Superação de dormência em sementes de inajá (Maximiliana maripa (Aublet) Drude).

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Transcrição:

Superação de dormência em sementes de inajá (Maximiliana maripa (Aublet) Drude). Evaluation of methods for overcoming dormancy in (Maximiliana maripa (Aublet) Drude) seeds Jaqueline Patrícia Santana Modesto (1) Meirevalda do Socorro Ferreira Redig (2) Mariana Casari Parreira (3) RESUMO O inajazeiro é uma planta típica da Amazônia, sendo de muita importância para a subsistência de agricultores familiares e ribeirinhos, além de apresentar relevante potencial energético na produção de biocombustível. Devido à dificuldade de germinação e emergência para a formação de mudas de qualidade este trabalho foi desenvolvido objetivando avaliar métodos de superação de dormência de sementes do inajazeiro. O experimento foi conduzido em casa de vegetação na Amazonia Tocantina, Pará. Adotou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro tratamentos: 1-escarificação mecânica do endocarpo + imersão em água por 4 horas, 2-escarificação mecânica do endocarpo + imersão em água durante 9 dias com troca diária da água, 3-escarificação mecânica do endocarpo + imersão em água quente à 80º C por três minutos, mais uma 4- testemunha sem escarificarão, em quatro repetições. O tratamento de escarificação mecânica do endocarpo + imersão em água quente à 80º C por 3 minutos proporcionou maiores porcentagens e índice de velocidade de emergência (IVE), existindo também suficiente variabilidade genética desta espécies para ser explorado, podendo assim obter cultivares com maior e mais rápida emergência de plântulas para a obtenção de mudas de qualidade. PALAVRAS CHAVE: Escarificação, Amazônia Tocantina, Agricultura de subsistência, emergência de plântulas. ABSTRACT - The inaja plant is a typical plant of the Amazon, being very important for the subsistence of familiar and riverside farmers, besides a relevant energetic potential in the production of biofuel. Due to the difficulty of germination and emergence for the formation of quality seedlings this work was developed aiming to evaluate the dormancy of the inajá seeds. (1) Eng. Agr. Universidade Federal do Pará CUNTINS/UFPA (agronomia2012cametá@gmail.com). (2) Profa. Dra. Faculdade de Agronomia (FAGRO) CUNTINS/UFPA (mfredig@ufpa.br). (3) Profa. Dra. Faculdade de Agronomia (FAGRO) CUNTINS/UFPA (mcparreira@ufpa.br).

The experimental design was completely randomized, with four treatments: 1-mechanical scarification of the endocarp + immersion in water for 4 hours, 2-mechanical scarification of the endocarp + immersion in water for 9 days with daily water exchange, 2-mechanical endocarp scarification + hot water immersion at 80 C for three minutes plus one untempered control in four replicates. The treatment of mechanical scarification of the endocarp + immersion in hot water at 80º C for 3 minutes provided higher E (%) and IVE, and there is enough genetic variability of this species to be explored, thus obtaining from cultivars with greater and faster emergence of seedlings to obtain quality seedlings. KEYWORDS: emergence. Scarification, Tocantina Amazon, Subsistence agriculture, Seedling 1. Introdução O inajá (Maximiliana maripa (Aublet.) Drude) é uma espécie frutífera pertencente à família Arecaceae. Nativa do Brasil encontra-se em toda extensão do rio Amazonas e afluentes, tendo sua maior incidência no Estado do Pará. O inajazeiro é excepcionalmente tolerante a solos arenosos, pobre em nutrientes e solos bastante ácidos (MIRANDA et al, 2001). Frequente em floresta de terra firme, vegetação secundária (capoeiras), bordas de savanas, pastagens e roçados. Os frutos são comestíveis, sendo consumidos tanto pelo ser humano na forma (in natura ou cozido), como pela fauna silvestre como o porco do mato, o veado, a anta e a paca (FRAGOSO, 1997). Além do inajá, espécies semelhantes a essa apresentam importante potencial energético na produção de biocombustível. No entanto, o potencial de exploração econômica dessa espécie amazônica para esta finalidade é limitado devido à dificuldade de produção de muda, já que suas sementes das palmeiras apresentam dormência (COSTA & MARCHI, 2008). Essa característica faz com que o inajá demore até dois anos para germinar (VILLACHICA, 1996). Devido à dificuldade de germinação e emergência destas espécies, para produção de mudas de qualidade, o presente trabalho objetivou avaliar métodos de superação de dormência de sementes do M. maripa. 2. Material e métodos O experimento foi instalado e conduzido em condições de casa de vegetação, no município de Cametá-PA, região da Amazônia Tocantina (latitude 02º14'40" S e longitude 49º29'45" O). Os frutos foram coletados no mês de março de 2016 de uma planta matriz de inajá proveniente de uma população natural da área. Inicialmente foi feito o beneficiamento dos frutos coletados, no qual foram retirados o mesocarpo e endocarpo, restando somente as sementes (MARTINS, SILVA & BOVI., 1996).

Adotou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro tratamentos: 1-escarificação mecânica do endocarpo + imersão em água por 4 horas, 2- escarificação mecânica do endocarpo + imersão em água durante 9 dias com troca diária da água, 3-escarificação mecânica do endocarpo + imersão em água quente à 80º C por 3 (três) minutos, mais uma testemunha sem escarificação (tratamento quatro), todos com quatro repetições contendo 25 sementes cada. A escarificação mecânica foi realizada manualmente com o auxílio de esmeril nº 198. Após a aplicação dos tratamentos, as sementes de inajá foram semeadas a dois centímetros de profundidade em bandejas com substratos composto de terra preta + serragem (1:1), molhadas manualmente duas vezes ao dia. Ao final do experimento 100 dias após a semeadura (DAS) foram avaliadas a porcentagem de emergência (E%) (LABOURIAU & VALADARES, 1976) e o Índice de Velocidade de Emergência (IVE) (MAGUIRE, 1962). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias das variáveis, comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Também foram estimados os seguintes parâmetros genéticos: coeficientes de variação ambiental, variação genética da progênie, a herdabilidade a nível de média e índice de variação (b), utilizando-se o software estatístico GENES. 3. Resultados e discussão Ao analisar os dados obtidos foi verificado que o tratamento de escarificação que proporcionou melhores resultados na quebra de dormência das sementes de inajá foi o de escarificação mecânica do endocarpo + imersão em água quente à 80º C por 3 minutos, proporcionando emergência de 21% das plântulas e maior índice de velocidade de emergência (IVE de 0,07675) mostrando que esse método pode proporcionar maior números de mudas e em menor tempo (Tabela 1). TABELA 1: Porcentagem de Emergência (E%) e Índice de Velocidade de Emergência (IVE) das sementes de M. maripa submetidas aos tratamentos de quebra de dormência. Amazônia Tocantina, Pará. Tratamentos de Quebra de Dormência E (%) IVE Escf. Mec. + Água Temperatura Ambiente (4 horas) 16,00 AB 0,04525 AB Escf. Mec. + Água Temperatura Ambiente (9 dias) 15,00 AB 0,04875 AB Escf. Mec. + Água Quente (3 minutos) 21,00 A 0,07675 A Sem escarificação 8,00 B 0,02350 B CV(%) 38,81 39,87 Escf. Mec= escarificação mecânica

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. A semente de inajá apresenta dormência do tipo exógena ou extra-embrionária que é causada pelo tegumento, pelo endocarpo, pelo pericarpo e/ou órgãos extra-florais, em geral com pouca ou nenhuma participação direta do embrião em sua superação. Em geral, os mecanismos associados a essa modalidade de dormência estão relacionados à impermeabilidade, ao efeito mecânico e/ou à presença de substâncias inibidoras dos tecidos, podendo ser dividida em física, química ou mecânica (COSTA & MARCHI, 2008), sendo assim acarretando em um período de tempo maior para germinar e emergir, dificultando o processo de produção de mudas. Os demais tratamentos possuindo escarificação mecânica com posterior imersão em água em temperatura ambiente proporcionaram resultados inferiores ao tratamento utilizando agua quente, entretanto foi quase 50% maior em E% quando não utilizado tratamentos de quebra de dormência (Tabela 1). Com relação aos parâmetros genéticos (Tabela 2), o inajá apresentou estimativas da variância ambiental baixa para E (%) 8,5 e de 0,000094 para IVE; A variância genética da progênie possuiu valores de 20,17 e 0,000384 para E(%) e IVE respectivamente. Ao avaliarmos a herdabilidade percebemos uma variação de 70% E (%) e 80 IVE, tais resultados indicam que existe suficiente variabilidade genética para ser explorado, em programas de melhoramento para serem utilizados em sistemas de cultivos, pois os métodos utilizados podem levar a maior e mais rápida emergência das sementes desta espécie. Tabela 2: Parâmetros genéticos das variáveis analisadas E (%) e Índice de Velocidade de Emergência (IVE) para as sementes de Inajá. Amazônia Tocantina, Pará. PARÂMETROS GENÉTICOS E (%) IVE Variação Ambiental (Ơ 2 e) 8,5 9,4E-05 Variância Genética da Progênie (Ơ 2 p) 20,17 0,00038 Herdabilidade (H) 70,35 80,35 b: Cvp(%)/Cve(%) 0,77 1,01 Para o inajá, apesar de escassas as referências às características de produção, estão correlacionadas com caracteres vegetativos analisados na fase juvenil. (NOGUEIRA & SANTANA et al., 2016). Dessa forma, essas estimativas de parâmetros genéticos para características relacionadas ao vigor da planta são subsídios importantes para o melhoramento do inajá.

4. Conclusões A água quente se apresentou como um fator essencial na quebra de dormência dessa espécie, sendo o tratamento com escarificação mecânica do endocarpo + imersão em água quente à 80º C por 3 minutos mais eficaz para a quebra de dormência para as sementes M. maripa., possuindo estas sementes variabilidade genética suficiente para ser explorada em pesquisas de melhoramento. Referências COSTA, C. J., MARCHI, E. C. S. Germinação de sementes de palmeiras com potencial para produção de agroenergia. Informativo ABRATES, v. 18, n.1, p. 39-50, 2008. FRAGOSO, J.M.V. Tapir generated seed shadows: scale-dependent patchiness in the Amazonian rain forest. Journal of Ecology Oxford, v.85, n.4, p.519-529, 1997. Resumo. Disponível em: http://periodicos.capes.gov.br Acesso em: 18/01/2018. LABORIAL, L. G.; VALADARES, M. B. On the germination of seeds of Calotropis procera. Anais da Academia Brasileira de Ciências, São Paulo, n.48, 174-186, 1976. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992. 352p. MAGUIRE, J. D. Speed of germination aid in selection and evaluation for seedling emergence and vigor. CropScience, Madison, v. 2, n. 2, p. 176-177, 1962. MARTINS, C.C.; SILVA, W.R. da; BOVI, M.L.A. Tratamentos pré-germinativos de sementes da palmeira inajá. Bragantia, Campinas, v.55, n.1, p.123-128, 1996. MIRANDA, I. P. de A.; RABELO, A.; BUENO, C. R.; BARBOSA, E. M.; RIBEIRO, M. N. S. Frutos de pal meiras da Amazônia. Manaus: INPA, 2001. 118 p. NOGUEIRA, A. K. M.; SANTANA, C., Benefícios socioeconômicos da adoção de novas tecnologias no cultivo do açaí no Estado do Pará. Rev. Ceres, Viçosa, v. 63, n. 1, p. 1-7, 2016. VILLACHICA, H. Frutales y hortalizas promisorios de la Amazonia. Lima: Tratado de Cooperacion Amazônica, 1996. 367p.