PORTARIA N. 001/GAB/2012 Disciplina a entrada e permanência de crianças e adolescentes em estabelecimentos comerciais, casas que exploram diversões eletrônicas e o acesso aos logradouros públicos e congêneres onde se realizarão as festas de carnaval, locais destinados a locação para temporada durante a festa carnavalesca, assim como a autuação pela ocorrência de infrações administrativas nestes locais. O Excelentíssimo Senhor Flávio Umberto Moura Schmidt, MM. Juiz de Direito da Infância e da Juventude da Comarca de Muzambinho, Estado de Minas Gerais, no uso de suas atribuições legais e, em especial, nos termos dos arts. 70, 146 e 149, I, alínea d, todos do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069, de 13 de julho de 1990), CONSIDERANDO que a cidade de Muzambinho tem o maior carnaval do Sul das Minas Gerais; CONSIDERANDO a necessidade de se estabelecer normas atinentes a participação de crianças e adolescentes nos festejos carnavalescos promovidos pelo Poder Público Municipal, Blocos e Escolas de Samba; CONSIDERANDO ser dever dos pais, da sociedade e do Estado zelar para que as crianças e adolescentes tenham um lazer e entretenimentos sadios, o que exige a fixação de critérios quanto à participação nesses eventos; CONSIDERANDO que durante esses eventos cresce a frequência de crianças e adolescentes em Lan Houses, vídeo locadoras e outros estabelecimentos congêneres, o que enseja a constante necessidade de atualização normativa; CONSIDERANDO que o uso de determinados produtos químicos, utilizados indiscriminadamente e manuseados sem o devido cuidado, podem causar danos à saúde de crianças e adolescentes; CONSDERANDO os efeitos nocivos e perniciosos que a exploração diuturna e indiscriminada aos jogos eletrônicos pode acarretar às crianças e adolescentes, como o acesso a conteúdos vedados aos menores e com estímulo à agressividade e violência; CONSIDERANDO a necessidade de disciplinar de forma abrangente e uniforme a entrada e permanência de crianças e adolescentes nos locais onde serão realizados os eventos carnavalescos e estabelecimentos comerciais, tendo em vista a necessidade de garantir a proteção das próprias crianças e adolescentes, pessoas em formação e desenvolvimento;
CONSIDERANDO a necessidade de condicionar a liberdade de ir, vir e permanecer nos espaços públicos ao direito do infante e do jovem ao respeito e à dignidade, que incluem a inviolabilidade de sua integridade física, psíquica e moral; CONSIDERANDO a necessidade de esclarecimentos quanto à exata compreensão dos dispositivos do Estatuto da Criança e do Adolescente, a fim de prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos das crianças e dos adolescentes; e CONSIDERANDO a necessidade de melhor compreensão do fato de que a criança e o adolescente, embora sujeitos de direitos, submetem-se, também, ao cumprimento de deveres, obrigações e responsabilidades para com os pais, demais familiares, autoridades e a sociedade de modo geral. RESOLVE: Art. 1.º - Para os efeitos da presente portaria, consoante o disposto no art. 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente, considera-se criança a pessoa até doze anos de idade incompletos e adolescente a pessoa entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos de idade incompletos. 1.º - Consideram-se responsável legal as seguintes pessoas: o pai, a mãe, o tutor, o curador ou o guardião, e acompanhantes os demais ascendentes ou colateral maior até o terceiro grau avós, irmãos e tios comprovado documentalmente o parentesco, e os indicados por estes para ficarem responsáveis pelos menores; e 2.º - Os estabelecimentos deverão proceder à rigorosa e prévia verificação do porte de documento de identidade das crianças e adolescentes, seus responsáveis legais e acompanhantes. Art. 2.º - Nas festas particulares realizadas pelos blocos em recintos não abertos ao público será permitida a entrada apenas dos adolescentes entre 16 a 18 anos, sendo proibida a venda e/ou distribuição gratuita de bebidas alcoólicas. 1.º - O acesso dos menores deverá ser realizado por entrada exclusiva; 2.º - Os responsáveis pelo evento deverão providenciar meios de identificação dos menores e comunicar o Conselho Tutelar; 3.º - Nos locais onde se realizarão as festas dos blocos e houver OPEN BAR, obrigatoriamente, os menores referidos nesse artigo, deverão estar acompanhados de um responsável, devidamente identificado pela organização do evento mediante cadastro. Art. 3.º - Nas festas públicas promovidas na Avenida Américo Luz e/ou qualquer outro logradouro público de evento carnavalesco, os menores de 16 (dezesseis) anos somente poderão participar acompanhados de responsáveis ou acompanhantes maiores de idade, nos ternos do artigo 1.º desta Portaria. Parágrafo único - O Poder Executivo e/ou os responsáveis pela promoção do evento, neste caso de festa particular, deverão proceder à rigorosa e prévia verificação do porte de documento de identidade das crianças e adolescentes, seus responsáveis legais e acompanhantes.
Art. 4.º - Nos desfiles das Escolas de Samba será permitida a participação de adolescentes integrantes da Escola e sob a responsabilidade de seus diretores durante o desfile, sendo que após o término do evento, deverão cumprir as exigências da presente Portaria. Art. 5.º - Nos desfiles dos Blocos será permitida a participação de adolescentes entre 16 a 18 anos, sendo proibida a venda e/ou distribuição gratuita de bebidas alcoólicas. Art. 6.º - Fica proibido, durante o evento, a comercialização e o uso de produtos químicos conhecidos como espumante de carnaval e festas, spray de espuma e similares. Art. 7 - Para os efeitos da presente portaria, consideram-se vídeo locadoras os estabelecimentos que tenham como atividade principal ou secundária a exploração comercial do aluguel de fitas de vídeo, vídeo discos digitais, também conhecidos como discos versáteis digitais (DVDs), ou qualquer outro meio de divulgação convencional ou digitalizado de imagens. Parágrafo único. Para efeito da presente portaria, são equiparados a vídeo locadoras qualquer estabelecimento comercial que venda ou alugue os materiais previstos no caput do presente artigo, ainda que de forma secundária ou eventual. Art. 8 - Para os fins da presente portaria, consideram-se LAN HOUSES os estabelecimentos que explorem comercialmente, como atividade principal ou secundária, jogos eletrônicos que funcionem em rede de área local, local area network (LAN) ou que funcionem em rede de área extensa, wide área network (WAN), individualmente ou em grupo, assim como também jogos de interpretação, roling playing games (RPG). Art. 9 A entrada e permanência de criança até 10 (dez) anos de idade, em casas de diversões eletrônicas e/ou LAN HOUSES, somente serão permitidas na companhia de responsável legal ou acompanhante. 1.º - A entrada e permanência de criança entre 10 (dez) e 12 (doze) anos de idade, em casas de diversões eletrônicas, desacompanhada dos pais, responsável legal ou acompanhante, serão permitidas no horário de 10:00 às 18:00 horas; 2.º - A entrada e permanência de adolescente entre 12 (doze) e 16 (dezesseis) anos de idade, em casas de diversões eletrônicas, desacompanhada dos pais, responsável legal ou acompanhante, serão permitidas no horário de 10:00 às 20:00 horas; 3.º - A entrada e permanência de adolescente entre 16 (dezesseis) e 18 (dezoito) anos de idade, em casas de diversões eletrônicas, desacompanhada dos pais, responsável legal ou acompanhante, serão permitidas no horário de 10:00 às 23:00 horas; 4.º - Os responsáveis e funcionários do estabelecimento deverão zelar para que as crianças e adolescentes tenham acesso exclusivamente a diversões compatíveis com sua faixa etária; e 5.º - É expressamente proibido permitir o acesso oneroso ou gratuito de crianças e adolescentes a quaisquer páginas eletrônicas dentro ou fora da INTERNET, que contenham imagens pornográficas, obscenas ou qualificadas como impróprias para crianças ou adolescentes.
Art. 10 As crianças e adolescentes encontrados em horários impróprios ou em estabelecimento não autorizado, segundo as normas da presente portaria, deverão ser conduzidos aos pais ou responsável legal, mediante a lavratura do termo de entrega. 1 - No caso de impossibilidade de entrega aos pais ou responsável, a criança ou adolescente deverá ser encaminhado ao Conselho Tutelar competente; e 2 - No caso de ofensa verbal ou física praticada pelo adolescente contra a autoridade autuante, o adolescente poderá ser apreendido em flagrante por ato infracional de desacato, vias de fato, lesão corporal, dentre outros delitos, segundo a gravidade da ocorrência, ao prudente critério da autoridade autuante. No caso de apreensão em flagrante, o adolescente deverá ser imediatamente apresentado à Autoridade Policial. Art. 11 A autoridade que apreender a criança ou o adolescente deverá lavrar boletim de ocorrência ou auto de infração ou termo circunstanciado. Parágrafo único O documento lavrado pela autoridade autuante deverá ser encaminhado ao Juízo de Direito, no prazo legal. Art. 12 Os proprietários, sócios, promotores, diretores, organizadores, dirigentes, gerentes ou responsáveis pelo evento carnavalesco e/ou estabelecimentos comerciais que tenham público menores deverão afixar, em local visível e de fácil acesso, à entrada e no interior do estabelecimento, aviso escrito destacado e facilmente legível contendo informação sobre os horários e faixas etárias autorizados pela presente portaria. Art. 13 Todos os proprietários, sócios, promotores, organizadores, dirigentes, gerentes, diretores, responsáveis, funcionários, empregados e prepostos, a qualquer título, dos estabelecimentos mencionados nesta portaria serão solidariamente responsáveis, por dolo ou culpa, pelo descumprimento das normas estabelecidas na mesma. Art. 14 Os proprietários e/ou sublocadores dos imóveis particulares ou àqueles destinados ao público para exploração de barracas de camping, para locação temporária no período do carnaval, que compreende entre os dias 17 a 22 de fevereiro de 2.012, deverão formalizar contrato com o responsável pela locação e/ou sublocação, e no caso de camping, cadastro individual; 1.º - Não será permitida a locação, sublocação e/ou instalação de barracas de camping para menores de 16 (dezesseis) anos; 2.º - A permanência de menores de 16 (dezesseis) anos nesses imóveis somente acompanhados de responsáveis, nos termos do art. 1.º, 1.º; 3.º - O proprietário e/ou sublocador do imóvel será o responsável em caso de não formalização de contrato; 4.º - Não será permitido o uso de bebida alcoólica por menores nesses imóveis; 5.º - Os proprietários e/ou sublocadores, bem como os responsáveis pela locação e/ou sublocação para temporada do período do carnaval, deverão franquear o ingresso no interior dos imóveis pelo Conselho Tutelar, Polícia Militar e Polícia Civil, independentemente de mandado judicial, para proceder a diligência quando fundadas razões a autorizem para verificação de prática de ato criminoso e/ou violação das normas da presente Portaria, resguardando os Direitos Constitucionais (CF, art. 5.º, XI).
Art. 15 A presente portaria explicita e regulamenta algumas das obrigações contidas no Estatuto da Criança e do Adolescente e legislação extravagante, mas não exclui as demais obrigações e penalidades contidas no referido Estatuto ou em outros diplomas legais, cuja ignorância não se poderá alegar para escusar-se do cumprimento da lei. UParágrafo únicou. Os casos omissos serão decididos pelo Juízo de Direito, respeitadas as prescrições legais e ouvida sempre a Promotoria de Justiça. Art. 16 O descumprimento das prescrições da presente portaria implicará na imposição de pena de multa de três (03) a vinte (20) salários-mínimos, aplicando-se a multa em dobro no caso de reincidência (Art. 249 do Estatuto da Criança e do Adolescente), sem prejuízo de outras sanções de ordem administrativa ou penal. Parágrafo único. Entre outros casos especificamente previstos na legislação pertinente, na hipótese de reincidência, poderá ser determinado o fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias: a) Quando o responsável deixar de afixar informação destacada quanto aos horários e faixas etárias permitidos para entrada e permanência de crianças ou adolescentes; b) Quando for permitido o acesso de criança ou adolescente, por qualquer meio, a material de conteúdo pornográfico, obsceno ou qualificado como impróprio para crianças e adolescentes; c) Quando constatado o fornecimento ou consumo de quaisquer produtos que possam causar dependência física ou psíquica, inclusive bebidas alcoólicas e tabaco sob qualquer forma (cigarros, cigarrilhas, charutos e congêneres), no interior do estabelecimento; e d) Quando constatado uso de quaisquer tipos de jogos de azar no interior do estabelecimento. Art. 17 Os valores das multas deverão ser recolhidos até trinta dias após o trânsito em julgado da decisão (art. 214 do Estatuto da Criança e do Adolescente), juntando-se o devido comprovante de depósito aos autos do procedimento de apuração de infração administrativa. 1 - Depois de ouvido o Ministério Público, ficará estritamente a critério da Autoridade Judicial a avaliação quanto ao cabimento ou não de parcelamento da multa, assim como o número e valor das parcelas; e 2 - O não pagamento no prazo estipulado ensejará execução promovida pelo Ministério Público. No caso de parcelamento, serão consideradas antecipadamente vencidas as parcelas subseqüentes à parcela não paga. Art. 18 Todos os proprietários, gerentes, diretores, responsáveis, funcionários e empregados a qualquer título das casas de diversões eletrônicas, e ainda aqueles que promoverem eventos carnavalescos, assim como os responsáveis legais pelas crianças e adolescentes, a população em geral e as próprias crianças e adolescentes deverão dar todo o apoio ao Juízo de Direito, Promotoria de Justiça, Comissariado da Infância e da Juventude, Polícias Civil e Militar para o estrito cumprimento da presente portaria. Art. 19 É expressamente proibido impedir ou embaraçar a atuação do Comissariado da Infância e da Juventude e do Conselho Tutelar, no exercício de suas funções. Parágrafo único - O infrator ficará sujeito às seguintes penalidades: Pena Criminal. Detenção de Useis meses a dois anosu. (Art. 236 do Estatuto da Criança e do Adolescente); e
Pena Administrativa. Multa de três (03) a vinte (20) salários-mínimos, aplicando-se a multa em dobro no caso de reincidência (Art. 249 do Estatuto da Criança e do Adolescente). Art. 20 - O evento carnavalesco com participação de crianças e adolescentes, nos termos do artigo 1.º da presente Portaria, seja em via pública ou recinto particular, desde que aberto ao público, deverá ser antecedido do alvará Judicial e Municipal e do cumprimento da legislação mineira relacionado aos serviços de segurança; Art. 21 - Fica proibido, durante os eventos carnavalescos, a comercialização e o uso do produto identificado como SKY PAPER, LANÇA SERPENTINA, SERPENTINA METALIZADA, LANÇA CONFETE, CHUVA DE PRATA METALIZADA, POPPERS e similares. 1.º: O uso e a comercialização desses produtos em desrespeito a presente portaria, sujeitará a sua apreensão e encaminhamento ao Conselho Tutelar, mediante identificação do proprietário; 2.º: Os proprietários poderão retirar os produtos no prazo de 30 (trinta) dias após o término do carnaval; 3.º: Os produtos não retirados no prazo descrito no parágrafo anterior serão destruídos mediante laudo do Conselho Tutelar e encaminhado ao Juízo da Infância e Juventude; Art. 22 - Os veículos destinados a transportar equipamento de som e artistas, comumente chamados de Trio Elétrico, durante o Carnaval de 2.011, deverão ser adequados às exigências do Código Nacional de Trânsito e as condições de segurança para o tráfego nas vias, ou dentro do recinto onde será utilizado, de acordo com a Legislação Mineira (Decreto n. 44.746/2008 e Instrução Normativa dos Bombeiros n. 33). Parágrafo único: Os promotores do evento deverão destinar um responsável para fiscalizar os participantes que estão sobre o veículo para atender as normas de segurança. Art. 23 O descumprimento das prescrições da presente portaria implicará na imposição de pena de multa de três (03) a vinte (20) salários-mínimos, aplicando-se a multa em dobro no caso de reincidência (Art. 249 do Estatuto da Criança e do Adolescente), sem prejuízo de outras sanções de ordem administrativa ou penal. Parágrafo único. Entre outros casos especificamente previstos na legislação pertinente, na hipótese de reincidência, poderá ser determinado o fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. Art. 24 Esta portaria vigerá durante as festividades do carnaval de 2.012, abrangendo as cidades de Muzambinho e Juruaia, integrantes desta Comarca. Art. 25 A cópia da presente deverá ser encaminhada aos Delegados de Polícia desta Comarca, aos Comandantes da Polícia Militar dos Municípios jurisdicionados, aos Conselhos Tutelares, aos Senhores Prefeitos, Promotor de Justiça, ACIM, Clube Praça de Esporte, ao Site www.muzambinho.com.br para ser divulgado na internet e à Folha Regional para dar publicidade.
Parágrafo único O Conselho Tutelar deverá encaminhar cópias aos estabelecimentos comerciais, BLOCOS e ESCOLAS DE SAMBA. Art. 26 A presente portaria entra em vigor na presente data. PUBLIQUE-SE. REGISTRE-SE E CUMPRA-SE. Após proceder às anotações devidas, envie à Corregedoria-Geral de Justiça. Muzambinho, 16 de janeiro de 2.012 Flávio Umberto Moura Schmidt Juiz de Direito