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Transcrição:

Acta Biol. Par., Curitiba, 29 (1, 2, 3, 4): 169-176. 2000. 169 O gênero Lusius Tosquinet, 1903 (Hymenoptera, Ichneumoninae, Heterischnini) na América do Sul 1 The genus Lusius Tosquinet, 1903 (Hymenoptera, Ichneumoninae, Heterischnini) from South America 1 Vinalto Graf Lusius, das regiões Oriental, Etiópica e Neotropical, é um gênero de Ichneumonidae que na Neotropical tem somente uma espécie, L. anguinus (Cresson, 1874) de Orizaba, México. Este gênero, com poucas espécies e distribuição geográfica ampla e descontínua, tem características bastante especializadas. As espécies, exceto L. macilentus Tosquinet, 1903, de Sumatra, (espécie-tipo), foram descritas em gêneros distintos. CUSHMAN (1937) considerou Oedematopsis apollos Morley, 1913 da Índia, Formosa e Filipinas (Mindanao e Luzon), congenérico com o genótipo de Lusius Tosquinet, 1903. TOWNES et al. (1961), TOWNES & TOWNES (1966; 1973) incluíram em Lusius as espécies: Mesoleptus? anguina (Cresson, 1874) do México, Orizaba; Mesochorischnus tenuissimus (Heinrich, 1938), do Quênia e Madagascar e Oedematopsis aborensis (Morley, 1914) da Índia. 1. Contribuição n. 1254 do Departamento de Zoologia, SCB, Universidade Federal do Paraná C. Postal 19020 81531-990, Curitiba, Paraná, Brasil.

170 Acta Biol. Par., Curitiba, 29 (1, 2, 3, 4): 169-176. 2000. Algumas características facilitam a identificação de Lusius em Ichneumoninae, como o primeiro segmento metasomático com espiráculo além do meio; a carena pós-pectal incompleta; esternáulo curto e pouco evidente; as tirídias grandes, as valvas do ovipositor curtas e rígidas. Características típicas de Lusius, embora possam ocorrer em outros ichneumonídeos (TOWNES & TOWNES, 1966: 318-9; TOWNES, 1969: 31; TOWNES & TOWNES, 1973: 357; GAULD, 1984: 184-186) são as seguintes: aréola alar aberta distalmente, sem a segunda veia intercubital; a segunda célula discoidal muito estreita na base; cláspers dos machos longos e finos; espiráculos propodeais pequenos e circulares; carenas propodeais longitudinais reduzidas, com curta carena mediana na base do propódeo, às vezes obsoleta; mandíbulas falciformes, longas, somente com o dente apical; carenas genal e occipital unidas à base das mandíbulas; clípeo longo, convexo, com sua margem apical além da base das mandíbulas; mesoscuto com três lobos distintos, os notáulices longos, foveolados, convergentes posteriormente; propódeo alongado para trás em curto pecíolo, na articulação com o metasoma. Neste trabalho duas espécies da região Neotropical foram estudadas, L. anguinus Cresson, 1874, ferrugínea, mas preta no dorso da cabeça e do mesosoma (Figs. 1 e 2 ) e outra, Lusius ferrugíneus sp. n., ferrugínea (Figs. 3 e 4). Os espécimens são do Brasil (Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e Argentina (Tucumán, Salta e Misiones), depositados na Coleção de Entomologia Pe. J. S. Moure, do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná (DZUP). A terminologia segue a de TOWNES (1969), GAULD (1984) e HANSON & GAULD (1995); as medidas são em milímetros. Lusius anguinus (Cresson, 1874) (Figs. 1, 2, 5, 6, 8, 9, 12) CRESSON em 1874 descreveu L. anguinus, e mais oito espécies, em Mesoleptus Gravenhorst, 1829, e transferidas por TOWNES (1966) para os gêneros Cestrus, Aptesis, Lymeon (Gelinae = Phygadeuontinae), Lissocaulus, Coelorhachis (Banchinae),

Acta Biol. Par., Curitiba, 29 (1, 2, 3, 4): 169-176. 2000. 171 Atopotrophos (Tryphoninae) e Lusius (Ichneumoninae). Os espécimens de L. anguinus apresentam variações no tamanho (5,00 a 9,00 mm) e na coloração, que varia de ferrugínea a amarela, com áreas pretas. Estas são constantes na parte superior da cabeça, no mesoscuto, no sulco escuto-escutelar, nos lados do escutelo, do pós-escutelo e no propódeo. Na cabeça a área preta é uma faixa que se estende dos alvéolos antenais ao vértice, incluindo os ocelos, e que dali se alarga na região occipital até o foramen magnum. As antenas são enegrecidas, mas com escapo, pedicelo e primeiros flagelômeros ferrugíneo-amarelados; flagelômeros 8 a 11 esbranquiçados no lado dorsal, nas fêmeas. O mesoscuto é preto, mas tem os três lobos separados por duas faixas ferrugineas, incompletas na frente e que se unem atrás antes do sulco escuto-escutelar. No propódeo a área preta é alargada na frente, até os espiráculos (na primeira área lateral), e para trás a faixa mediana pode alcançar o extremo distal do propódeo. Manchas pretas podem ocorrer atrás dos olhos, na margem do clípeo, no ápice das mandíbulas, na gena superior, na parte anterior lateral da propleura, no lado do pronoto, na mesopleura, em posição média anterior, na parte superior da metapleura e nos tergos metasomais. Machos com parte basal (gonocoxito) dos cláspers, distintamente mais curta que a apical (gonóstilo), esta muito longa e fina (Figs. 8, 9). MATERIAL EXAMINADO BRASIL PARANÁ Jundiaí do Sul: um macho, 15/IX/1986; duas fêmeas, 08/IX/1986 e 15/IX/1986, Profaupar leg. (Malaise); Guarapuava (Estância Santa Clara): uma fêmea, 06/X/1986, Profaupar leg. (Malaise); Telêmaco Borba: uma fêmea e um macho, 03/XI/1986; uma fêmea e um macho, 10/XI/ 1986; dois machos, 01/XII/1986; duas fêmeas, 17/XI/1986; três fêmeas e um macho, 24/XI/1986; duas fêmeas, 15/XII/1986; duas fêmeas, 02/III/1987; uma fêmea, 23/III/1987, Profaupar leg. (Malaise); Curitiba: duas fêmeas, 08/X/1976 e 16-21/X/1976, V. Graf leg., três fêmeas, 09/VI/1978, 13/X/1978 e 03/XI/1978, A. F. Yamamoto leg. SANTA CATARINA Seara (Nova Teutônia): uma fêmea, X/1997, F. Plaumann leg. RIO GRANDE DO SUL Canela: uma fêmea e um macho, 02-06/I/1984; duas fêmeas, 29/I/1984 e 06-12/I/1984; um macho, 26-28/I/1984, A. M. Hofmann leg. ARGENTINA TUCUMÁN Horco Molle: uma fêmea, 10-31/VII/

172 Acta Biol. Par., Curitiba, 29 (1, 2, 3, 4): 169-176. 2000. 66, L. Stange leg., uma fêmea, 07/IX/71, C. Porter leg.; San Miguel de Tucumán (Jardin Inst. Lillo): uma fêmea, 10/VIII/78, Alum. Entom. Espec. leg.; MISIONES San Javier: 12/XI/71, (sem parte do metasoma), C. Porter leg.; Leandro N. Alem (Inst. Alberdi), 17-19/XI/1969, (sem metasoma), C. Porter leg.; SALTA Rio Pescado Caorán: uma fêmea, 23-29/V/70, C. Porter leg. Lusius ferrugineus sp. n. (Figs. 3, 4, 7, 10, 11) Holótipo fêmea: côr ferrugínea; ápice das mandíbulas, as antenas mais escuras até o ápice, exceto o lado dorsal dos flagelômeros 8 a 11 esbranquiçados, os tergos VII-VIII, os tarsos, as valvas externas do ovipositor, ferrugíneo-enegrecidos. Cabeça mais larga que alta (1,32:1,28), com os olhos pouco convergentes (interorbitais superior e inferior: 0,70 e 0,62) e em vista lateral convexo na frente e um pouco côncavo atrás, com o comprimento maior que a metade da largura (0,78:0,46) e esta mais larga que a gena (0,46:0,38) e com o dobro da distância malar (0,46:0,23); clípeo longo, convexo, a largura maior que o comprimento (0,70:0,44), e a área distal mediana emarginada; fóveas tentoriais grandes e carena occipital completa, unida à base das mandíbulas; epômia longa e distinta na face lateral do pronoto; carena prepectal sinuosa, laminar ventralmente e em arco no lado do mesosterno; carena póspectal incompleta na frente das coxas posteriores; carena escutelar distinta, ultrapassa a metade do escutelo. Tegumento liso, brilhante, com pontuação fina e esparsa, finíssima e muito esparsa no vértice e nas genas; na mesopleura pontuação mais densa na face ventral e na metade inferior da face lateral. Antenas filiformes, longas, com 41 flagelômeros, mais curtos para o ápice, mais grossos no terço distal, com os basais mais longos (0,66:0,06; 0,54:0,06; 0,40:0,06; 0,36:0,06); flagelômeros 9 a 11 (0,24:0,08). Mesoscuto com três lobos bem definidos, com notáulices longos, 4/5 do comprimento do mesoscuto, foveolados. Propódeo com primeria área lateral lisa, com poucos pontos marginais, a carena transversal basal obsoleta próximo aos espiráculos circulares; propódeo, na parte distal, com rugosidades

Acta Biol. Par., Curitiba, 29 (1, 2, 3, 4): 169-176. 2000. 173 longitudinais. Garras tarsais pectinadas com poucos espinhos pequenos basais. Asas hialinas, nervuras marrom-claras, estigma alongado e estreito. Primeiro segmento metasomático arredondado no pecíolo, sem vestígios de suturas, carenas ou glimas, mais largo nos espiráculos, estreitando um pouco para o ápice; tirídias grandes, oblíquas, convergentes para o meio. Valvas do ovipositor com o dobro da altura do metasoma. MEDIDAS comprimento total 8,08 mm; comprimento da asa anterior 5,08 mm; comprimento e largura da cabeça: 1,28 e 1,32 mm; comprimento do primeiro tergo 1,00 mm; comprimento e largura do póspecíolo 0,32 : 0,28 : 0,24. Alótipo macho semelhante a fêmea, com antena afilada, enegrecida, sem flagelômeros esbranquiçados; tergos metasomais enegrecidos; cláspers com a parte basal (gonocoxito) mais longa que a distal (gonóstilo), e progressivamente afilada para o ápice (Figs 10, 11). HOLÓTIPO FÊMEA E ALÓTIPO BRASIL PARANÁ Curitiba: IV/ 1977 e 30/X-8/XI/1976 (Capão da Imbuía - Malaise), V. Graf leg. PARÁTIPOS PARANÁ Telêmaco Borba: uma fêmea, 10/XI/ 1986, dois machos, 03/XI/1986, um macho, 01/XII/1986, Profaupar leg. (Malaise); Curitiba (Capão da Imbuía - Malaise): três fêmeas, 9-12/XI/1976, 2-10/XII/1976, 8-15/II/1977, e um macho, 15-28/ II/1977, V. Graf leg; duas fêmeas, 28/VII/1978 e 29/VI/1979, A. F. Yamamoto leg. MATERIAL EXAMINADO BRASIL MINAS GERAIS Varginha: dois machos (sem a parte distal do metasoma), IX/1961, M. Alvarenga leg.; PARANÁ Telêmaco Borba: uma fêmea (sem cabeça), 06/X/1986, Profaupar leg. (Malaise); Curitiba: uma fêmea, 08/X/1976, V. Graf leg. SANTA CATARINA Seabra (Nova Teutônia): um macho, X/1971, F. Plaumann leg. Variação intra-específica: Tergos metasomais I a VIII, inclusive o primeiro esterno, ferrugíneos até enegrecidos. DISCUSSÃO L. ferrugineus difere de L. anguinus na coloração ferrugínea, sem áreas pretas na cabeça e no mesosoma; o metasoma pode se apresentar enegrecido nos tergos, no primeiro inclusive no esterno; a carena escutelar desenvolvida além da metade do escutelo e em geral ausente ou vestigial em L. anguinus. Propódeo com

174 Acta Biol. Par., Curitiba, 29 (1, 2, 3, 4): 169-176. 2000. Figs. 1-12. Lusius. 1 e 6, L. anguinus (fêmea); 2, 5, 8, 9, 12, L. ferrugineus sp. n. (macho): 3, L. ferrugineus sp. n. (fêmea); 4, 7, 10, 11, L. ferrugineus sp. n. (macho). Vistas laterais (1 e 3), vistas dorsais do mesosoma (2 e 4), vistas anteriores da cabeça (7 e 12); ápices do metasoma (5 e 6), genitálias masculinas, em vistas ventral e lateral (8, 9, 10 11). (Escalas das figuras: 1 e 3 = 2 mm; 2, 4, 6, 7 e 12 = 0,5 mm; 5, 8, 9, 10 e 11 = 0,2 mm).

Acta Biol. Par., Curitiba, 29 (1, 2, 3, 4): 169-176. 2000. 175 carena transversal basal obsoleta nos lados, não alcançando os espiráculos propodeais. Cláspers muito longos e finos em L. anguinus, mais largos na base e afilando progressivamente para o ápice em L. ferrugineus. ETIMOLOGIA: o nome se refere a cor dominante, ferrugínea. RESUMO Lusius Tosquinet, 1903 (Hymenoptera, Ichneumonidae, Heterischnini) é um gênero de distribuição ampla (Regiões Oriental, Etiópica e Neotropical México) e tem sua distribuição ampliada para América do Sul (Brasil e Argentina) e uma espécie nova, L. ferrugineus, é descrita do Brasil (Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina). PALAVRAS CHAVE: Lusius, Ichneumonidae, Hymenoptera, Brasil, Argentina. SUMMARY Lusius Tosquinet, 1903 (Hymenoptera, Ichneumonidae, Heterischnini) is a genus of very large geographical distribution (Oriental, Etiopic and Neotropical: Mexico, regions) and has its distribution amplified to South America (Brazil and Argentina) and a new species, L. ferrugineus, is described from Brazil (Minas Gerais, Paraná and Santa Catarina states). KEY WORDS: Lusius, Ichneumonidae, Hymenoptera, Brazil, Argentina. RÉSUMÉ Lusius Tosquinet, 1903 (Hymenoptera, Ichneumonidae, Heterischnini) est un genre avec large distribution (Oriental, Etiopic et Neotropical México), mais inconnu en l Amérique du Sud; sa distribution dans le Brésil et Argentina est etudié et une espèce nouvelle est dècrit du Brésil (Minas Gerais, Paraná et Santa Catarina). MOTS CLÉS: Lusius, Ichneumonidae, Hymenoptera, Brésil et Argentina. AGRADECIMENTOS Ao Prof. Albino Morimasa Sakakibara pelas fotos que ilustram o trabalho e a Profa. Danúncia Urban pela leitura crítica dos originais.

176 Acta Biol. Par., Curitiba, 29 (1, 2, 3, 4): 169-176. 2000. BIBLIOGRAFIA BERRY, J. A. 1988. List of Hymenopteran Genera Present in the New Zealand Arthropod Collection.<Berryj@landcare.cri.nz>. CRESSON, E. T. 1874. Descriptions of Mexican Ichneumonidae. Proc. Acad. Nat. Sci. Philadelphia: 374-413. CUSHMAN, R. A. 1937. H. Sauter s Formosa Collection: Ichneumonidae. Arb. morph. taxon. Ent.(4):283-311. GAULD, I. D. 1984. An Introduction to the Ichneumonidae of Australia. British Museum (Natural History). London. 413 pp. HANSON, P. E. & I. D. GAULD. 1995. The Hymenoptera of Costa Rica. The Natural History Museum. London. 893 pp. TOSQUINET, J. 1903. Ichneumonides Nouveaux. Mém. Soc. Entomol. Belgique 10:384-388. TOWNES, H. 1946. The Generic Position of the Neotropic Ichneumonidae (Hymenoptera) with Types in the Philadelphia and Quebec Museums, Described by Cresson, Hooker, Norton, Provancher, and Viereck. Bol. Ent. Venezolana, 5: 32. TOWNES, H. 1969. The Genera of Ichneumonidae. Part 1. Mem. Am. Entomol. Inst. 11: 1-300. TOWNES, H. 1971. The Genera of Ichneumonidae. Part 4, Mem. Am. Entomol. Inst. 17: 1-372. TOWNES, H. & M. TOWNES. 1966. A Catalogue and Reclassification of the Neotropic Ichneumonidae. Mem. Am. Entomol. Inst. 8:1-367. TOWNES, H. & M. TOWNES. 1973. A Catalogue and Reclassification of the Ethiopian Ichneumonidae. Mem. Am. Entomol. Inst. 19:1-416. TOWNES, H.; M. TOWNES & V.K. GUPTA. 1961. A Catalogue and Reclassification of the Indo-Australian Ichneumonidae. Mem. Am. Entomol. Inst. 1: 1-522. Recebido em: 2 de março 2000