CARBOXITERAPIA NO TRATAMENTO DE ATROFIA LINEAR CUTÂNEA

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CARBOXITERAPIA NO TRATAMENTO DE ATROFIA LINEAR CUTÂNEA Isabelle Porcelis Millman¹ Roberta Kochan² 1 Acadêmica do curso de Tecnologia em Estética e Cosmética da Universidade Tuiuti do do Paraná 2 Especialista Professora Adjunta da Universidade Tuiuti do Paraná Endereço para correspondência: Isabelle Porcelis Millman, bellymillman@gmail.com RESUMO A estria é uma atrofia tegumentar adquirida, de aspecto linear, sinuosa, em estrias de um ou mais milímetros de largura, a princípio avermelhadas, depois esbranquiçadas e abrilhantadas (nacaradas). A estria atrófica é uma afecção muito comum apesar de ser considerada queixa estética, pode trazer importantes consequências psicossociais. A carboxiterapia é um método utilizado para tratamento de irregularidades da pele, é uma terapia eficaz na melhora da elasticidade cutânea, adiposidade localizada e arteriopatias, com grande resultados no tratamento das estrias. O objetivo deste artigo é analisar a eficácia da carboxiterapia no tratamento de atrofia linear cutânea através de uma revisão de literatura baseada em artigos de 2004 a 2014 que visa estabelecer que a carboxiterapia é uma técnica capaz de amenizar a aparência de um tecido estriado, estimulando a síntese de colágeno e elastina. Palavras-chave: Carboxiterapia, Atrofia Linear Cutânea, Estrias. ABSTRACT The striae is acquired cutaneous atrophy, linear appearance, winding in striae in one or more millimeters wide, reddish first, then whitish bright (pearlescent). Is a very common condition which, although is considered an aesthetic complaint, can bring important psychosocial consequences. Carboxitherapy is a method for the treatment of irregularities of the skin, is an effective therapy in improving skin elasticity, localized adiposity arteriopathies, with great results in the treatment of stretch marks. The objective of this paper is to analyze the effectiveness of carboxiterapia in the treatment of cutaneous linear atrophy through a literature review based on articles 2004 to 2014 aims to establish the carboxitherapy is a technique to soften the appearance of a striated tissue by stimulating the synthesis of collagen and elastin.in the treatment of the striae. Keywords: Carboxitherapy, Cutaneous Linear Atrophy, Striae. 1

INTRODUÇÃO As estrias podem ser definidas como processo degenerativo cutâneo, benigno, caracterizado por lesões atróficas em trajeto linear, que conforme sua fase evolutiva variam de cor. É considerado um processo de natureza estética, já que não gera incapacitação física ou alteração da função cutânea. Porém produz um profundo desagrado em alguns indivíduos, chegando mesmo a tornar-se motivo de depressão psíquica e sentimentos de baixa autoestima. (MAIO, 2011) São caracterizadas por atrofias cutâneas de forma alongada, às vezes ondulosas, salientes, planas ou deprimidas, tornando-se ao final de um tempo, menos aparente. (CORDEIRO, 2009). A carboxiterapia constitui-se de uma técnica onde se utiliza o Dióxido de Carbono injetado no tecido subcutâneo, estimulando os efeitos fisiológicos como a melhora da oxigenação e circulação tecidual tendo uma melhora significativa nas estrias. (BANDEIRA, 2013) O CO2 é um gás incolor, atóxico e inodoro. É o produto endógeno natural do metabolismo das reações oxidativas celulares, ele é produzido no nosso organismo diariamente em grandes quantidades e eliminado pelos pulmões durante a expiração. (SCORZA; BORGES, 2008) O objetivo deste artigo é analisar a eficácia da carboxiterapia no tratamento de atrofia linear cutânea, verificando a possível melhora da aparência estética da região. Estrias As estrias são ditas atróficas pelas características que apresentam, já que atrofia é uma redução da espessura por conta da diminuição do número e volume de seus elementos. Adquirida de aspecto linear, entre estrias de um ou mais milímetros de largura, no inicio elas surgem avermelhadas, depois de um tempo nacaradas (esbranquiçadas). Apresentam um caráter de bilateralidade, ou seja, existe uma propensão da estria distribuir-se simetricamente dos dois lados e é representada por estreitamento, pregueamento, secura, menor elasticidade e rarefação dos pelos (RABELLO, 2010). Esses tipos de alterações na pele aparecem após ultrapassar o linear de elasticidade da pele, de um jeito que as fibras colágenas e elásticas se 2

desorganizam ao redor do ponto onde ocorreu o rompimento, formando então uma lesão (CAPELLARI,2013). A maior prevalência das estrias ocorre na faixa etária dos 14 aos 20 anos (55-65% em mulheres e 15-20% em homens), por volta de três a seis vezes mais frequente em mulheres do que em homens. No sexo feminino, as localizações predominantes são nádegas, mamas e no abdômen. Nos sexo masculino predominam no dorso, região lombossacra e parte externa das coxas. (DOMINGUES, 2006). As adolescentes são acometidas com 45,5%, a obesidade com 30,5%, as gestantes com 19,5% e as pacientes que realizam terapia medicamentosa com 4,5% (SOUSA; COSTA, 2011). As estrias podem aparecer em qualquer parte do corpo, quando a derme, camada intermediária da pele, é esticada até um ponto onde o tecido e as fibras começam a se romper, ocorrendo assim, um sangramento microscópico juntamente com a inflamação, que dá a aparência avermelhada das estrias recém formadas (RABELLO; FIEDLER, 2010). Histologicamente o tecido estriado apresenta epiderme e derme menos espessas, sendo que a última apresenta redução do contorno papilar, separação e desorganização das bandas de colágeno, desgaste, dilatação dos vasos sanguíneos, ausência de fibras elásticas ou separação (SALOMÃO, 2009). A sua patogênese ainda não é plenamente conhecida. Os trabalhos científicos reconhecem sua natureza multifatorial e vêm demonstrando os vários fatores implicados em sua origem. As mudanças das estruturas que suportam força tênsil e elasticidade geram um afinamento do tecido conjuntivo que, aliado a maiores tensões sobre a pele, produzem estriações cutâneas (COSTA; MENDES, 2014). O aparecimento de estrias está relacionado a diferentes situações como, por exemplo, o crescimento e/ou aumento de peso repentino, gravidez, alterações endocrinológicas, principalmente as associadas a corticóides e ao estrógeno, muito exercício e algumas infecções como febre tifoide e hanseníase (SALOMÃO, 2009). Apesar de descreverem as estrias cutâneas como uma condição de estiramento ou distensão da pele, com perda ou ruptura das fibras elásticas na região acometida, o surgimento das estrias ainda permanece obscura. Segundo Rosenthal, ele propunha quatro mecanismos etiológicos na sua formação: desenvolvimento insuficiente do tegumento, incluindo deficiência de sua propriedades elásticas; rápido 3

estiramento da pele; alteração endócrina; e outras causas, possivelmente tóxicas. Considerando-se a multiplicidade de fatores envolvidos, a literatura é divergente e inconclusiva (CORDEIRO, 2009). Há evidências de que o surgimento de estrias na pele seja multifatorial, e que além dos fatores endocrinológicos e mecânicos, existe uma predisposição genética e familiar. A etiologia da estria é bastante controversa, existindo assim, três teorias que tentam justificá-la (GUIRRO, 2004). Teoria Mecânica Essa teoria descreve que o surgimento das estrias está necessariamente relacionado a um estiramento mecânico da pele lesionando as fibras elásticas e colágenas do tecido. As fibras elásticas se separam em vários segmentos fibrilares e as fibras de colágenos se separam e se alargam. Sendo assim, suas causas baseadas nessa teoria seriam um crescimento muito rápido durante a adolescência, uma grande deposição de gordura, uma hipertrofia muscular muito rápida ou uma distensão abdominal considerável, como nos casos de uma gestação (GUIRRO, 2004). Teoria Endocrinológica É a teoria mais bem aceita atualmente. Adeptos dessa teoria acreditam que o aparecimento das estrias não está relacionado a uma patologia, mas sim ao tipo de medicamento administrado a esse paciente. Segundo alguns autores, o hormônio esteróide está presente em todas as formas de aparecimento das estrias como na obesidade, na adolescência e na gravidez, onde o hormônio vai atuar sobre o fibroblasto. (BRAVIM; KIMURA, 2007) Teoria Infecciosa Alguns poucos autores acreditam que o surgimento das estrias ocorre por processos infecciosos que danificam as fibras elásticas (COSTA,?). Esta teoria, segundo alguns autores aparece após processos infecciosos como febre reumática, febre tifóide, tifo, hanseníase e outras infecções (CORRÊA; LIMA, 2014). 4

O surgimento dos sintomas iniciais são variáveis, sendo que os primeiros sinais podem ser por: prurido, dor (em alguns casos), erupção papular plana e levemente eritematosa (rosada). As estrias são denominadas nessa fase inicial de rubras (GUIRRO, 2004). Em sua fase inicial as atrofias lineares cutâneas são protusas em relação à superfície cutânea, evoluindo mais tarde, para uma forma atrófica, deprimida ou plana. Na fase mais tardia a epiderme encontra-se atrófica, aplainada e na derme as fibras elásticas estão alteradas e as colágenas apresentam-se sob forma de feixes paralelos a superfície na direção da força de distensão. A aparência da atrofia linear cutânea é variada, podendo ser retilínea, curvilínea, em S ou ziguezague e a extensão pode variar de um a dois centímetros, podendo chegar até uns cinco centímetros de largura. A cor é caracterizada conforme o período de instalação: quanto mais recente, mais avermelhada e quanto mais antiga, mais esbranquiçada (COSTA; MENDES, 2014). Por muito tempo a literatura considerou as estrias como lesões irreversíveis. Porém, com o aparecimento de modernas técnicas de tratamento, existem recursos e tratamentos disponíveis para diminuir o aspecto destas lesões (REBONATO et al.,2012). Os métodos utilizados no tratamento da atrofia linear cutânea procuram melhorar os aspectos estéticos, dentre estas técnicas destaca-se a carboxiterapia (DOMINGUES, 2006). Carboxiterapia O dióxido de carbono foi descoberto em 1648. Porém a partir da década de 30 que surgiram os primeiros trabalhos sobre o tema, como o do cardiologista Jean Baptiste Romuef que teve sua publicação em 1953, após 20 anos de experiência utilizando em seus tratamentos injeções subcutâneas de CO2 (SCORZA; BORGES, 2008). O procedimento consiste em injeções cutâneas e subcutâneas de dióxido de carbono usando uma agulha pequena e fina (agulha de insulina) (CARVALHO,?). A carboxiterapia é um método utilizado para tratamento de irregularidades da pele, gerando uma melhora na pressão parcial de oxigênio e perfusão tecidual e de parâmetros locais de circulação, sendo uma terapia eficaz na melhora da 5

elasticidade cutânea, adiposidade localizada e arteriopatias, com grande resultados no tratamento das estrias (BANDEIRA, 2013). Em repouso, o corpo produz cerca de 200 ml/min de CO2, aumentando em até 10 vezes no esforço físico. A técnica é definida como a administração terapêutica do anidro carbônico (também denominado gás carbônico ou CO2) através de injeção hipodérmica no tecido subcutâneo diretamente nas áreas afetadas (PACHECO, 2011). A administração do gás na forma injetada abaixo da pele provoca enfisema subcutâneo através do descolamento da pele, com afastamento dos planos, que então quando passa a ser ocupado pelo gás. Esse descolamento se dá isento de traumas vasculares ou nervosos e causa trauma suficiente para desencadear fisiologicamente o fenômeno conhecido como processo de cicatrização (SCORZA; BORGES, 2008). As aplicações podem causar desconforto, normalmente os pacientes se queixam de queimação, ardor local e aumento de pressão. Além disso, sabe-se que os efeitos colaterais consistem em dor no local da aplicação, equimoses ou pequenos hematomas decorrentes a punção e sensação de crepitação ou de aderência no local (CARVALHO,?). A carboxiterapia é considerada uma técnica segura, mas devemos cuidar, pois possuem algumas contra indicações como infarto agudo do miocárdio, angina instável, insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, tromboflebite aguda, gangrena, infecções localizadas, epilepsia, insuficiência respiratória, insuficiência renal, gravidez, distúrbios psiquiátricos (BANDEIRA, 2013). Tendo em vista o fato de que as estrias são caracterizadas por uma atrofia da pele e perda da elasticidade, devido à diminuição da capacidade de produção de colágeno que dá sustentação a pele, a terapia com gás carbônico torna-se um recurso viável para seu tratamento, visando estimular a produção de novas fibras de colágeno e elastina com isso ter uma melhora no tecido estriado. Através de estudos histológicos com a carboxiterapia comprovaram um aumento da espessura da derme, evidenciando estímulo a neocolagenase, bem com um evidente rearranjo das fibras colágenas. (SCORZA; BORGES, 2008). 6

Nas estrias a aplicação é feita em uma velocidade de 60 a 80 ml /min, não sendo importante o volume de gás injetado, e sim o descolamento do tecido, sem lesão vascular, provocado por toda a lesão (SALOMÃO, 2009). Efeito Bohr na Carboxiterapia A afinidade da hemoglobina pelo oxigênio depende do ph do meio, a acidez estimula a liberação de oxigênio diminuindo assim esta afinidade. O aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) no meio também abaixa a afinidade por oxigênio (SCORZA; BORGES, 2008). O efeito Bohr na carboxiterapia é o efeito principal sendo que ele atua na microcirculação vascular do tecido conectivo, promovendo assim, uma vasodilatação e um aumento da drenagem veno-linfática (PACHECO, 2011). Aplicações Clinicas Na carboxiterapia, o fluxo e o volume total de gás infiltrado são controlados com equipamentos apropriados. O aparelho liga-se a um cilindro de ferro por meio de um regulador de pressão de gás carbônico e então é injetado por via de uma sonda com uma agulha pequena (agulha insulina- 30 G1/2) diretamente através da pele do paciente. O fluxo de CO2 infundido durante tratamentos com carboxiterapia, encontrase entre parâmetros de 20 e 80 ml/min. Porém há equipamentos que disponibilizam fluxos até 150 ml/min. Com relação ao volume total administrado, este gira em torno de 600 ml a 1000 ml (BORGES, 2008). METODOLOGIA Foi realizada uma pesquisa bibliográfica com publicações entre os anos de 2004 a 2014, por meio do site Google Acadêmico para consulta de artigos, e também foram pesquisados artigos em base de dados do site Bireme, Lilacs e Medline. E a consulta de livros. 7

DISCUSSÃO Segundo Guirro e Guirro (2004), a estria é relatada na maior parte da literatura como uma lesão que não há reversão. Esta resistência é baseada no próprio exame histológico da estria, onde nota-se uma redução no volume e número dos elementos da pele, rompimento das fibras elásticas, pele delgada e diminuição da espessura da derme, com fibras colágenas separadas entre si. Costa, Mendes (2014) afirma que a sua patogênese não é plenamente conhecida. Trabalhos científicos reconhecem sua natureza multifatorial e vêm demonstrando vários fatores implicados em sua origem. Costa (2014) relata que a origem mais provável das estrias baseia-se na teoria endocrinológica, prevê que um hormônio esteróide está presente de forma atuante em todos os quadros em que as estrias surgem (obesidade, adolescência, gravidez), não podendo deixar de ser mencionado o seu surgimento com o uso de medicamentos a base de corticóides tópicos ou não, incluindo os anabolizantes. Segundo Domingues (2006) em seus estudos sobre efeitos e irregularidades da pele com uso de dióxido de carbono, mostra que é possível obter melhora nas irregularidades da pele e na elasticidade cutânea com a terapia de CO2. Scorza, Borges (2008) revelam que os efeitos secundários apresentados pela carboxiterapia se limitam em dor no local da aplicação, pequenos hematomas ou equimoses devido às várias punturas e sensação de crepitação devido à formação de um enfisema local que desaparece em no máximo 30 minutos. Esses efeitos só seriam possíveis por conta do Efeito Bohr que segundo os autores Scorza e Borges (2008) afirmam que há um aumento significativo da concentração de oxigênio local após a infusão subcutânea de CO2, sendo assim, gerando um aumento da pressão parcial de O2. Eles relataram ainda que há diminuição da afinidade da hemoglobina pelo O2 na presença de gás carbônico disponibilizando mais oxigênio às células, o que então favoreceria o metabolismo dos tecidos da região tratada. É importante ressaltar que os tratamentos para estrias são muito difíceis e bastante demorados, portanto, requer paciência de quem irá submeter-se a esta terapia para que haja um melhor resultado. 8

CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo em vista que a flacidez cutânea é caracterizada pela atrofia cutânea e pela diminuição de colágeno e elastina, que dá sustentação a pele, o tratamento com o gás carbônico torna-se um recurso interessante e viável, assim irá estimular a produção de novas fibras de colágeno fazendo com que haja maior sustentabilidade à pele estriada. Para uma boa parte da população, a atrofia linear cutânea é um problema desagradável esteticamente, e pode ter sua etiologia variada por fatores hormonais, de crescimento ou gravidez, por exemplo. Com base na revisão de literatura, foi possível notar que a carboxiterapia é considerada um recurso seguro, sem efeitos adversos ou complicações importantes, tanto locais, como sistêmicas, visto que o produto utilizado no tratamento (CO2) possui cerca de 99,9% de pureza, próprio para o uso terapêutico. Sabendo que a carboxiterapia é uma técnica capaz de amenizar a aparência de um tecido estriado, esses resultados só seriam possíveis devido ao efeito fisiológico do gás dióxido de carbono no tecido infundido através de uma agulha, estimulando assim, a síntese de colágeno e elastina, aumentando o aporte sanguíneo e causando um leve processo inflamatório local como consequência e então fazendo com que ocorra uma redução do aspecto das estrias. Como resultado, proporciona ao paciente bem estar físico, psiquicosocial e melhora da auto estima. 9

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BANDEIRA, Rachel. A eficácia da carboxiterapia no tratamento de atrofia linear cutânea- estrias. Rio de Janeiro, 2013. 2. BRAVIM, Alya; KIMURA, Eduardo. O Uso da Eletroacupuntura nas Estrias Atróficas: Uma Revisão Bibliográfica. Brasília, 2007. 3. CAPELLARI, Jady. Análise da Eficácia do Equipamento de Radiofrequência no Tratamento de Estrias. Maringá, Paraná, 2013. 4. CARVALHO, Flávia. Efeito da Carboxiteparia no Tratamento do Fibroedema Gelóide. Goiânia,(?) 5. CORDEIRO, Raquel Cristina; MORAES, Aparecida Machado.Striae distensae: fisiopatologia. São Paulo, 2009. 6. CORRÊA, Ana Karina. LIMA, Luana. Levantamento Teórico de Tratamentos Terapêuticos em Estrias: Microgalvanopuntura e Ácido Glicólico. Belém, 2014. 7. COSTA, Anne; MENDES, Daniella. Estrias e o Tratamento com Carboxiterapia (CO2) Uma Revisão de Literatura. 2014. 8. COSTA, Lucicleide. As Técnicas de acupuntura no tratamento das estrias. Goiânia, (?) 9. DOMINGUES, Ana Claudia; MACEDO, Carmem Silvia Araújo. Efeito Microscópio do Dióxido de Carbono na Atrofia Linear Cutânea. Belém- Pará, 2006. 10. GOMES, Joziane. A carboxiterapia no tratamento das estrias vermelhas pósgestação. Goiânia, (?) 11. GUIRRO, Elaine; GUIRRO, Rinaldo. Fisioterapia Dermato-Funcional: Fundamentos, Recursos e Patologias. 3. Edição, Rev. e ampliada. Barueri, SP: Ed. Manole, 2004. 12. MAIO, Mauricio. Tratado de Medicina Estética. 2ª Edição, vol. III. São Paulo: editora Roca, 2011. 13. PACHECO, Tuane. Efeitos da Carboxiterapia Sobre o Fibroedema-Geloide na Região Posterior de Coxa, Criciúma, 2011. 14. RABELLO, Cristina; FIEDLER, Débora. Ação do laser vermelho em um protocolo para estrias nacaradas. Balneário Camboriú, Santa Catarina, 2010 10

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