Antologia. Diário do Escritor Iniciante



Documentos relacionados
Acasos da Vida. Nossas Dolorosas Tragédias

ESCOLA BÍBLICA I. E. S.O.S JESUS

Homens. Inteligentes. Manifesto

Em algum lugar de mim

Os encontros de Jesus. sede de Deus

Para onde vou Senhor?

ANTES DE OUVIR A VERDADE. Plano fechado em uma mão masculina segurando um revólver.

O céu. Aquela semana tinha sido uma trabalheira!

Era uma vez, numa cidade muito distante, um plantador chamado Pedro. Ele

Sei... Entra, Fredo, vem tomar um copo de suco, comer um biscoito. E você também, Dinho, que está parado aí atrás do muro!


O passageiro. 1.Edição. Edição do Autor

Palavras do autor. Escrever para jovens é uma grande alegria e, por que não dizer, uma gostosa aventura.

Roteiro para curta-metragem. Aparecida dos Santos Gomes 6º ano Escola Municipalizada Paineira NÃO ERA ASSIM

KLEIDYR BARBOSA: JUAZEIRENSE É O REI DO PLATINADO EM SÃO PAULO.

KIT CÉLULA PARA CRIANÇAS: 28/10/15

2015 O ANO DE COLHER JANEIRO - 1 COLHER ONDE PLANTEI

DESENGANO CENA 01 - CASA DA GAROTA - INT. QUARTO DIA

Três Marias Teatro. Noite (Peça Curta) Autor: Harold Pinter

SAMUEL, O PROFETA Lição Objetivos: Ensinar que Deus quer que nós falemos a verdade, mesmo quando não é fácil.

O que procuramos está sempre à nossa espera, à porta do acreditar. Não compreendemos muitos aspectos fundamentais do amor.

UMA ESPOSA PARA ISAQUE Lição 12

BOLA NA CESTA. Roteiro para curta-metragem de Marcele Linhares

7 E o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade. 8 Porque três são os que dão testemunho: o Espírito, e a água, e o sangue; e

Tudo tem um tempo. Uma hora para nascer e uma hora para morrer.

existe um tsunami avançando sobre as nossas famílias

Harmonizando a família

trou - de deitar. A escrita sempre foi uma descarga de qual vou naquela tarde. Curava feridas velhas como... Suspirou.

A Cura de Naamã - O Comandante do Exército da Síria

POR QUE O MEU É DIFERENTE DO DELE?

DANIEL EM BABILÔNIA Lição Objetivos: Ensinar que devemos cuidar de nossos corpos e recusar coisas que podem prejudicar nossos corpos

O Boneco de Neve Bonifácio e o Presente de Natal Perfeito

O que é um bom instrutor? Que percurso deve ter? Sobretudo como se reconhece um bom instrutor? etc...

Quem tem medo da Fada Azul?

Delicadesa. Deves tratar as pessoas com delicadeza, de contrário elas afastar-se-ão de ti. Um pequeno gesto afectuoso pode ter um grande significado.

MOVIMENTO FAMILIAR CRISTÃO Equipe Dia/mês/ano Reunião nº Ano: Tema: QUEM MEXEU NO MEU QUEIJO Acolhida Oração Inicial

Bíblia para crianças. apresenta O ENGANADOR

Rio de Janeiro, 5 de junho de 2008

Roteiro para curta-metragem. Nathália da Silva Santos 6º ano Escola Municipalizada Paineira TEMPESTADE NO COPO

SAMUEL, O MENINO SERVO DE DEUS

Dia 4. Criado para ser eterno

mundo. A gente não é contra branco. Somos aliados, queremos um mundo melhor para todo mundo. A gente está sentindo muito aqui.

Os encontros de Jesus O cego de nascença AS TRÊS DIMENSÕES DA CEGUEIRA ESPIRITUAL

AUTORES E ILUSTRADORES: FELIPE DE ROSSI GUERRA JULIA DE ANGELIS NOGUEIRA VOGES

Relaxamento: Valor: Técnica: Fundo:

Anna Júlia Pessoni Gouvêa, aluna do 9º ano B

Glücks- Akademie mit JyotiMa Flak Academia da felizidade com JyotiMa Flak

A Sociedade dos Espiões Invisíveis

Ernest Hemingway Colinas como elefantes brancos

Fantasmas da noite. Uma peça de Hayaldo Copque

Como conseguir um Marido Cristão Em doze lições

22/05/2006. Discurso do Presidente da República

4 o ano Ensino Fundamental Data: / / Atividades de Língua Portuguesa Nome:

Sou Helena Maria Ferreira de Morais Gusmão, Cliente NOS C , Contribuinte Nr e venho reclamar o seguinte:

Meu nome é Rosângela Gera. Sou médica e mãe de uma garotinha de sete anos que é cega.

AS VIAGENS ESPETACULARES DE PAULO

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no encontro com a delegação de atletas das Paraolimpíadas de Atenas-2004

Educação Ambiental: uma modesta opinião Luiz Eduardo Corrêa Lima

2015 O ANO DE COLHER ABRIL - 1 A RUA E O CAMINHO

O relacionamento está incrível e vocês decidem morar juntos. Com certeza a mudança é bem

Autor (a): Januária Alves

tradução de edmundo barreiros

Entrevista exclusiva concedida pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao SBT

Jesus contou aos seus discípulos esta parábola, para mostrar-lhes que eles deviam orar sempre e nunca desanimar.

Assunto: Entrevista com a primeira dama de Porto Alegre Isabela Fogaça

Bíblia para crianças. apresenta O SÁBIO REI

Porque evitar o "NÃO" e a linguagem negativa. M. H. Lorentz

AS MULHERES DE JACÓ Lição 16

Capítulo 1. Festas da Cidade

Insígnia Mundial do Meio Ambiente IMMA


Áustria Viena. Foi uma grande surpresa o facto de todos os alunos andarem descalços ou de pantufas.

UM FORTE HOMEM DE DEUS

Dicas para investir em Imóveis

MISSÕES - A ESTRATÉGIA DE CRISTO PARA A SUA IGREJA

este ano está igualzinho ao ano passado! viu? eu não falei pra você? o quê? foi você que jogou esta bola de neve em mim?

UM FILHO FAVORITO QUE SE TORNA UM ESCRAVO

1 O número concreto. Como surgiu o número? Contando objetos com outros objetos Construindo o conceito de número

Aprenda a Tirar Vantagem da 2º Maior Ferramenta de Buscas do Mundo!

As 10 Melhores Dicas de Como Fazer um Planejamento Financeiro Pessoal Poderoso

O menino e o pássaro. Rosângela Trajano. Era uma vez um menino que criava um pássaro. Todos os dias ele colocava

BRASIL. Edição especial para distribuição gratuita pela Internet, através da Virtualbooks, com autorização do Autor.

Façamos o bem, sempre!

João e o pé de feijão ESCOLOVAR

TIPOS DE RELACIONAMENTOS

ESTUDO 1 - ESTE É JESUS

"A felicidade consiste em preparar o futuro, pensando no presente e esquecendo o passado se foi triste"

O mar de Copacabana estava estranhamente calmo, ao contrário

Pastora Gabriela Pache de Fiúza

Desvios de redações efetuadas por alunos do Ensino Médio

Afonso levantou-se de um salto, correu para a casa de banho, abriu a tampa da sanita e vomitou mais uma vez. Posso ajudar? perguntou a Maria,

Mensagem Pr. Mário. Culto da Família Domingo 06 de abril de 2014

Começou a se preocupar com a própria morte quando passou dos sessenta anos. Como não fumava nem bebia, não imaginou que pudesse ter algum problema de

coleção Conversas #20 - MARÇO t t o y ç r n s s Respostas perguntas para algumas que podem estar passando pela sua cabeça.

A TORRE DE BABEL Lição 06

PREGAÇÃO DO DIA 08 DE MARÇO DE 2014 TEMA: JESUS LANÇA SEU OLHAR SOBRE NÓS PASSAGEM BASE: LUCAS 22:61-62

MALDITO. de Kelly Furlanetto Soares. Peça escritadurante a Oficina Regular do Núcleo de Dramaturgia SESI PR.Teatro Guaíra, no ano de 2012.

Transcrição:

Antologia Diário do Escritor Iniciante

No fundo, todos temos necessidade de dizer quem somos e o que é que estamos a fazer e a necessidade de deixar algo feito, porque esta vida não é eterna e deixar coisas feitas pode ser uma forma de eternidade. - Saramago

Um lugar legal. Onde ideias se encontram, se unem e se desenvolvem, muitas vezes transformando sonhos aparentemente perdidos em fatos absolutos. Todos temos o objetivo de dividir nosso mundo com os demais. Transmitir um pouco da nossa fé em dias melhores. Acho que aqui é um lugar de encontro até mesmo de si próprio, onde por alguns instantes deixamos o tédio mundano de fora e nos transformamos em personagens das histórias de cada um. Aqui, nós estamos em casa. Quem chegar fica à vontade! A casa é nossa. Iran Cunha Em um grupo de leitura geralmente compartilhamos nossas ideias sobre mundos já construídos nos livros. O que torna esse grupo mágico é porque aqui nós conhecemos o mundo que existe na cabeça de cada um. Karoline Queiroz Nenhuma aventura é uma aventura de verdade sem amigos. Da mesma forma que aventura alguma começa sem um primeiro passo. Essa é a nossa aventura. Aqui, agora, e até o fim do nosso sonho. Ou até onde quer que ele nos leve... Bentancourt Valdez

Antologia Diário do Escritor Iniciante

INDICE Amor em Vermelho... Bentancourt Valdez Assassinato à Sangue Frio... Luke Campos Pesadelo... Juliana W. Viegas Viva Lá Revolución... Pedro Paulo Patricia de Stripper... Antonio Neto Caminho Para a Esperança... J.M Oliveira Prisioneiros do Desejo... Isabelle Neves A Ira dos Anjos... Paula Gonçalo

Amor em Vermelho

A noite de um domingo qualquer num bairro qualquer do subúrbio, mais quente que o normal, enquanto um casal discutia em um andar qualquer de um prédio qualquer. Mais perto, berros, sons de luta, cerâmica quebrando, e de repente uma mulher irrompe em gritos de dor, quando o marido começa a subjugá-la e queimá-la com bitucas de cigarro, socos e chutes. Sempre onde não haveria marcas no dia seguinte. Jane era uma bela mulher, no auge de seus bem cuidados quarenta anos, com seus olhos ultrajantemente negros, sua boca carnuda e lábios vermelhos mesmo sem maquiagem, cabelos de um negro profundo, com cachos que não precisam de escova alguma, mesmo quando acordam envoltos em sua beleza rebelde e selvagem. Suas curvas bem alinhadas e desenvolvidas e sua voluptuosidade de mulher feita. Jane era uma bela mulher... Que tivera a má sorte de casar-se com um homem violento, que sempre voltava bêbado para casa, e a violentava quando estava embriagado, o que significava um sofrimento todas as noites. Sempre acordava com dores, mas nenhuma marca para provar à polícia que sofrera abuso, então a tortura continuava, noite após noite, até o fim de sua vida. Ou até a noite em que percebeu que já tivera o suficiente... O marido sempre guardava sob o travesseiro um revólver, calibre 38, para se defender caso algum assaltante tivesse a coragem de tentar roubar seu apartamento. E numa daquelas noites de bebedeira, em meio ao ato, com os lençóis jogados no chão, suas curvas desesperadas e enlouquecedoras no ápice do prazer, quando seu marido estava quase lá, ela pousou a mão sobre o travesseiro dele, enquanto Loan ainda se derramava dentro dela, pegou a arma com força, apontou para a têmpora do desgraçado, e disparou. Um som seco e retumbante, que deve ter acordado toda a vizinhança, e então ele se

derramou em sangue e miolos sobre ela, enquanto sua semente ainda escorria por entre as coxas de Jane... A última coisa de que ela se lembrava daquilo, antes de a polícia chegar e começar a fazer perguntas sobre o suicídio, que ela argutamente arquitetara, era a sensação que veio depois de o sangue do marido quase lavá-la. Ela havia gostado... *** Departamento de polícia, policial Jhones falando - disse o agente ao telefone, enquanto recebia sua décima ligação dos repórteres da cidade. O bairro inteiro havia se tornado uma bagunça depois daquele incidente de algumas semanas atrás. Aquele suicídio parecia cada vez mais assustador e grotesco, não importava de onde o policial olhasse. Um homem casado, morto com uma bala na cabeça, disparada por ele mesmo após pegar sua arma debaixo do travesseiro, durante o ato sexual... Quem seria louco o suficiente, ou que mulher no mundo treparia tão mal a ponto de um homem querer se matar? Esse era o pensamento, meio engraçado, meio funesto que inundava sua mente naquelas últimas semanas. Não era necessário recorrer a uma investigação mais minuciosa, pois dois dias depois, fora encontrada uma carta de suicídio numa das gavetas da mesinha de cabeceira do casal, dizendo que Loan Ashford não queria mais saber daquela vida, que sua mulher era uma vagabunda e que ele somente não tinha provas para isso, e que havia decidido despedir-se da vida lavando os pecados de sua esposa com sangue. O sangue dele... Definitivamente, todo aquele trabalho não merecia uma primeira página, mas ganhou do mesmo jeito. A desculpa dos jornalistas era de que a cidade nunca tinha visto um ato como aquele, então mesmo o esforço dos policiais em fazer aquela ligeira investigação merecia uma primeira página.

MULHER TRAUMATIZADA APÓS SUICÍDIO DO MARIDO EM PLENO ATO SEXUAL. Era o que diziam os tabloides, ao menos em sua maioria. Não é como se tivesse sido a intenção deles, mas aquela manchete havia adquirido um leve tom de piada, e a graça de toda a bagunça cairia nas costas de quem? Do Oficial Jhones, que teria que reportar ao chefe de polícia, o que não seria nada agradável... *** Alguns meses haviam se passado desde o incidente com o marido, e Red Jane, como era chamada naquele bar que sempre frequentava, já nem lembrava mais de todo o furor da imprensa em sua porta. Lembrava-se apenas da dor que as cicatrizes em seus pulsos e da leve marca que a corda queimara em seu pescoço traziam. Aquela dor de não entender o que era, e porque tinha gostado tanto daquela sensação. Mas aquilo era passado, assim como as cicatrizes, que já não passavam de leves resquícios de algo que havia ido embora com ele... Era domingo, e o Eva s Nest, bar aonde todos os grandalhões da máfia iam para bebericar e falar de negócios longe dos ouvidos pagos da polícia, onde detetives particulares iam jogar e chafurdar em pistas para seus diversos casos, e jornalistas iam para buscar algum furo de reportagem, mas ela ia somente para beber, e ver os outros beberem. Geralmente, ao menos durante a semana, quando apenas seguia sua rotina de vida, trabalhando e guardando dinheiro para suas roupas, maquiagens e acessórios, coisa que toda mulher adoraria fazer (com exceção do fato de trabalhar), nem que fosse simplesmente para fazer inveja às amigas ou manter a autoestima elevada. Mas alguns domingos eram especiais, pois ela adentrava ao bar como uma artista de cinema sobre um tapete vermelho, atraindo a

atenção de todos os figurões, jornalistas e detetives, enfim, de todos os homens que tinham as cabeças no lugar. Era domingo, e ela ia ao bar para encontrar alguém a quem seduzir, com sua cinta-liga, vestido levemente decotado, sua estola de pele (esta um presente de algum admirador que lhe enviara secretamente, como prova de sua estima), cigarros caros e sua maquiagem, ultrajante que chegava a ser de tão sexy. Naquela noite seus lábios pareciam ainda mais vivos e vermelhos, suas curvas delineadas pelo vestido levemente apertado, sempre nos lugares certos, suas pernas, longas e bem torneadas que se moviam como duas serpentes, prontas para agarrar o primeiro homem que se jogasse aos seus pés. Ela estava deslumbrante, e havia um homem em especial no balcão, que parecia não ter notado direito isso, ou por não se importar, ou por estar bêbado demais para prestar atenção em qualquer coisa que não fosse seu copo... Era ele quem ela queria... Não precisou de muito esforço desta vez, pois assim que ela acariciou sua gravata e ele olhou para cima, caiu de amores e seguiu-a para fora. *** O cheiro de álcool impregnava cada molécula dele, quase a embriagando por contágio, mas ela estava determinada a fazer daquela, a melhor noite de toda a vida daquele bêbado idiota. Quando ele tocou as curvas de sua cintura, pronto para beijá-la, ela já o sentia duro entre as pernas, enquanto ela envolvia-o em seus braços e ele tirava seu vestido tropegamente, com mãos cegas. Todas as roupas foram ao chão, devagar, sedutoras, enquanto ela o jogava na cama e dançava, balançando-se, deslizando para lá e para cá, como uma voluptuosa víbora, prestes a dar o bote, avançando para mais