DOCUMENTO DE CONSULTA PÚBLICA DA CMVM N.º 6/2018

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Transcrição:

DOCUMENTO DE CONSULTA PÚBLICA DA CMVM N.º 6/2018 Revisão do Regulamento da CMVM n.º 2/2015 relativo a Organismos de Investimento Coletivo (Mobiliários e Imobiliários) e comercialização de Fundos de Pensões Abertos de Adesão Individual ÍNDICE I. ENQUADRAMENTO... 1 1. Âmbito do projeto... 1 1.1. Introdução... 1 II. PROCESSO DE CONSULTA... 2 III. APRESENTAÇÃO DO PROJETO DE REGULAMENTO... 3 I. ENQUADRAMENTO 1. Âmbito do projeto 1.1. Introdução O presente documento apresenta e justifica o projeto de revisão do Regulamento da CMVM n.º 2/2015 relativo a Organismos de Investimento Coletivo (Mobiliários e Imobiliários) e comercialização de Fundos de Pensões Abertos de Adesão Individual (projeto de regulamento). Tal projeto insere-se no âmbito da revisão do Regime Geral dos Organismos de Investimento Coletivo (RGOIC), aprovado pela Lei n.º 16/2015, de 24 de fevereiro, nos termos do Decreto-lei n.º 56/2018, de 9 de julho, recentemente publicado. Neste âmbito, além da revisão de matérias que exigiam aperfeiçoamentos legais, optou-se por concentrar, a par com a legislação europeia sobre a matéria, a globalidade do enquadramento legal aplicável às entidades responsáveis pela gestão de organismos de investimento coletivo (OIC) no RGOIC, designadamente a matéria relativa à organização e exercício da atividade de gestão de OIC, tendo-se afastado a aplicação do Código dos Valores Mobiliários, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 486/99, de 13 de novembro (CVM) a estas entidades no que respeita ao exercício desta atividade. 1

Neste contexto, torna-se necessário rever o Regulamento da CMVM n.º 2/2015 (Regulamento) quanto às referências existentes ao CVM. Em coerência com a revisão efetuada ao RGOIC, opta-se igualmente por concentrar as matérias relativas aos gestores de OIC (no âmbito do exercício destas funções) no projeto de regulamento. Para o efeito, inclui-se neste projeto as matérias do Regulamento da CMVM n.º 2/2007 (cujas alterações foram recentemente objeto de consulta pública) aplicáveis aos referidos gestores, salvo no que respeita ao relatório de controlo interno, relativamente ao qual o Regulamento da CMVM n.º 2/2007 mantém a sua aplicação com as especificidades previstas no projeto de regulamento. Aproveita-se ainda para revogar as normas relativas: i) a produtos financeiros complexos (PFC), atendendo à substituição conceptual destes produtos pelos produtos de investimento de retalho e de produtos de investimento com base em seguros (PRIIPs), em virtude do surgimento de legislação europeia que enquadra os referidos produtos nesta última figura (Regulamento (UE) n.º 1286/2014 do Parlamento Europeu e do Conselho de 26 de novembro de 2014); ii) à comercialização de fundos de pensões abertos de adesão individual (FPAAI), em consequência da reversão das competências de regulação e supervisão sobre FPAAI para a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), de forma a fazer coincidir nesta entidade a supervisão e os poderes de intervenção no âmbito da comercialização daqueles produtos, o que já resulta das alterações que constam da Proposta de Lei n. º 109/XIII; e iii) a diversas matérias referentes organismos de investimento coletivo do mercado monetário que passam a estar regulados em diploma europeu específico (Regulamento (UE) 2017/1131 do Parlamento Europeu e do Conselho de 14 de junho de 2017). Finalmente, procede-se ao aperfeiçoamento de diversas matérias cuja clarificação se impõe. Atento o novo âmbito de aplicação do projeto de regulamento, propõe-se a seguinte designação para o novo Regulamento: Atividade de gestão de Organismos de Investimento Coletivo. II. PROCESSO DE CONSULTA A CMVM submete o presente projeto de regulamento a escrutínio público para que todos os agentes do mercado se possam pronunciar sobre o mesmo, endereçando comentários, sugestões e contributos em relação às soluções apresentadas. As respostas ao presente documento de consulta devem ser submetidas à CMVM até ao dia 22 de agosto de 2018. Os contributos devem ser remetidos, preferencialmente, para o endereço de correio eletrónico consultapublica2_2015@cmvm.pt. As respostas à consulta pública podem igualmente ser remetidas, por correio normal, para a morada da CMVM (Rua Laura Alves, 4, 1050-138 Lisboa). 2

Por razões de transparência, a CMVM propõe-se publicar os contributos recebidos ao abrigo desta consulta. Caso o respondente se oponha à referida publicação deve comunicá-lo expressamente no contributo a enviar. Qualquer dúvida ou esclarecimento adicional sobre a presente consulta pública pode ser elucidada pelas Sras. Dras. Rita Oliveira Pinto e Maria Ana Nogueira, do Departamento Internacional e de Política Regulatória. III. APRESENTAÇÃO DO PROJETO DE REGULAMENTO III.1. Concentração das matérias previstas no Regulamento da CMVM n.º 2/2007 no Regulamento da CMVM n.º 2/2015 O enquadramento legal aplicável aos requisitos organizacionais dos gestores de OIC encontrase previsto no RGOIC e no CVM. Sem prejuízo do referido, a dispersão de diplomas aplicáveis a estas entidades, além da que inevitavelmente ocorre em virtude de produção legislativa europeia, dificulta a perceção do enquadramento legal que lhes é aplicável. Por este motivo, concentrou-se o regime aplicável aos requisitos organizacionais dos gestores de OIC no RGOIC (cf. Decreto-lei n.º 56/2018, de 9 de julho, recentemente publicado que procede á revisão do RGOIC) devendo, em consequência, alterar-se o Regulamento, de forma a retificar as remissões existentes para o CVM, substituindo-as por remissões para o RGOIC (cf. n.º 1 do artigo 14.º e n.º 2 do artigo 16.º do projeto de regulamento). Adicionalmente, por razões de transparência e clareza do enquadramento aplicável a estas entidades, e em coerência com a opção tomada no âmbito da revisão do RGOIC, opta-se por concentrar no projeto de regulamento a matéria relativa aos requisitos organizacionais aplicáveis a estas entidades, até agora prevista no Regulamento da CMVM n.º 2/2007. Com este propósito, destacam-se as seguintes alterações ao Regulamento: (i) Inclusão de novo título (Título I-A - Exercício da atividade de gestão de Organismos de Investimento Coletivo) Propõe-se a criação de um novo Título I-A, com a epígrafe, Exercício da Atividade de Gestão de Organismos de Investimento Coletivo que reúne as normas relativas ao registo e aos requisitos de exercício da atividade pelos gestores de OIC, assim como as referentes ao envio de informação pelos referidos gestores, até agora previstos no Regulamento da CMVM n.º 2/2007. (ii) Instrução do pedido (novo artigo 1.º- A do projeto de regulamento) Reflete-se o teor dos artigos 2.º e 3.º do Regulamento da CMVM n.º 2/2007 (cf. artigo 1.º-A do projeto de regulamento), relativos à instrução do pedido de autorização para o exercício da atividade de gestão de OIC, no artigo 1.º-A, tendo-se adaptado o respetivo conteúdo às exigências específicas desta atividade. 3

No que respeita ao programa de atividades, passa-se a exigir informação relativa aos três primeiros anos de atividade (ao invés de informação dos dois primeiros anos de atividade como sucedia até à data), por se entender que este período de tempo reflete um equilíbrio para as expectativas de evolução do negócio a médio prazo. Adicionalmente, propõe-se que o teor do programa de atividades identifique os respetivos pressupostos, contenha uma análise de sensibilidade às variáveis críticas e um teste de esforço ao plano de viabilidade económico-financeira da entidade. Com esta proposta, pretende-se que este documento contenha a informação que, em concreto, já deve ser utilizada pelas entidades supervisionadas para efeitos de análise da sua viabilidade económico-financeira. Por último, dispensa-se o envio de um conjunto de informação que não se adequa ao exercício da atividade de gestão de OIC. (iii) Requisitos gerais do sistema de controlo interno (novo artigo 1.º- D do projeto de regulamento) No que respeita aos requisitos gerais do sistema de controlo interno (cf. artigo 1.º-D do projeto de regulamento) propõe-se refletir o conteúdo do n.º 1 do artigo 6.º do Regulamento da CMVM n.º 2/2007 neste novo artigo, não sendo incluídas as restantes matérias ali previstas. Com efeito, no que respeita a esta última opção, a mesma justifica-se pela existência de regimes específicos aplicáveis ao sistema do controlo do cumprimento, auditoria interna e gestão de riscos, previstos no RGOIC e no Regulamento Delegado (UE) n. 231/2013 da Comissão, de 19 de dezembro de 2012, que regulam, designadamente, as situações em que as entidades responsáveis pela gestão se encontram dispensadas do cumprimento de alguns dos requisitos aplicáveis a estes procedimentos. Salienta-se ainda o não acolhimento no projeto de regulamento do n.º 4 do artigo 6.º do Regulamento da CMVM n.º 2/2007, nos termos do qual é prevista a possibilidade de partilha de serviços comuns entre entidades do mesmo grupo. O seu não acolhimento é justificado pela redundância da sua previsão em face do regime aplicável à subcontratação de funções por parte dos gestores de OIC. A partilha de serviços comuns continua, assim, a ser admissível nos termos e condições atualmente previstos, i.e., mediante o cumprimento dos requisitos aplicáveis à subcontratação de funções. (iv) Relatório de avaliação (novo artigo 1.º-G do projeto de regulamento) Relativamente ao relatório de controlo interno, optou-se por elaborar normas remissivas para o Regulamento da CMVM n.º 2/2007 (cf. artigo 1.º-G do projeto de regulamento). Atendendo a que esta matéria foi objeto de alteração no âmbito do projeto de revisão do Regulamento da CMVM n.º 2/2007 (atualmente em consulta pública) a remissão para os artigos deste regulamento deve ser interpretada com as devidas adaptações, tendo presente a existência de regimes específicos (RGOIC e Regulamento Delegado (UE) n. 231/2013 da Comissão, de 19 de dezembro de 2012) com as especificidades previstas no n.º 2 do artigo 1.º- G do projeto de regulamento. 4

III.2. Eliminação das normas aplicáveis aos produtos financeiros complexos (n.º 3 do artigo 1.º e o n.º 11 do artigo 74.º do projeto de regulamento) O Regulamento (UE) n.º 1286/2014 do Parlamento Europeu e do Conselho de 26 de novembro de 2014, sobre os documentos de informação fundamental para pacotes de produtos de investimento de retalho e de produtos de investimento com base em seguros (Regulamento PRIIPs), confere um enquadramento legal específico a todos os produtos suscetíveis de se integrarem neste conceito, incluindo os PFC. Na sequência do referido, foi submetido a consulta pública projeto de regulamento da CMVM que visa concretizar matérias previstas no Regulamento PRIIPs e no diploma legislativo nacional que assegurará a sua execução, procedendo-se à substituição e revogação do atual Regulamento da CMVM n.º 2/2012. Em consequência do exposto, propõe-se a eliminação de todas as normas relativas a PFC e que fazem referência ao Regulamento da CMVM n.º 2/2012, em particular o n.º 3 do artigo 1.º e o n.º 11 do artigo 74.º. III.3. Eliminação das normas aplicáveis aos organismos de investimento coletivo do mercado monetário (artigo 3.º a 5.º do projeto de regulamento) Na sequência da publicação do Regulamento (UE) 2017/1131 do Parlamento Europeu e do Conselho de 14 de junho de 2017 (com aplicação a partir de 21 de julho de 2018, sem prejuízo da disposição transitória prevista no artigo 44.º deste diploma europeu) diversas matérias relativas aos organismos de investimento coletivo do mercado monetário passaram a estar reguladas em diploma europeu específico. É o caso, por exemplo, das obrigações relativas às políticas de investimento e gestão de risco destes veículos, bem como das regras de avaliação de ativos. Neste contexto, propõe-se a revogação das normas do Regulamento que disciplinam estas e outras matérias, prevendo-se norma remissiva para o referido diploma europeu, bem como a adaptação de algumas normas relativas a estes veículos (cf. alínea b), do n.º 10 do artigo 23.º, a subalínea i), da alínea a), do n.º 1 do artigo 41.º e anexos 7 e 12, do Regulamento). Por último, salvaguarda-se, em norma transitória, a aplicação do regime atualmente vigente até ao momento da aplicação do Regulamento (UE) 2017/1131 do Parlamento Europeu e do Conselho de 14 de junho de 2017, nos termos dos artigos 44.º e 47.º deste diploma europeu. III.4. Eliminação das normas aplicáveis à comercialização de fundos de pensões abertos de adesão individual (n.º 2 do artigo 1.º, dos artigos 57.º a 62.º e 82.º a 91.º, ponto 8.4 do Anexo 8, do Regulamento) 5

Por ocasião da transposição da Diretiva 2004/39/CE, de 21 de abril de 2004, relativa aos mercados de instrumentos financeiros (DMIF), foi transferida do Instituto de Seguros de Portugal (atualmente, ASF) para a CMVM a competência de regulação e supervisão dos deveres de conduta das entidades que se proponham celebrar ou mediar contratos de seguro ligados a fundos de investimento (unit linked) ou a comercializar contratos de adesão individual a fundos de pensões abertos (FPAAI). Entendeu-se então, em face da similitude destes produtos com os instrumentos financeiros no que respeita aos riscos envolvidos na sua comercialização, ser necessário criar um quadro regulatório mais uniforme relativo aos deveres de conduta impostos às entidades que comercializavam aqueles produtos. Ocorreram, entretanto, alterações regulatórias (nomeadamente a Diretiva (UE) 2016/97 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de janeiro de 2016 sobre a distribuição de seguros) que conduziram a uma reflexão sobre a atual situação no que respeita à distribuição das competências sobre a comercialização destes produtos, tendo-se entendido proceder à reversão das competências de regulação e supervisão, a ser assumidas pela ASF, fazendo coincidir nesta entidade a supervisão e os poderes de intervenção no âmbito da comercialização daqueles produtos (cf. alterações que constam da Proposta de Lei n. º 109/XIII). É neste contexto que se propõe a revogação do n.º 2 do artigo 1.º, dos artigos 57.º a 62.º e 82.º a 91.º, bem como do ponto 8.4 do Anexo 8 do Regulamento. III.5. Aperfeiçoamentos diversos Aproveitou-se ainda esta oportunidade para a efetuar diversos aperfeiçoamentos que se impunham, dos quais se destacam os seguintes: (i) Âmbito de aplicação (artigo 1.º do projeto de regulamento) Revê-se o artigo 1.º relativo ao âmbito de aplicação do Regulamento, tendo-se substituído a atual alínea d) Vicissitudes pelas alíneas e) e f) que refletem, de forma mais adequada, a organização sistemática do diploma. Acresce que a expressão vicissitudes se encontra definida no RGOIC por referência à fusão, cisão e transformação e à dissolução e liquidação de OIC (cf. Capítulo III do Título I do RGOIC), o que não se mostra coerente com a totalidade das matérias que estariam abrangidas na atual alínea d), em particular as alterações significativas da política de investimentos e a suspensão das operações de subscrição e resgate. (ii) Organismos de investimento flexíveis (n.º 4 do artigo 11.º do projeto de regulamento) De acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 11.º do Regulamento, os organismos de investimento coletivo flexíveis mantêm um registo detalhado da política de investimentos a cada momento, comunicando à CMVM as respetivas alterações. Crê-se, no entanto, que a inexistência de qualquer compromisso no que respeita à composição da carteira torna o registo das decisões estratégicas e operacionais que se encontram na sua génese, assim como a respetiva execução, de relevância essencial. Com efeito, sendo a concretização da política de investimentos flexível, importa assegurar que a entidade 6

responsável pela gestão decide, regista e executa as decisões estratégicas e operacionais de forma adequada, o que apenas se afigura exequível caso sejam conhecidos os fundamentos que estiveram na génese das referidas decisões. Pelo exposto, propõe-se clarificar que o registo abrange as decisões estratégicas e operacionais relativas à política de investimentos, assim como a execução das mesmas, restringindo-se, no entanto, o envio do respetivo registo à CMVM apenas às situações em que tal seja solicitado (iii) Categorias de unidades de participação de OIC (alínea e) do n.º 1 do artigo 12.º do projeto de regulamento) Adita-se, na alínea e) do artigo 12.º, a expressão cambial, restringindo-se a criação de categorias de unidades de participação distintas em função da cobertura de risco apenas às situações de cobertura do risco cambial. Esta alteração é uma decorrência da Opinião da Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados (ESMA) de 30 de janeiro de 2017 1, sobre categorias de unidades de participação de OICVM (organismos de investimento coletivo em valores mobiliários), nos termos da qual apenas a cobertura do risco cambial se mostra compatível com a existência de objetivos de investimento comuns (cf. parágrafos 17 e 18 da referida Opinião). (iv) Rotatividade dos Auditores (n.º 1 do artigo 50.º do projeto de regulamento) Desde a entrada em vigor do Estatuto da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (EOROC), aprovado pela Lei nº 140/2015, de 7 de setembro, a 1 de janeiro de 2016, que o regime de limites dos mandatos de revisores e sociedades de revisores oficiais de contas previsto no artigo 54.º do EOROC é aplicável aos OIC. Este novo enquadramento legal determinou a revogação tácita do requisito de rotação previsto no n.º 1 do artigo 50.º do Regulamento, propondo-se, por isso, a revogação expressa desta disposição regulamentar. (v) Comercialização transfronteiriça de OIC (artigos 54.º e 55.º do projeto de regulamento) De acordo com o Decreto-lei n.º 56/2018, de 9 de julho, que procede à revisão do RGOIC, o regime aplicável à comercialização transfronteiriça passou a estar concentrado no RGOIC, propondo-se, em consequência, a revogação dos artigos 54.º e 55.º do Regulamento. (vi) Exercício de diretos de voto (n.ºs 3 e 4 do artigo 63.º, 75.º e Anexo 10 do projeto de regulamento) No âmbito do Decreto-lei n.º 56/2018, de 9 de julho, que procede à revisão do RGOIC, foram revogadas algumas disposições do artigo 90.º deste diploma, cujo conteúdo impunha requisitos adicionais aos previstos em legislação europeia. 1 ESMA s Opinion on UCITS share classes (ESMA34-43-296), disponível em https://www.esma.europa.eu/document/opinion-ucits-shareclasses 7

Em coerência, propõe-se a revogação dos n.ºs 3 e 4 do artigo 63.º, do artigo 75.º, bem como do Anexo 10, todos do Regulamento, no sentido de eliminar os deveres das entidades responsáveis pela gestão quanto ao conteúdo do regulamento de gestão e à informação a reportar à CMVM sobre o exercício de direitos de voto. (vii) Comunicação das alterações aos documentos constitutivos (n.º 5 do artigo 63.º do projeto de regulamento) De acordo com o n.º 5 do artigo 63.º do Regulamento, com a comunicação individual aos participantes sobre as alterações previstas no n.º 1 do artigo 26.º do RGOIC, é enviada uma versão atualizada dos documentos com as informações fundamentais destinadas aos investidores (IFI) com o devido destaque das alterações. Em resultado desta disposição regulamentar, sempre que existam alterações que tenham impacto no IFI, deve ser enviado aos participantes o referido documento com o destaque das alterações em causa. Caso se efetuem alterações sem impacto no IFI deve ser enviada comunicação individualizada com as alterações identificadas. Atendendo a que o objetivo das normas em causa (n.º 1 do artigo 26.º do RGOIC e n.º 5 do artigo 63.º do Regulamento) é o de assegurar que os participantes sejam informados das alterações previstas no n.º 1 do artigo 26.º do RGOIC, considera-se que será suficiente a existência de norma que clarifique que as alterações ali previstas devem ser enviadas aos participantes mediante comunicação individualizada que identifique as alterações em causa, sem que seja necessário o envio do IFI (cf. n.º 5 do artigo 63.º do projeto de regulamento). (viii) Registo especial (n.º 2 do artigo 79.º e Anexo 14, do projeto de regulamento) No âmbito do Decreto-lei n.º 56/2018, de 9 de julho, que procede à revisão do RGOIC, foi revogado o n.º 4 do artigo 84.º deste diploma, tendo-se eliminado o registo especial organizado pela entidade gestora das operações sobre instrumentos financeiros admitidos à negociação em mercado regulamentado realizadas fora de mercado e de sistema de negociação multilateral. Nestes termos, propõe-se a revogação do n.º 2 do artigo 79.º e do anexo 14 do Regulamento, que se reportam ao referido registo. (ix) Relatório anual do depositário (artigo 80.º do projeto de regulamento) Nos termos das mais recentes alterações ao RGOIC, aprovadas pelo Decreto-lei n.º 56/2018, de 9 de julho, foi eliminada a necessidade de envio anual à CMVM, pelo depositário, de um relatório sobre a fiscalização por ele desenvolvida (cf. artigo 121.º, n.º 1, alínea h), iv), i) do RGOIC). Em coerência com a referida alteração, propõe-se a revogação do artigo 80.º do Regulamento que concretiza o conteúdo e o prazo de envio do referido relatório à CMVM. (x) Transformação e cisão de OIC (n.º 2 do artigo 101.º do projeto de regulamento) Altera-se o n.º 2 do artigo 101.º do Regulamento, prevendo-se expressamente a disponibilização das informações relativas à transformação e cisão de OIC através de aviso no Sistema de 8

Difusão de Informação da CMVM, para acolher um regime conforme à prática que tem sido seguida pelas diversas entidades. 9