LICENCIAMENTO AMBIENTAL E OS ÓRGÃOS INTERVENIENTES Vítor Ferreira Alves de Brito 1
MEIO AMBIENTE 2
O meio ambiente é, assim, a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas. A integração busca assumir uma concepção unitária do ambiente, compreensiva de recursos naturais e culturais. (...) I - Meio ambiente artificial, constituído pelo espaço urbano construído, consubstanciado no conjunto de edificações (espaço urbano fechado) e dos equipamentos públicos (ruas, praças, áreas verdes, espaços livres em geral: espaço urbano aberto); II - Meio ambiente cultural, integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico, que, embora artificial, em regra, como obra do Homem, difere do anterior (que também é cultural) pelo sentido de valor especial que adquiriu ou de que se impregnou; III - Meio ambiente natural, ou físico, constituído pelo solo, o ar atmosférico, a flora, enfim, pela interação dos seres vivos e seu meio, onde se dá a correlação recíproca entre as espécies e as relações destas com o ambiente físico que ocupam. (JOSE AFONSO DA SILVA, Direito Ambiental Constitucional, 8ª ed., Malheiros Editores, 2010, págs. 18/19) 3
- Desenvolvimento sustentável - Equilíbrio entre o desenvolvimento e a preservação, entre as exigências da economia e da ecologia - Licenciamento Ambiental procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. (Resolução CONAMA nº 237, de 19.12.97) 4
Licenciamento Ambiental: - Licença ou autorização? - Ato vinculado ou discricionário? - Objetivo: afastar os danos desnecessários e irreparáveis, mitigar os danos aceitáveis e compensar os danos inevitáveis, para implementar o empreendimento ou executar as atividades. 5
Repartição de Competência: CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: (...) VI proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; (...) Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. 6
Repartição de Competência: PRINCÍPIO DA PREDOMINÂNCIA DO INTERESSE LOCAL LEI COMPLEMENTAR Nº 140, DE 08.12.11 Art 7º. São ações administrativas da União: (...) XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades: a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona econômica exclusiva; c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas; d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados; 7
f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei Complementar n o 97, de 9 de junho de 1999; g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen); ou h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento; 8
Repartição de Competência: - No Setor de Energia Elétrica Art. 3º, VII, do Decreto 8.437/15, c/c art. 7º, XIV, da LC 140/11 Serão licenciados pelo órgão ambiental federal competente: a) Usinas hidrelétricas com capacidade instalada igual ou superior a trezentos megawatt; b) Usinas termelétricas com capacidade instalada igual ou superior a trezentos megawatt; e c) Usinas eólicas, no caso de empreendimentos e atividades offshore e zona de transição terra-mar. 9
Repartição de Competência: LEI COMPLEMENTAR Nº 140, DE 08.12.11 Art. 8 o São ações administrativas dos Estados: (...) XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7 o e 9 o ; 10
Repartição de Competência: LEI COMPLEMENTAR Nº 140, DE 08.12.11 Art. 9 o São ações administrativas dos Municípios: (...) XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Complementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos: a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; ou b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); 11
Repartição de Competência: UM ÚNICO ENTE FEDERATIVO LEI COMPLEMENTAR Nº 140, DE 08.12.11 Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo, em conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta Lei Complementar. 1º Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao órgão responsável pela licença ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados os prazos e procedimento no licenciamento ambiental. 12
Repartição de Competência: - Atuação supletiva: substituição da entidade federativa competente nas hipóteses legais Art. 15 da LC 140/11: I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado ou no Distrito Federal, a União deve desempenhar as ações administrativas estaduais ou distritais até a sua criação; II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Município, o Estado deve desempenhar as ações administrativas municipais até a sua criação; e III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado e no Município, a União deve desempenhar as ações administrativas até a sua criação em um daqueles entes federativos. 13
Repartição de Competência: - Atuação subsidiária: entidade federativa solicita auxílio de outra, por meio de apoio científico, administrativo ou financeiro, etc. (art. 16 da LC 140/11). 14
Licenciamento Ambiental: LICENÇA PRÉVIA Licença preliminar do planejamento do empreendimento ou da atividade, aprovando a sua localização ou concepção, atestando a viabilidade ambiental e desde logo estabelecendo requisitos e condicionantes a serem atendidas para expedição das licenças subsequentes. LICENÇA DE INSTALAÇÃO Autoriza a instalação do empreendimento ou atividade, de acordo com as especificações constantes dos planos, programas ou projetos apresentados, observando-se as medidas de controle ambiental e as condicionantes, que constituem motivo determinante da sua expedição. LICENÇA DE OPERAÇÃO Autoriza a operação do empreendimento ou atividade, desde que atendidos os requisitos das licenças anteriores e medidas de controle ambiental e condicionantes estabelecidas pelo órgão ambiental. 15
Licenciamento Ambiental Simplificado para Empreendimentos Elétricos de Menor Porte e de Pequeno Potencial Ofensivo ao Meio Ambiente: - Crise energética - Resolução CONAMA nº 279, de 27.6.01 Art. 1º - Os procedimentos e prazos estabelecidos nesta Resolução, aplicam-se, em qualquer nível de competência, ao licenciamento ambiental simplificado de empreendimento elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental, aí incluídos: I Usinas hidrelétricas e sistemas associados; II Usinas termelétricas e sistemas associados; III Sistemas de transmissão de energia elétrica (linhas de transmissão e subestações); IV Usinas eólicas e outras fontes alternativas de energia. 16
Licenciamento Ambiental Simplificado para Empreendimentos Elétricos de Menor Porte e de Pequeno Potencial Ofensivo ao Meio Ambiente: - Cabe ao órgão ambiental competente decidir pela aplicação do procedimento simplificado. - Resolução CONAMA nº 279, de 27.6.01 Art. 4º - O órgão ambiental competente definirá, com base no Relatório Ambiental Simplificado, o enquadramento do empreendimento elétrico no procedimento de licenciamento ambiental simplificado, mediante decisão fundamentada em parecer técnico. 17
Licenciamento Ambiental: - Suspensão ou cancelamento. Art. 19 da Resolução CONAMA nº 237 de 19.12.97: O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer: I - Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais. II - Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença. III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde. 18
Licenciamento Ambiental: - Não há direito adquirido de poluir.. Decreto-lei nº 1.413, de 31.7.75, art. 1º: As indústrias instaladas ou a se instalarem em território nacional são obrigadas a promover as medidas necessárias a prevenir ou corrigir os inconvenientes e prejuízos da poluição e da contaminação do meio ambiente.. Lei nº 6.938/81, art. 9º: São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: (...) IV o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; 19
Licenciamento Ambiental: - Cabe indenização?. Responsabilidade Objetiva (CF, art. 37, 6º). Teoria do Risco Administrativo. Princípio Constitucional da Solidariedade X. Princípio Constitucional do Poluidor-Pagador. Princípio da Precaução. Princípio da Revisibilidade das Licenças. Anulação decorrente de ilegalidade não cabe. Revogação por interesse público superveniente cabe. Cassação pelos descumprimentos das exigências da licença não cabe 20
ÓRGÃOS INTERVENIENTES - Competência para realizar as vistorias, emissão de relatórios e apresentar medidas necessárias para evitar ou mitigar o dano ambiental. Não lhe compete emitir, suspender ou cassar a licença. - Portaria Interministerial nº 60, de 24.3.15 (órgãos intervenientes do âmbito federal):. Fundação Nacional do Índio FUNAI. Fundação Cultural Palmares FCP;. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN;. Ministério da Saúde. - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ICMBio, - Municípios afetados. - Órgãos gestores de Unidade de Conservação impactadas. 21
ÓRGÃOS INTERVENIENTES - Oportunismo Inadmissível. Exigências e condicionantes que não guardam relação direta com o empreendimento;. Política pública - Art. 7º, 12, da Portaria nº 60/15: As condicionantes e medidas indicadas na manifestação dos órgãos e entidades deverão guardar relação direta com os impactos identificados nos estudos apresentados pelo empreendedor, decorrentes da implantação da atividade ou empreendimento, e deverão ser acompanhados de justificativa técnica. 22
CASOS CONCRETOS HIDRELÉTRICA Exigências e condicionantes sem relação com empreendimento e fora do Plano Básico Ambiental 23
CASOS CONCRETOS LINHA DE TRANSMISSÃO A despeito da autorização do órgão licenciador, de estudos realizados, liminar para suspensão do licenciamento, embora a obra já estivesse com 96% de fundações concluídas, 70% das estruturas içadas, 100% da faixa de servidão instituída, e 100% das passagens de linhas limítrofes a parques realizadas. 24
CASOS CONCRETOS HIDRELÉTRICA Usurpação de competência do ICM-BIO 25
CASOS CONCRETOS SEDE DE DISTRIBUIDORA DE ENERGIA ELÉTRICA Área antropizada 26
EFEITOS NEFASTOS DE UMA INTERVENÇÃO IMPENSADA - Separação de Poderes. - Presunção de legitimidade E legalidade do ato administrativo. - Graves impactos. Planejamento de oferta e demanda. Plano Decenal de Expansão de Energia. Segurança jurídica. Risco Regulatório. Custo econômico e ambiental 27
OBRIGADO! Vítor Ferreira Alves de Brito 3221-9000 E-mail: vitorbrito@sbadv.com.br 28