Painel 7: Segurança Pública: o que a sociedade espera? O papel do Delegado de Polícia na Segurança Pública. Guilherme Cunha Werner

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Transcrição:

Painel 7: Segurança Pública: o que a sociedade espera? O papel do Delegado de Polícia na Segurança Pública Guilherme Cunha Werner

Delegado de Polícia primeiro garantidor da legalidade e da justiça Ministro Celso de Melo, STF, HC 84548/SP. Rel. Ministro Marco Aurélio. Julgado em 21/6/2012 Conduz a investigação criminal com exclusividade Constituição Federal art. 144 + 1º IV c/c 4º Lei n.º 12.830, de 20 de Junho de 2013 Lie n.º 12.850, de 2 de Agosto de 2013

Delegado de Polícia Princípio da Imputação de Responsabilidade no Estado Democrático de Direito é imprescindível à correta identificação da autoridade detentora do poder de decisão responsável pela prática dos atos CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7ª Ed. Portugal: Almedina, 2007, p. 544 Fundamento Constitucional (E.C. n.º 19/1998) Art. 39 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratório observará: I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira; Súmula Vinculante 43 STF - É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.

Corrupção Funcionário Público = Servidor Público + Agente Político C = M + D Onde: C Corrupção; M Monopólio = único formulador da decisão; D Discricionariedade = espectro de escolha na decisão. WERNER, Guilherme Cunha. As teorias comportamentais aplicadas ao estudo da corrupção no Brasil: o que leva o agente político a se corromper? In: Revista Fórum de Ciências Criminais: RFCC, Belo Horizonte, v. 4, n. 8, p. 183-218, jul./dez. 2017.

Corrupção: C = M + D Evolução Individual Estrutural Sistêmica Fonte Imagens: Haroldo V. Ribeiro, Luiz G. A. Alves, Álvaro F. Martins, Ervin K. Lenzi e Matiaz Perc. The dynamical structure of political corruption networks.physics and Society (physics.soc-ph); Social and Information Networks

Corrupção: C = (M + D) (T + A) Onde: C Corrupção; M Monopólio = único formulador da decisão; D Discricionariedade = espectro de escolha na decisão; T Grau de transparência das instituições; A Accountability - prestação de contas.

Fraude Seguro-Defeso CGU Fonte: Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) avaliação sobre os pagamentos do Seguro Desemprego ao Pescador Artesanal (Seguro Defeso). http://www.cgu.gov.br/noticias/2017/10/cguavalia-regularidade-dos-pagamentos-do-seguro-defeso-ao-pescador-artesanal

Controle Administrativo Sistema Nacional de Integridade Sistema de Justiça Órgãos Essenciais a Justiça

Controle Administrativo Sistema Nacional de Integridade Sistema de Justiça Órgãos Essenciais a Justiça

Plano de Ação Anticorrupção do G-20 Avaliação Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE Sistema de Integridade da Administração Pública Federal Brasileira 2011 Recomendação 2: Garantir maior capacidade para que as instituições públicas de fomento à integridade sejam capazes de assegurar que estas desempenhem suas funções de acordo com seus objetivos A Administração Pública Federal definiu um número grande de unidades de integridade na Administração Pública Federal. Entre 2002 e 2010, a quantidade de Unidades de Ouvidoria aumentou de 40 para 157. Existem mais de 200 comissões de ética, e 30 Corregedorias investigando violações das normas éticas e eventuais casos de desvio de conduta. Esses órgãos se somam às autoridades centrais na área da integridade, entre elas a Controladoria-Geral da União, a Comissão de Ética Pública, o Departamento de Polícia Federal e o Ministério Público Federal. Enquanto as autoridades responsáveis pela promoção da integridade definem as respectivas políticas e normas, compete aos órgãos públicos sua respectiva implementação. Avaliação da OCDE Sobre o Sistema de Integridade da Administração Pública Federal Brasileira 2011. pp. 15

Convenção de Palermo Crime Organizado Transnacional (Decreto n.º 5.015/2004) Artigo 9 Medidas contra a corrupção 1. Para além das medidas enunciadas no Artigo 8 da presente Convenção, cada Estado Parte, na medida em que seja procedente e conforme ao seu ordenamento jurídico, adotará medidas eficazes de ordem legislativa, administrativa ou outra para promover a integridade e prevenir, detectar e punir a corrupção dos agentes públicos. 2. Cada Estado Parte tomará medidas no sentido de se assegurar de que as suas autoridades atuam eficazmente em matéria de prevenção, detecção e repressão da corrupção de agentes públicos, inclusivamente conferindo a essas autoridades independência suficiente para impedir qualquer influência indevida sobre a sua atuação.

Convenção de Mérida (Decreto n.º 5.687/2006) Artigo 6 Órgão ou órgãos de prevenção à corrupção 1. Cada Estado Parte, de conformidade com os princípios fundamentais de seu ordenamento jurídico, garantirá a existência de um ou mais órgãos, segundo procede, encarregados de prevenir a corrupção com medidas tais como: a) A aplicação das políticas as quais se faz alusão no Artigo 5 da presente Convenção e, quando proceder, a supervisão e coordenação da prática dessas políticas; b) O aumento e a difusão dos conhecimentos em matéria de prevenção da corrupção. 2. Cada Estado Parte outorgará ao órgão ou aos órgãos mencionados no parágrafo 1 do presente Artigo a independência necessária, de conformidade com os princípios fundamentais de seu ordenamento jurídico, para que possam desempenhar suas funções de maneira eficaz e sem nenhuma influência indevida. Devem proporcionar-lhes os recursos materiais e o pessoal especializado que sejam necessários, assim como a capacitação que tal pessoal possa requerer para o desempenho de suas funções. 3. Cada Estado Parte comunicará ao Secretário Geral das Nações Unidas o nome e a direção da(s) autoridade(s) que possa(m) ajudar a outros Estados Partes a formular e aplicar medidas concretas de prevenção da corrupção. Artigo 36 Autoridades especializadas Cada Estado Parte, de conformidade com os princípios fundamentais de seu ordenamento jurídico, se certificará de que dispõe de um ou mais órgãos ou pessoas especializadas na luta contra a corrupção mediante a aplicação coercitiva da lei. Esse(s) órgão(s) ou essa(s) pessoa(s) gozarão da independência necessária, conforme os princípios fundamentais do ordenamento jurídico do Estado Parte, para que possam desempenhar suas funções com eficácia e sem pressões indevidas. Deverá proporcionar-se a essas pessoas ou ao pessoal desse(s) órgão(s) formação adequada e recursos suficientes para o desempenho de suas funções.

Proposta de Ementa Constitucional PEC n.º 412/2009, com texto de alteração do 1.º do art. 144 da constituição com a seguinte redação: Art. 144 [...] 1º. Lei Complementar organizará a polícia federal e prescreverá normas para a sua autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de elaborar sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, com as seguintes funções institucionais.

http://nupps.usp.br gwerner@usp.br

Obrigado