Jorge Alberto L. DUARTE 1 e Álvaro Luiz Diogo REIGADA 2

Comparação entre o crescimento de fêmeas e machos do camarão setebarbas, Xiphopenaeus kroyeri (Heller, 1862), (Crustacea, Decapoda Penaeidae), da Praia do Perequê, Guarujá -SP, Brasil. Jorge Alberto L. DUARTE 1 e Álvaro Luiz Diogo REIGADA 2 1 Alunos do Programa Pós-Graduação em Ecologia da UNISANTA 2 Docentes do Programa Pós-Graduação em Ecologia da UNISANTA Foram feitas dois arrastos em fevereiro de 212. No primeiro foi retirada uma subamostra com 186 camarões sete-barbas e no segundo outra com 194 indivíduos, perfazendo um total de 38 indivíduos. O camarão sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri (Heller, 1862) (Decapoda:Dendrobranchiata: Penaeidae) representa o terceiro recurso pesqueiro mais importante do litoral paulista, atrás somente da corvina e da sardinha-verdadeira. No presente trabalho foi feito um estudo do crescimento de fêmeas e machos do X. kroyeri para comparálos. Concluiu-se que as fêmeas apresentam um crescimento maior que os machos. Palavras-chave Xiphopenaeus kroyeri, crescimento, fêmeas, machos. Comparison between the growth of females and males-bob-shrimp, Xiphopenaeus kroyeri (Heller, 1862) (Crustacea, Decapoda, Penaeidae), the Perequê Beach, Guarujá SP, Brazil. Two trawls were made in February 212. In the first withdrawal was a subsample of 186 seven-bearded shrimp and the second one with 194 subjects, a total of 38 individuals. The shrimp Xiphopenaeus kroyeri (Heller, 1862) (Decapoda: Dendrobranchiata: Penaeidae) is the third most important fishing resource of the São Paulo coast, behind only the corvina and sardine-true. In the present work a study was made of the growth of females and males of X. kroyeri to compare them. It was concluded that females have a higher growth than males. Keywords Xiphopenaeus kroyeri, growth, females, males. INTRODUÇÃO No mundo são conhecidas 7 famílias, 56 gêneros e aproximadamente espécies de camarões Dendrobranchiata (PÉREZ-FARFANTE & KENLEY, 1997). No Brasil existem 26 gêneros e 61 espécies (D INCAO, 1995) e no Estado de São Paulo há 14 gêneros e 2 espécies pertencentes à de Dendrobranchiata (D INCAO 1995, COSTA ET AL. 2 E COSTA 22). O camarão sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri, Heller,1862) é um crustáceo pertencente à família Penaeidae, sendo o mais abundante camarão sob exploração no litoral paulista. É um animal bentônico que habita águas costeiras rasas, até os 3 m de profundidade (IWAI, 1973; GRAÇA LOPES, 1996), onde o substrato é normalmente areia e lama UNISANTA BioScience p. 39-43 Vol. 1, nº1 (212) Página 39

(MALHEIROS, 28). Seu ciclo de vida não apresenta estratificação populacional bem definida, ou seja, normalmente se tem a presença de jovens e adultos na mesma área onde ocorre a pesca. Por ser uma espécie costeira de águas rasas é alvo da pesca de pequena escala, constituída por embarcações de pequeno porte, entre 5 e 1 metros de comprimento (SANTOS, 27). Esses barcos destacam-se entre os pescados desembarcados no Estado de São Paulo pela quantidade capturada e pelo número de embarcações envolvidas na atividade (SEVERINO-RODRIGUES et al., 1993) possuindo, portanto, grande relevância social e econômica (GRAÇA LOPES et al., 27). Com os dados morfométricos obtidos em uma amostra de X. kroyeri, será feito o estudo do crescimento de fêmeas e machos, separadamente, com o objetivo de compará-los. MATERIAL E MÉTODOS O material utilizado no presente estudo foi amostrado nas capturas da praia do Perequê, Município do Guarujá SP, em profundidades que variaram de 5 a 1 metros. O lance de pesca durou cerca de 3 minutos com uma velocidade média de 2 nós. As redes de arrasto utilizadas pela embarcação nas amostragens possuíam as seguintes medidas: 2m de altura; 9m de largura; tamanho da malha com 2mm de distância entre nós postos nas mangas e corpo e 16mm de distância entre nós opostos no ensacador (SANTOS, 27). Foi feito um arrasto em fevereiro de 212. Nesse arrasto foi capturado aproximadamente 6kg. Dessa biomassa foi separada uma subamostra de aproximadamente 2kg. Foi levada, então, a um Laboratório de Bioecologia de Recursos Pesqueiros (ECO- REPE). Para cada indivíduo amostrado foi medido o peso total (Pt em gramas) com uma balança da marca Martes ASC com capacidade de até g, com resolução de,1g e precisão de ±,1g. Cada exemplar foi medido com um paquímetro digital de aço inoxidável marca Leetools que tem capacidade de 1mm, resolução de,1mm e precisão de ±,3mm, e para a obtenção das medidas de comprimentos, efetuadas segundo D'INCAO & CALAZANS (1978): comprimento total (Ct medida distância entre a extremidade da parte posterior do olho direito e a extremidade posterior do telso) e o comprimento do abdômen (Ca comprimento total dos seis segmentos abdominais). RESULTADOS Para o estudo do crescimento das fêmeas e machos foram feitos, com o auxílio de uma planilha eletrônica, os gráficos e (SANTOS, 1978) onde A e B são os parâmetros de crescimento. Para se determinar em qual comprimento teremos % dos indivíduos adultos (HECKLER, 21), foram feitos, também com uma planilha eletrônica, o gráficos da frequência acumulada em porcentagem (Fa), Fa = f(ct) e também Fa = f(ca), usando classes de 2mm. Os resultados encontrados estão a seguir nas figuras 1 a 4 que contem os gráficos do crescimento em Pt. São também apresentados os resultados com os gráficos da frequência acumulada (Fa) em função do comprimento total (Ct) nas figuras 5 a 8. UNISANTA BioScience p. 39-43 Vol. 1, nº1 (212) Página 4

12, Fêmeas: Pt = f(ct) Machos: Pt = f(ct) y = 4E-5x 2,7652 y = 2E-5x 2,8829 R² =,963 6, 2, R² =,8561 4 5 6 7 8 9 1 4 5 6 7 8 9 Figura 1: (B F = 2,8829) Figura 2: (B M = 2,7652) 12, Fêmeas: Pt = f(ca) Machos: Pt = f(ca) y = 6E-5x 3,37 y = 5E-5x 3,762 R² =,9193 6, 2, R² =,8913 2 3 4 5 6 2 3 4 5 Figura 3: (B F = 3,762) Figura 4: (B M = 3,37) Fêmeas: Fa = f(ct) Machos: Fa = f(ct) Fa = f(ct) Fa = f(ct) Ct % Ct % 4 6 8 12 4 6 8 Figura 5: (Ct % = 64,6mm) Figura 6: (Ct % = 62,45mm) Fêmeas: Fa = f(ca) Machos: Fa = f(ca) Fa = fca) Ca = f(ct) Ca % Ca % 35 45 55 65 3 35 4 45 55 Figura 7: (Ca % = 37,9mm) Figura 8: (Ca % = 37,35mm) DISCUSSÃO Na curva do crescimento (BATSCHELET 1978, WEATHERLEY 1972, WEATHERLEY & GILL 1987) A é o fator de condição, que nos fornece a intersecção da curva com o eixo y e B é o parâmetro que nos fornece o crescimento. Quanto maior for o parâmetro B mais o indivíduo cresce. UNISANTA BioScience p. 39-43 Vol. 1, nº1 (212) Página 41

Analisando a figura 1 pode-se observar que as fêmeas, em relação ao Ct, apresentam o parâmetro B F = 2,8829. Já na figura 2 têm-se os machos, também em relação ao Ct, apresentam o parâmetro B M = 2,7652. Disso conclui-se que o crescimento do Ct das fêmeas é maior que o dos machos e, portanto, elas crescem mais que os machos da mesma espécie. Na figura 3 temos, para as fêmeas em relação ao Ca, o parâmetro B F = 3,762. A figura 4 mostra que, para os machos em relação ao Ct, o parâmetro B M = 3,37. Temos, portanto, o crescimento do Ca das fêmeas também é maior que o dos machos. Na figura 5 temos que com Ct = 64,6mm metade das fêmeas são adultas e, na figura 6, com Ct = 62,45mm metade dos machos são adultos. As fêmeas atingem a maturidade com comprimento total maiores que os machos. Na figura 7 temos que com Ca = 37,9mm metade das fêmeas são adultas e, na figura 8, com Ca = 37,35mm metade dos machos são adultos. As fêmeas atinge a maturidade com comprimento do abdômen maior que os dos machos. CONCLUSÃO No presente trabalho foi verificado que as fêmeas do Xiphopenaeus kroyeri têm comprimento total Ct crescendo mais que o dos machos da mesma espécie. Elas também apresentaram o comprimento do abdômen Ca com crescimento superior aos dos indivíduos machos da mesma espécie. Além disso, as fêmeas do X. kroyeri apresentaram Ct e Ca e, portanto, atingem a maturidade com comprimento total e comprimento do abdômen maiores que o dos machos da mesma espécie. Confirmando trabalhos feitos por BRANCO et al., (1994), por Bianco Sahm et al., (211) e por Heckler (21) as fêmeas do Xiphopenaeus kroyeri crescem mais do que os machos além de atingirem a maturidade com comprimentos maiores. REFERÊNCIAS BIOGRÁFICAS BATSCHELET, E. 1978. Introdução à matemática para Biocientistas. São Paulo, Interciência/EDUSP, 596p. BRANCO, J. O; LUNARDON-BRANCO, M.J.; DE FINIS, A., 1994. Crescimento de Xiphopenaeus kroyeri (Heller, 1862) (crustacea: Natantia: Penaeidae) da região de Matinhos, Paraná, Brasil. Núcleo de Estudos do Mar NEMAR/CCB-UFSC, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. BIANCO SAHM, B.D.; SANTOS, J. L. D.; SEVERINO-RODRIGUES, E. Caramão-setebarbas Xiphopenaeus kroyeri (Heller, 1862) capturado pela pesca de pequeno porte na praia do Perequê SP. Revista Ceciliana em http://www.unisanta.br/revistaceciliana. COSTA, R. C., 22. Biologia e distribuição ecológica das espécies de camarões Dendrobranchiata (Crustacea: Decapoda) na região de Ubatuba (SP). Tese de Doutorado, Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, Botucatu, SP, 186pp. COSTA, R. C.; FRANSOZO, A.; MANTELATTO, F. L. M.; & CASTRO, R. H. 2. Occurrences of shrimps (Natantia: Penaeidea and Caridea) in Ubatuba bay, Ubatuba, São Paulo, Brazil. Proc. Biol. Soc. Wash. 113(3): 776-781. UNISANTA BioScience p. 39-43 Vol. 1, nº1 (212) Página 42

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