Intensidade energética sob temporais marítimos:

Documentos relacionados
Francisco Sancho, Filipa Oliveira, Paula Freire, João Craveiro. Índice

This project has received funding from the European Union s Horizon 2020 research and innovation programme under grant agreement No

Caracterização do clima de agitação ao largo

GALGAMENTO DO QUEBRA-MAR POENTE DE ALBUFEIRA: COMPARAÇÃO ENTRE O MODELO NUMÉRICO SPH E MEDIÇÕES DE CAMPO

PROJETO ALADDIN APRESENTAÇÃO

This project has received funding from the European Union s Horizon 2020 research and innovation programme under grant agreement No

O papel da investigação no apoio ao Projeto e Obra de Engenharia Costeira: Estudos de caso

Avaliação e quantificação da intensidade da agitação marítima em Portugal Continental

Estudo e Análise da Vulnerabilidade Costeira face a cenários de subida do NMM devido às alterações climáticas

Seminário Energia dos Oceanos

Usos actuais e futuros da AMP do canal Faial-Pico

David José Moutinho Russo Santos Heitor. Classificação da Intensidade Energética no Litoral de Espinho

Análise do déficit de conhecimento

ESTUDOS DE AGITAÇÃO E RESSONÂNCIA NO PORTO DE LEIXÕES

O Canal Faial-Pico: Gestão Participativa (actores chave) da Área Marinha Protegida

Sobreelevação da superfície do mar devida à variação da pressão atmosférica: esta componente é também identificada como storm surge :

MORPHODYNAMIC PROCESSES OF THE BEACHES IN FRONT TO THE PILOT ZONE LAPA, N. FERREIRA, F. PÓLVORA,C. RODRIGUES, A. LUZ, C. I. 2014

Caracterização da Agitação Marítima ao Largo da Baía de Maputo

título A Ria Formosa no século XXI A Exploração de Recursos e os Riscos Costeiros

Hidráulica Fluvial e Marítima

This project has received funding from the European Union s Horizon 2020 research and innovation programme under grant agreement No

COMPARAÇÃO DE CAPACIDADE DE GERAÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE TECNOLOGIAS DE CONVERSÃO DE ENERGIAS DE ONDAS DO MAR

PARA A ZONA COSTEIRA DE PORTUGAL EM CENÁRIOS DE ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Riscos Costeiros. Identificação e Prevenção. Óscar Ferreira (com a colaboração de muitos)

Identificação e mapeamento das áreas vulneráveis da zona costeira de PE e os riscos potenciais decorrentes das alterações as mudanças climáticas!

7. Auditorias em Qualidade e Segurança Alimentar

A evolução de povoações costeiras no litoral da Região Centro de Portugal o caso de estudo das praias de Esmoriz e Cortegaça

Caracterização do regime de ventos no litoral

A Situação Meteorológica e os Incêndios Rurais em Março

Riscos de inundações fluviais e estuarinas

Hidráulica Marítima. Hidráulica Marítima (HM) ou Costeira ( Coastal Engineering ) :

Acelerar a Tecnologia para a Energia Térmica de Baixo Carbono

APLICAÇÃO DO PROCESSO DE ANÁLISE HIERÁRQUICA (AHP) NA AVALIAÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS DE GALGAMENTO EM ZONAS PORTUÁRIAS CASO DE PONTA DELGADA, AÇORES

OPENCoastS Serviço de Previsão em Tempo Real a Pedido para a Circulação na ZEE Portuguesa

OPENCoastS Serviço de Previsão em Tempo Real a Pedido para a Costa Portuguesa

PROJECTO DE LEI N.º 424/VIII CRIAÇÃO DO CONCELHO DE ESMORIZ. Nota justificativa. I - Breve caracterização histórica

Perigosidade Sísmica no Vale Inferior do Tejo e Algarve

As Intervenções de Defesa Costeira na Mitigação do Problema da Erosão

Estratégia para o Litoral PAPVL CONSELHO NACIONAL DA ÁGUA. Lisboa, 13 de março de 2014

ANÁLISE DA SUSCETIBILIDADE AO DESPRENDIMENTO DE BLOCOS ROCHOSOS NAS ARRIBAS DA ORLA COSTEIRA DO ALGARVE: APLICAÇÃO DO MÉTODO ROCK ENGINEERING

6º ENCONTRO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

Projecto de Resolução n.º.1401/xiii/3.ª

15/11/2018 Exercícios energéticos - Reikiactivo.com

Radiação Solar parte 1

Prova de Avaliação de Capacidade & Prova Específica de Avaliação de Conhecimentos

Riscos no Litoral: O Plano Sectorial de Prevenção e Redução de. Riscos e o contributo da Direcção Geral do. Território DGT

Caracterização do regime de extremos do nível do mar. Estudo do litoral na área de intervenção da APA, I.P. /ARH do Tejo. Entregável

1. Matriz de compatibilização das classes de espaço dos Planos Directores Municipais com as Classes de Espaço propostas pelo POOC.

Prova de Avaliação de Capacidade e Prova Específica de Avaliação de Conhecimentos n.º 1 do artigo 6.º do Regulamento dos TeSP da UAlg.

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS. Nesse sentido o Homem tem o dever de proteger e melhorar o ambiente para as gerações actuais e vindouras :

HIDRALERTA NOVA PTDC/AAC-AMB/120702/2010 SISTEMA DE PREVISÃO E ALERTA DE INUNDAÇÃO EM ZONAS COSTEIRAS E PORTUÁRIAS

Fernando Pereira A. Perna. Universidade do Algarve

AQUASAFE PORTUÁRIO FERRAMENTA DE SUPORTE À NAVEGAÇÃO E OPERAÇÃO PORTUÁRIA - PROJEÇÃO DAS CONDIÇÕES OCEANOGRÁFICAS E CLIMÁTICAS

PLANIFICAÇÃO DE GEOGRAFIA 10º. ANO LECIONAÇÃO DOS

Projecto de Resolução do PCP pela tomada de medidas na sequência das intempéries no distrito de Avei

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS PROF. PAULA NOGUEIRA - OLHÃO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS PROGRAMA CURRICULAR - 3º CICLO - 7º ANO GEOGRAFIA

AVALIAÇÃO DO POTÊNCIAL EÓLICO DA REGIÃO DO ALGARVE

FORWARD Bacias hidrográficas. João Pedro NUNES 16-Abril-2010

Actividade Sísmica Março 2011 Relatório-Síntese

764,16 km 2, maior município da região do Algarve; habitantes cerca de 15% população algarvia; Duas cidades: Loulé e Quarteira; 11 Freguesias

Observações e cálculo do runup na praia de Mira

Mário Neves. Formas e Processos Litorais 2007/08. Programa 2007/2008

Resumo Climatológico Maio de 2019

Quadro legal e institucional para AIA a nível europeu e nacional. Processo e produtos Selecção de acções

A rebentação de ondas junto à costa ocorre devido à redução da profundidade.

Portal Mobilidade e Transportes

Estruturas Marítimas Utilizando Métodos Probabilísticos de Níveis II e III. Maria Teresa Reis João Alfredo Santos

POLIS LITORAL RIA FORMOSA PROJETOS ESTRUTURANTES. 7 de abril de 2015

Climatológico Sazonal. Boletim Climatológico Sazonal Inverno de 2016/17

Caracterização do clima de agitação na zona de rebentação nas praias-piloto

C. Andrade, M. C. Freitas, R. Taborda, F. Marques, C. Antunes

ENERGY STORY: Como armazenar e utilizar energia de uma maneira inteligente?

MAPEAMENTO PARTICIPATIVO DE SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMAS NO PARQUE NATURAL DO SUDOESTE ALENTEJANO E COSTA VICENTINA

Plano de Ação de Proteção e Valorização do Litoral (PAPVL)

Conflitos de ordenamento

Boletim Climatológico Sazonal Primavera 2015

MIEC MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2014/2015 PROPOSTA DE TEMAS PARA DISSERTAÇÃO RAMO DE ESPECIALIZAÇÃO/ ÁREA CIENTÍFICA:

Caracterização da precipitação na Região Hidrográfica do Tejo. Estudo do litoral na área de intervenção da APA, I.P. /ARH do Tejo. Entregável

Sessão de apresentação de resultados 2010

PROPAGAÇÃO DA AGITAÇÃO MARÍTIMA DO LARGO PARA À COSTA DE MAPUTO: APLICAÇÃO AO TRANSPORTE DE SEDIMENTOS

2. Fenómenos e processos costeiros

Reestruturação Urbanística de Carcavelos- Sul Implicações sobre a evolução sedimentar na Praia de Carcavelos

Caracterização do regime de marés

1 Introdução. VI Seminário Latino Americano de Geografia Física II Seminário Ibero Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010

Modelação Empírica da Forma Plana de Praias: Dois Casos de Estudo

Riscos Naturais e Riscos Geológicos

FORD C-MAX + FORD GRAND C-MAX CMAX_Main_Cover_2014_V3.indd /08/ :01:48

ENERGY STORY: Como habilitar os cidadãos a assumir um papel activo no mercado de energia?

Imagem de Satélite às 0800UTC

AVALIAÇÃO DO RISCO DE GALGAMENTOS E INUNDAÇÃO:

NP ISO :2011 Acústica Descrição, medição e avaliação do ruído ambiente Parte 2: Determinação dos níveis de pressão sonora do ruído ambiente

O Território Português

RISCOS DE EROSÃO COSTEIRA

This project has received funding from the European Union s Seventh Framework Programme for research, technological development and demonstration.

Nuno Lacasta Vagos, 15 de julho LITORAL XXI Governança e Programa de Ação

Planos de Ordenamento da Orla Costeira

Alterações Climáticas os possíveis efeitos no Algarve

Alterações Climáticas e Turismo:! Zonas Costeiras! J. Alveirinho Dias!

Habitação em Portugal: evolução e tendências.

O ano 2015 em Portugal Continental, foi extremamente seco e muito quente (Figura 1). Figura 1 - Temperatura e precipitação anual (período )

Transcrição:

Intensidade energética sob temporais marítimos: casos de estudo de Espinho e do litoral da Ria Formosa F. Sancho, A.S. Beirão e M.G. Neves LNEC Laboratório Nacional de Engenharia Civil FCT/UNL Faculdade de Ciências e Tecnologia

Motivação A erosão costeira é uma preocupação nacional, real, que acarreta elevados custos económicos, entre outros. Francisco Sancho 2

Introdução A erosão costeira deve-se fundamentalmente à ação da agitação marítima mais energética, durante temporais marítimos: Como definir temporal marítimo? Como caracterizar temporal marítimo? É a intensidade energética um bom indicador ( proxy ) desta ação? Qual a melhor forma de apresentar esta variável? Qual a variação espacial da intensidade energética na costa continental Portuguesa? É este o parâmetro/indicador mais adequado para o cálculo da perigosidade da ação marítima (energia+duração), aplicável em todo o território? Francisco Sancho 3

Antecedentes Definição de intensidade energética em situação de temporal por Mendoza et al. (2011) e aplicação à costa catalã Adaptação e aplicação ao litoral de Espinho por Heitor (2013) e Sancho et al. (2013): teste de diferentes limiares para definição de temporal teste de diferentes classes de intensidade energética Teste de outras variáveis para determinação da intensidade da agitação marítima por Beirão (2015) Contraste com métodos mais clássicos de avaliação da intensidade da agitação marítima: Altura significativa de onda Potência (fluxo de energia) da onda Francisco Sancho 4

Intensidade energética sob temporais marítimos (Mendoza et al., 2011) I = t1 t2 HS 2 dt (m 2 h) Metodologia 1. Agitação marítima local Séries de agitação marítima ao largo Propagação da agitação marítima para a costa Modelo SWAN 2. Identificação de temporais Definição de temporal Hs 3 m tmin=6hr, unicidade: Hs 3m se t 48hr Caracterização da intensidade energética: valor médio por temporal valor médio anual Francisco Sancho 5

Metodologia Séries temporais de hindcast da agitação marítima: Espinho: 1953-2009 (Dodet et al., 2010) Origem, UTM (m) X 0 =463.000 ; Y 0 =4487.000 Dimensões (km) L x =70 ; L y =100 Resolução (m) x=500 ; y=500 Nº de pontos da malha 28000 Ria Formosa: 1958-2013 (Puertos del Estado) Origem (m), Coordenadas UTM X 0 =-17.000 Y 0 =-324.000 Dimensões (km) L x =75 L y =35 Resolução (m) x =500 y =500 N.º pontos da malha 10650 Francisco Sancho 6

in Veloso-Gomes et al., 2006 Caso de estudo: litoral de Espinho Praia de Mar e Sol (Aguda) Barrinha de Esmoriz Francisco Sancho 7

Caso de estudo: litoral da Ria Formosa Francisco Sancho 8

Resultados: intensidade média por temporal Razão da ordem de 1/5 a 1/2 entre a intensidade na Ria Formosa e em Espinho: - média em Espinho 900 m 2 h - Média na Ria Formosa 300 m 2 h Francisco Sancho 9

Frequência anual de temporais Resultados: frequência e duração Duração média anual dos temporais Francisco Sancho 10

Resultados: altura significativa Altura significativa média por temporal Francisco Sancho 11

Dir_méd (º) Dir_méd ( ) Resultados: direção média em temporal Direção média em temporal: Espinho 305 300 295 290 285 280 275 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 Localização 270 Direção média em temporal: Ria Formosa 240 210 180 150 120 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Localização Francisco Sancho 12

Resultados: intensidade média anual (IEMA) Razão da ordem de 1/50 a 1/10 entre a intensidade na Ria Formosa e em Espinho: - média em Espinho 11000 m 2 h - Média na Ria Formosa 1000 m 2 h Francisco Sancho 13

Discussão de resultados ONDATLAS (INETI, 2003) ATUAL Hsmed Hs_84% Hs_max P_med P_84% Pmax Is_med (m) (m) (m) (KW/m) (KW/m) (KW/m) (m 2 h) Espinho 2.0 2.9 9.5 27 41 806 10963 Praia de Faro 0.8 1.6 6.4 8 10 284 1876 Armona 1.3 2.0 9.4 11 12 588 162 Os valores do ONDATLAS são inversos na relação de magnitudes a nascente e poente do Cabo de Sta. Maria em relação aos aqui calculados Potência: a relação dos valores médios ou do quantil 84% são da ordem de 1/3 a 1/4 do Algarve para Espinho, IEMA: a razão é entre 1/10 e 1/50 do Algarve para Espinho Francisco Sancho 20

Conclusões A intensidade energética média anual (IEMA) aparenta ser um bom indicador da ação da agitação marítima, capturando as diferenças conhecidas em termos de intensidade, frequência e duração de temporais entre a região de Espinho e da Ria Formosa. Francisco Sancho 20

Conclusões A intensidade energética média anual (IEMA) aparenta ser um bom indicador da ação da agitação marítima, capturando as diferenças conhecidas em termos de intensidade, frequência e duração de temporais entre a região de Espinho e da Ria Formosa. O IEMA aparenta ser adequado para definição de classes de perigosidade da agitação marítima, para todo o litoral future work Francisco Sancho 20

Conclusões A intensidade energética média anual (IEMA) aparenta ser um bom indicador da ação da agitação marítima, capturando as diferenças conhecidas em termos de intensidade, frequência e duração de temporais entre a região de Espinho e da Ria Formosa. O IEMA aparenta ser adequado para definição de classes de perigosidade da agitação marítima, para todo o litoral future work O IEMA é 10 a 50 vezes maior em Espinho que na Ria Formosa. A intensidade média por temporal em Espinho é cerca de 2 a 5 vezes a calculada na Ria Formosa A intensidade média por temporal a poente do Cabo de Sta. Maria é o dobro daquela a nascente O número médio anual de temporais em Espinho é cerca de 5 a 10 vezes maior que na Ria Formosa A duração média do temporal em Espinho é o dobro daquela na Ria Formosa Francisco Sancho 20

Coastal Waters Research Synergy Framework Agradecimentos: This project has received funding from the European Union s Horizon 2020 Research and Innovation Programme under grant agreement no 687289 Obrigado Francisco Sancho 18