CONSULTA PÚBLICA SOBRE OS PROJECTOS DE MANUAIS TÉCNICOS ITED (infra-estruturas de telecomunicações em edifícios) e ITUR (infra-estruturas de telecomunicações em loteamentos, urbanizações e conjuntos de edifícios) 02 de Junho de 2009 Página 1 de 5
A Cabovisão S.A. vem por este meio apresentar a suas observações sobre a consulta pública relativamente à consulta pública sobre os projectos de manuais técnicos ITED (infra-estruturas de telecomunicações em edifícios) e ITUR (infra-estruturas de telecomunicações em loteamentos, urbanizações e conjuntos de edifícios), publicada no dia 05 de Junho de 2009. NOTA INTRODUTÓRIA A necessidade das novas especificações decorre do novo regime jurídico estabelecido no Decreto-Lei N.º 123/2009, de 21 de Maio e tem como pressupostos os indicados pelo ICP-ANACOM, designadamente, a necessidade de: - Preparação dos edifícios para a introdução das Redes de Nova Geração RNG; - Ampla disponibilização de redes de fibra óptica, com introdução de novos serviços. Desta forma, o desenvolvimento das Redes de Nova Geração constituíram uma alavanca para o esforço na eliminação das diversas barreiras horizontais e verticais, já reconhecidas por todos, e que dificultam o desenvolvimento de redes de comunicações electrónicas, independentemente do suporte tecnológico utilizado. Nesta medida, a revisão de conceitos e procedimentos, baseada na aplicação prática da 1.ª edição do Manual ITED, em vigor desde 1 de Julho de 2004, que constitui outro dos pressupostos apontados pela ANACOM, é fundamental e de extrema importância. A Cabovisão considera que, em atenção ao principio da neutralidade tecnológica inerente a todo o suporte regulamentar do sector e, designadamente, ao Decreto Lei N.º 123/2009, o Manual ITED e ITUR traduza efeciência e simplificação dos processos necessários à instalação de infra-estruturas em edificios e/ou em urbanizações ou loteamentos independentemente da estrutura que suporte a prestação de serviços de comunicações electrónicas. Acresce, que as RNG são suportadas por várias tecnologias no acesso, nomeadamente, as redes de fibra óptica, BWA, as redes de cabo coaxial. É esse o entendimento veiculado pela Comissão Europeia ou pela ITU. Assim, os as especificações dos Manuais em consulta, deverão beneficiar qualquer rede de comunicações electrónicas e deverá conter as soluções técnicas a aplicar independente da tecnologia. Neste âmbito, a Cabovisão considera que os Manuais deverão prever a definição do dimensionamento da rede de cabo coaxial. Contudo são, praticamente, omissos nessa matéria. Com efeito, se considerarmos apenas um suporte de fibra óptica esta questão não se coloca, mas para uma rede de cabo coaxial reveste um carácter essencial: não estando definidos limites para se projectar a rede de cabo coaxial (e apenas de quantidade de cabos a passar até cada fracção autónoma), facilmente se corre o risco de se construir rede incapaz de suportar os serviços bi-direccionais actualmente existentes. Ora, esta possibilidade constituiria um retrocesso para o mercado, para a concorrência e para os consumidores. 02 de Junho de 2009 Página 2 de 5
CONSIDERAÇÕES GERAIS A análise feita Pela Cabovisao,SA aos Manuais ITED e ITUR centrou-se essencialmente no dimensionamento das redes de cabo coaxial e na dimensão física das redes de tubagem e caixas. Relativamente à dimensão física das redes de tubagem e caixas, consideramos que os dois manuais especificam mínimos razoáveis para o tipo de rede coaxial. Já no que diz respeito ao dimensionamento da rede de cabo coaxial, ambos os manuais são praticamente omissos na definição destes. Neste aspecto o Manual ITED anterior (de Julho de 2004) e que vigora hoje, está bem melhor. Relativamente a Higiene, Segurança e Saúde e, à solução adoptada para rede de fibra óptica até ao cliente, nada temos a acrescentar. De seguida seguem as considerações que achamos pertinentes às propostas dos Manuais. Manual ITED Ponto 2.5.1.5.6) Para os Amplificadores de Coluna ou Amplificadores de Apartamento é exigido que os mesmos tenham via directa activa na banda 950 2150 MHz. A Cabovisão chama a atenção para o facto destes amplificadores não serem muito comuns no mercado. Relativamente à alimentação do Amplificador de Coluna consideramos que deve ser sempre 60 Vac remota através do cabo coaxial em vez de 230 Vac. Isto porque este equipamento irá suportar serviços de voz e Internet e, no caso de cortes de energia, estes ficariam inactivos. A ser de 230 Vac seria necessário exigir também a colocação de UPS. Ponto 2.5.3.2.2) Pág.82, Pequeno lapso: é RG-CC REPARTIDOR GERAL DE PARES DE COBRE e não RG-PC REPARTIDOR GERAL DE PARES DE COBRE. Ponto 4.3.2) Obrigatoriedade da distribuição em estrela Este manual tem como grande novidade relativamente ao anterior, a obrigatoriedade de a distribuição do ATE inferior até ao ATI de cada FA (fracção autónoma) ser feita em estrela, numa estratégia ponto-a-ponto, ao contrário da habitual distribuição de TAPs ao longo da coluna montante, estratégia ponto-multiponto. Para suportar os serviços actuais da Cabovisão nada temos a opôr desde que seja melhorada a definição de especificações técnicas de dimensionamento como indicado a seguir. Apenas há que advertir que com a experiência que temos nas redes de cabo coaxial, adoptar uma solução ponto-a-ponto, 02 de Junho de 2009 Página 3 de 5
poderá conduzir a uma ocupação excessiva da coluna montante com cabos coaxiais, em especial para edifícios com muitas fracções e/ou com muitos pisos. Deve ser considerado, que em edifícios altos, a distribuição de sinal no sentido ascendente tem de ser feita em cabo superior ao mínimo que este novo Manual ITED especifica, tipicamente terá de ser cabo RG11 em vez de RG6. No caso da distribuição ponto-multiponto o mesmo cabo RG11 serve várias fracções autónomas enquanto que na distribuição ponto-a-ponto, tal como este novo Manual exige, irá obrigar à passagem de 2 cabos RG11 até cada fracção autónoma. Além disso, a exigência ponto-a-ponto irá obrigar, no caso de edifícios altos, a concentrar muita amplificação no ATE inferior de modo a garantir que o sinal chega em condições até às FA dos pisos mais elevados. Recomenda-se vivamente que o Manual ITED mantenha a possibilidade do projectista optar por uma distribuição típica deixando TAPs de piso em piso ou, de dois em dois pisos, pelo menos para edifícios com mais de 8 pisos. Falta de especificações de dimensionamento O ponto 4.3.2 é praticamente omisso relativamente ás especificações de dimensionamento das distribuições de cabo coaxial o que na prática poderá resultar em distribuições incapazes de assegurar o funcionamento adequado dos serviços dos operadores. Apenas refere que: Tratando-se de uma rede que servirá um qualquer operador de CATV o seu cálculo e composição deverão seguir pressupostos e compromissos que garantam a igualdade de acesso entre fornecedores de serviço. A Cabovisão considera esta definição muito insuficiente e recomenda que sejam adoptados os limites baseados nos já definidos no anterior Manual ITED de Julho de 2004, ponto 4.3.5, nomeadamente: - Nivéis mínimos e máximos de sinal em cada tomada de cliente indicados na Tabela 12; - Níveis de sinal à entrada do RG-CC; - Definição dos limites de Tilt em cada tomada de cliente; Além destes, adicionar as seguintes especificações: - Atenuação passiva máxima de 22 db na via de retorno (5 65 MHz), desde a entrada da ATE inferior até cada tomada dentro das FA. Caso o dimensionamento não permita cumprir esta especificação, prever-se a colocação de um Amplificador de apartamento na ATI de cada FA com retorno activo de ganho capaz de repor a diferença. Manual ITUR Falta de especificações de dimensionamento 02 de Junho de 2009 Página 4 de 5
Consideramos que a rede coaxial prevista na ITUR deverá ser projectada conhecendo previamente a rede coaxial ITED de cada edifício. Posteriormentes, deverá ser projectada tendo em conta os seguintes requisitos: - Entrega na CEMU ou ATE inferior de nível de sinal mínimo suficiente para garantir os mínimos indicados na Tabela 12 do Ponto 4.3.5, do Manual ITED de Julho de 2004; - Garantir com a rede ITUR projectada e a rede ITED de cada edifício, que os parâmetros mínimos de qualidade de sinal na via directa a chegar a cada Tomada de Cliente de cada FA são no mínimo: Parâmetros de Qualidade C/N CTB CSO XMod Tomada de cliente 46dB 53dB c 53dB c 50dB c - Definir os níveis mínimos de sinal que Operador tem de disponibilizar à entrada da ITUR, bem como os parâmetros mínimos de qualidade de forma a assegurar a alínea anterior; - Atenuação passiva máxima de 12 db na via de retorno (5 65 MHz) entre cada dois amplificadores sucessivos da rede ITUR; - Garantir que a atenuação passiva máxima não excede 28 db na via de retorno (5 65 MHz) entre cada Tomada de Cliente de cada FA da rede ITED e a saída de distribuição do amplificador que serve o edifício. No caso em que são colocados amplificadores de apartamento com retorno activo na ATI da FA, o limite de 28 db só precisa de ser garantido até à entrada da ATI; - Máximo de 4 amplificadores em cascata na rede ITUR. No caso de ser necessário exceder os 4 amplificadores em cascata ou as 256 FA, segmentar a rede ITUR em células prevendo a colocação de fibra óptica de modo a criar células que individualmente não excedam nenhum destes parâmetros. CONCLUSÃO Nestes termos a Cabovisão solicita a V.Exas. que: - os Manuais possam beneficiar de igual modo todas as redes de comunicações electrónicas, que recorram às infra-estruturas em loteamentos, urnanizações e conjunto de edificios e edificios, em beneficio da concorrência e dos consumidores, independentemente da estratégia ponto-a-ponto ou ponto-multiponto adoptada pelo operador; - as especificações técnicas definam parâmetros de dimensionamento mínimos que devem obrigatoriamente constar no projecto ITUR; - abrir a possibilidade de fazer distribuição ponto-multiponto de forma a cumprir os dimensionamentos necessários para uma rede coaxial. 02 de Junho de 2009 Página 5 de 5