Os diretórios partidários municipais e o perfil sociodemográfico dos seus membros

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Transcrição:

41º ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM CIÊNCIAS SOCIAIS (ANPOCS) GT22 Partidos e Sistemas Partidários Os diretórios partidários municipais e o perfil sociodemográfico dos seus membros Felipe Borba Universidade Federal do Estado do Rio de janeiro - UNIRIO Emerson Urizzi Cervi Universidade Federal do Paraná UFPR Caxambu 2017 1

Os diretórios partidários municipais e o perfil sociodemográfico dos seus membros Felipe Borba & Emerson Cervi Resumo Este artigo se insere no conjunto de pesquisas que investiga o perfil político e social de candidatos, políticos eleitos e elites partidárias a partir do cadastro dos dirigentes partidários municipais disponibilizados pelo TSE. O objetivo é descrever as características individuais da elite partidária local a partir de dois níveis. O primeiro, institucional, busca identificar a distribuição dos diretórios por região do país e por partidos. O segundo busca traçar o perfil dos dirigentes partidários que concorreram a um cargo eletivo desde 2012. A revisão da literatura revela que tal abordagem é inédita. Em essência, os estudos sobre elites políticas concentram-se em eleições para a Câmara dos Deputados ou Assembleias Legislativas e pouco se sabe sobre o perfil de liderança políticas locais. Quem são os que compõem as direções municipais dos partidos no Brasil? A descrição indica que o número de diretórios aumenta com o tamanho dos municípios, são compostos majoritariamente por homens, porém em relação ao nível educacional há divisão entre dirigentes com nível médio e superior. Palavras-chave: partidos políticos, recrutamento, elites políticas, classe política 1. Introdução A Constituição Federal de 1988 alçou o município à categoria de ente federado juntamente com a União, os Estados e o Distrito Federal. A condição de ente federal garantiu aos municípios a autonomia plena relativa às questões administrativas, legislativas, financeiras e políticas. Ao assegurar a autonomia política dos municípios, a Carta Federal de 1988 instituiu eleições diretas e simultâneas para prefeito, vice-prefeito e vereadores, com mandatos fixos de quatro anos. Desde então, o brasileiro é chamado às urnas periodicamente para eleger um número relativamente alto de prefeitos e vereadores. Nas eleições municipais de 2016, por exemplo, 16.139 pessoas concorreram ao cargo de prefeito e outras 445.818 candidataram-se a vereador, totalizando 5.540 prefeitos e 57.852 vereadores eleitos. 2

Os poderes executivos e legislativos municipais são responsáveis constitucionais por uma série atribuições políticas, econômicas e sociais. O artigo 30 da Constituição, por exemplo, determina que cabe aos municípios organizar e prestar diferentes serviços públicos, incluindo entre os principais o transporte coletivo, os programas de educação infantil e de ensino fundamental e os serviços de atendimento à saúde. Apesar da centralidade do poder público municipal na vida dos brasileiros, são escassos os estudos que se dedicaram a mapear o perfil dos agentes políticos municipais. A revisão da literatura demonstra que os estudos sobre elites políticas buscam, basicamente, descrever as características da elite dirigente brasileira de candidatos e/ou eleitos para a Câmara dos Deputados e, em escala menor, para as Assembleias Estaduais. Esses estudos vêm demonstrando que a classe política brasileira destoa das estatísticas populacionais oficiais. Candidatos e deputados eleitos formam um corpo político relativamente homogêneo, sendo compostos predominantemente por políticos do sexo masculino, autodeclarados brancos, situados na faixa etária acima de 40 anos e portadores de diploma de nível superior (Braga, Veiga e Miríade, 2009; Campos, 2015; Campos e Machado, 2015; Perissinotto e Miríade, 2009; Perissinotto e Bolognesi, 2010; Perissinotto e Veiga, 2014; Rodrigues, 2002 e 2006). Kerbauy (2005) é uma das raras exceções a se debruçar sobre a composição de elites locais. A autora analisa dados sobre o perfil de vereadores eleitos nas disputas municipais de 1996, 2000 e 2004. A análise mostra que a composição social era majoritariamente masculina, repetindo o padrão observado nos legislativos estaduais e nacionais. A escolaridade seria o principal elemento de diferenciação em relação à realidade nacional. A maioria dos legisladores locais possuía apenas o ensino médio, as mulheres apresentavam grau de escolaridade superior aos dos homens assim como os vereadores das regiões Sul e Sudeste. Em análise mais recente, Campos (2015) mostra ainda que os candidatos em nível local também variam a sua composição pela cor. O autor investiga os filtros que afastam os não brancos da política brasileira nas eleições para vereador de 2012 nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo e apresenta evidências de que são os pequenos partidos os que mais cedem espaço para pretos e pardos em suas listas eleitorais. 3

Nesse artigo, procuramos contribuir com o conhecimento do perfil das elites locais a partir da análise de um banco de dados sobre os presidentes dos diretórios partidários municipais. Esses dados foram obtidos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que forneceu informações sobre os diretórios municipais desde o início da década de 2000. Desse total, restringimos o corpus da pesquisa aos dirigentes partidários que concorreram a algum cargo eletivo durante as eleições de 2012, 2014 e 2016 com o objetivo de descrever as características (comissão interventora, provisória ou permanente) e a distribuição por tipo de município (tamanho e localização regional) dos órgãos municipais bem como as características socioeconômicas dos seus presidentes partidários municipais que concorreram a um cargo eletivo, de modo a identificar o perfil desses dirigentes por partido político e por região do país. As perguntas que mobilizam o artigo podem ser sintetizadas da seguinte maneira: quais são os tipos mais frequentes de organização municipal? Qual o perfil socioeconômico predominante dos dirigentes partidários municipais? Existem diferenças entre partidos? Até que ponto o perfil dos dirigentes partidários municipais destoa do perfil dos políticos de atuação nacional e dos demais políticos de atuação local? Até onde é conhecimento dos autores, a nossa proposta de análise é inédita entre estudos sobre elites locais. Para responder a essas questões de pesquisa, o artigo segue dividido em quatro partes. A próxima seção descreve o corpus empírico da pesquisa. Em seguida, apresentamos os resultados relativos ao tipo de organização dos diretórios e a distribuição desses diretórios pelo porte dos municípios e região geográfica. A quarta seção descreve o perfil socioeconômico dos dirigentes municipais. Finalizamos com discussão dos principais resultados. 2. Corpus Empírico A análise empírica realizada no artigo parte de um banco de dados brutos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cuja unidade é o nome do dirigente partidário municipal no período de 2012 e 2016. Não são consideradas as organizações partidárias que não tiveram nenhuma alteração nesse período. Ao todo são 380.937 nomes de dirigentes municipais registrados no TSE no período. Alguns desses dirigentes aparecem mais de uma vez quando são reconduzidos aos cargos, tendo, portanto, os seus nomes repetidos 4

no banco de dados. Nomes únicos são 254.937, o que representa 67% do total. Ou seja, 33% das pessoas que ocupam cargos nos diretórios municipais foram reconduções no período. O banco de dados do TSE apresenta informações sobre o nome, documentos pessoais e endereço do dirigente partidário e o tipo de organização, se diretório, comissão provisória ou interventora. Essas informações individuais foram agregadas para o nível municipal por partido e tipo de organização. Isso resultou em um total de 81.129 organizações partidárias em 5,7 mil municípios brasileiros, o que representa uma média de 14,2 partidos políticos organizados por município com mandato a partir de 2016. A primeira parte da análise exploratória utiliza essas informações para descrever a distribuição dos partidos por tamanho de município, região do país e tipo de diretório municipal. A segunda parte da análise trata das características pessoais dos dirigentes municipais partidários. As informações individuais fornecidas pelo TSE sobre os dirigentes incluem apenas a localidade, nome e documento pessoal. Com base nisso, cruzamos o banco de dados com as informações eleitorais de todos os que foram candidatos em pelo menos uma das últimas três eleições (2012, 2014 ou 2016). As informações pessoais dos candidatos são mais completas, apresentando idade, escolaridade, estado civil, religião, sexo e outras. Com o cruzamento dos dados passamos a ter informações relativas ao perfil socioeconômico de todos os dirigentes municipais que foram candidatos nas últimas eleições. Isso representa 119.655 dirigentes, de um total de 254.262. Ou seja, em média, 47% dos dirigentes registrados no TSE se candidataram a algum cargo eletivo entre 2016 e 2014. Assim, na segunda parte do trabalho estamos tratando de dados a partir de uma amostra por conveniência 1 proporcional por partido e região do país para representar as características socioeconômicas do universo de dirigentes partidários municipais. Com isso, estamos explorando neste trabalho as informações sobre as organizações partidárias por tipo, por presença nos municípios e por características dos dirigentes empossados com mandato em vigência em 2016, portanto, os mais recentes dirigentes partidários municipais. 1 É uma amostra formada a partir de dados disponíveis a partir de uma seleção anterior. Ela se justifica quando não é possível extrair uma amostra aleatória da população a ser amostrada. 5

3. Política Local e os Diretórios Municipais A legislação eleitoral brasileira determina que para se candidatar a um cargo político em nível local o indivíduo precisa, entre outras exigências, ter domicílio eleitoral na cidade onde pretende concorrer e ser filiado a um partido político. A legislação eleitoral demanda ainda que os partidos políticos estejam organizados formalmente nos municípios para poderem apresentar candidatos ou se coligar nas eleições municipais. Nas cidades onde não há diretório municipal constituído, a convenção municipal destinada a deliberar sobre as coligações e a escolha de candidatos deve ser organizada e dirigida por uma comissão municipal provisória 2. A direção nacional ou a estadual dos partidos políticos pode, se julgar necessário, intervir e dissolver o diretório municipal. Para isso, é preciso que a intervenção e a dissolução estejam previstas nos estatutos partidos. Essa exigência constitucional parece ser a chave para entendermos o elevado número de comissões provisórias existentes como podemos observar na tabela 1 abaixo. Na tabela, apresentamos a síntese da presença dos partidos nos municípios por tipo de organização, apenas para as organizações partidárias municipais que se mantiveram ativas até pelo menos 2016, segundo os registros do TSE. Dessa maneira, partidos com organizações com período de vigência até 2015 e sem renovação não foram incluídos nos dados. No total, 193 das comissões eram interventoras (0,23%), 63.118 eram provisórias (77,7%) e 17.919 eram diretórios municipais permanentes (22,1%). A tabela está dividida em duas partes a partir da mediana, que é o partido SD. Do Solidariedade para cima está a metade dos partidos com registro no TSE com mais organizações municipais. Abaixo do SD estão aqueles com menor presença formal em número de municípios. A média é a presença de partidos em 2.318 municípios, enquanto a mediana fica em 2.052 municípios, indicando que há uma presença média por partido abaixo da metade dos municípios brasileiros, o que pode ser explicado pela recente expansão no número de partidos no Brasil. Aqueles que se encontram na segunda parte da tabela 1 tendem a ser os que foram criados recentemente. 2 Ver art. 4º da Lei nº 9.504/97 e art. 10º da Lei 9.096/95. 6

Tab. 1 Organizações partidárias nos municípios brasileiros com vigência até 2016 Partid o Comissão Interventor a Comissão Provisória Diretório Total 1 0,2% 2276 40,9% 3273 58,9% 5561 2 PMD B PT 5 0,1% 1204 22,2% 4207 77,7% 5416 PP 6 1,3% 4059 78,7% 1028 19,9% 5155 8 PSB 2 0,0% 4701 91,4% 441 8,6% 5144 PSDB 1 0,3% 3344 72,0% 1283 27,6% 4643 6 PDT 7 0,2% 3287 72,5% 1238 27,3% 4532 PTB 3 0,1% 3764 98,8% 42 1,1% 3809 PV 0 0,0% 2752 77,1% 817 22,9% 3569 PPS 2 0,7% 2902 82,3% 603 17,1% 3528 3 DEM 3 0,1% 2616 75,6% 843 24,4% 3462 PSD 0 0,0% 2761 84,5% 508 15,5% 3269 PCdo 2 0,1% 1962 61,4% 1231 38,5% 3195 B PROS 3 0,1% 2871 99,4% 13 0,5% 2887 PSL 1 0,0% 2472 91,6% 226 8,4% 2699 PHS 6 0,3% 2041 85,6% 338 14,2% 2385 PRB 1 0,0% 2054 99,9% 1 0,0% 2056 SD 9 0,4% 1829 89,1% 214 10,4% 2052 PTC 4 0,2% 1789 91,1% 171 8,7% 1964 PSC 0 0,0% 1425 75,0% 474 25,0% 1899 PRTB 3 0,2% 1732 98,8% 18 1,0% 1753 PSDC 3 0,2% 1566 92,1% 132 7,8% 1701 PR 0 0,0% 1500 97,5% 38 2,5% 1538 PTdo 3 0,2% 1197 91,0% 116 8,8% 1316 B PTN 1 1,0% 1215 98,1% 11 0,9% 1239 3 PEN 3 0,2% 1204 98,6% 14 1,1% 1221 PMB 1 0,1% 957 99,8% 1 0,1% 959 PRP 0 0,0% 868 97,3% 24 2,7% 892 PMN 1 0,1% 840 94,4% 49 5,5% 890 PSOL 0 0,0% 464 58,7% 326 41,3% 790 PPL 1 0,1% 751 98,3% 12 1,6% 764 REDE 0 0,0% 661 98,8% 8 1,2% 669 PSTU 0 0,0% 9 8,0% 104 92,0% 113 PCB 0 0,0% 44 93,6% 3 6,4% 47 NOV 0 0,0% 0 0,0% 8 100,0% 8 O PCO 0 0,0% 1 50,0% 1 50,0% 2 Fonte: Elaboração dos autores com dados do TSE Em relação ao tipo de organização municipal, a comissão provisória predomina, representando em média 79% do total de organizações. Entre os partidos da primeira parte da tabela, a média é de 77%. Mas vários deles ficam acima desse percentual, como PRB (99,9%), seguido pelo PROS (99,4%), PTB (98,8%), PSB (91,4%), PHS (85,6%), 7

PPS (82,3%) e PP (78,7%). Em segundo lugar estão os diretórios municipais, com 20,8% de média geral dos partidos. Mas, se considerarmos somente os grandes partidos, a média de diretórios aumenta para 21,9%. O PT é o partido que se destaca com a maior média de diretórios municipais (77,7%), bem à frente de seus concorrentes ou aliados, como PMDB (58,9%), PCdoB (38,5%), PSDB (27,6%), PDT (27,3%) e PV (22,9%). A comissão interventora não figura como um tipo muito frequente nas organizações municipais dos partidos. No total, ela representa apenas 0,2% das organizações partidárias locais, o mesmo percentual se considerar apenas os maiores partidos. O partido com maior participação percentual de comissão interventora nos municípios é o PP, com 1,3% do total de organizações municipais da agremiação. Outra informação importante apresentada na tabela 1 é que apenas quatro partidos estão presentes em mais de cinco mil municípios brasileiros com direção da organização local vigente em 2016 que são, por ordem de grandeza PMDB, PT, PP e PSB. Como os percentuais de tipo de organização municipal não permitem comparar diretamente os partidos, a tabela 2 a seguir apresenta os resíduos padronizados por partido e tipo de organização municipal. Utilizamos o limite crítico de 2,0 para considerar o resíduo estatisticamente significativo. Assim, valores acima de +2,0 indicam presença do partido em determinado tipo de organização acima do esperado se as distribuições fossem independentes e valores negativos maiores que -2,0 como estatisticamente significativos para valores abaixo do esperado. Para facilitar a leitura, todas as tabelas de resíduos a partir daqui estão com valores significativos marcados por cores (azul para positivo e vermelho para negativo). Além disso, embora o cálculo para resíduos tenha sido feito para todos os partidos, são apresentados apenas os valores para aqueles acima da mediana de presença nos municípios. A tabela 2 está organizada em ordem decrescente de resíduos padronizados para os diretórios municipais com vigência em 2016. Ela indica que dos principais partidos, sete indicam resíduos positivos e significativos para diretório municipal: PT, PMDB, PCDOB, PSDB, PDT, DEM e PSC. Ou seja, considerando os totais de diretórios municipais e totais de municípios com presença desses partidos, eles apresentam proporcionalmente mais diretórios que os demais tipos de organização local e que os demais partidos brasileiros. Excetuando o PV, que não apresenta resíduo significativo, 8

todos os demais apresentam valores negativos, ou seja, menos diretórios que o esperado caso a distribuição fosse independente. A tabela 2 também mostra que os partidos com menos diretórios tendem a ter mais comissões provisórias (células azuis). Em relação às comissões interventoras, apenas o PP e PPS apresenta resíduo padronizado positivo e significativo. Tab. 2 Resíduos Padronizados por partidos grandes e tipo de organização municipal Partido Comissão Comissão Interventora Provisória Diretório PMDB -0,338-31,174 58,712 PT -2,197-46,365 87,499 PP 15,916 0,763-3,093 PSB -2,926 11,048-20,489 PSDB 1,491-4,464 8,248 PDT -1,152-4,024 7,695 PTB -2,014 14,706-27,470 PV -2,914-0,469 1,187 DEM -1,825-1,493 3,000 PSD -2,789 4,316-7,834 PCDOB -2,032-10,505 19,984 PR -1,913 8,771-16,310 PRB -1,759 11,361-21,202 PSC -2,125-1,365 2,790 REDE -1,262 6,159-11,461 Fonte: Elaboração dos autores com dados do TSE Feitas as descrições das presenças dos partidos nos municípios por tipo de organização partidária, a partir daqui avaliamos a presença dos partidos de acordo com as características dos municípios. Duas características são consideradas. O tamanho, em termos de número de habitantes segundo o IBGE, e a localização geográfica do município, considerada a região do País. Da mesma forma que acima, os dados são explorados em duas partes. Em termos de estatísticas gerais para todos os municípios e partidos e uma tabela de resíduos padronizados para os principais partidos. A tabela 3 a seguir mostra quatro estatísticas relativas às características das organizações partidárias municipais pelo tamanho do município. São categorizados em sete grupos, conforme número de habitantes, segundo IBGE. Os dados estão organizados dos menores municípios, aqueles com até cinco mil habitantes, até os maiores, acima de 500 mil habitantes. A tabela contém informações sobre a média de partidos com diretórios 9

vigentes, média de dirigentes registrados no TSE, média de dirigentes que se candidataram entre 2012 e 2016 e o percentual médio de dirigentes partidários que se candidataram no período. A última linha da tabela 3 mostra os resultados do teste de independência de médias chi-quadrado para cada uma das variáveis. Ele mostra se há diferenças estatisticamente significativas nas médias entre os grupos de municípios por variável analisada. Tabela 3: Distribuição das organizações partidárias por população municipal Num. Habitantes Média de Média de Média de dir. % de dir. partidos dirigentes candidatos candidatos 1. Até 5.000 7,19 30,27 13,03 43,04 2. 5.001 até 10.000 9,05 35,31 16,18 45,81 3. 10.001 até 20.000 11,57 43,86 20,52 46,78 4. 20.001 até 50.000 14,47 58,09 26,41 45,45 5. 50.001 até 100.000 17,67 75,78 33,87 44,69 6. 100.001 até 500.000 21,18 95,33 43,91 46,06 7. Maior que 500.000 23,90 113,13 54,33 48,02 Média Geral 11,54 46,69 21,24 45,50 Chi-quadrado 455,123** 131,071** 106,273** 0,324 Fonte: Elaboração dos autores com dados do TSE Os resultados da tabela 3 mostram um crescimento quase constante no número de partidos, de dirigentes e de candidatos dirigentes conforme aumenta o número de habitantes no município. A média de diretórios vigentes em municípios é de 11,54, mas varia de 7,19 em municípios com até cinco mil moradores para até 23,90 para os municípios com mais de 500 mil. A média de dirigentes municipais registrados no TSE é de 46,69 por município, variando de 30,27 a 113,13 por tamanho do município. A média de dirigentes que se candidataram é de 21,24 por município, variando de 12,03 a 54,33 por tamanho de município. Em todos esses casos o teste de chi-quadrado indicou altos coeficientes e todos com significância estatística. Apenas para a variável percentual de dirigentes candidatos é que não houve variação significativa pelo porte do município. A média de 45,50% varia de 43,04% a 48,02% de dirigentes candidatos. Ou seja, as estruturas municipais dos partidos crescem junto com a população dos municípios. Quanto maior, mais partidos, mais dirigentes e mais candidatos dirigentes. Porém, o percentual de dirigentes candidatos não muda, ficando próximo de 45% em todos os tamanhos de municípios. 10

A tabela de resíduos padronizados a seguir (tab.4) mostra a presença relativa dos principais partidos pela estatura do município. Uma informação importante para analisar os resultados é a alta concentração de pequenos municípios no País. Municípios com até 20 mil habitantes representam mais de 50% dos municípios brasileiros. Com isso, partidos que tendem a estar organizados em pequenos municípios apresentarão resíduos positivos para as primeiras categorias e negativos para aqueles com mais população. É o caso dos maiores partidos em termos de presença nos municípios (PMDB, PT e PSDB) que possuem resíduos positivos para municípios com até 10 mil habitantes e PP e PSD para até 5 mil habitantes. No outro extremo, apenas dois partidos apresentam resíduos positivos para municípios com mais de 500 mil habitantes (PSC e REDE). O que indica que esses partidos são os que tendem a estar menos presentes em municípios menores, concentrando suas organizações em municípios com maiores populações. PCdoB e PV tendem a concentrar suas estruturas municipais em cidades intermediárias, entre 20 e 500 mil habitantes. Tab. 4 Resíduos Padronizados por partidos grandes e população do município Partido Até 5.000 5.001 até 10.000 10.001 até 20.000 20.001 até 50.000 50.001 até 100.000 100.001 até 500.000 Maior que 500.000 PMDB 7,739 2,242-0,152-4,416-3,250-3,285-1,566 PT 3,874 2,540-0,561-1,827-2,337-2,941-0,973 PP 5,114 1,549-0,540-2,302-1,750-3,174-0,641 PSB 1,007 0,633-0,168-0,280-0,381-1,171-0,551 PSDB 5,340 2,322-0,871-3,063-2,474-2,061-0,424 PDT -0,105 0,233 1,091-0,218-1,072-0,576-0,440 PTB 1,639 1,604-0,867-0,886-1,708-0,259 0,480 PV -5,955-2,053 0,821 2,466 1,699 4,255 1,404 DEM 0,625 1,224-0,691-0,836 0,209-0,261-0,349 PSD 2,346 0,536 0,171-0,890-1,167-1,900-0,233 PCDOB -9,363-5,246 1,288 5,869 5,452 4,147 0,135 prb -1,346-0,617 0,842 0,005 0,217 1,235 0,106 PRB -8,814-4,175 0,408 6,252 4,752 3,053 0,632 PSC -7,337-1,965 0,634 3,016 3,744 3,006 2,245 REDE -5,484-5,288-2,303 2,856 4,492 10,236 3,863 Fonte: Elaboração dos autores com dados do TSE 11

Outra variável utilizada para explorar a presença dos partidos nos municípios é geográfica, ou seja, para indicar a distribuição das organizações locais nas regiões do País. Na tabela 5, são apresentadas as estatísticas descritivas para média de diretórios partidários, de dirigentes, de dirigentes candidatos e percentual médio de dirigentes candidatos de cada uma das regiões do país (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro- Oeste). Com isso pretende-se identificar o grau de nacionalização dos partidos. A replicação das estatísticas para o tamanho do município permitirá comparar as diferenças entre tamanho e localização geográfica. Percebe-se que não há variações significativas entre as regiões do país. Em relação ao número de partidos por município, a média de todas as regiões foi 11,55, indo de 8,66 no Sul a 12,69 no nordeste, a maior média. Em número de dirigentes por município, a média geral ficou em 48,11, variando de 44,19 no sudeste até 53,06 no centro-oeste. Em relação à média de dirigentes candidatos por região, a média geral foi de 26,5, com variação de 16,35 no sul e 23,9 no norte. Porém, a maior variação aparece no percentual médio de dirigentes candidatos por região. A média geral fica em 45,06%, variando de 34,78% no Sul e 49,42% no Sudeste. Os coeficientes chi-quadrado ao final da tabela mostram que não há variações estatisticamente significativas em nenhuma das variáveis. O maior coeficiente é do percentual de candidatos dirigentes, que se deve, principalmente, ao fato de a região Sul apresentar um percentual abaixo das médias das demais regiões. Tabela 5: Distribuição das organizações partidárias por região do País Região Média de Média de Média de dir. % de dirig. partidos dirigentes candidatos Candidatos Norte 11,98 49,94 23,90 47,85 Nordeste 12,69 46,33 22,68 48,96 Sudeste 11,98 44,19 21,84 49,42 Sul 8,66 47,00 16,35 34,78 Centro-Oeste 12,46 53,06 23,50 44,28 Média Geral 11,55 48,11 21,65 45,06 chi-quadrado 0,939 0,993 1,740 3,289 Fonte: Elaboração dos autores com dados do TSE Em geral, os resultados da tabela 5 mostram que, ao contrário do tamanho, onde municípios com menos população têm menor presença de organizações partidárias, em termos de regiões é possível dizer que há uma nacionalização da presença dos partidos 12

nos municípios. Nenhuma região apresenta médias estatisticamente distintas das demais. Apesar disso é preciso destacar que a região Sul é a que apresenta a menor média de partidos por município e menor percentual de dirigentes candidatos. Já em relação à presença das organizações municipais por partido nas regiões, são notadas diferenças estatisticamente significativas para quase todos os grandes partidos. A tabela 6 a seguir mostra os resíduos padronizados para os grandes partidos e apenas a REDE não apresenta coeficiente estatisticamente significativo em nenhuma das regiões. Os resultados podem ser sintetizados da seguinte maneira: - Região Norte: partidos com mais presença relativa (resíduos padronizados positivos) são PSB, PCdoB, PRB e PSC. Partidos com menos presença relativa (resíduos padronizados negativos) são PMDB, PT, PDT e PSDB. - Região Nordeste: partidos com mais presença relativa são PCdoB, PRB e PSB. Com menos presença relativa: PSDB, PMDB, PT, PTB e DEM. - Região Sudeste: partidos com mais presença relativa são PV, PTB, PSDB e DEM. Com menos presença relativa: PP, PCdoB, PSB e PSD. - Região Sul: partidos com mais presença relativa são: PP, PMDB, PT, PSDB e PDT. Com menos presença relativa: PCdoB, PV, PRB, PR, PSB, DEM e PSC. - Região Centro-oeste: partidos com mais presença relativa são: DEM e PR. Com menos presença relativa são: PT e PCDOB. Tab. 6 Resíduos Padronizados por partidos grandes e região do país Partido Norte Nordeste Sudeste Sul C. Oeste PMDB -3,041-2,921-1,222 7,845-0,721 PT -2,770-2,397 0,940 5,798-3,023 PP -1,579-1,125-4,350 8,210-0,271 PSB 6,162 3,006-3,092-3,780-0,412 PSDB -2,220-5,590 2,732 4,263 1,520 PDT -2,331 0,303-2,180 3,903-0,119 PTB -1,289-2,584 3,127 0,179 0,045 PV 0,493 0,519 6,435-8,236-1,543 DEM 0,192-2,540 2,868-3,652 4,597 PSD -1,420 0,944-2,674 1,830 1,716 PCdoB 3,396 11,516-4,258-8,779-4,843 PR 1,425 0,755 1,061-4,910 2,270 13

PRB 2,818 4,167 0,917-7,981-0,885 PSC 2,532-0,492 0,123-2,252 1,551 REDE -0,618-0,556 0,669 1,195-1,349 Fonte: Elaboração dos autores com dados do TSE Se considerarmos as distribuições por partidos, percebemos que a maior parte deles concentra participação positiva em uma única região do país. São os casos de PMDB, PT, PP e PDT na região Sul; PR no Centro-Oeste; e PSC no Norte. Os demais distribuem suas melhores posições em até duas regiões. PSB, PCdoB e PRB localizam-se principalmente no Norte e Nordeste. DEM no Sudeste e na Centro-Oeste. PSDB nas regiões Sudeste e Sul. Já o PSD não apresenta resíduo positivo e significativo para nenhuma região, porém, para a região Sudeste ele é negativo. E a REDE é o único partido que se distribui igualmente em todas as regiões do País. 4. Perfil Sócio Demográfico dos Dirigentes Municipais Feita a exploração das distribuições de organizações partidárias municipais por região do país e tamanho do município, esta seção analisa algumas características socioeconômicas dos dirigentes municipais. Aqui são apresentados os dados dos presidentes de órgãos municipais em exercício em 2016 e que se candidataram a pelo menos uma das eleições entre 2002 e 2016. Isso representa 119. 655 dirigentes partidários. Serão exploradas as variações por partido de três variáveis individuais: sexo do dirigente, escolaridade e se o dirigente municipal é detentor de algum cargo político eletivo. Do total de dirigentes municipais candidatos, apenas 13,3% (15.958) são do sexo feminino, menos da metade da proporção de participação das mulheres nas listas partidárias, por exemplo. Isso indica que além de serem em minorias entre os candidatos, menos da metade da proporção de melhores candidatas está ocupando a presidência do diretório municipal e se candidatou nas últimas eleições. Por outro lado, 86,7% (103.697) dos presidentes são homens. Tais números confirmam análises anteriores de que a política brasileira é uma atividade controlada majoritariamente por homens. 14

Tab. 7 Resíduos Padronizados por partidos grandes e sexo do presidente municipal Partido Homem Mulher PMDB 1,107-2,823 PT -2,319 5,912 PP 0,999-2,547 PSB -0,362 0,922 PSDB 0,531-1,353 PDT 2,054-5,235 PTB 0,009-0,024 PV 0,555-1,416 DEM 0,419-1,067 PSD 0,600-1,530 PCDOB -0,907 2,312 PR 0,497-1,267 PRB -0,212 0,540 PSC 1,737-4,427 REDE -2,580 6,577 Chi-quadrado: 1.363,271** Fonte: Elaboração dos autores com dados do TSE Em relação aos resíduos padronizados para sexo do presidente do órgão municipal, a tabela 8 a seguir mostra que a maior parte dos partidos grandes não apresenta diferenças significativas de seus dirigentes em relação aos percentuais gerais. Exceção feita para o PT, REDE e PCdoB, que apresentam resíduos padronizados positivos e significativos para a presença de mulheres nas presidências. E o PDT é o único que apresenta proporção de homens acima do valor esperado nas presidências dos órgãos municipais. Têm menos mulheres que o esperado nas presidências o PDT, PSC, PMDB e PP. E têm menos homens apenas o PT e a REDE. O coeficiente chi-quadrado, ao final da tabela 8, mostra que as diferenças são estatisticamente significativas, podendo ser extrapoladas para a população, mesmo para os partidos individuais. Em relação à escolaridade dos dirigentes municipais, a média fica acima da distribuição nacional. A tabela 8 a seguir mostra os percentuais por categoria de escolaridade registrada pelo TSE. Apenas 1,6% é analfabeta ou lê e escreve. Até 21,1% tem o ensino fundamental completo e até 59,6% tem o ensino médio completo. Isso significa que 40,3% dos presidentes de órgãos municipais partidários têm escolaridade superior incompleta (6,1%) ou completa (34,2%). Os dois maiores percentuais individuais estão em níveis de escolaridade relativamente altos, com ensino médio completo representando 15

34,7% do total e escolaridade superior completa com 34,2%. Entre escolaridade média e superior completa temos 75% dos presidentes de órgãos partidários municipais. Esses números sobre o nível de escolaridade de líderes partidários locais que se lançaram candidatos nas últimas três eleições diferem consideravelmente dos obtidos por Kerbauy (2005) em sua análise sobre o perfil dos vereadores eleitos em 1996, 2000 e 2004 e das estatísticas eleitorais recentes. Em 2016, por exemplo, 25,66% dos candidatos a prefeito e vereador possuíam o ensino superior completo ou incompleto, percentual que subiu para 33,59 entre eleitos contra 40,3% entre os líderes 3. O crescimento no número de líderes-candidatos com ensino superior completo ou incompleto se deu, basicamente, em prejuízo daqueles com ensino fundamental completo ou incompleto. Entre os líderes-candidatos, apenas 19,5% tinha5m esses níveis de escolaridade, número bem abaixo se comparado ao total de candidatos (28,98%) e eleitos (25,43%) em 2016. Tab. 8 Distribuição de escolaridades dos presidentes de órgãos municipais partidários Escolaridade N Percentual Perc. acumulado Analfabeto 3 0,0 0,0 Lê e escreve 1.905 1,6 1,6 Ens. fundamental incompleto 11.477 9,6 11,2 Ens. fundamental completo 11.887 9,9 21,1 Ens. médio incompleto 4.559 3,8 24,9 Ens. médio completo 41.504 34,7 59,6 Ens. superior incompleto 7.354 6,1 65,8 Ens. superior completo 40.966 34,2 100,0 Total 119.655 100,0 Fonte: Elaboração dos autores com dados do TSE Para descrever as distribuições de escolaridade para os principais partidos brasileiros, as categorias foram agregadas. Analfabetos, lê e escreve e pessoas com ensino fundamental incompleto ou completo foram agrupadas na categoria baixa escolaridade, o ensino médio incompleto e completo foram agrupados como média escolaridade e ensino superior incompleto e o completo como alta escolaridade. A tabela 9 a seguir mostra que a maior parte dos partidos apresenta coeficiente estatisticamente significativo para pelo menos uma das três categorias. Há mais presidentes municipais com escolaridade 3 TSE: http://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/estatisticas-eleitorais-2016/candidaturas. Acessado em 15/09/2017. 16

alta do que o esperado para o PSDB, PV, REDE, PT, PSB, PMDB e PCdoB. Há mais presidentes municipais com escolaridade média no PSC e PRB e o predomínio de escolaridade baixa entre dirigentes municipais estão em PP, PTB e PRB. Apenas o DEM e PSD não apresentaram nenhum resíduo estatisticamente significativo para as categorias de escolaridade. O coeficiente chi-quadrado ao final da tabela 9 indica significância estatística para as variações dos casos, mostrando que os resultados podem ser extrapolados para a população. Tab. 9 Resíduos Padronizados por partidos grandes e escolaridade do presidente municipal Partido Baixa Média Alta PMDB 1,323-4,714 3,646 PT -3,266-3,529 5,807 PP 5,100 0,163-3,848 PSB -1,927-3,203 4,521 PSDB -3,196-4,572 6,775 PDT 1,202-1,905 0,991 PTB 4,571-0,160-3,150 PV -5,346-2,187 6,001 DEM 1,943-0,082-1,325 PSD -0,497-1,330 1,658 PCDOB -3,209-0,954 3,252 PR 1,024-0,323-0,426 PRB 3,600 6,300-8,700 PSC 1,056 4,085-4,753 REDE -4,579-2,717 5,964 Chi-quadrado: 1.330,853 ** Fonte: Elaboração dos autores com dados do TSE A terceira variável que trata das características dos presidentes de órgãos municipais partidários identifica a atividade profissional dos dirigentes. Do total de presidentes que se candidataram nas últimas eleições, 15,1% diziam ocupar algum cargo eletivo, contra 84,9% que declararam ter outras profissões. Nesse artigo, trataremos apenas do total de presidentes de órgãos municipais que disseram ocupar cargos eletivos. A tabela 10 a seguir sumariza os percentuais de ocupações eletivas. Tab. 10 Distribuição de cargos eletivos dos presidentes de órgãos municipais partidários Cargo N % % valid. Vereador 15.416 12,9 85,2 17

Prefeito 2.031 1,7 11,2 Deputado 636 0,5 3,5 Senador 14 0,0 0,1 Governador 5 0,0 0,0 Total 18.102 15,1 100,0 Outras ocupações 101.553 84,9 Total 119.655 100,0 Fonte: Elaboração dos autores com dados do TSE Do total de dirigentes municipais que diz ocupar cargos eletivos, 85,2% são vereadores, seguido de 11,2% de prefeitos. As categorias deputado, senador e governador mostraramse residuais. Isso indica que os cargos municipais dos partidos são ocupados principalmente por político eleitos para funções locais, embora apenas um em cada seis presidentes municipais ocupe cargo eletivo. A maior parte dos presidentes de órgãos municipais não é de políticos com mandato. Tab. 11 Resíduos Padronizados por partidos grandes e ocupação política Partido Vereador Prefeito Deputado PMDB -2,935 5,112 5,000 PT 0,588-1,320-0,555 PP -0,405 1,356-0,535 PSB -1,471 3,848 0,240 PSDB -3,878 10,285 0,631 PDT -0,831 2,758-0,958 PTB -0,529 1,281 0,131 PV 1,016-2,549-0,328 DEM -1,066 3,423-0,684 PSD -1,974 5,895-0,613 PCDOB 0,326-1,047 0,137 PR -0,647 0,654 2,021 PRB 0,970-2,672 0,129 PSC 1,326-3,839 0,466 REDE 0,244-0,299-0,649 Chi-quadrado: 631,000 ** Fonte: Elaboração dos autores com dados do TSE Finalmente, a tabela 11 mostra os resíduos padronizados para os três cargos eletivos com número de casos representativos. Nela aparece como resíduo padronizado positivo para deputado presidente de órgão municipal o PMDB e o PR. No caso do cargo de prefeito, aparece com resíduos positivos o PSDB, PSD, PMDB, PSB, DEM e PDT. Nenhum 18

partido apresenta resíduo significativo positivo para vereadores presidentes de órgãos municipais, porém, no caso do PSDB, PMDB e PSD os coeficientes são negativos, ou seja, há menos vereadores presidentes de órgãos municipais nesses partidos do que o esperado. O coeficiente chi-quadrado também indica diferenças estatisticamente significativas que permite a extrapolação dos valores para a população. 5. Conclusões O artigo apresenta alguns resultados interessantes. Um dos principais, sem dúvida, é a constatação de que a maioria dos partidos não possui organização formal na maior parte dos municípios brasileiros. A ampla maioria (77,7%) é composta por comissões provisórias. Isso vale em geral para todos os partidos, embora os grandes e tradicionais, como PT, PMDB e PSDB, tendem a ter mais diretórios. Como argumentamos em passagem acima, a chave para entender esse elevado percentual é a legislação eleitoral brasileira que permite que os partidos estejam formalmente organizados de maneira provisória nos municípios caso queiram disputar as eleições com candidatos próprios ou coligados. A análise dos diretórios revelou evidências de uma frágil nacionalização das estruturas partidárias municipais. Embora os diretórios municipais estão relativamente bem distribuídos pelas diferentes regiões do país, com aproximadamente as mesmas médias de órgãos e dirigentes, os dados mostram que os partidos tendem a criar diretórios nos maiores municípios (acima de 500 mil habitantes) em detrimento dos menores. Nesse sentido, se por um lado há elementos que justificam falarmos da nacionalização dos partidos brasileiros dada a sua dispersão pelas diferentes regiões do país, por outro também é possível contra argumentar que falta interiorização. De modo parecido, também é difícil afirmar que há a nacionalização dos partidos quando observamos a distribuição dos diretórios de cada partido individualmente. De acordo com os dados analisados, a maior parte dos partidos concentra seus organismos municipais em uma ou duas regiões do país. Sobre o perfil dos dirigentes, vale relembrar que tratamos apenas dos que foram candidatos a algum cargo eletivo nas eleições de 2012, 2014 e 2016. Dentro desse universo, foi possível observar que o percentual de dirigentes que se candidata não varia 19

em relação ao tamanho do município, girando em torno de 45% do total de dirigentes. Outra característica marcante, que reproduz o padrão político brasileiro nos demais níveis de disputa, é a maciça presença de dirigentes partidários do sexo masculino (praticamente nove em cada dez dirigentes são homens). Esse número é bem próximo do observado para o caso dos candidatos e eleitos para a Câmara dos Deputados (Perissinotto e Bolognesi, 2010) e também do número de prefeitos e vereadores em 2016. Os dirigentes partidários distinguem-se pela elevada escolaridade - 40,3% desses dirigentes possuíam ensino superior completo ou incompleto. Esse percentual afasta os líderes partidários locais do conjunto de candidatos e eleitos nas eleições municipais de 2016, porém ainda os mantém abaixo do nível de escolaridade de candidatos e eleitos para a Câmara Federal nas eleições de 1998, 2002 e 2006 em 2006, por exemplo, 87,9% dos eleitos e 61,3% dos não eleitos tinham ensino superior completo ou incompleto (Perissinotto e Bolognesi, 2010). Tais números colocam os dirigentes municipais partidários como uma categoria intermediária entre o corpo político municipal e federal. Os dados revelam ainda que a profissionalização política, medida pelo número de presidentes de diretórios municipais que se identificam como políticos profissionais, é relativamente baixa. A soma daqueles líderes que declararam ocupar algum cargo eletivo como vereador ou prefeito (os demais cargos somam perto de 0,0%) alcança 15,1%, superior aos 2,99% do total de não eleitos em 2016, porém abaixo do total de eleitos (20,28%) nessa mesma eleição. Finalmente, os dados revelam que há, sim, diferenças entre os principais partidos em relação às características sociais dos líderes partidários. Assim, por exemplo, PT, Rede e PC do B reúnem entre os seus quadros número maior de mulheres do que seus concorrentes, do mesmo modo que PT, PSDB e PMDB aparentam ter presidentes municipais com elevada escolaridade acima da média se comparados aos demais. O elevado percentual de comissões provisórias, a baixa interiorização dos diretórios partidários municipais, a relativa concentração desses diretórios em uma ou duas regiões do país e baixa profissionalização dos líderes incorporam, portanto, novas variáveis à conhecida controvérsia sobre o grau de institucionalização dos partidos e do sistema partidário brasileiro. Esse debate é extenso e envolve diferentes abordagens como a 20

evolução do sistema partidário (Ferreira, Batista e Stabile, 2008; Bohn e Paiva, 2009; Limongi e Cortez, 2010; Tarouco, 2010; Melo e Câmara, 2012), a disciplina e a migração partidária na arena legislativa (Amorim Neto, 2000; Amorim Neto e Santos, 2001; Melo, 2004), a lógica das coligações e seus efeitos sobre o número de partidos (Carreirão e Nascimento, 2010; Krause, Dantas e Miguel, 2010; Miguel e Assis, 2016), os laços partidários dos eleitores brasileiros (Carreirão e Kinzo, 2004; Braga e Pimentel, 2011; Veiga, 2011; Paiva e Tarouco, 2011) e a organização interna e os padrões de recrutamento eleitoral (Braga, 2008; Braga e Amaral, 2013; Bolognesi, 2013; Ribeiro, 2013; Santos, 2016) 4. A nossa sugestão é que outra possível medida de saúde institucional do sistema partidário brasileiro é o grau de enraizamento dos seus diretórios partidários municipais e a análise do perfil dessas lideranças que, de uma maneira ou de outra, organizam e dão vida à política nos pequenos e nos médios municípios. Pelo o que os dados sobre os diretórios municipais e o perfil político de seus líderes sugerem, a institucionalização do sistema partidário ainda não foi plenamente alcançada. 6. Bibliografia Amorim Neto, O. Gabinetes presidenciais, ciclos eleitorais e disciplina legislativa no Brasil. Dados, v. 43, n. 3, p. 479-520, 2000. Amorim Neto, O. e Santos, F. A conexão presidencial: facções pró e antigoverno e disciplina partidária no Brasil. Dados, v. 44, n. 2, p. 291-321, 2001. Bohn, S. e Paiva, D. A volatilidade eleitoral nos estados: sistema partidário e democracia no Brasil. Revista de Sociologia e Política, v. 17, n. 33, p. 187-208, 2009. Bolognesi, B. A seleção de candidaturas no DEM, PMDB, PSDB e PT nas eleições legislativas federais brasileiras de 2010: percepções dos candidatos sobre a formação das listas. Revista de Sociologia e Política. vol.21, n. 46, p.45-68, 2013. Braga, M. S. S. e Amaral, O.E. Implicações do processo de seleção de candidatos na competição partidária: o caso brasileiro, vol. 21, n. 46, p.33-43, 2013. 4 Para uma revisão desse debate, consultar Carreirão (2014). 21

Braga, M. S. S. e Pimentel, J. Os partidos políticos brasileiros realmente não importam?. Opinião Pública, vol.17, n.2, p. 271-303, 2011 Braga, M. S. S., Veiga, L. F. e Miríade, A. Recrutamento e perfil dos candidatos e dos eleitos à Câmara dos Deputados nas eleições de 2006. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol.24, no.70, p.123-142, 2009. Campos, L. A. Socialismo Moreno, Conservadorismo Pálido? Cor e Recrutamento Partidário em São Paulo e Rio de Janeiro nas Eleições de 2012. Dados, vol.58, n.3, p.689-719, 2015. Carreirão, Y. O sistema partidário brasileiro: um debate com a literatura recente. Revista Brasileira de Ciência Política, n.14, p.255-295, 2014. Carreirão, Y. e Kinzo, M. D. "Partidos políticos, preferência partidária e decisão eleitoral no Brasil (1989-2002)". Dados, vol.47, nº 1, 2004. Carreirão, Y. e Nascimento, F. P. (2010). As coligações nas eleições para os cargos de governador, senador, deputado federal e deputado estadual no Brasil (1986/2006). Revista Brasileira de Ciência Política, n. 4, p. 75-104. Ferreira, D. P., Batista, C. M. e Stabile, M. A evolução do sistema partidário brasileiro: número de partidos e votação no plano subnacional (1982-2006). Opinião Pública, v. 14, n. 2, p. 432-453, 2008. Kerbauy, M. T. As câmaras municipais brasileiras: perfil de carreira e percepção sobre o processo decisório local. Opinião Publica, vol.11, no.2, p.337-365, 2005. Krause, S., Dantas, H. e Miguel, L. F. (orgs). Coligações eleitorais na nova democracia brasileira: perfis e tendências. Rio de Janeiro: Konrad-Adenauer Stiftung; São Paulo: Editora Unesp, 2010. Limongi, F. e Cortez, R. As eleições de 2010 e o quadro partidário. Novos Estudos Cebrap, n. 88, p. 21-37, 2010. Melo, C. R. e Câmara, R. Estrutura da competição pela presidência e consolidação do sistema partidário no Brasil. Dados, v. 55, n. 1, p. 71-117, 2012. Melo, C. R. Retirando as cadeiras do lugar: migração partidária na Câmara dos Deputados (1985-2002). Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004. 22

Miguel, L. F. e Assis, P. P. F. B. Coligações eleitorais e fragmentação das bancadas parlamentares no Brasil: simulações a partir das eleições de 2014. Revista de Sociologia e Política, vol.24, n.60, p. 29-46, 2016. Paiva, D. e Tarouco, G. Voto e identificação partidária: os partidos brasileiros e a preferência dos eleitores. Opinião Pública, vol.17, n. 2, p. 426-451, 2011. Perissinotto, R. M. e Bolognesi, B. Electoral Success and Political Institutionalization in the Federal Deputy Elections in Brazil (1998, 2002 and 2006). Brazilian Political Science Review, vol. 4, n. 1, p. 10-32, 2010. Perissinotto, R. M. e Miríade, A. Caminhos para o parlamento: candidatos e eleitos nas eleições para deputado federal em 2006. Dados, vol.52, no.2, p. 301-333, 2009. Perissinotto, R. M. e Veiga, L. F. Profissionalização política, processo seletivo e recursos partidários: uma análise da percepção dos candidatos do PT, PMDB, PSDB e DEM nas eleições para Deputado Federal de 2010. Opinião Pública, vol.20, no.1, p.49-66, 2014. Ribeiro, P. F. Organização e poder nos partidos brasileiros: uma análise dos estatutos. Revista Brasileira de Ciência Política, n.10, p. 225-265, 2013. Tarouco, G. Institucionalização partidária no Brasil (1982-2006). Revista Brasileira de Ciência Política, n. 4, p. 169-186, 2010. Veiga, L. F. O partidarismo no Brasil (2002/2010). Opinião Pública, vol.17, n. 2, p. 400-425, 2011. 23