TÍTULO: ESTUDO DA ADIÇÃO DE RESÍDUOS DE CHAMOTE E DA CASCA DE OVO NA COMPOSIÇÃO DO SOLO-CIMENTO

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Transcrição:

TÍTULO: ESTUDO DA ADIÇÃO DE RESÍDUOS DE CHAMOTE E DA CASCA DE OVO NA COMPOSIÇÃO DO SOLO-CIMENTO CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: ENGENHARIAS E ARQUITETURA SUBÁREA: ENGENHARIAS INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM AUTOR(ES): GUILHERME AUGUSTO CHIANTELLI FERNANDES ORIENTADOR(ES): ANDRÉA DE CASTRO BASTOS COLABORADOR(ES): RODRIGO ANDRAUS BISPO

1.RESUMO Neste trabalho, foram realizados ensaios para a caracterização de amostras de solo, da cidade de Araçatuba Estado de São Paulo, tendo em vista à produção de materiais cerâmicos de solo-cimento denominados por solo-cimento-chamote e solocimento-casca de ovo. Foram estudadas dosagens contendo 20%, 40% e 60% de resíduos de chamote e da casca de ovo, com 10% e 20% de cimento, em relação à massa total. Os ensaios de compressão simples com determinação do módulo de elasticidade foram realizados aos 7, 28, 56, 120 e 240 dias. Após análise dos resultados obtidos a partir do ensaio de granulometria do solo, notou-se que a composição do solo da cidade de Araçatuba é propicia para a produção de solocimento. A adição dos resíduos de chamote ao solo-cimento apresentou bom potencial para utilização por fornecer bom desempenho mecânico quanto à compressão, mas não foi possível testar a resistência do solo-cimento com adição de casca de ovo, devido à proliferação de fungos nos corpos de prova resultar num material quebradiço. Palavras-chave: Solo-Cimento. Resíduos. Desenvolvimento Sustentável. 2.INTRODUÇÃO O solo-cimento é o produto resultante da mistura de solo, cimento Portland e água que compactados na umidade ótima e sob a máxima massa específica seca, em proporções previamente estabelecidas, adquire resistência e durabilidade por meio das reações de hidratação do cimento. O produto resultante desta reação é um material de boa resistência à compressão e boa impermeabilidade, baixo índice de retração volumétrica e boa durabilidade. O solo é o componente que entra em maior volume na obtenção do solocimento. O cimento entra em quantidades que variam de 5% a 10% da massa do solo, o suficiente para estabilizá-lo e conferir-lhe as propriedades de resistência desejadas (ABCP, 1986; SILVEIRA, 1966). O uso do solo-cimento com aproveitamento dos resíduos de construção e de outros resíduos pode ser uma destas alternativas, pois o solo é uma matéria-prima abundante, e pode contribuir no sentido de reduzir custos e induzir os projetistas, ao

hábito de construir harmonizando projeto arquitetônico, materiais locais e sistema construtivo (PAULA, 2013; SIDDIQUE, 2011; SILVA, 1991; SOUZA, 2006). A situação do descarte de entulho é crítica em Araçatuba. O município gera 380 toneladas diárias de resíduos da construção civil, mas não existe um espaço adequado para acomodar e tratar este lixo. A produção de materiais de construção pode gerar impactos ambientais desde a extração da matéria-prima até o processamento final, dentre eles destaca-se: A degradação das áreas da matéria-prima, excesso de consumo de energia na produção, emissão de gases poluentes e geração de resíduos sólidos (GUEDES, 2014). Analisando-se os tipos de materiais descartados pelas obras de construção civil, nota-se que, esses materiais são de alto valor agregado e boa resistência mecânica, tais como: concretos e argamassas endurecidas, tijolos e cacos cerâmicos e diversos outros materiais (PNRS, 2011; SOUZA, 2006). No Brasil são geradas aproximadamente 120.000 toneladas por ano de casca de ovo. O estado de São Paulo é o maior produtor de ovos, com quase 36% da produção nacional (GUEDES, 2014). Esse resíduo, embora não seja perigoso na maioria das vezes é eliminado diretamente no meio ambiente, causando problemas ambientais e de saúde pública (ESPINOSA et al.,2015). O resíduo da casca de ovo apresenta um valor econômico relevante, por conter elevado teor de proteínas, sais minerais, podendo servir como fonte alternativa de carbonato de cálcio. Os resíduos de cascas de ovos em pó têm sido utilizados como um dos componentes no desenvolvimento de materiais cerâmicos para a construção civil tais como: porcelanas dielétricas, vidro biotivo, telhas, fornos e secadores. Esses materiais apresentam resistência mecânica e propriedades físico-químicas satisfatórias quando comparadas aos materiais cerâmicos tradicionais (FREIRE; HOLANDA, 2006; GUEDES, 2014). Atualmente, reciclar e/ou reutilizar deve ser práticas a se considerar, e sempre que possível executadas. A abordagem ambiental mais recente objetiva obter o desenvolvimento sustentável, minimizando o descarte de materiais,

estimulando o reaproveitamento dos resíduos gerados nos diferentes setores da economia (MENEZES et al., 2007). 3. OBJETIVOS Avaliar a possibilidade de reaproveitamento do resíduo de chamote e do resíduo de casca de ovo em adição ao solo-cimento visando à obtenção de dois materiais, denominados por solo-cimento-chamote (SC-CTE) e solo-cimento-casca de ovo (SC-CO), bem como comparar qual dentre os materiais desenvolvidos apresenta melhor resistência mecânica. 4. METODOLOGIA Os materiais serão desenvolvidos seguindo os procedimentos realizados por (GUEDES, 2014; SEGANTINI, 2000; SOUZA, 2006); (NBR 6508; 7181; 7215) 5. DESENVOLVIMENTO 5.1 Preparação do solo-cimento O solo foi peneirado utilizando peneira com malha 4,8 mm e sua secagem foi dada à sombra, a fim de propiciar melhores condições para o peneiramento e da mistura com o cimento Portland. 5.2 Preparação dos resíduos O resíduo sólido de chamote foi submetido por um processo de cominuição via trituração em moinho de martelo. Em seguida foi seco durante 24 horas em estufa a 110ºC e separado em peneira de 1mm. A casca de ovo galináceo coletada também foi seca, moída e peneirada nas mesmas condições do resíduo de chamote. 5.3 Preparação do solo-cimento-chamote O resíduo de chamote foi misturado ao solo-cimento nas proporções descritas no item dosagens de estudo. 5.4 Preparação do solo-cimento-casca de ovo O resíduo de casca de ovo foi misturado ao solo-cimento nas proporções descritas no item dosagens de estudo.

5.5 Caracterização do solo A caracterização foi feita de acordo com as Normas Brasileiras específicas, apresentadas a seguir: - NBR 7181 Análise granulométrica de solos; 5.6 Dosagens de estudo Foram preparadas quatro composições em massa: - 100% de solo + 0% de resíduo; - 80% de solo + 20,0% de resíduo; - 60% de solo + 40% de resíduo; - 40% de solo + 60% de resíduo. Do mesmo modo, para cada uma destas composições, serão estudadas dosagens contendo 10% e 20% de cimento (em relação à massa total da mistura), com adição de 10% de resíduo de chamote e do resíduo da casca de ovo em relação à quantidade de cimento. 5.7 Moldagem, cura e ensaios Foram confeccionados corpos-de-prova cilíndricos com diâmetro de 10 cm e altura 20 cm, do SC-CTE e do SC-CO que foram curados em câmara úmida e ensaiados à compressão simples nos tempos de 07, 28, 56 e 120 e 240 dias, com determinação do módulo de elasticidade. 6. RESULTADOS Após análise dos resultados obtidos a partir do ensaio de granulometria do solo, nota-se que a composição do solo da cidade de Araçatuba é propicia para a produção de solo-cimento. Existe a necessidade de ensaio de sedimentação para grãos menores que 0,074mm. Na Tabela 1 e Figura 1 encontram-se os resultados encontrados para o ensaio de granulometria do solo natural de Araçatuba-SP. Tabela 1- Ensaio de granulometria do solo natural.

Porcentagem Passada Colunas1 Colunas2 Colunas22 Colunas3 Colunas4 Colunas5 Colunas6 Peneira Abertura (mm) ABNT/ASTM Massa retida (Kg) (%) Retida (%) Acumulada (%) Passante 1 9,5 3/8" 13,2 1,32 1,32 98,68 2 6,3 1/4" 31,4 3,15 4,47 95,53 3 4,76 4 25,2 2,52 6,99 93,01 4 2,36 8 56,5 5,66 12,65 87,35 5 1,18 16 57,9 5,8 18,45 81,55 6 0,6 30 73,4 7,35 25,8 74,2 7 0,15 100 479 48 73,8 26,2 FUNDO 261,5 26,2 100 0 998,1 100 0 Ensaio realizado no laboratório de engenharia civil do UNISALESIANO- Araçatuba-SP. Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 1- Curva granulométrica do solo natural. Curva Granulométrica 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,01 0,1 1 10 100 Diâmetro dos Grãos (mm) Fonte: Elaborado pelo autor. Na Tabela 2 e nos gráficos 1 e 2 estão apresentados os valores da resistência média à compressão dos corpos-de-prova com adição e sem adição dos resíduos de chamote. Tabela 2- Resistência média a compressão dos corpos de prova.

Resistência Média (MPa) Traço 07 dias 28 dias 56 dias 120 dias 240 dias Solo + 10% de cimento 0,734 0,801 0,925 1,232 1,349 Solo + 10% de cimento + 20% de chamote 0,903 1,884 2,199 3,104 3,208 Solo + 10% de cimento + 40% de chamote 1,145 2,235 2,772 3,589 3,899 Solo + 10% de cimento + 60% de chamote 1,04 2,031 2,098 2,662 2,795 Solo + 20% de cimento 1,903 2,482 3,087 4,311 4,568 Solo + 20% de cimento + 20% de chamote 3,3385 4,493 5,488 6,669 6,984 Solo + 20% de cimento + 40% de chamote 4,603 5,1 5,204 8,634 9,116 Solo + 20% de cimento + 60% de chamote 4,401 4,783 4,892 8,371 8,731 Fonte: Elaborado pelo autor. Analisando-se os resultados constantes na Tabela 2 nota-se que a adição dos resíduos de chamote ao solo-cimento, em percentual acima de 40% diminui a resistência à compreensão do SC-CTE. Isto ocorre devido ao chamote ser um material cerâmico, e este apresenta poros em sua estrutura, e, consequentemente, ar estagnado, o que justifica uma menor resistência mecânica (CALLISTER, 2016). Entretanto, o decréscimo na resistência mecânica nos corpos de prova com mais de 40% de chamote pode ser visto, como um resultado menos satisfatório e não inadequado, e, dessa forma, o SC-CTE poderia ser usado em pequenas construções, tais como, residências de um pavimento, pois, além de ser sustentável e diminuir o entulho gerado pela construção civil. Não foi possível preparar os corpos de prova utilizando os resíduos das cascas de ovos, que formaria o material que fora denominado por SC-CO, no projeto de iniciação científica, em virtude da proliferação fungos no momento em que os mesmos eram hidratados para o processo de cura. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS A utilização dos resíduos de chamote ao solo-cimento apresenta bom potencial para utilização por fornecer bom desempenho mecânico quanto à compressão. Não foi possível desenvolver SC-CO, devido a proliferação de fungos nos corpos de prova. A hidratação dos corpos de prova SC-CO, teve como resultado final um material extremamente poroso e quebradiço.

A utilização de chamote em substituição parcial do cimento ao solo-cimento contribui para um melhor aproveitamento dos resíduos e, consequentemente, para o alcance de uma produção mais sustentável. 8. FONTES CONSULTADAS. ABCP ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO CIMENTO PORTLAND, 1986. ABNT ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6508: Grãos de solos que passam na peneira de 4,8 mm determinação da massa específica. Rio de Janeiro, 1984. 7p. ABNT ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7181: Solo Análise granulométrica. Rio de Janeiro, 1984. 13p. ABNT ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7215: Cimento Resistência à compressão. Rio de Janeiro, 1984. 8p. CALLISTER, Willian D,; KETHWISH, David G. Ciência e Engenharia de Materiais uma Introdução. 8 ed. São Paulo: GenLtc, 2016. ESPINOSA, Laís et al. Reaproveitamento da Casca de Ovo para Remoção de Íons Cd 2+. Biosfera, Goiânia, v.11, n.21, p.2588-2602, mar./jun. 2015. GONCALVES, Paulo. Descarte de entulho em Araçatuba. Disponível em: <http\:www.folhadaregiao.com>. Acessado em março de 2016. FREIRE, M.N.; HOLANDA, J.N. Characterization of Avian Eggshell Waste Aiming its Use in a Ceramic Wall Tile Paste.Scielo, Rio de Janeiro, v.1, n.52, p. 240-244, fev./agos. 2006. GUEDES, Flaviane. Reaproveitamento de Resíduos de Casca de Ovo e Chamote na Produção de Material Cerâmico para Isolação Térmica. 2014. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Ciência de Materiais) Universidade Estadual do Norte Fluminense, Rio de Janeiro.

MENEZES, et al. Utilização do Resíduo do Beneficiamento do Caulim na Produção de Blocos e Telhas Cerâmicos. Revista Matéria, v. 12, n. 1, pp. 226 23, mar.2007. PAULA, T. M. Melhoramento de solos: Adição de cimento, microssílica e cinza de casca de arroz em silte orgânico. 2013. 81 f. Trabalho de Conclusão de Curso Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013. PNRS PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS, Governo Federal Ministério do Meio Ambiente. Brasília-DF, 2011. SEGANTINI, A. A. S. Utilização de solo-cimento plástico em estacas escavadas com trado mecânico em Ilha Solteira SP. 2000. 176 f. Tese (Doutorado) Faculdade de Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000. SIDDIQUE, R.; KHAN, M.I. Supplementary Cementing Materials: engineering materials, 1st ed. Berlin: Springer, 2011. SILVA, A. M. Habitação em solo-cimento. In: SIMPÓSIO DE ENGENHARIA CIVIL, 3., 1991, Ilha Solteira. Anais. Ilha Solteira: UNESP, 1991. p. 21-34. SILVEIRA, A. Estabilização de solos com cimento. São Carlos: Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 1966, 45 p. (Notas de Aula). SOUZA, M.I.B. Análise da adição de resíduos de concreto em tijolos prensados de solo-cimento. 2006. 116 f. Tese (Mestrado) Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, UNESP, Ilha Solteira, 2006.