O uso do CP em sinalização de ferrovias



Documentos relacionados
Permite a coleta de dados em tempo real dos processos de produção, possuindo, também, interfaces para a transferência dos dados para os sistemas

Cabeça de Rede de Campo PROFIBUS-DP

APLICAÇÕES DE TELECOMUNICAÇÃO PARA MODERNOS SISTEMAS DE SINALIZAÇÃO FERROVIÁRIA

1. Descrição do Produto

SUBESTAÇÕES. Comando de controle e Scada local

PREFEITURA MUNICIPAL DE VOLTA REDONDA

IW10. Rev.: 02. Especificações Técnicas

Manual do instalador Box Output DC Rev Figura 01 Apresentação do Box Output DC.

Automação Industrial Parte 2

Monitor de Temperatura M96

SISTEMA DE ARMAZENAMENTO (STORAGE)

Módulo de Comunicação

Introdução ao Modelos de Duas Camadas Cliente Servidor

EDITAL CONCORRÊNCIA 02/2015 ANEXO VI - ESPECIFICAÇÃO DO SISTEMA DE MONITORAMENTO DA FROTA.

4. Controlador Lógico Programável

Evolução na Comunicação de

Monitor de Nível de Óleo para Transformadores - MNO

Monitor de Temperatura MONITEMP

PROCESSO SELETIVO 001/2011 SENAI-DR-RN/CTGÁS-ER PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS. CARGO: INSTRUTOR DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLOGIAS I Nível O

ICORLI. INSTALAÇÃO, CONFIGURAÇÃO e OPERAÇÃO EM REDES LOCAIS e INTERNET

Topologias e abrangência das redes de computadores. Nataniel Vieira nataniel.vieira@gmail.com

PowerSpy Sistema de Monitoramento de Painéis de Distribuição

Nobreak. 160 e 300 kva. senoidal on-line trifásico PERFIL PROTEÇÕES

MODULO SERVIDOR DE GERENCIAMENTO DE CHAVES DE ENCRIPTAÇÃO AÉREA OTAR P25, FASE 2

REDE DE COMPUTADORES

REDE DE COMPUTADORES

Central de Alarme de Oito Zonas

Monitor de Temperatura Digital para transformadores MONITEMP PLUS

MONITORAMENTO DE RISCOS OPERACIONAIS. Roberta Thees* Artur Furtado

A ESCOLHA CERTA EM COMUNICAÇÕES WIRELESS

Manual do instalador Box Output AC Rev Figura 01 Apresentação do Box Output AC.

REWIND e SI.MO.NE. Sistema de monitoramento para grupos geradores

Fundamentos de Hardware

Quadro de consulta (solicitação do mestre)

DESCRIÇÃO DO FUNCIONAMENTO Basicamente o ANTRON II-s recebe sinais provenientes da atuação de contatos elétricos externos, associados a equipamentos

REDES DE COMPUTADORES

Manual do instalador Box Input Rev Figura 01 Apresentação do Box Input.

Baseado na portaria n 373 de 25 de fevereiro de 2011 do Ministério do Trabalho e Emprego;

Solução Completa em Automação. FieldLogger. Registro e Aquisição de Dados

O que são sistemas supervisórios?

Placa Acessório Modem Impacta

Gerência de Redes. Introdução.

MÓDULO 7 Modelo OSI. 7.1 Serviços Versus Protocolos

Sistema Remoto de Monitoramento On- Line das Pressões de Óleo de Cabos OF (Oil Fluid) da AES ELETROPAULO

Prof. Wilton O. Ferreira Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE 1º Semestre / 2012

Relé de Proteção do Motor RPM ANSI 37/49/50/77/86/94 CATÁLOGO. ELECTRON TECNOLOGIA DIGITAL LTDA Página 1/5

Série Connect. Switches e Conversores Industriais.

Introdução. Arquitetura de Rede de Computadores. Prof. Pedro Neto

FACULDADE PITÁGORAS DISCIPLINA: ARQUITETURA DE COMPUTADORES

O equipamento está homologado de acordo com a Portaria nº 1.510/2009 MTE, disponível em 7 modelos:

Monitoramento de Sistemas P05.002

DISPOSITIVO PARA RASTREAMENTO DE VEÍCULOS, COLETA, TRANSMISSÃO E DISPONIBILIZAÇÃO DE DADOS EM TEMPO REAL APRESENTAÇÃO

Descrição do Produto. Dados para Compra. Itens Integrantes

Sistemas de Supervisão e IHM s Automação Semestre 01/2015

SOLUÇÃO DE TELEMETRIA PARA SANEAMENTO

Cap 01 - Conceitos Básicos de Rede (Kurose)

Servidor de Gerenciamento de Chaves de Encriptação Aérea OTAR

Arquitetura de Rede de Computadores

Capacidade de gerenciamento de até colaboradores na Memória de Trabalho (MT);

Série Quasar. Quadro Geral de Baixa Tensão Quadro de Distribuição Centro de Controle de Motores Inteligente.

Características e Configuração da Série Ponto

Apresentação Módulos Registrador de Eventos e Jumper eletrônico

Conversor Ethernet Serial CES-0200-XXX-XX. Manual V3.9

REDES DE COMPUTADORES HISTÓRICO E CONCEITOS

CURSO OPERACIONAL TOPOLOGIA SISTEMA SIGMA 485-E

O que é Gerenciamento de Redes de Computadores? A gerência de redes de computadores consiste no desenvolvimento, integração e coordenação do

Gerência de Redes NOC

CDE4000 MANUAL 1. INTRODUÇÃO 2. SOFTWARE DE CONFIGURAÇÃO 3. COMUNICAÇÃO

Aumenta a disponibilidade do sistema e a segurança dos processos industriais Permite que sinais de entradas e saídas convencionais possam ser

Electron do Brasil. Tecnologia ao seu alcance. Tecnologia Digital. Catálogo Monitemp - rev3. Qualidade Comprovada!

GREENLOAD CARGA ELETRÔNICA REGENERATIVA TRIFÁSICA

LOCALIZAÇÃO DO TRAÇADO

Controle Supervisório e Aquisição de Dados (SCADA) Sistema de Execução da Manufatura MES Sistemas a Eventos Discretos (SED

CR20C. Manual do Usuário

SISTEMA DE MONITORAMENTO DIGITAL

Gerenciamento de software como ativo de automação industrial

Ano Letivo 2015/2016 Ciclo de Formação: Nº DO PROJETO: POCH FSE AUTOMAÇÃO E COMANDO,12ºANO PLANIFICAÇÃO ANUAL

1.3 Conectando a rede de alimentação das válvulas solenóides

Funções de Posicionamento para Controle de Eixos

Módulo de Conversão RS232/RS485

TÍTULO: PROGRAMAÇÃO DE CLP PARA UMA MÁQUINA DE SECÇÃO SEGMENTOS ORGÂNICOS

Interfaces Homem-Máquina Universais (IHM) Aplicações e Características Principais

Painel de Controle de Redundância. Os seguintes produtos devem ser adquiridos separadamente, quando necessário:

Máquinas Multiníveis

Elevador de Cremalheira. ELC001-F - Catálogo Técnico 2015

Tecnologia e Infraestrutura. Conceitos de Redes

Seminário: Transmissão de Energia Elétrica a Longa Distância

esip- Sistema Integrado de Processo

A Gerência em Redes de Computadores

3. Arquitetura Básica do Computador

Fundamentos de Automação. Controladores

INTRODUÇÃO... 2 TRANSMISSÃO DE SINAL DE VÍDEO SOBRE CABO UTP... 3 TIPOS DE CONVERSORES DE VÍDEO (BALUNS)... 3 DÚVIDAS FREQUENTES...

altus evolução em automação

Aperfeiçoamento Técnico com respeito ao Profissional.

DESCRITIVO SISTEMA MASTER

MANUAL CONVERSOR ETHERNET SERIAL

Sistemas de geração de energia elétrica Sistemas de distribuição de energia elétrica Supervisão e controle de energia elétrica Aquisição de dados e

Fernando Albuquerque - fernando@cic.unb.br REDES LAN - WAN. Fernando Albuquerque (061) fernando@cic.unb.br

GE Digital Energy Power Quality. Energy Commander TM. Conjunto de Manobra em Paralelo

Transcrição:

O uso do CP em sinalização de ferrovias Introdução Um Sistema de Sinalização e Controle ferroviário é responsável por garantir a segurança das operações de movimentação dos trens, permitindo a operação remota de equipamentos dedicados e a supervisão sinótica do posicionamento dos comboios, intertravamentos e máquinas de chave de desvio. Impede que eventuais falhas resultem em situações que possam causar danos físicos ou materiais às pessoas ou ao patrimônio. Os equipamentos componentes deste Sistema desempenham basicamente as seguintes funções: Autorização/cancelamento de rotas dos trens, realizados a partir do Centro de Controle Operacional (CCO); Monitoração e controle da velocidade, de acordo com os limites impostos ao tráfego de trens; Controle e detecção da ocupação dos trens nos diversos trechos da via; A sinalização ferroviária evoluiu com o tempo sob dois aspectos principais; segurança e capacidade de via. Os primeiros sistemas eram baseados em tele-mensagens, as quais eram transmitidas por telex, telegramas, telefones, rádios, etc., possuindo segurança questionável e baixa capacidade de via (número de trens cuja circulação é viável no período). Os avanços tecnológicos trouxeram características importantes como a monitoração remota, a atuação sobre sinaleiros e chaves (CTC), e até mais recentemente (ATC e ATO) a adoção de controle on-board para atuação direta sobre os sistemas de comando da locomotiva (frenagem e desaceleração), possibilitando assim um melhor aproveitamento dos trechos (aumento da capacidade de via) sem comprometimento da segurança. Estudo de caso O sistema de controle da sinalização adotado pela MRS Logística é o CTC (Centralized Traffic Control Figura 1). Este sistema baseia-se em dois tipos de equipamentos: os Vitais (Fail Safe) e os Não Vitais. Equipamentos vitais são aqueles que, em caso de falha, permanecem numa condição segura, ou seja, impedem que autorizações de movimento indevidas aconteçam. São eles os Relés utilizados nos circuitos de intertravamento e bloqueio, bem como todos os demais equipamentos de campo envolvidos. Como exemplo podemos citar os Sinaleiros externos, Máquinas de chave, circuitos de via, etc. o STD (Sistema de Transmissão de Dados), as RTUs (Remotas de campo), etc são considerados Não Vitais. Neste sistema existe o conceito de CCO (Centro de Controle Operacional Figura 2) que consiste em um centro de comando computadorizado onde se encontram integrados o software e hardware requeridos para assegurar o comando da sinalização

e monitoramento remoto das instalações de sinalização, assim como diversas outras ferramentas de exploração tais como o seguimento e a graficagem automática da marcha dos comboios (tempo-distância), e a programação automática de itinerários. No CCO ficam armazenadas todas as operações do Despachador (encarregado do controle de trafego) bem como os eventos gerados no processo, como data e hora da ocorrência, mantendo assim a rastreabilidade. A maioria dos trechos de trafego ferroviário da MRS já possuem STDs baseados em CLPs para envio de controles e leitura de indicações de estado dos elementos de sinalização de campo. Estes trechos fazem parte de um projeto adotado pela MRS, pelo qual pretende substituir todos os equipamentos obsoletos (Unidades de Códigos, PLC descontinuados, etc.), por sistemas modernos, incorporando benefícios como aumento da velocidade de atuação, aumento de MTBF, diminuição de MTTR, etc. Nesse contexto, a MRS adquiriu sistemas de transmissão de dados (STDs) baseados em CPs Altus redundantes, capazes de se comunicarem em redes de campo de alta velocidade para controle e supervisão de chaves, sinais e circuitos de via de campo no painel sinótico localizado no CCO (Profibus/DP) e redes de campo para controle e supervisão das remotas de sinalização de campo (Modbus/RTU). Permitem ainda a comunicação em redes de supervisão e controle (Ethernet TCP-IP) com um sistema SCADA para registro de eventos e monitoração de estado; A figura abaixo mostra um diagrama de blocos do sistema, do CCO da MRS aos elementos finais de controle e monitoração.

Figura 1 - Controle de Tráfego Centralizado - CTC

Figura 2 - Centro de Controle Operacional - CCO No CP principal redundante (STD - Figura 3) foi utilizada a CPU AL-2004, processando um conjunto de rotinas de software que armazenam estados de chaves de campo, controlam os estados dos leds indicativos do painel mímico, e interpretam os sinais do teclado do despachador, segundo as normas e procedimentos que garantem a circulação segura em ferrovias (Licenciamento). A configuração redundante utilizando o processador AL-2017 garante o aumento da disponibilidade do equipamento, característica indispensável para estes sistemas. Figura 3 - Configuração redundante Altus - STD Localizado a 100 metros do STD, esta o CCO, de onde são realizadas as operações de controle e supervisão pelo Despachador. O CP principal comunica-se em rede Profibus/DP de alta velocidade (12Mbps) através de um módulo mestre AL-3406, com painéis de remotas de entrada digital para leitura dos sinais do teclado e saídas digitais para acionamento dos Leds do painel mímico. Uma rede de alta performance é necessária para que os dados colhidos das remotas de campo sejam instantaneamente atualizados no painel mímico (Figura 4).

Figura 4 - CCO Painel mímico Ao longo da linha são instaladas as remotas de campo (RTUs - Figura 5). As RTUs são configurações de CLPs da série Ponto da Altus, as quais realizam a interface entre o STD e os equipamentos vitais (relés de intertravamento e bloqueio dos sinais e das máquinas de chave). Por meio de uma rede Modbus o STD comunica-se com as RTUs fazendo uso de canais de dados fornecidos por uma concessionária de comunicação. Desta forma, cada um dos canais seriais do STD fica responsável pela comunicação com até 16 RTUs formando barramentos de dados. Cada barramento é formado por seqüências de RTUs, identificadas por um nome (Localidade) e endereço de locação. Cada RTU é responsável por um ou mais circuitos de via, sinais e máquinas de chave os quais provêem indicações e controles de/para o campo. As RTUs devem ser capazes de suportar ambientes muitas vezes agressivos. Alem das vibrações mecânicas causadas pela passagem do trem, em muitas localidades as temperaturas chegam a 60 o C e são comuns ruídos elétromagnéticos, flutuações de tensão e descargas atmosféricas. Elas devem possuir diagnóstico local de falhas, e permitir a troca de módulos sem o desligamento da unidade e ainda permitir expansões de I/O. É ainda fundamental que seja micro processada, para que possa efetuar temporizações e implementar intertravamentos locais, conforme a necessidade de cada sub-sistema. Figura 5 - Configuração série Ponto - RTUs Características da solução Neste projeto vemos uma característica importante de um CLP, a conectividade. Uma configuração central redundante foi capaz de se comunicar em quatro protocolos de rede diferentes, com características físicas também distintas. No nível 1 temos como

solução quatro canais Modbus para comunicação com as RTUs a uma taxa de 19200 bps, garantindo uma performance adequada ao sistema. Neste mesmo meio físico, as RTUs podem ainda ser acessadas através de um protocolo proprietário (ALNET I) para carga de programa, manutenção remota, etc., fazendo uso do software programador Master-Tool. Ainda no nível 1 o protocolo Profibus/DP foi usado como meio de comunicação com o I/O remoto localizado a 100m de distância, a uma taxa de 12 Mbps. No nível 2 o protocolo padrão Ethernet-TCP/IP foi a adotado como solução simples e de melhor custo benefício, incorporando o sistema a uma rede de supervisão e controle e aos níveis superiores de rede corporativa. Conclusão A sinalização de ferrovias possui características muito comuns a qualquer ambiente industrial. Qualidades como imunidade a ruído, resistência à temperatura e umidade elevadas, tolerância a falhas, e uma grande conectividade são essenciais e devem ser suportadas pelo CLP utilizado. O sistema implantado atingiu todos os objetivos propostos. De um sistema equivalente implantado a 2 anos, podemos colher os seguintes resultados: Eliminação de equipamentos obsoletos (unidades de código); Distribuição da inteligência nas RTUs; Redução no tempo de indicações e controles; Facilidade de manutenção; Aumento do MTBF; Redução do MTTR; Facilidade de expansão e modificações de software; Temos o CLP como um forte aliado também em processo de sinalização ferroviária uma vez que atende a todos os requisitos necessários e ainda apresenta um ótimo custo benefício diante dos resultados que podem ser alcançados. Referências http://www.altus.com.br LD 158.99.01, CCO Inteligente Levantamento de Dados MRS Porto, Prof. Dr. Telmo Giolito, PRT-2501 FERROVIAS Escola politécnica da Universidade de São Paulo, 2004