PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: XXXXX ACÓRDÃO

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SENTENÇA. Vistos. A tutela foi parcialmente concedida (folhas 101/102), sobrevindo agravo de instrumento de folhas 216/217.

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SENTENÇA. Os autores postulam: 1) a rescisão contratual e 2) a devolução de 90% dos valores pagos à ré.

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SENTENÇA C O N C L U S Ã O

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Transcrição:

ACÓRDÃO Registro: 2015.0000XXXXX Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº XXXXXX-XX.2012.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que são apelantes/apelados Z. Y. (E OUTROS(AS)), é apelado/apelante DELFOS EMPREENDIMENTOS SPE LTDA. ACORDAM, em 1ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento parcial ao apelo dos Autores e negaram provimento ao da Ré, v.u.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores LUIZ ANTONIO DE GODOY (Presidente sem voto), FRANCISCO LOUREIRO E CLAUDIO GODOY. São Paulo, 4 de agosto de 2015. Rui Cascaldi RELATOR Assinatura Eletrônica

APEL.Nº: XXXXXX-XX.2012.8.26.0100 COMARCA: SÃO PAULO APTES. : Z. Y. e outra e DELFOS EMPREENDIMENTO SPE. LTDA. APDOS. : Z. Y. e outra e DELFOS EMPREENDIMENTO SPE. LTDA. COMPRA E VENDA Ação de rescisão contratual c/c devolução de quantias pagas Sentença de procedência parcial, para declarar rescindido o contrato e condenar a devolução das quantias pagas, observando-se retenção contratual Ré que sequer iniciou a obra no prazo contratado Alegação de existência de ação civil pública que, nos termos contratuais, suspendia o prazo contratual no período de sua duração Evento contido na cláusula que não pode ser imputado aos autores compradores, fortuito interno que é Abusividade Precedentes - Rescisão, nesses termos que ocorreu por culpa da ré Ausência de previsão contratual de rescisão por culpa da incorporadora alienante do imóvel, sendo dela, contudo, a responsabilidade pela inexecução da construção Retorno das partes ao status quo ante, com a devolução total das quantias pagas Inteligência da Súmula nº 3 deste E. TJSP Controvérsia quanto ao valor pago A quantia apontada pelo réu é incontroversa, de modo que deve prevalecer para efeitos de devolução, máxime quando a soma dos comprovantes trazidos pelos autores é menor que a quantia apontada como recebida pela ré Sentença parcialmente alterada Recurso dos autores parcialmente provido e recurso da ré não provido. Cuida-se de apelações interpostas contra a sentença de fls. 1.009/1.013 e 1.049, cujo relatório se adota, que julgou parcialmente procedente a ação de rescisão contratual c/c restituição de valores pagos, para declarar rescindido o contrato firmado pelas partes e condenar a ré, DELFOS EMPREENDIMENTO SPE. LTDA., a restituir aos autores, Z. Y. e H. L., a quantia de R$888.287,70 (oitocentos e oitenta e oito mil, duzentos e oitenta e sete reais e setenta centavos), correspondente ao comprovadamente adimplido pelos requerentes, com a retenção contratual de 10% (dez por cento), prevista na cláusula 6.7, item a, d o contrato. A sentença dispôs que sobre o valor a ser 2/6

restituído deve incidir correção monetária desde a propositura da ação e juros de mora desde a citação. Sucumbentes os autores em parte mínima, condenou-se a ré ao pagamento das custas e despesas processuais, arbitrando-se a honorária em 10% (dez por cento) do valor da condenação. Em recurso (fls. 1.018/1.031), argumentam os autores que, passados mais de 2 (dois) anos da aquisição do imóvel na planta, a ser construído pela ré, nada foi feito no terreno reservado ao empreendimento, sendo tal área de preservação permanente, o que inviabiliza a construção, tendo a ré, por conta disso, sofrido uma ação civil pública (autos nº 0004734-58.2010.8.26.0223), para impedir o levantamento do empreendimento, que, até a interposição do apelo, ainda não havia sido construído. Conclui, destarte, que a ré não apenas descumpriu o prazo contratual para início das obras, como também não entregou a própria, havendo o risco de sequer se poder construí-la, razão pela qual ré culpa pela rescisão, devendo as partes de ser recompostas ao estado anterior à celebração do contrato, com total devolução das quantias pagas, sem retenções, e desde o desembolso, o que requer. Apela, também, a ré, às fls. 1.056/1.062, pugnando pela aplicação da retenção dos valores na forma contida nas cláusulas 6.7, itens não considerados pelo magistrado, e 6.8 da avença, não aplicadas quando da avaliação da retenção determinada na sentença e, subsidiariamente, requer a majoração da retenção de 10 (dez) para 15% (quinze por cento) do valor adimplido, com a consequente divisão recíproca do ônus sucumbenciais. Os autores, às fls. 1.080/1.088, e a ré, às fls. 1.090/1.096, apresentaram contraminuta, pugnando, esta última, pelo não conhecimento do apelo dos autores e, ambos, pelo não provimento do apelo da parte adversa. É o relatório. Primeiramente, conhece-se do apelo dos autores, pois, ao contrário do aduzido pela ré, este traz impugnação específica ao conteúdo da sentença, e não mera repetição dos argumentos da exordial, irresignando-se claramente os autores contra a devolução parcial do valor pago e requerendo o retorno das partes ao status quo ante, com devolução total das quantias pagas. Os autores, em 10.04.2010, por meio de 3/6

compromisso de compra e venda (fls. 139/173), adquiriram da ré, na planta, o apartamento nº 15, do CONDOMÍNIO EDIFÍCIO THE VIEW, no Guarujá, com início da obra previsto para outubro de 2010 e conclusão da obra prevista para janeiro de 2013, com carência, em relação a esta última data, de 180 (cento e oitenta) dias, que ampliaria o referido prazo para julho de 2013. Os autores ajuizaram a ação de rescisão contratual em 13.03.2012 (fl. 02), antes mesmo de estar a ré formalmente constituída em mora, alegando que sequer havia construção do local onde deveria estar sendo erguido o empreendimento. A ré justifica tal atraso, no entanto, pelo fato de o Ministério Público Estadual ter ajuizado a ação civil pública nº 0004734-58.2010.8.26.0223, na qual se discutia o fato do seu empreendimento estar localizado em área de proteção ambiental, onde proferida medida liminar que a impedia de efetuar qualquer obra no local. A ação civil pública em questão, em 07.04.2011, foi julgada improcedente, interpondo o Parquet, por conta disso, recurso de apelação, ao qual, em 02.10.2014, se negou provimento, sequer tendo sido admitidos os recursos especial e extraordinário contra vergastado acórdão que negou provimento ao apelo da referida ação. Anote-se que a apelação contra a referida sentença, que julgou improcedente a ação civil pública nº 0004734-58.2010.8.26.0223, foi recebida apenas no efeito devolutivo, razão pela qual o Parquet, concomitantemente à interposição do apelo, ajuizou a ação cautelar nº 0249323-10.2011.8.26.0000, que, julgada procedente, concedeu o efeito suspensivo ao apelo, para que, até o seu julgamento definitivo, fosse impedida a realização das obras do empreendimento em questão. Ora, por mais que a autora tenha ajuizado a ação antes mesmo do término do prazo contratual para a entrega da construção, o contrato também estabelecia data de início do empreendimento outubro de 2010 -, o qual, 2 (dois) anos depois, sequer havia sido iniciado, o que, por si só, já implicaria hipótese de rescisão contratual, já que os autores estavam adimplentes até a rescisão, da qual não se recorre, discutindo-se apenas de quem seria a culpa e, consectariamente, quais os valores que deveriam ser ressarcidos aos autores. É bem de se ver que, a despeito do exposto na cláusula 5.3 (fl. 158), que dispõe que, 4/6

ocorrendo, dentre outras coisas, embargos judiciais ou administrativos, prorrogar-se-ia o prazo de entrega das unidades por tantos dias quantos forem os de retardamento causado por tais eventos, no caso em testilha tal responsabilidade é imputável apenas e tão somente à própria ré, DELFOS EMPREENDIMENTOS SPE. LTDA., e isto por que tal fato constitui fortuito interno, decorrente do desempenho da própria atividade das rés, não podendo ser imputado aos compradores apelantes. Com efeito, nesse sentido, mutatis mutandis, esta 1ª Câmara de Direito Privado, em casos que envolviam atraso na entrega da obra pela incorporadora devido a litígios administrativos e judiciais que culminaram na paralisação do empreendimento imobiliário, adotou tal entendimento, como nos seguintes recursos: apelação nº 0051660-34.2012.8.26.0577, rel. Rui Cascaldi, j. 26.05.2015; agravo de instrumento nº 2043069-63.2014.8.26.0000, rel. Rui Cascaldi, j. 01.07.2014; apelação nº 9155716-52.2009.8.26.0000, rel. Alcides Leopoldo e Silva Júnior, j. 26.08.2014. Assim, não há como se afastar a culpa da ré pela rescisão contratual, sendo, bem por isso, de rigor o retorno das partes ao status quo ante, com a devolução de todas as quantias já adimplidas pelos autores, nos termos da Súmula nº 3 deste E. TJSP. A questão que se põe é sobre o quanto a ser ressarcido (valor integral de ressarcimento): os autores, nesse sentido, aduzem ter pagado a importância de R$1.083.504,83 (um milhão, oitenta e três mil, quinhentos e quatro reais e oitenta e três centavos), ao passo que a ré alega ter recebido R$986.986,34 (novecentos e oitenta e seis mil, novecentos e novecentos e oitenta e seis reais e trinta e quatro centavos). Ocorre, entretanto, que os recibos juntados pelos autores comprovam um pagamento menor que o apontado como recebido pela ré, pelo que deve prevalecer o valor indicado, por esta, como devido. O valor a ser restituído aos autores deverá ser atualizado desde a data do efetivo desembolso de cada parcela, pela Tabela Prática deste Tribunal de Justiça e, desde a citação, acrescido de juros legais. Ante o exposto, resta indeferido o recurso da ré, que pugna pela majoração do desconto a ser aplicado sobre as parcelas devolvidas aos 5/6

autores, em consonância com as cláusulas 6.7, itens não descontados inicialmente, e 6.8 da avença (fls. 163/164), até mesmo porque, quanto à primeira, o desconto versa sobre IPTU, gás e outras despesas que pressupõem a ocupação do imóvel, que sequer está construído, e quanto à última cláusula, esta prevê a devolução de 80% (oitenta) por cento do valor nos casos de rescisão, pressupondo que a parte autora deu causa ao inadimplemento, sendo que, na verdade, nos moldes acima explanados, quem deu causa à rescisão foi a ré, com a total paralização da obra, ao não cumprir o prazo contratual de início da construção, atrasado em mais de 2 (dois) anos. Alterada a sentença substancialmente em favor dos autores apelantes, mantêm-se os ônus sucumbenciais nos termos do decisum guerreado. Isto posto, DÁ-SE PROVIMENTO PARCIAL ao apelo dos autores e NEGA-SE PROVIMENTO ao da ré. RUI CASCALDI Relator 6/6