeiro, 2003. Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR NM 52:2003: Agregado miúdo - Determinação da massa específica e massa específica aparente - Classificação, Rio de Janeiro, 2003. Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR NM 53:2003: Agregado graúdo - Determinação da massa específica, massa específica aparente e absorção de água - Classificação, Rio de Janeiro, 2003. Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR NM 67: Concreto - Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone - Classificação, Rio de Janeiro, 1998. Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 5738: Concreto - Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova - Classificação, Rio de Janeiro, 2003. Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR NM 23: Cimento Portland e outros materiais em pó Determinação da massa específica - Classificação, Rio de Janeiro, 2001. BAUER, L. A. F. Materiais de Construção, Volume 1, 5ª Edição: Rio de Janeiro: LTC, 1994. GEWEHR, J. Fresadoras de asfalto. Porto Alegre, 26 dez. 2012. Disponível em: http://asfaltodequalidade.blogspot.com.br/2012/12/fresadoras-de-asfalto.html. Acesso em: 07 nov. 2017. LUCENA, A. E. F. L.; OLIVEIRA, A. M.; NASCIMENTO, M. V.; SILVA, J. A. A. Estudo do comportamento mecânico de misturas asfálticas contendo material fresado a partir da dosagem Marshall. In: VII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE, Campina Grande: UFCG, 2010. SCREMIN, L.B.; CASTILHOS JUNIOR, A, B.; ROCHA, J. C. Sistema de apoio ao gerenciamento de resíduos de construção e demolição para municípios de pequeno porte. Engenharia Sanitária e Ambiental, [s.l.], v. 19, n. 2, p.203-206, 2014. Trimestral. FapUNIFESP (SciELO). DOI: 10.1590/S1413-41522014000200011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/esa/v19n2/1413-4152-esa-19-02-00203.pdf. Acesso em: 20 nov. 2017. 17
Tecnologia para aplicação de Asfalto Fresado. Disponível em: <http://www.roadexpertsla.com/ptbr/experts/artigo/tecnologias-para-aplicacao-deasfaltofresado-rap>. Acesso em: 29 out. 2017. TONUS, Cristian Allan; MINOZZI, Pratícia Ioná. UTILIZAÇÃO DE AGREGADOS RECICLADOS DE ALVENARIA NA PRODUÇÃO DE CONCRETO PARA CONTRAPISOS. 2013. 68 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Pato Branco, 2013. ULSEN, Carina. CARACTERIZAÇÃO E SEPARABILIDADE DE AGREGADOS MIÚDOS PRODUZIDOS A PARTIR DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO. 2011. 239 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia de Minas e de Petróleo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. 18