OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO HIDROMETALÚRGICO NA MINA MORRO DO OURO- PARACATU MG.

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Transcrição:

XXI ENTMME- Natai-RN, novembro 2005. OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO HIDROMETALÚRGICO NA MINA MORRO DO OURO- PARACATU MG. Lima, J. I. 1 ; Gontijo, P. F. 2 Tondo, L. A. 3 I -Rio Paracatu Mineração S.A. Morro do Ouro, s/n. CEP 38.600-000. Paracatu-MG. Tcl. 38-3679- 1120. e-mail jose.ivanildo@rpm.kinross.com.br I - Rio Paracatu Mineração S.A. Morro do Ouro, s/n. CEP 3R.600-000. Paracatu-MG. Tel. 3R- 3679-1110. e-mail paulo.gonti jo@ rpm.kinross.com.br I -Rio Paracatu Mineração S.A. Morro do Ouro. s/n. CEP 38.600-000. Paracatu-MG. Tel. 38-3679-1130. e-ma i I luis.tondo@ rpm.kinross.com.br RESUMO A Rio Paracatu Mineração S/A- RPM. localizada em Paracatu, Minas Gerais, iniciou sua operação em 1987. A mina, denominada Mina Morro do Ouro. lavra minério aurífero oxidado c sulfetado. A planta de beneficiamento processa atualmente 18 milhões de toneladas Je minério e produz 6 toncbdas de ouro por ano. Este trabalho apresenta estudos realizados visando avaliar novas tecnologias que possibilitassem a otimização da Planta de Hidrometalurgia para tratamento de minérios sulfetados, objetivando o aumento de recuperação do ouro e racionalização do consumo de cianeto de sódio. A nova Planta de Hidrometalurgia da RPM foi projetada para recuperação metalúrgica de ouro entre 96 e 97%, entretanto a recuperação alcançada era de 92%. Constatou-se que parte do ouro não recuperado na planta estava cm frações grosseiras (maior que 150 micrômetros) e associado a grãos de arsenopirita. Foram realizados testes de moagem e gravimetria, em escala laboratório. com os produtos do circuito de t1otaç ilo e da moagem, visando identificar as diferenças entre os resultados do projeto concei tuai e da planta industrial, assim como indicar rotas de processo que possibilitassem otimizar as recuperações de ouro e sul fetos. Através destes testes foram definidos o grau de liberação ideal para recuperação na cianetação c o índice de ouro recuperável gravimctricamente. e conseguiu-se recuperar o ouro li vre, presente em granulometria fina e grosseira. Em seguida foram realizados novos testes de laboratório e em escala industrial. utilizando concentradores gravimétricos, oxigênio puro na cianetação. dosagem estagiada de cianeto. dentre outros. Como resultado a recuperação metalúrgica da planta aumentou de 92% para 96.5%. e também diminuiu-se o consumo específico de cianeto de sódio. que levaram a melhoria no controle ambiental c a diminuição dos custos operacionais. PALAVRAS-CHAVE: cianetaçilo; ouro; sul fetos, gravimctria, recuperação. 173

Lima, J. I. 1 ; Gontijo, P. F? Tondo, L. A. 3 1. INTRODUÇÃO E OBJETlVOS A Rio Paracatu Mineração S.A. (RPM), empresa que penence ao grupo Kinross Gold Corporation, localiza-se em Paracatu MG, a 500 Km da capital mineira e a 200 Km de Brasflia. Abaixo, a figura 01 mostra esquematicamente a localização da RPM.. A Mina Morro do Ouro começou a ser pesquisada em 1980 com gastos de USS 7 núlhões e em 1985, com investimentos deus$ 60 milhões, tem início a construção da planta industrial que começa a operar em dezembro de 1987, com um minério contendo um teor médio de 0,55 g Au/t (um dos mais baixos do mundo), sendo que atualmente está lavrando teores de 0,45 g Au/t, processando 18 milhões de toneladas de minério e produzindo em torno de 6 toneladas de ouro por ano. A lavra com uso de explosivos para frouxamento do minério, além de tratores para escarificação, carregadeiras, e caminhões de 80 e loot para transporte do minério. Na Planta de Beneficiamento e Hidrometalurgia, o minério passa por estágios de britagem, moagem, gravimetria, flotação, cianetação, adsorção, dessorção, eletrodeposição, fundição e moldagem do ouro em barras para posterior refino e venda. O trabalho apresentado tem como objetivo explicitar a evolução da recuperação metalúrgica, recuperação de ouro e prata além da otimização do circuito industrial. A metodologia utilizada para análise do circuito foi a de requisito de produção onde definiu-se os gargalos do processo e apresentado alternativa de investimento em estrutura e infra-estrutura de produção, definindo-se as alternativas de instalação de um concentrador gravimétrico Knelson no underllow dos ciclones, utilização de oxigênio puro na etapa de cianetação e instalação de um titulador automático de cianeto e mudança na carga de corpos moedores na etapa de remoagem e instalação de uma segunda linha de remoagem. Historicamente, as recuperações de ouro no circuito de hidrometalurgia na RPM apresentavam resultados superiores a 99%, pois se tratava minério oxidado. Com o aumento gradativo da alimentação de minério sulfetado, a recuperação projetada para a Hidrometalurgia era de 96,0% o que inicialmente não foi atingido na planta industrial. Várias tentativas foram empreendidas nos últimos anos para solucionar este problema, via adequação dos parâmetros operacionais. Em alguns casos, conseguiu-se chegar a resultados semelhantes aos do projeto, mas tais condições não se mantinham consistentes para outros tipos de minério com maior percentual de enxofre, necessitando serem adaptadas ao circuito novas tecnologias que possibilitassem extrair o ouro livre, reduzir a superfície de contato para a etapa de cianetação e racionalizar o uso do cianeto de sódio. IJlno Brosil Min<Js ~roi' Figura 01: Ilustração esquemática da localização da Mina Morro do Ouro da RPM 2. METODOLOGIA Para desenvolvimento e ordenação da seqüência das mudanças propostas utilizamos a metodologia de requisitos da produção e metodologia PMC (Programa de Melhorias Contínuas) onde o potencial de perda foi analisado, e proposto 5 fases a serem ajustadas no processo. Sendo definidas por ordem de prioridade as seguintes facilidades: lnjcção de oxigênio puro na cianetação, instalação de concentrador gravimétrico, adequação da moagem com troca da carga de corpos moedores, instalação de controlador automático de cianeto, instalação de um segundo forno de regeneração e instalação de um segundo moinho. 174

XXI ENTMME- Natai-RN, novembro 2005. 1" etapa - O circuito de cianetação foi considerado o mais crítico então optamos por iniciar o processo de melhoria na implanta<;ão da utilização de oxigénio puro na etapa de cianetação que foi bali zado no trabalho realizado em conjunto com a White Martins. Em estudos de minérios sulfetados foi caracterizado o concentrado tratado na planta de hidrometalurgia e definido a fai xa de oxigénio dissolvido, granulometria do concentrado e concentração de cianeto, além de fai xa de ph ideais para o processo de cianetação. Então. vários testes com diferentes fluxogramas de aplicação. foram realizados a partir de julho de 1998, até chegar-se num fluxograma que realmente se enquadrasse nos quesitos exigidos. A amostra de alimcntac.;ão nova (ALX) após remoagem foi alimentada no primeiro tanque (25TQ206) corrigido o ph para a faixa de 8.0 e regulado a dosagem de oxigénio puro via aspersores objetivando uma concentração mínima de 8 mg/1 (Pré aeração). Esta etapa inicial foi seguida de cianetação no segundo tanque (25TQ207) com injeção de oxigênio puro e controle de ph na fai xa de 10,5, controle de NaCN em 0,09%, e dosagem de oxigénio nos tanques25tq 208, 25TQ209 e 25TQ21 O. 2" etapa - Após estudos que contemplavam análise de ouro em vários pontos do circuito definiu-se a etapa da otimi zação que consistiu em instalar um concentrador gravimétrico no circuito de remoagem, especificamente na carga circulante do circuito de moagem. A implantação de tal facilidade a partir de junho de 1999 possibilitou o aumen10 da recuperação metalúrgica em aproximadamente 2%. 3" etapa - Esla etapa do estudo de otimização foi o ajuste da moagem, que consistiu em adequar a carga de corpos moedores, que utilizava bolas reclassificadas sem definição de bitol a específica. Foi efetuado um estudo em conjunto com o fornecedor c definido a carga de corpo moedor ideal para o sistema de remoagem da hidrometalurgia que passou a utilizar bolas de 1 polegada, gerando um produto com uma ~uperfície específica adequada para a etapa de cianetação. Tal modificação possibilitou ganhos de recuperação. próximo de 0,5%. além de melhorar a operação do sistema de peneiras rotativas no circuito C I L. Tabela I- Carga de bola utilizada anteriormente Tamanho, R~(%),, T' :c '... ".''',,,, ;.:. (mm) :',:ii';'' Simples Awmulallô < '' '.c. 60 0,97 0,00 100,00 55 10,44 0,97 99,03 50 16,76 11.41 88,59 45 23.93 28,16 71,84 40 20,76 52,09 47,91 35 11.87 72,85 27, 15 30 6,28 84,72 15,28 25 4,66 91,01 8,99 20 4.10 95,67 4,33 15 0,24 99,76 0.24 Tabela 11 - Carga de bolas atual Tamanho (mm) 25 8 100 32.4 32,4 20 33,2 65,6 17 5100 20,4 86 15 3500 14 100 4" etapa- Esta etapa de estudo de otimização foi a instalação de um analisador automático de cianeto de sódio que possibilitou a automação da dosagem de cianeto de sódio no circuito de cianetação, e redução significativa do reagente citado, além do imensurável ganho ambiental. Os testes industriais com o controlador de Cianeto (TAC) projetaram uma redução média de consumo 9,4 % daquele reagente. Considerando uma ta xa de custo de oportunidade de 7'f<, a.a, o "pay-back" se daria em, apenas, onze meses. Além da expectativa financeira a implantação de tal fa ci lidade tinha como premissas: 175

Lima, J. L 1 ; Gontijo, P. F? Tondo, L. A. 3 Substancial redução no consumo de cianeto, quando sob controle automático; Providenciar rápida e precisa mediçiio da concentração de cianeto: Representatividade de resultados. eliminando erros humanos; Baixo nível de manutenção, interface humana de alto nível; Nenhum manuseio humano na filtragem e preparação da amostra. O equipamento foi instalado cm meados de março, no primeiro tanque do circuito C I L, na tabela ro encontra-se um sumário dos resultados obtidos, durante os três meses nos quais o equipamento ficou disponível para testes. Tab~lillll - Consumo de cianeto de sódio durante o período de testes com o TAC s etapa - A última etapa do processo de otimização foi a adequação da etapa de regeneração térmica, pois o projeto RPM, previa uma eluição por dia, o que em função de várias interferências não foi alcançado, e gerou como conseqüência adversa a baixa atividade do carvão regenerado elevando as perdas de ouro em solução. Tal anomalia foi solucionada com a implantação do segundo fomo de regeneração no infcio de 2001. e adequação do processo conforme trabalho de Stwart e B~~ter (1992). Na figura II apresentamos a evolução do rejeito Hquido no início de 2001, e que possibilitou a melhoria da eficiênci3 na etapa de adsorção e global da hidrometalurgia. Figura II - Perdas médias mensais de ouro no rejeito liquido durante o ano 8000 7000 6000 I t 4000 5000 3000 2000 1 000 o ano 99 ano OO a no O 1 ano O 2 gram As etapas subsequentes do processo de otimização seguiram a metodologia PMC, (Programa de Melhorias Cont!nuas) um programa de implantação de melhorias, b~ado em melhores práticas adotadas por empresas do mesmo segmento. E também melhorias de processo utilizando como referencial a capacidade criativa de IOda equipe RPM. Na figura Ill apresentamos a configuração proposta pelo projeto, que foi ín1plementado e que possibilitou melhoria significativa da hidrometalurgia além de possibilitar aumentar o tratamento da massa de concentrado na hidrornetalurgia e melhorias de recuperação metalúrgica da usina. 176

XX I ENTMME - Natai-RN, novembro 2005. Figura I/I - Configuração proposta pelo projeto melhorias continuas PMC hidrometalurgia. --- L~- ~~----~ ldill 17'~ PMCt«ccro 3. RESULTADOS OBTIDOS Neste capítulo apresentamos os principais resultados provenientes da~ melhorias efetuada~ nas etapas de moagem. cianetação e gravimetria. Na figura IV apresenta-se a evolução da recuperação metalúrgica e consequentemente da melhoria de performance atingindo os valores especificados na etapa de projeto. Figural V evolução da recuperação metalúrgica da hidrometalurgia RPM. I :: j i 6 8! -------.-------~ ~--- 3.1 Resultados dos T estes de oxigenação direta O circuito CIL apresentava, um sistema defic1ente de aeração, traduzido em constant~ entupimentos dos aspersores dos tanques e desarmes do compressor. Isto refletia em uma concentração de ox.igênio dissolvido insuficiente para permitir uma cianetação eficiente, o que é uma das variáveis mais importantes no processamento do material da RPM. Graças à injeção de oxigênio puro nos tanques conseguimos o ajuste da concentração de ox.igênio dissolvido para a faixa de 8 mg/1. O controle de tal variável possibilitou melhorias na cinética de adsorção atingindo um ganho de aproximadamente 2% na recuperação. A tabela rv e V mostram respectivamente resultados da planta industrial e do te~te de injeção de oxigênio, com valores de recuperação metalúrgica. 177

Lima, J. l. 1 ; Gontijo, P. F. 2 Tondo, L. A. 3 3.2 Resultados obtidos com a implantação do concentrador gravimétrico A partir de junho de 1999, iniciamos a utilização do concentrador gmvimétrico em circuito fechado com a classificação. Conforme tabela Vl a gmvimetria possibilitou a recuperação de ouro livre, obtendo-se diariamente em tomo de 17% da produção. A retirada de parte do ouro do circuito possibilitou um g:u1ho aproximado de I,89% na recuperação metalúrgica e com investimento apresentando um retorno em 6 meses. Tabelo VI - Recuperação de ouro via concentrador graviméuico 3685,473 7118,524 5813,706 6983,936 6242,190 5865,332 3084,231 781,501 1267, 112 923,756 1538,060 1110,516 1019,096 553,085 21,20 % 17,80 % 15,89 % 22,02% 17,79 % 17,37 % 17,93% 3.3 Resultados obtidos com a implantação do Titulador Automático de Cianeto Na figura V ob~erva-se a redução significativa do reagente cianeto de sódio, que representa cm tomo de 45% do custo da unidade de hidrometalurgia. Além do retomo financeiro, em prazo inferior a um ano, ocorreu ainda a redução na concentração de cianeto no efluente CIL. Segundo Esper et. al. (2005) a qualidade da água no dreno da barragem de rejeitos da RPM (efluente final) é comparável a águas Classe II (ON COPAM 0 10/86). Figura V- Variação do consumo específico de cianeto t~ Ji l - - 7 6 5 4 3 2 1 o 2000 fev/ 01 mar/01 abr/01 mai/01 média perfo dos 178

XXI ENTMME - Natai-RN, novembro 2005. 3.4 Resultados obtidos com implantação do gerenciamento da unidade de cianetação Conforme previsto pelo programa de melhorias contfnuas, foi otimizado o sistema de gerenciamento do processo CJL representado pela figura VI, baseado no modelo de Trindade el al. (2002), onde padronizou-se o processo. Tal padronização passou a direcionar todas as ações para as causas básicas que poderiam afetar o sistema, com isso a supervisão da área ficou mais objetiva, c consequentemente o resultados esperados se tornaram rotina. Figura VI - Oerenciamcnto da unidade de Cianetac;ão ph 1 I mg/1 de 02 dissohido 1 1 Granulometria I I li mg/1 de NaCN gau/t alimentado I I I I I + ~ s Variável Resposta: Teor de Ouro no rejeito ~. %ca rvão atividade Correlação entre as pnnc pa1s variáveis de Previsão dos teores de ouro no rejeito processo e o teor de ouro no rejeito r-+ a partir das variáveis de processo y=f(x1,x2... xn) Determinação das variáveis de processo que mais afetam o resultado do teor de ouro no r-+ rejeito Acompanhamento rígido das variáveis de processo criticas Correlação obtida através dos dados experimentais do processo d e lixiviação Fonte: TRINDADE Robeno de Barros Emery.FILHO Olavo BBrbosa, Extração de Ouro princípios, Tecnologia e Meio Ambiente. Corbâ Ed.Anes Onlficas A dosagem estagiada de cianeto de sódio foi um dos requisitos do gerenciamento e passou a ser controlada em função dos teores apresentados na amostragem intermedi{uia efetuada no 25TQ210. A instrução passou a atender a seguinte lógica: quando teor de ouro no 25TQ2 1 O menor que 0,72 glt ajuste do set point do TAC para 600 ppm de cianeto, quando teor de ouro maior que 0,72 e menor que 0,95 glt ajuste do set point do TAC para 700 ppm de cianeto, quando teor de ouro no 25TQ21 O entre 0,95 e I,02 g!t 800 ppm de cianeto, quando teor de ouro no 25TQ21 O entre 1,02 e 1,3 glt ajustar cianeto no T AC para 900 ppm e efetuar a correção de cianeto no 25TQ210 para a faixa de 300 ppm de cianeto. Esta lógica possibilitou a atuação dinfirnica no TAC 2000 possibilitando reduzir o consumo de cianeto a níveis de 3,0 kglt conforme representado na figura VIl. Figura VI/- Otimização do consumo de cianeto com implantação do gerenciamento dinílmico do processo CIL 4.000 7fX) 3.500 6fX) 3.000 - "' 2.500 :;:) 5fXJ ~ 4fXJ ~ z 3fX) u.. 2fXJ z 500 1fX) o 2.000.. u " 1.500 1.(0) 1998 1999 20)) 2001 2002 2003 2004 Custo Total da Hodoo. (US$ xooo) - Custo com NaCn (US$) 179

Lima, J. I. 1 ; Gontijo, P. F. 2 Tondo, L. A.' 3.5 Resultados obtidos com a implantação da segunda linha de moagem A segunda lin ha de moagem iniciou a operação a partir de janeiro de 2003. o objeti vo de implantação da mesma foi a de possibilitar o aumento de alimentação no circuito de lixiviação, pois tal circuito demandava uma granulometria fina. ou seja, em torno de 90% passante em 325 mesh. O sistema de moagem com um moi nho (8x li") tinha capacidade de tratamento de 27 Uh. e com a implantação do segundo moinho (7x 10") estamos trmando e m torno de 40 Uh mantendo o produto da moagem 90% passante e m 325#. A figura VIII representa a evolução da massa tratada no circuito CIL. e que possibilitou o aumento de recuperação mássica da planta de tratamento de minérios com potenciais ganhos de recuperação da unidade citada. Figura VIII- Evolução da massa tratada no circuito CIL 300000 279000 250000 200000 z ~ 150000 100000 198654 212711 231044 226180 50000 o 2000 2001 2002 2003 2004 4. CONCLUSÃO: O processo hidrometalúrgico para tratamento de minério aurífero. está em constante evolução. A RPM tem como premissa acompanhar tal evolução. ohjeti vando sempre otimizar o seu custo operacional. através da racionalização dos recursos humanos e materiais. No presente trabal ho observamos que o gerenciamento efctivo é uma das ferramentas essenciais para o sucesso de qualquer empreendimento e que para tal a definição de uma metodologia de trabalho visando melhorias contínuas se torna o segredo para tal sucesso. A metodologia PMC foi fundamental na evolução do processo de hidromctalurgia da RPM. pois através das idéias geradas, avaliação dos riscos e definição do retorno financeiro. a proposição para implementação se torna mais ohjetiva e a aceitação por parte do nível gerencial se torna mais fl exível. Ao adotar-se idéias geradas dentro da unidade de trabalho. investe-se cm treinamento e cfetu a-se uma parceria com os colaboradores. a tendência é o alcance das metas e conseqüente me nte o reconhecimento pela excelê ncia do trabalho realizado. S. REFERÊNC IA BIBLIOGRÁFICA STW ART. Peter J. BAST ER Ken G.. understanding carbon reacti vation principies. Randol lnternational Ltd. Gold & Silver Recovcry Pbase IV. 1992 Relatórios Internos do Departamento de hidromctalurgia da RPM. 1998 a 2004 ESPER, J. A. M. M.; AMARAL, R. D.; TODO. L. A : GONTIJO. P. F.: GOMES. M. P. D. Mineração, Beneficiamento E Hidrometalurgia Do O uro. Metalurgia e Materiais, Agosto. 2005. Água Na TR INDADE Roberto de Barros Emery Extração de Ouro. Princípios, Tecnologia c Meio Ambiente. Corbã. Ed.Artes Gráfi cas. 2002 180