Rodas Microligadas: Estudo e aplicação nas ferrovias da Vale



Documentos relacionados
DESENVOLVIMENTO DE RODA MICROLIGADA COM NIÓBIO PARA TRANSPORTE HEAVY HAUL. Eng. (MSc) Domingos José Minicucci

Influence of Austenitizing Temperature On the Microstructure and Mechanical Properties of AISI H13 Tool Steel.

Comparação entre Tratamentos Térmicos e Método Vibracional em Alívio de Tensões após Soldagem

UNIVERSIDADE SANTA. Objetivo Metodologia Introdução. Método Experimental Resultados Experimentais Conclusão Grupo de Trabalho

DISSOLUÇÃO DA FERRITA DELTA EM AÇO INOXIDÁVEL ENDURECIDO POR PRECIPITAÇÃO

Doutor, Professor do Departamento de Metalurgia e Materiais Instituto Federal do Espírito Santo Vitória, ES, Brasil. 3

REFINO DE GRÃO ATRAVÉS DE TRATAMENTO TÉRMICO SEM MOVIMENTAÇÃO DE MASSA

Gestão de riscos - Utilização de monitoramento preditivo online na gestão de riscos na frota de vagões da EFC

Resultados e Discussões 95

Hastes de Bombeio com Conexão Premium

EFEITO DA ESTRUTURA BAINÍTICA EM AÇOS PARA ESTAMPAGEM

ÍNDICE CORROSÃO E MEDIDAS DE PROTEÇÃO ESPECIFICAÇÃO DE AÇOS, LIGAS ESPECIAIS E FERROS FUNDIDOS (Módulo I)... 4 ACABAMENTO DE SUPERFÍCIE...

Sistema de Gestão de Vagões

PROTEÇÃO PARA CONTAMINAÇÃO DE LASTRO REGIÃO DE CARREGAMENTOS

Aplicação de Técnicas de Processamento e Análise de Imagem na Análise Automática da Quantidade e do Tamanho do Grão em Imagens Metalográficas

INFLUÊNCIA DO TEMPO DE SOLUBILIZAÇÃO NA RESISTÊNCIA A TRAÇÃO DE UM AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX. 1 UNIFEI - Universidade Federal de Itajubá

TRATAMENTOS TÉRMICOS: EFEITO DA VELOCIDADE DE RESFRIAMENTO SOBRE AS MICROESTRUTURAS DOS AÇOS ABNT 1045

Case de Sucesso. Integrando CIOs, gerando conhecimento.

PROCESSOS METALÚRGICOS DE FABRICAÇÃO

DISPOSITIVO PARA REALIZAR A RETIRADA E INSTALAÇÃO DO CONJUNTO CHOQUE E TRAÇÃO DOS VAGÕES.

Título: TREFILAÇÃO DE ARAME ATRAVÉS DE FIEIRAS E ANÉIS

Processo de Forjamento

Curso de Engenharia de Produção. Processos de Fabricação

TRABALHO DE GRADUAÇÃO. Projeto. Curso de Engenharia Mecânica ( ) Integral (X) Noturno. Aluno: xxxxxxx n

REBOLOS RESINÓIDES (LIGA RESINÓIDE)

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS

Análise de tensões em eixos ferroviários usinados, utilizando o método de elementos finitos

TRATAMENTOS TÉRMICOS DOS AÇOS

Propriedades Mecânicas dos Aços DEMEC TM175 Prof Adriano Scheid

Necessidade de Equipamentos para MRS baseada em Estudos e Análise da Engenharia de Manutenção. Gerência Corporativa de Engenharia de Manutenção

PROPRIEDADES FUNDAMENTAIS DOS AÇOS FERRAMENTA PARA MATRIZES DE FORJAMENTO

5 DISCUSSÃO. 5.1 Influência dos resfriadores no fundido. Capítulo 5 77

OTIMIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA USINAGEM DE RODEIROS DE LOCOMOTIVAS

RELATÓRIO DE ESTÁGIO 3/3 Período: de 15/05/2010 a 30/06/2010

Trilhos Arcelor. Trilhos Ferroviários

SISTEMA ANTI-DESCARRILAMENTO DOS CARROS DAS ESMERILHADORAS DE TRILHO

BOLETIM TÉCNICO FIXADOR ASTM A325 TIPO 1

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE SÃO PAULO CEFET-SP. Tecnologia Mecânica

AVALIAÇÃO MECÂNICA E METALÚRGICA EM TRILHO FERROVIÁRIO UTILIZADO EM VIA CONTÍNUA

PROGRAMA DE MANUTENÇÃO INDUSTRIAL POR SOLDAGEM

UDDEHOLM NIMAX UDDEHOLM NIMAX

Removendo o cavaco. Na aula passada, tratamos das noções gerais. Nossa aula. Como calcular a rpm, o avanço e a profundidade de corte em fresagem

Ensaio de fadiga. Em condições normais de uso, os produtos. Nossa aula. Quando começa a fadiga

DIAGRAMA Fe-C. DIAGRAMA Fe-Fe 3 C

VIA PERMANENTE. Manipulador de TLS

Ensaios Mecânicos de Materiais. Conceitos Fundamentais. Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J. Rodrigues

O que são os Ensaios Não Destrutivos

Aço é uma liga metálica composta principalmente de ferro e de pequenas quantidades de carbono (em torno de 0,002% até 2%).

DUREZA DE CORPOS SINTERIZADOS Por Domingos T. A. Figueira Filho

INFLUÊNCIA DA GRAFITIZAÇÃO E FADIGA-CORROSÃO NO ROMPIMENTO DE TUBO DE CALDEIRA

COMPORTAMENTO DOS MATERIAIS SOB TENSÃO. Prof. Rubens Caram

INFLUÊNCIA DA MICROESTRUTURA ANISOTRÓPICA NO COMPORTAMENTO EM FADIGA DA LIGA DE ALUMÍNIO 7010-T74 FORJADA, DE APLICAÇAO AERONÁUTICA

METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DE FRAÇÃO DE VIDA CONSUMIDA DE AÇOS 1CR-0,5MO ATRAVÉS DE ENSAIOS ACELERADOS DE FLUÊNCIA

PLANEJAMENTO DO PROCESSO ASSISTIDO POR COMPUTADOR - CAPP

A metodologia proposta pela WEG para realizar este tipo de ação será apresentada a seguir.

AGENDA. A Vale. O Maior Projeto de Logística da America Latina. - Exportação de Minério. - Logística da Vale de Carga Geral

Soldabilidade de Metais. Soldagem II

1. Objetivo Referências Condições gerais Condições específicas Inspeção 2. Tabela 1 - Características elétricas e mecânicas 4

8º CONGRESSO IBEROAMERICANO DE ENGENHARIA MECANICA Cusco, 23 a 25 de Outubro de 2007

Novas Tendências do Mercado de Laminação de Tiras a Frio (cilindros)

INFLUÊNCIA DA INOCULAÇÃO NA OBTENÇÃO DO FERRO FUNDIDO CINZENTO

Ferramenta computacional integradora para identificação de trens e vagões em alarmes de hotbox

Manipulador de dormentes rodoferroviário

AÇOS ESTRUTURAIS. Fabio Domingos Pannoni, M.Sc., Ph.D. 1

BR KM 47 - GUARAMIRIM SC Fone Fax nitriondobrasil@terra.com.br

Estudo Da Potencialidade De Redução Do Teor De Cromo Em Moinhos Do Tipo Rolo Sobre Pista Da Termoelétrica Jorge Lacerda

1ª Semana de Composites Avançados São José dos Campos - SP III CONGRESSO SAMPE BRASIL

- Bibliografia Recomendada

Desenvolvimento de rotor Imbil para o processo Jigagem visando o aumento da vida útil e melhoria na eficiência de bombeamento

Capítulo 3 Propriedades Mecânicas dos Materiais

Apresentação Institucional MIPS Sistemas Ltda.

Dureza de materiais metálicos

TW103 TW203 MAIS QUE PRODUTOS. PRODUTIVIDADE.

SOLIDIFICAÇÃO/ESTABILIZAÇÃO DE LODO GALVÂNICO EM BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAÇÃO (PAVERS)

MÉTODO DE TESTE PARA RESISTÊNCIA QUÍMICA :

EFEITO DAS CONDIÇÕES DE TRATAMENTO TÉRMICO NA MICROESTRUTURA E PROPRIEDADES MECÂNICAS DE AÇOS FERRAMENTA

Critérios de falha. - determinam a segurança do componente; - coeficientes de segurança arbitrários não garantem um projeto seguro;

Conceitos Iniciais. Forjamento a quente Forjamento a frio

FACEAMENTO DA SUPERFÍCIE DE ASSENTAMENTO DO CONJUNTO DE FORÇA DO MOTOR DIESEL DE LOCOMOTIVAS GE

TESTES DE VIDA EM FRESAMENTO COM REDUÇÃO DO NÚMERO DE FERRAMENTAS

Tratamento Térmico. Profa. Dra. Daniela Becker

EM 833 Seleção de Materiais

Aula 17 Projetos de Melhorias

Análise de Materiais Ltda.

GUIA DE MANUTENÇÃO BARRAMENTOS ELÉTRICOS CANALIS CANALIS

PROCESSOS DE FABRICAÇÃO PROCESSOS DE CONFORMAÇÃO MECÂNICA

A Utilização de Etiquetas de Detecção de Inconveniências na Manutenção Autônoma do TPM

ANÁLISE DE FALHA EM VIRABREQUIM DE MOTOR V8

O ciclo de vida das instalações elétricas e de instrumentação em Atmosferas Explosivas

Santos/SP, outubro de 2014.

4.Materiais e métodos

CAVEX Hidrociclones. Excellent Minerals Solutions. Máxima eficiência e menor custo de operação

Manutenção DSPTI II. Porque fazer Manutenção. Manutenção. Porque fazer Manutenção. Porque fazer Manutenção

NOVAS MÁQUINAS DE ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS DA MWL BRASIL RODAS & EIXOS LTDA. Domingos José Minicucci MWL BRASIL RODAS & EIXOS LTDA

PROGRAMA DE MANUTENÇÃO INDUSTRIAL POR SOLDAGEM

PIM - PROCEDIMENTO PARA INSPEÇÃO DE MATERIAL PLACA DE APOIO DE AÇO LAMINADO SUMÁRIO

Suporte situado na edificação do consumidor, com a finalidade de fixar e elevar o ramal de ligação.

Aços Longos. Barras Trefiladas

Planejamento Avançado da Qualidade Elementos APQP

Transcrição:

ARTIGO Rodas Microligadas: Estudo e aplicação nas ferrovias da Vale Isaias Moreira de Freitas 1, Bruno Teieira Barros 2, Francisco Nascimento Chagas 3 1 Ger. de Engenharia Ferroviária, Av. Dante Micheline, 5500, CEP: 29090-900, Vitória ES, 2 Ger. de Manut. de Vagões, Av. Dante Micheline, 5500, CEP: 29090-900, Vitória ES, 3 Ger. de Manut. de Vagões, Av. dos Portugueses, S/N Anjo da Guarda 65085 580 São Luís MA e-mail: isaias.freitas@vale.com, bruno.teieira.barros@vale.com, francisco.nascimento@vale.com A confiabilidade aliada à redução de custo dos materiais é atualmente um dos fatores mais avaliados pelas Operadoras Ferroviárias. Os componentes de alto custo como rodas ferroviárias estão em pleno desenvolvimento com estudos de novos materiais e de processos produtivos, na busca pelo aumento do desempenho operacional. Um grande desafio é a validar os resultados obtidos em laboratório através de testes de campo. O objetivo deste trabalho é apresentar os estudos e testes de campo com rodas microligadas realizados nas ferrovias da Vale. Foram avaliadas rodas com aços convencionais e microligados ao vanádio e ao nióbio, que foram fabricadas pelos processos de fundição e forjamento. Os estudos foram realizados em laboratório através da análise de propriedades mecânicas e microestrutural de seis rodas. Os testes de campo foram realizados na EFC e na EFVM para avaliar o desempenho em operação. A partir dos resultados obtidos foi possível concluir a superioridade das rodas microligadas com ao ganho de vida apresentado, atendendo as epectativas de taa de desgaste. Palavras-Chaves: Vagões; Rodas ferroviárias; Aço microligado; Alto desempenho. 1. INTRODUÇÃO Entre os anos de 2008 a 2013, ocorreram pelo menos 40 falhas catastróficas em rodas ferroviárias de vagões durante a operação de trens na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), gerando descarrilamentos e até tombamentos de trens. As investigações demonstraram falhas prematuras em rodas ferroviárias ocasionadas por trincas térmicas e mecânicas, inclusões ou vazios. Essas falhas podem ser influenciadas pelo tipo de material, grau de micro limpeza do aço, propriedades mecânicas e metalúrgicas, entre outros. Uma nova geração de rodas denominada microligadas tem ganhado o mercado. As rodas microligadas contém micro adições de vanádio e nióbio, além de cromo e molibdênio, que melhoram significativamente as propriedades mecânicas e a resistência ao desgaste. Esse comportamento melhorado em aços modificados por micro adição de elementos de liga foi observado nos trabalhos de Robles Hernández [1], Najafi, Rassizadehghani e Norouzi [2], Hajisafari, M. e Nategh, S. [3] e Oliveira [4]. Além do material, o tipo de processo de fabricação também é importante, pois cada tipo de processo de fabricação confere as rodas algumas propriedades que irão influenciar em seu desempenho em operação. Como o custo de uma roda pode representar até 50% do orçamento da manutenção de vagões, um estudo focado em materiais com melhores propriedades e alto desempenho é necessário. O objetivo deste trabalho foi avaliar os resultados das propriedades de diferentes composições de aços microligados de rodas ferroviárias de vagões de carga através de ensaios em laboratório e teste de campo.

2. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 2.1. Ensaios em laboratório Foram escolhidas seis rodas com basicamente 0,7% de carbono, diâmetro de 33 polegadas, que atendem a norma AAR M-107/M-208, sendo: 1-fundida convencional classe C, 2-fundida microligada ao vanádio, 3-fundida microligada ao nióbio, 4-forjada convencional classe C, 5-forjada microligada ao vanádio e 6-forjada microligada ao nióbio. Os corpos de prova foram retirados da região do aro da roda, por se tratar do local de maior solicitação mecânica e térmica. Na figura 1 mostra a região de retirada dos CP s. GDE e GDT em operação. O teste teve duração de 3,3 anos e início no 1 semestre de 2011 na EFC. Na EFVM teve duração de três anos com início no 1 semestre de 2012. Foi aplicada uma amostragem aproimada de 200 rodas (72 pçs na 1 vida, 64 pçs na 2 vida e 64 pçs na 3 vida) de cada fabricante, em cada ferrovia. A dureza no aro das rodas variou de 350 a 390 HB. Rodas microligadas ao nióbio não foram aplicadas nesse teste. Os dados foram coletados através de waysides, dados da casa de rodas e pontos de inspeção da ferrovia. Os critérios de avaliação foram: taa de desgaste (mm/) do friso e bandagem e defeitos. A epectativa de ganho de vida útil foi estimado em 30%. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Propriedades Mecânicas Com adição de vanádio e nióbio o limite de escoamento melhorou entre 5% a 12% nas rodas. O limite de resistência da forjada foi o maior valor, apesar da redução com a adição do nióbio, conforme mostra figura 2. Figura 1 - Identificação das regiões na roda ferroviária para retirada dos CP s. A quantidade de amostras e tipos de ensaios em laboratório estão descritos na tabela 1. Tabela 1 Amostras e ensaios em laboratório. Descrição dos ensaios Quantidade de amostras Análise metalográfica usando MO 3 Ensaios de dureza 2 Ensaios de tração 2 Ensaios de impacto Charpy 3 Ensaios de tenacidade à fratura 3 2.2. Teste de campo O teste de campo foi realizado nas ferrovias da Vale. Foram instaladas rodas microligadas fundidas e forjadas em vagões de minério Figura 2 Propriedades de limite de escoamento e limite de resistência. A redução de área e alongamento melhoraram na forjada, com até 35% de aumento com adição de nióbio. Já na fundida houve uma piora nos resultados com a adição das microligas. Adicionando vanádio, por eemplo, ocorre uma perda de até 90% na redução de área e 20% no alongamento. A figura 3 apresenta as propriedades de redução de área e alongamento. No ensaio de impacto a roda forjada ao nióbio foi a única que atendeu a norma AAR [5] com

valor superior a 15 Joules. A roda fundida ao vanádio apresenta valor máimo de 7,7 Joules. A figura 4 apresenta os valores de propriedades do impacto. microligas. Destaca-se a roda forjada ao nióbio que apresentou uma melhora de 60%, valor de 70 ksi in. Redução de Área e Alongamento (%) Figura 6 Propriedades de tenacidade à fratura. Figura 3 Propriedades de redução de área e alongamento. 3.2. Microestruturas As microestruturas são constituídas basicamente por perlita fina e ferrita no contorno de grão devido à composição química próima ao eutetóide (0,77% de C). Nas rodas forjadas observa-se uma estrutura mais refinada. As figuras 7 a 9 apresentam as propriedades microestruturais dos materiais analisados em laboratório. a b Figura 4 Propriedades de impacto charpy. A medição de dureza foi realizada em três pontos do aro, sendo a dureza 1 à 9,5 mm da pista, a dureza 2 à 25,4 mm da pista e a dureza 3 à 47,2 mm da pista. Observa-se um aumento da dureza em todas as rodas com a adição da microligas, conforme figura 5. Figura 7 (a) Forjada e (b) Fundida - Convencional classe C. a b Figura 8 (a) Forjada e (b) Fundida microligada ao vanádio. a b Figura 5 Propriedades de dureza no aro. A tenacidade à fratura da roda forjada melhorou e da roda fundida piorou com a Figura 9 (a) Forjada e (b) Fundida - microligada ao nióbio.

3.2. Desempenho no teste de campo 3.2.1 Estrada de Ferro Carajás Na EFC as rodas foram inspecionadas periodicamente em pontos de inspeção na ferrovia e na oficina de manutenção. Os dados levantados no 2 semestre de 2014 para a montagem do relatório final estão apresentados na tabela 2. Tabela 2 Vida da roda convencional e rodado. Vida média total () médio mensal Vida média da roda (anos) 860.000 13.135 5,47 As rodas microligadas rodaram em média 525.000 durante 3,3 anos. Foram coletados os dados de inspeção e usinagem das rodas microligadas. Pode-se observar que a roda forjada foi usinada após intervalos maiores. Como a média de material retirado nas usinagens da microligada foi de 10 mm, a taa de desgaste da forjada foi menor. A tabela 3 apresenta os resultados. médio para usinagem de 101.533,5 e uma taa de desgaste média de 0,0640 mm/1000, portanto o desempenho da microligada na EFC está descrito na tabela 4. Tabela 4 Desempenho da roda microligada na EFC em relação a convencional. Forjada Fundida Microligadas Forjada fundida 65,37% 48,83% 11,10% De todas as rodas microligadas inspecionadas, aproimadamente 70% não apresentaram defeitos superficiais, sendo usinadas por outros motivos. Algumas rodas foram usinadas com 11 meses e outras com até 40 meses. A figura 10 mostra as rodas fundidas com desgaste na pista antes da primeira usinagem, após 295.000 rodados no GDT 109344. Tabela 3 Dados de inspeção e usinagem da roda microligada. Tipo Quant. rodas Média entre usinagens Mês Taa de desgaste mm/1000 Forjada 138 19,64 257.971,4 0,0387 Fundida 172 17,69 232.358,1 0,0430 Total 310 Nota 1 - Esses resultados podem variar em função das diversas variáveis envolvidas na ferrovia e no desempenho do truque do vagão. Nota 2 - O período médio de usinagem na EFC é de 7,73 meses e a profundidade média de corte é de 6,50 mm [6]. Nota 3 - Apesar das rodas microligadas terem profundidade média de corte 50% maior (em torno de 10 mm) comparada a convencional, sua taa de desgaste é menor, favorecendo para que as rodas microligadas permaneçam em operação por mais tempo. Para a roda convencional admitiu-se dados de Figura 10 Rodas forjadas em operação após 295.000.

A figura 11 mostra as rodas forjadas em boas condições após 146.000 no GDT 107350. As rodas microligadas rodaram em média 456.000 durante 35,6 meses. Foram coletados os dados de inspeção e usinagem das rodas microligadas. Pode-se observar que a roda forjada foi usinada após intervalos maiores. Como a média de material retirado nas usinagens da microligada foi de 10 mm, a taa de desgaste da forjada foi menor. A tabela 3 apresenta os resultados. Tabela 3 Dados de inspeção e usinagem da roda microligada. Tipo Quant. rodas Média entre usinagens Mês Taa de desgaste mm/1000 Forjada 64 31,62 405.567,5 0,0313 Fundida 80 29,50 378.374,5 0,0337 Total 144 Nota 1 - O período médio de usinagem da roda convencional na EFVM é de 15,6 meses e a profundidade média de corte é de 9,49 mm [7]. Nota 2 - Apesar das rodas microligadas terem profundidade média de corte 30% maior (média de 12,7 mm) comparada a convencional, sua taa de desgaste é menor, favorecendo para que as rodas microligadas permaneçam em operação por mais tempo. Figura 11 Rodas forjadas em operação após 146.000. 3.2.2 Estrada de Ferro Vitória a Minas Na EFVM as rodas foram inspecionadas periodicamente em pontos de inspeção na ferrovia e na oficina de manutenção. Os dados levantados no 2 semestre de 2014 para a montagem do relatório final estão apresentados na tabela 2. Tabela 2 Vida da roda convencional e rodado. Vida Vida média médio Tipo média da roda mensal () (anos) Forjada 1.908.360 12.825 12,4 Fundida 1.354.320 12.825 8,8 Para a roda convencional admitiu-se dados de médio para usinagem de 200.203,4 e uma taa de desgaste média de 0,0474 mm/1000, portanto o desempenho da microligada na EFVM está descrito na tabela 5. Tabela 4 Desempenho da roda microligada na EFVM em relação a convencional. Forjada Fundida Microligadas Forjada fundida 51,50% 40,60% 7,75% Na figura 12 são apresentados os gráficos de defeitos obtidos para as rodas da EFVM separados por fundido e forjado, conforme as vidas 1, 2 e 3. Para a roda forjada observa-se que apresentou defeitos apenas na 1 vida, destacando-se a fadiga com 13 registros. Para a roda fundida observa-se que apresentou

defeitos em todas as vidas, destacando-se a fadiga com 13 registros na 1 vida, 7 registros na 2 vida e 13 registros na 3 vida. Em segundo vem a ovalização representando 13,89% dos registros. Figura 14 Aspecto visual das rodas forjadas após 370.000. 4. CONCLUSÃO Figura 12 Defeitos nas rodas fundidas e forjadas conforme as vidas. Na figura 13 mostra as rodas microligadas fundidas na 1 vida após 330.000 no GDE 202818. Figura 13 Aspecto visual das rodas fundidas após 330.000. Na figura 14 mostra as rodas microligadas forjadas na 1 vida após 370.000 no GDE 205943. - As rodas microligadas foram aprovadas e demonstraram ser uma ótima opção para aplicação nas ferrovias, pois apresentou melhora nas propriedades mecânicas e alto desempenho em operação. - Nos ensaios de laboratório, ambas as rodas microligadas fundidas e forjadas apresentaram melhora no limite de escoamento e resistência. Porém para os ensaios redução de área, alongamento, impacto e tenacidade à fratura a forjada melhorou com adição de microligantes, sendo a roda forjada ao nióbio a única que atendeu plenamente a norma AAR. A fundida apresentou comportamento inverso, demonstrando sua fragilidade ao impacto e tenacidade como consequência do processo de fabricação. - Nos testes de campo a taa de desgaste foi avaliada, onde a epectativa de vida de 30% foi superada através dos resultados apresentados. Na EFC houve um aumento de vida de 65% para a forjada microligada e 49% para a fundida microligada. Na EFVM houve um aumento de vida em 51% para a forjada microligada e 40% para a fundida microligada. - Em relação aos defeitos superficiais a roda fundida apresentou maior quantidade nas três vidas quando comparada a forjada. 5. AGRADECIMENTOS Agradecer ao time das oficinas de vagões da EFVM e EFC que ajudaram na coleta de dados e inspeções das rodas. 6. REFERÊNCIAS [1] ROBLES HERNÁNDEZ, F. C.; CUMMINGS, S.; KALAY, S.; STONE, D. Properties and microstructure of high performance wheels. Wear, v. 271, n. 1-2, p. 374 381, 2011.

[2] NAJAFI, H.; RASSIZADEHGHANI, J.; NOROUZI, S. Mechanical properties of as-cast microalloyed steels produced via investment casting. Materials & Design, v. 32, n. 2, p. 656 663, 2011. [3] HAJISAFARI, M.; NATEGH, S.; YOOZBASHIZADEH, H.; EKRAMI, A. Improvement in Mechanical Properties of Microalloyed Steel 30MSV6 by a Precipitation Hardening Process. Journal of Iron and Steel Research, International, v. 20, n. 5, p. 66 73, 2013. [4] OLIVEIRA, L. G.; GUIMARAES, V. A.; PESCI, P. G. S.. Comportamento em fadiga de aço microligado para rodas ferroviárias. In: CBECIMAT, 2012, Joinville. 20º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 2012. v. 1. p. 8971-8978. [5] AAR ASSOCIATION OF AMERICAN RAILROAD. M-107/M-208: Manual of Standards and Recommended Practices Wheels and Ales - Section G. Washington, 2014. [6] Santos, M. O. Doctec 17750 - Plano Diretor da Manutenção Ferroviária Vagões EFC 2015 a 2019. 2014. [7] Freitas, I. M. Doctec 17706 Parecer Técnico Definitivo Rodas Microligadas_rev3. 2015.