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Transcrição:

Chinaia Bruner & Metcalf: descrição de duas novas espécies do Brasil, com chave para machos (Hemiptera, Auchenorryncha, Neocoelidiinae) 1 Larissa de Bortolli Chiamolera 2, 3 Rodney R. Cavichioli 2,4 ABSTRACT. Chillaia Bruner & Metcalf: description of two new species from Brazil, with key to males (Hemiptera, Auchenorrhyncha, Neocoelidiinae). Two new species of Chinaia Bruner & Metcalf, 1934 are described: Chinaia bidetltata sp. novo (Brazil, Paraná) and Chinaia rubra sp. novo (Brazil, Amazonas). The new species can be distinguished by the aspect of the male genital ia, mainly by the shape of aedeagus and pygofer. In addition, is presented a key to males of Chinaia. KEY WORDS. Herniptera, Auchenorrhyncha, Neocoelidiinae, Chinaia, new species, key to males BRUNER & METCALF (1934) descreveram China ia dentro de B ythoscopidae devido à posição dos ocelos, o qual está situado na face e são pouco diferenciados. Foi colocado próximo de Idiocerus Lewis, 1836, sendo separado deste pela ausência de um apêndice nas asas anteriores; antenas muito longas e inseridas abaixo de uma pequena borda afiada perto dos olhos com o artículo basal alargado; cabeça estreitada e arredondada; asas anteriors delicadas, alongadas e com venação evanescente ou obsoleta na metade basal. Foi descrito tendo como espécie-tipo Chinaia bella, de coloração laranja avermelhada e verde pálida marcada com preto e semelhante à Tettigonia rubescens Fowler, 1900. Nesse mesmo trabalho incluíram Tettigonia dorsisignata Fowler, 1900 e T. rubescens Fowler, 1900. OMAN (1936) relacionou esse gênero a Neocoelidia Gillete & Baker, 1895 e Jassus Fabricius, 1803 pela presença de gena grande, cabeça estreita, antena longa, pronoto curto e venação reduzida da asa anterior. Ainda, segundo OMAN (1936), difere de Neocoelidia, por apresentar quatro células apicais na asa posterior e de Jassus pela venação da asa anterior e a estreita área costal da asa posterior e afirmando que, as estruturas da cabeça e tórax e os estágios ninfais apontavam para uma forte relação entre Chinaia e Jassus. Contestou a colocação de Chinaia em Bythoscopidae apenas pela posição dos ocelos e incluiu mais três espécies no gênero: Neocoelidia smithii Baker, 1898; N. punctata Osborn, 1923 e N. ornata Osborn, 1924. 1) Contribuição número 1381 do Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná. 2) Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná. Caixa Postal 19020, 81531-980 Curitiba, Paraná, Brasil. 3) Bolsista mestrado do CNPq/UFPR; larissachiamolera@bol.com.br 4) Bolsista do CNPq. E-mail: cavich@bio.ufpr.br Revta bras. Zool. 19 (4): 1161-1167, 2002

1162 Chiamolera & Cavichioli EVANS (1947) descreveu um a nova espécie, C. citrina, colocando o gênero dentro de Neocoelidiinae. KRAMER (1958) descreveu mais seis espécies no gênero: C. bifurcata, C. caprella, C. permista, C. cumara, C. lepida, C. agarista. KR AMER ( 1959) fez revi são do gênero, apresentando um a proposta de filogenia di vidindo-o em dois grupos: o das espécies que apresentam edeago com borda e outro sem borda. O que apresenta edeago com borda é di vidido em dois grupos, um representado apenas por C. cumara, a qual possui processos pareados entre o edeago e a borda; e outro, que contém a maiori a das espécies do gênero, tem um distinto processo dorsal esclerotini zado no pigóforo. Já o grupo sem borda é representado por duas espécies: C. bella e C. citrina, apresentando o pigóforo alongado e que excede a placa subgenital. Porém com base no edeago essas duas espécie não são próximas e provavelmente representam ramos di stinto. Nesse mesmo trabalho Kramer apresentou uma chave para separação dos machos, com base em caracteres da genitália. KR AMER (1 964) fez revisão dos Neocoelidiinae onde caracteri zou Chinaia a sim : sem carena entre a face e a coroa; coroa em vista lateral arredondada, mais larga que longa; ocelos na face di stintamente abaixo da margem anteri or da coroa; clípeo expandido distalmente; cabeça, incluindo os olhos, mais estreita que o pronoto; pronoto com margem posterior simples, sem denteações; venação da asa anterior obscura, exceto apicalmente. Coloração geral amarelada à laranja-pálida, com marcas contrastantes laranj as ou vermelhas no pronoto e estendendo-se até as asas anteri ores e às vezes marcas marrom escuras no clavo e porções api cais das asas. Genitáli a do macho com placas subgenitais profundas e em forma de concha, escavada; pigóforo tanto com processos dorsais ou com expansões no término; tubo anal simples; conetivo cruciforme e não fu sionado com o edeago; edeago moderadamente retil íneo ou recurvado com ou sem bordas laterais. Afirmou que as espécies desse gênero tem distribuição Neotropical e a maiori a ocorre na Améri ca Central com poucos regislros na América do Sul. Ll NNA VUOR I (1965) descreveu mais uma espécie: C. serrata. Essa espécie se encaixaria no grupo de espécies que possuem edeago com borda, porém sem processo esclerotinizado no pigóforo, então ficando junto de C. cumara, mas distinguindo desta por não apresentar processos pareados no edeago. KR AMER (1967) estabeleceu a sinonímia de C. permista com C. caprella, ao estudar material adicional do Panamá afirmando que C. permista é meramente uma variação de cor de C. caprella. Atualmente o gênero conta com 11 espécies, sendo incluídas aqui mais duas: Chinaia bidentata sp. novo e Chinaia rubra sp. novo Também é registrada a ocorrência de C. citrina Evans, 1947 na região de Sinop, Mato Grosso; Vilhena, Rondônia; Rio Janauaca, Amazonas, Brasil ; Anapaike-Suriname e Mabura Hill, Guyana. Os espécimens examinados estão depositados na Coleção de Entomologia Pe. Jesus Santiago Moure, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná (DZUP) e na Coleção de Entomologia do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA). Revta bras. Zoo!. 19 (4): 1161-1167, 2002

Chinaia: descrição de duas novas espécies do Brasil... 1163 A terminologia para cabeça segue HAMILTON (1981 ), como sugerido por MEJADALANI (1998) e, para as demais estruturas, bem como a metodologia para os estudos das genitálias dos machos, seguiu-se às técnicas descritas por OMAN (1949). Chinaia bidentata sp. novo Figs 1-8 Holótipo macho. BRASIL, Paraná: Fênix, Reserva Estadual, ITCF, 04/VIIl/ 1986, Levantamento Entomológico Profaupar [Projeto de Levantamento da Fauna do Paraná] [DZUP]. Parátipos: 1 macho, com mesmos dados do holótipo; 1 macho, Mato Grosso do Sul, Campo Grande, IXl1982, W. Kolber lego [DZUP]. Diagnose. Edeago com duas bordas laterais no terço apical e ápice bifurcad o; pigóforo com estreitamento apical recurvado para baixo, sendo esta parte mais esclerotinizada que o restante. Holótipo macho. Medidas em milímetros: comprimento total 5,88 ; comprimento mediano da cabeça 0,32; distância transocular 1,40; distância interocular 0,72; comprimento mediano do pronoto 0,60; distância trans-umeral 1,60; largura máxima do escutei o 1,20; comprimento mediano do escutelo 0,96; comprimento das asas anteriores 5,08; largura máxima das asas anteriores 1,20. Cabeça, em vista dorsal, mais estreita que o pronoto; margem anterior arredondada, sem carena na transição da coroa com a face; superfície lisa; ocelos localizados na face logo acima do final da sutura fronto-genal ; lobos suprantenais não protuberantes dorsalmente e lateralmente carenados e oblíquos. Fronte, em vista lateral, levemente arqueada; superfície pontu ada; clípeo contínuo com a fronte, de aspecto retangular, com margem anterior menor que a posterior e levemente arqueado; antenas longas, excedendo o tamanho do corpo; escapo robusto; pedicelo cilíndrico e flagelo comprido. Pronoto mais largo que a cabeça, margens anterior e laterais arredondadas; margem posterior aproximadamente retilínea; superfície lisa. Escutelo levemente pontuado. Asas anteriores aproximadamente cinco vezes mais longas que largas; venação obscura, exceto apicalmente; com três células apicais, sendo a base da terceira mais apical que a da segunda; apêndice pequeno estendendo-se até à metade da segunda célula apical. Pigóforo simples, sem processos, com estreitamento apical mais esclerotinizado e recurvado para baixo; placa subgenital levemente mais longa que o pigóforo, dividida do meio para o ápice; estilos com margens internas irregulares, ápice curvado para cima e depois para baixo, formando um gancho; conetivo cruciforme; edeago recurvado com ornamentos apicais: no terço apical, um aba de cada lado, com ápice bifurcado e o gonóporo localizado no meio dessa bifurcação. Coloração. No geral, amarelada; cabeça e ventre amarelos; pronoto alaranjado; escutelo amarelo com marcas alaranjadas; asas anteriores com terço basal alaranjado, restante vermelho e ápice amarelo transparente. Comentári os. Essa espécie está próxima à C. citrina Evans, 1947 diferindo no ápice do edeago que apresenta duas bordas laterais no terço apical, o ápice bifurcado com gonóporo locali zado no meio. Etimologia. O nome da espécie é alusivo a bifurcação no ápice do edeago. Revta bras. Zool. 19 (4): 1161-1167,2002

1164 Chiamolera & Cavichioli ~. ~ f" ~ 6, Figs 1-8. Chinaia bidenteada sp. nov.: (1) cabeça, pronoto e escutelo, vista dorsal; (2) pigóforo, vista lateral; (3) placa subgenital, vista ventral; (4) estilos e conetivo, vista dorsal; (5) estilo, vista lateral; (6) edeago, vista lateral; (7) edeago, vista dorsal; (8) asa anterior. Escala = 1 mm. Chinaia rubra sp. novo Figs 9-16 Holótipo macho. BRASIL, Amazonas: P. Laranjeiras, 1O-II/VI/1981, Jorge Arias lego [INPA]. Diagnose. Edeago robusto, com formato de "C" e, em vista dorsal, com duas bordas laterais; pigóforo com processo esclerotinizado saindo medianamente e encurvado para cima apicalmente. Holótipo macho. Medidas em milímetros: comprimento total 6,59; comprimento mediano da cabeça 0,47; distância transocular 1,53; distância interocular 0,78; comprimento mediano do pronoto 0,69; distância trans-umeral 1,72; largura máx im a do escutelo 1,31; comprimento mediano do escutei o 0,78; comprimento das asas anteriores 5,38; largura máxima das asas anteriores 1,56. Cabeça, em vista dorsal, ligeiramente mais estreita que a largura do pronoto; margem anterior arredondada, sem carena na transição da coroa com a face; superfície lisa; ocelos localizados na face logo acima do final da sutura frontogenal; lobos suprantenais não protuberantes dorsalmente, lateralmente carenados e oblíquos. Fronte, em vista lateral, levemente arqueada; superfície pontuada; clípeo contínuo com a fronte, de aspecto retangular, com margem anterior menor Revta bras. Zool. 19 (4): 1161-1167,2002

Chinaia: descrição de duas novas espécies do Brasil... 1165 Figs 9-16. Chinaia rubra sp. nov.: (9) cabeça, pronoto e escutelo, vista dorsal; (10) pigóforo, vista lateral; (11 ) placa subgenital, vista ventral; (12) estilos e conetivo, vista dorsal; (13) edeago, vista lateral ; (14) edeago, vista dorsal; (15) conetivo, vista dorsal; (16) asa anterior. Escala = 1 mm. que a posterior e levemente arqueado; (as antenas, no exemplar examinado, estão quebradas); escapo robusto; pedicelo cilíndrico. Pronoto levemente mais largo que a cabeça, margem posteri or retilínea e, em vista lateral, a margem, sem carenas e estreita; superfície levemente pontuada. Asas anteriores aproximadamente cinco vezes mais longas que largas; venação obscura. Pigóforo alargado basalmente, terminando em um processo esclerotinizado, estreitado, posicionado medianamente, mais ou menos retilíneo e abruptamente encurvado para cima apicalmente; em vista ventral, são robustos e voltados para fora, no ápice. Placa subgenital di vid ida do meio para o ápice, com um ligeiro estreitamento apicalmente. Estilos com margens irregulares e ápice encurvado. Conetivo cruciforme, basalmente com três ramos, os dois externos robustos e o mediano mais fino e mais comprido. Edeago robusto, em forma de "C" e, em vista dorsal, com duas bordas laterais basais e um ramo mediano dobrado internamente. Coloração. No geral, amarelada; cabeça, pronoto, escutei o e ventre amarelo-pálidos; asas anteriores avermelhadas, com ápice amarelo hialino. Comentários. Essa espécie entra no grupo que apresenta edeago com borda e com processo dorsal esclerotinizado no pigóforo. Aproxima-se à C. bifurcata por possuir o conetivo semelhante, difere pelo processo do pigóforo e no formato do edeago, que é mais arredondado. Etimologia. O nome da espécie é alusivo a coloração das asas anteriores. Revta bras. Zool. 19 (4): 1161-1167, 2002

1166 Chiamolera & Cavichioli Chave para separação dos machos de Chinaia, modificada a partir de KRAMER (1959) I. Pigóforo em vista lateral com um distinto processo dorsal esc1erotinizado.... 2 - Pjgóforo em vista lateral com o ápice alongado ou modificado sem processo esc1erotinizado.............................. 8 2. Processo do pigóforo aproximadamente em form a de "S"... C. caprella - Processo do pigóforo com forma variada, mas não "S"............... 3 3. Processo do pigóforo alongado caudalmente e recurvado........... 4 - Processo do pigóforo curto, não alongado.................. 7 4. Processo do pigóforo bifurcado no ápice................... C. bifurcata - Processo do pigóforo inteiro no áp ice.................... 5 5. Processo do pigóforo em vista lateral saindo medianamente ao pi góforo, reti líneo e com ápice encurvado para cima.................... C. rubra - Processo do pigóforo saindo dorsal mente, fino e curvado para baixo........ 6 6. Processo do pigóforo, em vista dorsal, reto, terminando em ganchos encurvados.......................... C. agarista - Processos do pigóforo, em vista dorsal, curvado para fora e sem ganchos......................................................... C. rubescens 7. Edeago, em vista lateral, estreitado à partir da metade distai..... C. lepida - Edeago, em vista lateral, estreitado à partir do terço basal....... C. ornata 8. Edeago com processos acessóri os basais pareados...... C. cumara - Edeago sem processos....................................... 9 9. Ápice do pigóforo ondul ado e enganchado................. C. bella - Ápice do pigóforo expandido e estreitado no ápice............. 10 10. Edeago simples, sem nenhuma expansão..................... C. citrina - Edeago com expansões........................................ II 11. Edeago, em vista dorsal, com ápice bífido e dois pequenos dentes laterais no terço apical; região anterior curta............. C. bidenteada - Edeago, em vista dorsal, robusto e com duas expansões laterais; região an terior comprida.................... '....... C. serrata REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRUNER, S.e. & Z.P. METCALF. 1934. A new Bythoscopidae from Costa Ri ca. Buli. Brooklyn Ent. Soe. 29: 120-124. EVA s, J.W. 1947. A natural c1 assification or leafhoppers (l assoidea, Homoptera), Part 3: l assidae. Trans. Enl. Soe. London 98 (6): 105-27 1. HAM ILTON, K.G.A. 198 1. Morphology and evolulion of lhe rhyncholan head (Insecta: Hemiplera, Homoptera). Cano Entomol. 113: 953-974. KRAMER, l.p. 1958. Six new species of Chinaia from Central America.(Homoptera: Cicadelli dae). Proe. Biol. Soe. Wash. 71 : 69-74. Revta bras. Zoo!. 19 (4): 1161-1167, 2002

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