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Transcrição:

1 Episódio 11. É a hora! Localização: Terreiro do Paço / Baixa Sons de rua Sofia: Estamos no Terreiro do Paço. Aqui no dia 1 de Fevereiro de 1908, o rei de Portugal D. Carlos e o filho mais velho, Luís Filipe, são mortos a tiro. Música, fado; Dois tiros de carabina Sofia: A Monarquia cai. Os portugueses estão fortemente divididos entre republicanos e monárquicos. Portugal é um país em mudança e Pessoa, integra-se nela, com muito entusiasmo. Multidão em protesto [00:00:42.24]

2 José Barreto: Não se pode encontrar na vida do Fernando Pessoa um período em que ele tenha apoiado o poder. Foi sempre contra. Foi sempre crítico e contra. Multidão a aplaudir Sofia: Em 1926 há um golpe de estado em Portugal, que resulta numa ditadura militar. À ditadura militar seguiu-se o Estado Novo. Um regime autoritário e conservador, fundado por António de Oliveira Salazar. António de Oliveira Salazar: Não discutimos Deus e a virtude; não discutimos a Pátria e sua História; não discutimos a autoridade e o seu prestígio; não discutimos a família e a sua moral; não discutimos a glória do trabalho e o seu dever. Multidão a aplaudir José Barreto: Ele é crítico do Estado Novo e do Salazar mas aceitava. Diz "eu não sei o que é isso de Estado Novo", mas dizia "pronto, o Salazar administra bem as finanças, a moeda, a moeda tem credibilidade no estrangeiro, reconhecia algumas coisas e portanto ele achava que menos mal. Só que depois ele acaba por se virar completamente contra o regime em 1935, 34, 35.

3 Hino da mocidade portuguesa; mocidade portuguesa a marchar Sofia: Uma das figuras do regime, António Ferro que conhecia Fernando Pessoa já dos tempos do Orpheu. Ferro foi, aliás, o editor do número 1 da revista. [00:02:13.02] Teresa Rita Lopes: O António Ferro foi encarregado de criar em 1933, quando se formou o Estado Novo, o Secretariado de Propaganda Nacional. Sofia: O Secretariado de Propaganda Nacional cria um prémio literário, o Prémio Antero de Quental. Quer galardoar um livro de cariz nacionalista. José Barreto: A Mensagem, que se chamava que se intitulava Portugal e não se intitulava Mensagem, intitulava-se Portugal, era apenas uma das várias obras que o Fernando Pessoa tinha em mente para publicar. Teve apenas fazer mais 10 ou 12 poemas em 34 para completar o livro, portanto era relativamente fácil acabar o livro e publicá-lo e ainda por cima ganhar um prémio que lhe estava mais ou menos já prometido.

4 Teresa Rita Lopes: Só que ele teve no júri uma pessoa, ainda por cima um antigo amigo dele, o Mário Beirão, mas era lá dos tempos da Águia, e que já não gostava dele, e não lhe deram a ele esse prémio, deram a um frade que escreveu um livro chamado Romaria. Mas o António Ferro arranjou maneira de haver um outro prémio, não é um segundo prémio, é um prémio não para um livro, mas para um poema, e então a Mensagem foi premiada com o mesmo valor, 5 contos de reis, na altura era muito muito dinheiro, 5 mil escudos, não é? Hino da mocidade portuguesa; pássaros a cantar Pedro Teixeira da Mota: Pois, eu acho que a Mensagem é uma obra que tem uma, uma dimensão de uma perenidade muito grande, é uma obra em que Fernando Pessoa trabalhou-a desde muito cedo, está ali uma combinação muito perfeita de palavra, de ritmo, de som, de imagem e de forças espirituais que são evocadas daquelas pessoas e que estão dentro de nós e que nós dizemos manifestar, portanto é uma obra mágica. [00:04:22.07] Steffen Dix: Tem uma vertente esotérica, vamos dizer a esperança de Pessoa, que, e ele sempre teve esta esperança, que Portugal um dia vai voltar para esta glória que teve no passado, e isso realmente era esperança e assim explica-se aquele fenómeno esotérico e

5 também racionalmente é uma forma um pouco difícil de explicar como é um pequeno país, muito rural, com um grande número de analfabetos, podia descobrir quase um mundo inteiro, isto racionalmente é muito difícil de explicar. Oceano José Barreto: O Ferro tinha consciência do valor literário do Fernando. Portanto, qual era a intenção do Ferro? Ele explicou-a. Ele queria fazer dele o poeta do Estado Novo, o poeta e profeta do Estado Novo. E queria transformar a Mensagem nisso mesmo. Não esqueçamos que a Mensagem termina com É a hora!, não é?, e isto passa-se no princípio do Estado Novo. Sofia: Mas Pessoa nunca esteve interessado em ser um escritor do regime. José Barreto: Um mês depois dele ter recebido o prémio ele resolve escrever aquele artigo bombástico, a que ele chamou mesmo bomba, "preparei pela primeira vez na minha vida, fiz uma bomba e atirei-a para o meio da rua", que era um artigo a elogiar o inimigo número um do regime, o que foi visto, foi visto como uma enorme ingratidão, uma garotice de um homem que ainda agora, a quem ainda agora demos um prémio, não é? A partir daí o Fernando Pessoa está queimado.

6 Ondas do mar Sofia: Há uma cerimónia de entrega do prémio. Pessoa não comparece. Salazar faz um discurso. Voz na rádio: Atenção agora à palavra do Presidente do Conselho, Professor Doutor Oliveira Salazar. Multidão a aplaudir [00:06:39.06] José Barreto: E o discurso provocou-lhe uma reacção de enorme rejeição. Ele achou-se interpelado pelo Salazar, porque o Salazar, no tal discurso dizia que era necessárias, era necessário a censura, por um lado. E por outro lado, directrizes aos escritores e aos artistas, não é? Uma coisa é proibir, é dizer o senhor não pode escrever isto, outra coisa é dizer o senhor tem que escrever isto, não é? Quando se vira contra o regime vai dizer vai dizer vai dizer uma coisa muito engraçada - é que não sabia, não sabíamos que para

7 termos boa administração tínhamos que vender a nossa alma. Já tinha saudades de quando o país era mal administrado. António de Oliveira Salazar fala à multidão Sofia: E esse é o ponto de viragem na posição de Pessoa em relação ao Estado Novo. Fernando Pessoa: António de Oliveira Salazar. Três nomes em sequência regular... António é António. Oliveira é uma árvore. Salazar é só apelido. Até aí está bem. O que não faz sentido É o sentido que tudo isto tem. António de Oliveira Salazar: Está tudo bem assim e não podia ser de outra forma.

8 Sons de rua Pedro Teixeira da Mota: E depois em Março ele escreve aquela famosa nota biográfica de 30 de Março em que ele então define-se a si próprio, é aí que ele se diz, que é um liberal, um nacionalista liberal e que se diz também um cristão gnóstico, fiel à tradição secreta de cristianismo e depois na posição iniciado e que se diz iniciado dos 3 graus menores e por mestra a discípulo da aparentemente extinta ordem templária de Portugal. Portanto ele quando diz cristão gnóstico diz também inteiramente oposto à igreja católica de Roma. A igreja de Roma tanto mais que ele achava que era uma das forças que estava por trás da proibição, das associações secretas. [00:08:31.05] Sofia: Já em 1928 Pessoa tinha publicado na revista Presença uma A Tábua Bibliográfica. É uma revista sediada em Coimbra, cujos directores são José Régio, Adolfo Casais Monteiro e João Gaspar Simões. Rita Patrício: Um dos grandes objectivos da revista Presença seria a publicação e a ressurreição, digamos assim, da obra de Mário de Sá-Carneiro e desde o primeiro

9 momento Fernando Pessoa mantêm com estes nomes uma correspondência bastante regular e é uma correspondência muito interessante, porque Pessoa percebe que estão ali os seus primeiros leitores a sério, os seus primeiros críticos a sério e então essa correspondência dá-nos informações absolutamente preciosas, por um lado sobre o modo como Pessoa começou a ser lido e depois como é que Pessoa reagiu a esta leitura. Pedro Sepúlveda: O primeiro estudo sobre Pessoa é publicado ainda em vida de Pessoa pelo João Gaspar Simões, é um capítulo de um livro chamado O Mistério da Poesia, em que Pessoa reage de uma maneira efusiva, ele acha aquilo absolutamente extraordinário. Pedro Teixeira da Mota: Quase que chora, como ele escreve numa carta, quando recebe do Gaspar Simões grandes elogios. António Mega Ferreira: Ele está lisonjeadíssimo com, com, e sobretudo, de alguma forma ele percebe que aquilo que aquilo em que ele sempre acreditou começa a ganhar corpo, que mais do que o reconhecimento da geração dele, o que lhe interessa é o reconhecimento das gerações seguintes. [00:10:08.28]

10 Rita Patrício: Portanto quando Pessoa escreve para os jovens presencistas sabe que está a escrever para todo o século XX e para o século XXI e nesse sentido é muito curioso perceber como é que Pessoa tenta corrigir e moldar a ideia de que os presencistas estavam a formar dele e de todo o primeiro modernismo. O segundo modernismo é relativamente ao primeiro um movimento muito conservador. E a lição de Pessoa do fingimento, da ficcionalização e do jogo lúdico que toda a heteronímia também é, é qualquer coisa que incomoda e começa por perturbar o segundo, os modernistas e todo o segundo modernismo português. Sofia: A revista Presença publicou 54 números entre 1927 e 1940. Terminamos aqui a primeira parte do nosso percurso. Sugerimos que apanhe o eléctrico 28 para Campo de Ourique, a partir da rua da Conceição, a rua onde nasceu Mário de Sá-Carneiro. Pode também apanhar um táxi ou ir a pé. Siga as indicações do mapa. A nossa próxima paragem é a Casa Fernando Pessoa. Créditos: Vozes: José Barreto, António de Oliveira Salazar, Teresa Rita Lopes, Pedro Teixeira da Mota, Steffen Dix, Jorge Louraço, Rita Patrício, Pedro Sepúlveda, António Mega Ferreira e Sofia Saldanha. Música:

11 Excerto de Fado do Embuçado (letra de Gabriel de Oliveira Música de José Marques "Piscalarete". Criado para o repertório de Natália dos Anjos.) Bibliografia: António de Oliveira Salazar. Da República (1910-1935). Fernando Pessoa. (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Mourão. Introdução e organização de Joel Serrão). Lisboa: Ática, 1979. - p. 349. 1ª publ. in Diário Popular, Lisboa, 30 Maio e 6 Junho 1974. inc? CF. lello fotoc Quinto: Nevoeiro, 10-12-1928 Mensagem. Fernando Pessoa. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1934 (Lisboa: Ática, 10ª ed. 1972). - 104.