Agua Subterrânea no Semiárido Nordestino

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(Adaptado de Revista Galileu, n.119, jun. de 2001, p.47).

Transcrição:

Agua Subterrânea no Semiárido Nordestino Jaime Cabral Politécnica UPE Recursos Hídricos - UFPE

Características do Semiárido Brasileiro - Área de 1.108.434,82 km² - 1.348 municípios - Precipitação < 800 mm - Índice de aridez < 0,50 - Má distribuição temporal (quadra chuvosa) - Evaporação muito intensa - Vantagem da água subterrânea contra perdas por evaporação

Variabilidade Espacial - Bacias sedimentares Boa qualidade de água, Boa Vazão Só ocorre em poucas áreas do nordeste - Embasamento cristalino aquífero fissural Vazões pequenas Geralmente salinizada (Pode resolver com osmose reversa) - Aluviões Vazões pequenas

Bacias sedimentares

Piauí Reservas (hm³/ano) Aquífero ou Aquitardo Permanentes Reguladoras 80% do Estado sobe a Bacia sedimentar do Parnaíba Serra Grande 995.249,0 487,5 Poti/Piauí 541.488,0 1.052,0 Cabeças 256.443,0 636,0 Pedra de Fogo 42.396,0 189,0 Pimenteiras 27.908,0 41,0 Quartenário 12.400,0 9,0 Corda 12.026,0 6,5 Motuca 10.260,0 12,0 Pastos Bons 6.065,0 12,5 Sambaíba 3.234,0 14,0 Longá 2.880,0 0,0 Barreiras 500,0 31,0 Urucuia/Corda/Pastos Bons 12.600,0 45,5 Região de Poços Jorrantes Pastos Bons/Motuca 1.600,0 9,5

Piauí Município Teresina 1807 Campo Maior 1088 José de Freitas 1060 Oeiras 858 União 726 Picos 551 Número total de Poços AQUÍFEROS PROFUNDIDADE (m) VAZÃO (m³/h) MÍNIMA MÉDIA MÁXIMA MÍNIMA MÉDIA MÁXIMA SERRA GRANDE 3,0 120,78 1.500,0 1,0 10,28 426,0 CABEÇAS 3,0 105,03 960,0 1,0 15,05 600,0 POTI/PIAUI 3,0 101,43 600,0 1,0 12,28 250,0

Qualidade das Águas Subterrâneas Piauí

Matopiba (ou Mapitoba) Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia Nos últimos anos - Ampliação da infraestrutura viária - Ampliação logística e energética - Surgimento de polos de expansão da fronteira agrícola - Adoção de tecnologias agropecuárias de alta produtividade Para os próximos anos Grande potencial de uso de Água Subterrânea

Urucuia - Contribui para o escoamento de base dos afluentes da margem esquerda do rio São Francisco - Gerenciamento integrado de água superficial e água subterrânea - Muito explorado atualmente

Aquífero fissural

Apoio do Exército (últimas décadas) Estado/Local Quantidade de Poços Fora do nordeste 34 BA 15 CE 91 MA 3 MG 1 PB 689 PE 48 PI 4 RN 347 SE 1 TOTAL 1233 Vazão/Situação Quantidade de Poços <2000 L/H 535 >=2000 L/H e <5000 L/H 237 >=5000 L/H e <10000 L/H 103 >=10000 L/H 31 Não informado 4 Não foi realizado 5 Seco 318 TOTAL 1233 Profundidade Quantidade de Poços <40m 93 >=40m e <50m 357 >=50m e <60m 314 >=60m 461 Não Informado 8 TOTAL 1233

Águas Salinizadas em Poços no fissural - Uso de dessalinizadores - Dificuldades de manutenção

Salinização Águas de Poços no fissural - 270 dessalinizadores em poços em Pernambuco - 70 dessalinizadores funcionando - Dificuldades de manutenção - Riacho das Almas 19 dessalinizadores em funcionamento Uso do Rejeito do dessalinizador - Criação de tilapia - Atriplex - Salicornia

Aluviões em Leito Seco de Rios - Área total estimada = 19 Mil km 2 Espessura média 3,75 m - - Porosidade média 15% - Volume Total estimado 5357 milhões m 3 As reservas de águas subterrâneas nas aluviões do nordeste, apesar de sempre explotadas em regime de exaustão são periodicamente renovadas, sempre que se verificam precipitações pluviométricas. João Diniz - CPRM

OCORRÊNCIAS DE ALUVIÕES NO SEMIÁRIDO Na Região do Nordeste Oriental, se sobressaem: CEARÁ: rios Jaguaribe (principalmente nos baixo e médio curso), Banabuiú e Acaraú; Rio Grande do Norte: rios Açu, Potengi, Seridó, Trairi e Jacu. Paraíba: rios Piranhas, do Peixe, Piancó e Paraíba; Pernambuco: rios Brígida, Pajeú, Riacho do Navio e Moxotó.

Captação em Aluviões Poço Raso Poço Amazonas Escavado Manualmente Poço com Ponteira Radial Fonte: CPRM

Barragem Subterrânea Pode ser construída quando já existe uma camada de depósitos aluviais (sedimentos de rios ou riachos) e que não conserva a água

BARRAGENS SUBTERRÂNEAS barramento efetuado no leito aluvial de um rio ou riacho finalidade de deter o fluxo subterrâneo origina a montante do barramento, um reservatório subterrâneo pode ser explotado por um obra de captação (Costa, 2014).

BARRAGEM DE ASSOREAMENTO Com parede impermeável Com parede permeável Prof Waldir Duarte Costa

BARRAGEM DE ASSOREAMENTO Prof Waldir Duarte Costa

Problemas de Poços antigos no aluvião Novas Técnicas no Projeto Águas de Areias Projeto

Riscos - Redução da PLUVIOMETRIA VARIAÇÃO PLUVIOMÉTRICA SUB BACIA 40 Pluviometria média anual da Sub-bacia 40 (2008-2015)

Anos de Seca - RESERVATÓRIO DO CEARÁ

Riscos - Exploração de areia Leito seco de Rio Destruição das reservas hídricas

Proteção da água subterrânea em camadas de Aluvião

Evaporação

Desafios A devastação dos biomas Uso intensivo das águas subterrâneas Erosão, degradação e desertificação dos solos Limitações da gestão hídrica e ambiental Falta de um projeto nacional para o semiárido brasileiro

ÁGUA SUBTERRÂNEA NO SEMIÁRIDO Aprimorar uma visão socioeconômica do Semiárido Bacias Sedimentares Melhorar a gestão Melhorar a eficiência do uso da água Aquífero fissural Técnicas de dessalinização Uso do rejeito Aluviões Barragem de assoreamento Barragem subterrânea

Usar a tecnologia e melhorar a governança da água em busca de um Desenvolvimento Sustentável Agradecimentos CPRM, ANA, APAC, SEMARH Jcabral.ufpe@gmail.com