AVALIAÇÃO DA ISCA À BASE DE SULFLURAMIDA NO CONTROLE DE Atta sexdens rubropilosa PELO PROCESSO DOSAGEM ÚNICA DE APLICAÇÃO

Documentos relacionados
EFICIÊNCIA DA ISCA MIREX-S (SULFURAMIDA 0,3%) NO CONTROLE DE Atta cephalotes (HYMENOPTERA: FORMICIDAE) EM TRÊS DOSAGENS

INTRODUÇÃO. Adalton Pinheiro da CRUZ 1, José Cola ZANUNCIO 2, Ronald ZANETTI 3, Odilávio Sá GOMES 1

EFICIÊNCIA DE ISCAS GRANULADAS (SULFLURAMIDA 0,3%) NO CONTROLE DE Atta sexdens rubropilosa Forel, 1908 (Hymenoptera: Formicidae)

PROGRAMA DE PROTEÇÃO FLORESTAL PROTEF / IPEF EFICIÊNCIA DA TERRA DIATOMÁCEA NO CONTROLE DE FORMIGAS CORTADEIRAS EM FLORESTAS DE EUCALIPTO

PALAVRAS-CHAVE: Acromyrmex subterraneus subterraneus Forel, 1893; Formicida; fitossanidade.

Monitoramento e controle mecanizado de formigas cortadeiras na Duratex

Acadêmica da pós graduação em agronomia na Universidade Estadual de Maringá UEM, Maringá PR. Bolsista CAPES/UEM.

Controle de Formigas Cortadeiras

CONTROLE DE Acromyrmex heyeri Forel, 1899 e Acromyrmex ambiguus Emery, 1887 (Hymenoptera:Formicidae) COM FLURAMIM NA LOCALIDADE DE PELOTAS, RS.

MANEJO INTEGRADO DE FORMIGAS CORTADEIRAS NA ARACRUZ CELULOSE

Controle de Formigas Cortadeiras em Florestas Plantadas

O que fazer com as CORTADEIRAS?

Proteção Florestal Centro de Tecnologia Unidade Florestal Rio Grande do Sul - RS. Alegrete, 09 de novembro de 2010.

CIRCULAR TÉCNICA N o 83. Dezembro/1979 SISTEMAS DE COMBATE E CONTROLE DE FORMIGAS NA FLORESTA ACESITA S/A.

FORMIGAS CORTADEIRAS

INFLUÊNCIA DA ESPÉCIE CULTIVADA E DA VEGETAÇÃO NATIVA CIRCUNDANTE NA DENSIDADE DE SAUVEIROS EM EUCALIPTAIS 1

Derroga da sulfluramida e o manejo de formigas cortadeiras no Brasil

Ciência Florestal, Santa Maria, v. 21, n. 2, p , abr.-jun., 2011 ISSN AVALIAÇÃO DE SAUVEIROS EXTERNOS EM EUCALIPTAIS DE MINAS GERAIS

Vitória da Conquista, 10 a 12 de Maio de 2017

Recebido para publicação em 23/09/2004 e aceito em 24/08/2005.

MONITORAMENTO DE FORMIGAS CORTADEIRAS NA CENIBRA

Manejo de formigas cortadeiras

MANEJO DE FORMIGAS CORTADEIRAS COM USO DE TERMONEBULIZADOR

INFLUÊNCIA DA ESPÉCIE CULTIVADA E DA VEGETAÇÃO NATIVA CIRCUNDANTE NA DENSIDADE DE SAUVEIROS EM EUCALIPTAIS 1

CONTROLE DE FORMIGAS CORTADEIRAS EM PROJETOS DE RAD: INDICADORES AMBIENTAIS OU PRAGA?

AVALIAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE PROGRAMAS DE MANEJO DE FORMIGAS CORTADEIRAS (HYMENOPTERA: FORMICIDAE) EM EUCALIPTAIS MARCELO DE ALMEIDA REIS

Danos causados por diferentes níveis de desfolha artificial para simulação do ataque de formigas cortadeiras em Pinus taeda e Eucalyptus grandis

Comportamento profilático de formigas-cortadeiras contra fungos entomopatogênicos

IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DE FORMIGAS CORTADEIRAS EM PLANTIOS DE Eucalyptus urograndis

A infestação mostrada na foto à esquerda, causou os danos que se observa na foto a direita.

AVALIAÇÃO DO USO DE IMIDACLOPRID NO CONTROLE DE Acromyrmex spp. (HYMENOPTERA: FORMICIDAE) EM PLANTIO DE Pinus taeda

Nota Científica Espécies florestais e formigas cortadeiras (Hymenoptera: Formicidae) em Viçosa, Minas Gerais

O Inseto de corpo achatado e mede 3 mm de comprimento.

Comunicado. Recomendações para o controle químico de formigas cortadeiras em plantios de Pinus e Eucalyptus

CIRCULAR TÉCNICA N o 131. Março/1981. AÇÃO DANOSA DE PRAGAS DESFOLHADORAS SOBRE AS FLORESTAS DE Eucalyptus

Controle biológico de formigas cortadeiras com Penicilium sp obtido da casca de laranja em decomposição.

COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

FORMIGAS CORTADEIRAS NA CULTURA DO EUCALIPTO

CIRCULAR TÉCNICA N o 92. Fevereiro/1980

Efeito do Inseticida Match no Controle de Spodoptera frugiperda (Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) na Cultura do Milho.

Terapias não residuais: altas diluições dinamizadas no manejo ecológico de saúvas Atta sexdens piriventris (Hymenoptera: Formicidade) SANTSCHI,

Revista Árvore ISSN: Universidade Federal de Viçosa Brasil

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE FORMIGAS CORTADEIRAS EM UM PLANTIO FLORESTAL DE Eucalyptus benthamii, NO MUNICÍPIO DE IRATI PR

EFICIÊNCIA DE DISCOS DE PROTEÇÃO EXTERNA SOBRE DISPOSITIVOS DE ARMAZENAMENTO DE ISCAS INSETICIDAS

RESISTÊNCIA DE ISCAS GRANULADAS, DISTRIBUÍDAS A GRANEL E EM MICROPORTA-ISCAS, À AÇÃO DA UMIDADE EM PLANTIO DE

forídeos (DIPTERA: PHORIDAE) em ambientes de Cerrado e Eucaliptal

Árvores e Formigas Cortadeiras (Hymenoptera: Formicidae) em Viçosa, Minas Gerais. Leaf cuttin ants and forest cultures in Viçosa MG.

Manejo integrado de Stenoma catenifer Walsingham (Lepidoptera: Elachistidae) Thaís Carolina Silva Cirino (1) ; Aloísio Costa Sampaio (2)

RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA IMOBILIÁRIA. Novembro Ano 1 Edição 3 SALVADOR

RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA IMOBILIÁRIA. Outubro Ano 1 Edição 2 SALVADOR

OPERACIONALIZAÇÃO DO COMBATE MECANIZADO DE FORMIGAS CORTADEIRAS NOS PLANTIOS DE EUCALIPTO: ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Anais do 1º Simpósio do Cone Sul sobre Manejo de Pragas e Doenças de Pinus

EFEITOS DA CONVIVÊNCIA DO CAPIM-AMARGOSO NA PRODUTIVIDADE DA SOJA

RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA IMOBILIÁRIA. Março Ano 1 Edição 7 SALVADOR

USO DE TECNOLOGIAS NO MONITORAMENTO DE FORMIGAS CORTADEIRAS

RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA IMOBILIÁRIA. Fevereiro Ano 1 Edição 6 SALVADOR

Estudo para tratamento das. derrogação

CRESCIMENTO DE CLONES DE

CONTROLE DA LAGARTA ELASMO (Elasmopalpus lignosellus)

AVALIAÇÃO DA IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA LAGARTA-DO-CARTUCHO NA CULTURA DO MILHO CULTIVADO EM SISTEMA ORGÂNICO

Recursos Florestais em Propriedades Agrícolas

CONTROLE DE FORMIGAS CORTADEIRAS NA KFPC - PR

GESTÃO DE INFORMAÇÃO FLORESTAL

Ocorrência de grilos em plantios de eucalipto no Paraná

RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA IMOBILIÁRIA. Setembro Ano 1 Edição 1 SALVADOR

A VIGILÂNCIA FLORESTAL E O ESTUDO DE AGENTES SUPRESSORES DE PRAGAS

COMUNICADO TÉCNICO ISSN Nº 51, dez.2001, p.1-9

Palavras-chave: monitoramento, bicudo do algodoeiro, nível de controle. INTRODUÇÃO

Palavras-chave - Sorghum bicolor, tolerância, controle químico, plantas daninhas.

Espaçamento alternado e controle de crescimento do feijoeiro com aplicação do fungicida propiconazol

Experiências recentes de combate à "saúva limão" Atta sexdens rubropilosa Forel,

VARIABILIDADE DA PRECIPITAÇÃO EM CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL

Monitoramento participativo de sistemas agroflorestais através da mirmecofauna

AVALIAÇÃO DE UM SISTEMA DE PREVISÃO PARA O MÍLDIO DA CEBOLA

Atualizações nas pesquisas com feromônios visando o manejo e controle de formigas cortadeiras

Visitantes florais presentes em soja Bt e não Bt na região do cerrado brasileiro

Parâmetros meteorológicos em cafeeiros arborizados com aleias de leguminosas e a pleno sol, em São Sebastião do Paraíso, MG

Eucalipto Geneticamente Modificado Aspectos Regulatórios. Apresentação para:

Efeito do inseticida Lorsban na supressão de Spodoptera frugiperda (Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) na cultura do milho.

INTERAÇÃO ENTRE NICOSULFURON E ATRAZINE NO CONTROLE DE SOJA TIGUERA EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIA

BOLETIM TÉCNICO SAFRA 2014/15

OCORRÊNCIA E INFESTAÇÃO DE Diatraea saccharalis (FABRICIUS, 1794) (LEPIDOPTERA: CRAMBIDAE) EM SALTO DO JACUÍ - RS 1

CERNE ISSN: Universidade Federal de Lavras Brasil

A SOLUÇÃO ECONÔMICA PARA EXTERMINAR FORMIGUEIROS

Magda Lea Bolzan Zanon 1 Lindolfo Storck 2 RESUMO. O objetivo deste trabalho foi estimar o tamanho ótimo de parcelas experimentais de

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CAMPUS DE BOTUCATU

Recebido para publicação em 6/12/2005 e aceito em 8/12/2007.

BOLETIM TÉCNICO SAFRA 2014/15

unesp 13 a. REUNIÃO TÉCNICA T agroquímicos restringidos pelo FSC Carlos F. Wilcken FCA/UNESP - Botucatu

AVALIAÇÃO DOS DANOS CAUSADOS POR FORMIGAS- CORTADEIRAS DO GÊNERO Acromyrmex (Hymenoptera) AOS PLANTIOS DE Pinus taeda NO PLANALTO SUL-CATARINENSE

INFLUÊNCIA DA ÉPOCA DE APLICAÇÃO DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DA MANCHA DE RAMULARIA (Ramularia areola) NA REGIÃO DE CAMPO VERDE MT *

EFICIÊNCIA DE INSETICIDAS, EM TRATAMENTO DE SEMENTES, NO CONTROLE DO PULGÃO Aphis gossypii (HOMOPTERA: APHIDIDAE) NA CULTURA DO ALGODOEIRO

MANEJO DE FORMIGAS CORTADEIRAS NO MUNICÍPIO DE CASSILÂNDIA

RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA IMOBILIÁRIA. Dezembro Ano 1 Edição 4 MACEIÓ

O presente estudo foi instalado no município de Alfenas-MG, a 900 m de altitude. Rodolfo Carvalho Cesar de San Juan 1

CIRCULAR TÉCNICA N o 76 NOVEMBRO/79 COMBATE À FORMIGA NA CAF *

SILAZ ZEN CIA. SUZANO DE PAPEL E CELULOSE RUA GENERAL FRANCISCO GLICÉRIO, SUZANO-SP

INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO SORGO SACARINO

Transcrição:

IPEF n.48/49, p.144-152, jan./dez.1995 NOTA TÉCNICA / TECHNICAL NOTE AVALIAÇÃO DA ISCA À BASE DE SULFLURAMIDA NO CONTROLE DE Atta sexdens rubropilosa PELO PROCESSO DOSAGEM ÚNICA DE APLICAÇÃO Alberto Jorge Laranjeiro 1 José Cola Zanúncio 2 ABSTRACT - A test using dodecachlor (0,45%) and sulfluramid (0,3%) baits against the leaf cutting ant Atta sexdens rubropilosa (Hymenoptera: Formicidae), was conducted in a 59 months old eucalypt plantation owned by Aracruz Celulose S.A. In each active ant hole, ten grams of dodecachlor bait or eight grams of sulfluramid bait were applied. The devolution and/or carrying of the bait and ant activity were evaluated after one, two, three, five, seven, 15, 30, 60 and 90 days of the application of the bait. An efficiency of close to 100% in ant controlling for both types of baits was observed, after 90 days. RESUMO - O controle de Atta sexdens rubropilosa (Hymenoptera: Formicidae), em plantação de eucalipto com 59 meses de idade, foi efetuado com a isca à base de sulfluramida (0,3%) e comparado com a isca à base de dodecacloro (0,45%), tida como padrão, aplicadas pelo processo de dosagem única. As avaliações aos l, 2, 3, 5, 7, 15, 30, 60 e 90 dias após aplicação mostraram que a inativação dos formigueiros foi semelhante para as duas iscas, observando-se, na última avaliação, controle próximo a 100% para as iscas de sulfluramida e de dodecacloro. INTRODUÇÃO As formigas cortadeiras, presentes desde os primórdios da agricultura, têm danificado as plantas cultivadas e, apesar de inúmeros estudos, o seu controle vem sendo conseguido, eficientemente, apenas com produtos químicos, principalmente na forma de iscas contendo dodecacloro ou através da termonebulização (COUTO et alii, 1977; SANTOS et alii, 1979).O dodecacloro tornou-se a opção preferida para o combate às formigas cortadeiras, pelo seu menor custo e simplicidade na forma de aplicação, utilizando-se a isca em distribuição direta no formigueiro (ZANUNCIO et alii, 1980), ou em forma sistemática com porta-iscas (LARANJEIRO, 1988), tanto na agricultura como em reflorestamento. No entanto, a ação desse princípio ativo vem sendo questionada (GIBSON et alii, 1972; JONES & HODGES, 1974; BROOKS, 1975), o que tornou necessária a busca de novos princípios, que mantivessem a alta eficiência do dodecacloro para o controle de formigas cortadeiras, mas que fossem mais seguros para o homem e o ambiente. A recente proibição do dodecacloro, como princípio ativo para iscas utilizadas no 1 Gerência de Manejo Florestal - Aracruz Celulose S.A. - 29190-000. Aracruz, ES; 2 Depto. de Biologia Animal - Universidade Federal de Viçosa - 36570-000 - Viçosa, MG.

controle de formigas cortadeiras, aumentou a necessidade da busca desses novos compostos. Uma alternativa está sendo encontrada nas iscas à base de sulfluramida (N-etil perfluoroctano sulfonamida), pertencente a uma classe de inseticidas cuja ação é lenta e o envenenamento, por ingestão, afeta o processo de fosforilação oxidativa, interrompendo a produção de A TP.Este princípio ativo, foi aprovado pelo Environmental Protection Agency (EPA), dos Estados Unidos, para o controle de formigas e baratas em residências, sendo um produto seguro e de baixa persistência no ambiente, pois apresenta degradação de 42,59%, em 28dias (A TTA-KILL, 1993), enquanto a meia vida do dodecacloro é 5 a 12 anos (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1978). Testes, em laboratório e campo, vêm comprovando a eficiência da sulfluramida no controle de formigas cortadeiras (CAMERON, 1990; ZANÚNCIO et alii, 1992; PINHÃO et alii, 1993; ZANUNCIO et alii, 1993a; ZANUNCIO et alii, 1993b; ZANÚNCIO et alii, 1993c), podendo ser apresentado como o principal substituto do dodecacloro para o controle dessas pragas (ZANÚNCIO et alii, 1993c). Objetivou-se, neste trabalho, avaliar o controle de Atta sexdens rubropilosa (Hymenoptera: Formicidae), em reflorestamento de eucalipto, com a isca de sulfluramida (0,3%), utilizando para comparação uma isca à base de dodecacloro (0,45%) e testemunha. MATERIAL E MÉTODOS Este experimento foi realizado em plantio de eucalipto, com 59 meses de idade, localizado no município de Aracruz, Espírito Santo. A área foi previamente reservada, estando a 18 meses sem qualquer controle de formigas, apresentando infestação alta e homogênea (número e tamanho de formigueiros bem distribuídos). Os tratamentos consistiram na aplicação de duas iscas, cujo inerte era polpa e casca de laranja. A primeira tinha sulfluramida (0,3%) e foi aplicada na dosagem de 8 gramas por olheiro ativo, em uma área de 1,8 hectares. A segunda isca tinha dodecacloro (0,45%), utilizada na dosagem de 10 gramas por olheiro ativo, em uma área de 4,2 hectares. Estes tratamentos foram separados por uma área de 2, 1 hectares, utilizada como testemunha. As iscas foram distribuídas pelo processo de "dosagem única" (AL VES, 1979; LARANJEIRO, 1989), que se baseia na aplicação de uma quantidade fixa de isca por olheiro ativo, respeitando-se uma distância mínima de 20 centímetros entre as doses. As iscas foram avaliadas de duas formas: 1 a ) Avaliação detalhada: analisando-se, em cada tratamento, 20 formigueiros com área de terra solta entre 5 e 100 metros quadrados, isolados, com boa definição da sede e localizados fora da faixa de 20 metros, estabelecida como bordadura. Para os formigueiros selecionados, foram definidos: área de terra solta; croqui de localização e forma de cada um deles; número de doses da isca aplicada; carregamento das iscas após um dia da aplicação; devolução após 2, 3, 5 e 7 dias; e, atividade dos formigueiros através de quantificação dos olheiros ativos após 1, 2, 3, 5, 7, 30, 60 e 90 dias. Nesta última avaliação, os formigueiros inativos externamente foram abertos com retroescavadeira, para comprovação de sua extinção. Durante as observações, foi registrada a ocorrência de formigas mortas ou debilitadas.

2 a ) Avaliação geral: comparando-se a área de terra solta, com atividade de formigas de todos os formigueiros presentes nas áreas através de um levantamento realizado cerca de 90 dias antes e um outro 90 dias após a aplicação das iscas. Devido à instabilidade do tempo no período, a aplicação não foi realizada logo após o levantamento geral inicial. Avaliação detalhada RESULTADOS E DISCUSSÃO Os formigueiros relativos a dodecacloro, sulfluramida e testemunha, respectivamente, tinham em média 48,9, 39,8 e 32,8 metros quadrados de terra solta e número de olheiros ativos, nas sedes e próximos a elas, de 53,3, 51,6 e 30,6 (TABELA 1), o que correspondeu a l,l, 1,3 e 0,9 olheiros ativos por metro quadrado de terra solta. Considerando a isca distribuída nesses olheiros, ocorreu um excesso de 10% de isca para o tratamento com dodecacloro e 30% para o de sulfluramida (TABELA 2), em comparação com a aplicação tradicional de 10 e 8 gramas por metro quadrado de terra solta, respectivamente. Identificar os olheiros de abastecimento, distantes da sede, para os formigueiros de avaliação detalhada, seria muito difícil. No entanto, se a isca aplicada nesses olheiros também fosse considerada, a relação isca por área de terra solta seria ainda maior, como é demonstrado na avaliação geral a seguir, O carregamento da isca de sulfluramida foi, praticamente, equivalente ao da isca de dodecacloro, que foi de 100% (TABELA 2). Em 10,7% dos olheiros tratados com, isca à base de sulfluramida ocorreu uma pequena devolução, que pode estar associada ao excesso de isca por metro quadrado de terra solta, proporcionado pelo método de distribuição empregado. Registrou-se maior incidência de olheiros inativos com a isca de sulfluramida, do que com a de dodecacloro, até o sétimo dia, passando, a partir desse ponto, a valores semelhantes para as duas iscas. Esta paralisação foi acima do normal no segundo dia, para os formigueiros tratados com as duas iscas e também os da testemunha, devido à instabilidade do tempo, com chuva no início da noite do dia anterior. Também no sétimo dia observou-se o primeiro formigueiro inativo. Entre o décimo quinto e o trigésimo dias, ocorreu uma paralisação total em todos os formigueiros, que receberam as duas iscas. Isto mostra que o efeito de ambas foi semelhante (GRÁFICO 2 e TABELA 3).

TABELA 1. Caracterização dos formigueiros selecionados para avaliação da eficiência das iscas à base de dodecacloro e de sulfluramida. Aracruz, Espírito Santo, 1993. Área de terra solta (m 2 ) Número de olheiros ativos Formigueiro Dodecacloro Sulfluramida Testemunha Número Inicial Final Inicial Final Inicial Final Dodecloro Sulfluramida Testemunha 01 30 0 63 0 30 81 33 132 45 02 40 0 15 0 24 35 42 14 18 03 81 0 35 0 40 64 91 40 62 04 42 0 81 0 64 84 47 93 72 05 56 0 35 0 56 72 58 75 81 06 56 0 36 0 20 45 55 41 16 07 63 0 100 0 28 64 78 115 11 08 72 0 42 0 32 63 72 48 18 09 48 0 60 0 20 56 71 79 10 10 56 0 40 0 72 117 59 48 65 11 80 0 35 0 63 72 104 28 59 12 36 0 12 0 25 35 55 18 34 13 36 0 22 0 22 36 66 45 21 14 48 0 25 0 30 49 28 24 13 15 72 0 25 0 35 49 42 20 18 16 24 0 49 0 9 25 44 88 8 17 49 0 45 0 20 22 46 25 5 18 5 0 28 0 30 36 3 26 31 19 54 0 27 0 18 36 47 25 17 20 30 0 20 0 18 30 24 48 8

TABELA 2. Quantidade, carregamento e devolução das iscas à base de dodecacloro e de sulfluramida nos formigueiros que tiveram avaliação detalhada. Aracruz, Espírito Santo, 1993. Formigueiro Número Dose de isca (g/m 2 ) Consumo total de isca por olheiro ativo (%) Olheiros sem devolução de isca (%) Dodecacloro Sulfluramida Dodecacloro Sulfluramida Dodecacloro Sulfluramida 01 13,0 16,8 100,0 97,0 100,0 84,8 02 15,3 7,5 100,0 100,0 100,0 78,6 03 18,3 9,1 100,0 100,0 100,0 87,5 04 5,8 9,2 100,0 94,0 100,0 94,6 05 5,8 17,1 100,0 100,0 100,0 84,0 06 18,3 6,4 100,0 100,0 100,0 96,4 07 9,4 9,1 100,0 100,0 100,0 95,1 08 6,0 12,0 100,0 100,0 100,0 94,4 09 8,7 16,4 100,0 100,0 100,0 93,3 10 8,0 7,7 100,0 100,0 100,0 95,8 11 11,0 6,4 100,0 100,0 100,0 100,0 12 10,5 9,2 100,0 100,0 100,0 98,3 13 11,2 14,4 100,0 100,0 100,0 94,3 14 11,2 4,4 100,0 100,0 100,0 100,0 15 10,4 7,4 100,0 100,0 100,0 80,8 16 9,8 9,1 100,0 100,0 100,0 91,7 17 12,4 10,5 100,0 100,0 100,0 93,7 18 10,0 9,6 100,0 100,0 100,0 58,3 19 14,8 7,4 100,0 100,0 100,0 96,0 20 10,5 19,2 100,0 100,0 100,0 68,8 Média 11,0 10,4 100,0 99,6 100,0 89,3 TABELA 3. Total e porcentagem de olheiros fechados e de formigueiros inativos que receberam tratamento com as iscas dodecacloro e sulfluramida. Aracruz, Espírito Santo, 1993. Dias Olheiros fechados Formigueiros inativos Dodecacloro Sulfluramida Testemunha Dodecacloro Sulfluramida Testemunha N o % N o % N o % % % % 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 84 13,8 312 30,1 0 0 0 0 0 2 167 27,5 621 60,2 126 20,6 0 0 0 3 110 18,1 445 43,1 0 0 0 0 0 5 239 39,4 501 48,4 22 3,6 0 0 0 7 284 46,8 625 60,6-44 -7,2 5,0 0 0 15 451 74,3 779 75,7-134 -21,9 95,0 80,0 0 30 549 90,4 979 94,6-168 -27,5 100,0 100,0 0 60 590 97,4 1015 98,4-237 -38,7 100,0 100,0 0 90* 607 100,0 1036 100,0-381 -62,3 100,0 100,0 0

* Após 90 dias da aplicação das iscas, os formigueiros inativos externamente foram abertos com retroescavadeira, para comprovação da sua extinção. GRÁFICO 1: Porcentagem de olheiros inativos dos formigueiros selecionados para avaliação detalhada, nos três tratamentos. Aracruz, Espírito Santo, 1993. GRÁFICO 2: Porcentagem de formigueiros inativos, selecionados para avaliação detalhada, nos três tratamentos. Aracruz, Espírito Santo, 1993.

Durante as avaliações, outros sintomas da ação do produto foram constatados: - 1 dia: pequena quantidade de isca de sulfluramida não carregada, apenas em 10% dos formigueiros e pouca isca devolvida em 90% dos formigueiros; - 2 dia: nos formigueiros tratados com dodecacloro e, em maior intensidade nos desulfluramida, as formigas retiraram pedaços de folhas verdes de dentro dos formigueiros e depositaram ao redor dos olheiros da sede, em cima da terra solta; - 3 dia: início da presença de formigas mortas e com sintomas de intoxicação (dificuldade de locomoção e amarelecimento), nos formigueiros tratados com as 2 iscas; - 5 dia: muitas formigas mortas e com sintomas de intoxicação, nos 2 tratamentos; na área tratada com sulfluramida observaram-se trechos de carreiros de até 6 metros de comprimento, com grande presença de formigas paralisadas, com sintomas de intoxicação; - 7 dia: grande redução da atividade dos formigueiros dos 2 tratamentos; formigas vivas em pouca quantidade; grande presença de formigas mortas sobre os formigueiros e nos carreiros, para o tratamento com sulfluramida, conforme observado no 5 dia; - 15 dia: nos 2 tratamentos, os formigueiros estavam praticamente sem atividade e apresentavam massa fúngica branca saindo dos olheiros da sede. Com a escavação dos formigueiros marcados, aos 90 dias, foi comprovada a eficiência de 100% das duas iscas, para controlar os formigueiros (TABELA 1 ). Ao mesmo tempo, os formigueiros da testemunha aumentaram em 63,4% o total de área de terra solta. Avaliação Geral A eficiência na redução do número porções de área de terra solta foi de 98,9% e de 99,0%, na área total, para a isca à base de dodecacloro e de sulfluramida, respectivamente. Registrou-se, ainda, uma redução de 55,9% (de 276 para 122 - TABELA 4) no número total porções de área de terra solta na testemunha, provavelmente devido à expansão e união dessas áreas. Isto mostra que a tentativa de quantificar o número de formigueiros, em locais muito infestados, chega a valores diferentes com o passar do tempo. Só é possível estabelecer eficiência, em termos do número de formigueiros controlados, quando estes apresentam sede bem definida e isolada, como os formigueiros selecionados para avaliação detalhada. As únicas áreas de terra solta, com atividade de formigas, do tratamento com sulfluramida, pertenciam a classes até 1 metro quadrado, enquanto aquelas do dodecacloro chegaram à classe de 10 metros quadrados (TABELA 4). Provavelmente, estes formigueiros não foram localizados e tratados devido ao seu pequeno tamanho, exceto para a classe de 1 a 10 metros quadrados do dodecacloro. Como este ensaio foi instalado em janeiro e avaliado em abril de 1993, existe possibilidade de formigueiros iniciais terem aberto seus primeiros canais após o tratamento da área. Na avaliação geral, não foi possível determinar a quantidade exata de isca aplicada por metro quadrado de área de formigueiro, pois o levantamento geral inicial foi realizado cerca de 90 dias antes da aplicação e nesse período certamente houve crescimento dos formigueiros. Assim, os dados disponíveis mostram uma quantidade de isca aplicada por área de formigueiro, maior do que a real, correspondendo a 31,9 e 26, 7 gramas por metro quadrado, para dodecacloro e sulfluramida, respectivamente (TABELA 5). Mesmo assim, esses valores correspondem a uma dose muito alta, o que pode estar relacionado com a

Área de terra solta (m 2 ) relação entre número de olheiros ativos e área de terra solta, já comentada na avaliação detalhada e com a aplicação da mesma dose por olheiro, em formigueiros ou porções de terra solta, menores que um metro quadrado. Além disso, nesta avaliação geral, a isca aplicada nos olheiros de abastecimento, distantes da sede dos formigueiros, também é considerada. Por outro lado, a aplicação desta quantidade de isca contribui para que o controle de formigas cortadeiras, na Aracruz Celulose S. A., seja feito a cada 15 meses em razão da alta eficiência do método, enquanto em grande parte das empresas este controle é feito a intervalos bem menores. Considerando-se que a sulfluramida é degradada entre 90 e 180 dias, é plenamente aceitável a aplicação deste maior volume de isca por hectare. Além disso, a dose 20% menor usada para a isca de sulfluramida expressou-se, como era esperado, na relação isca por área de terra solta. TABELA 4. Freqüência em porcentagem, das áreas de terra solta, dos formigueiros em atividade, em 5 classes, nas áreas tratadas com as iscas sulfluramida e dodecacloro e na testemunha. Aracruz, Espírito Santo, 1993. FORMIGUEIROS ATIVOS Dodecacloro Sulfluramida Testemunha Inicial Final Inicial Final Inicial Final N % N % N % N % N % N % < 0,10 74 7,8 3 0,3 67 14,3 2 0,4 45 16,3 7 2,5 0,11-1,00 522 54,7 6 0,6 254 54,2 3 0,6 133 48,2 28 10,1 1,01-10,00 232 24,4 2 0,2 107 22,8 0 0 49 17,6 28 10,1 10,01-50,00 112 11,8 0-37 7,9 0 0 43 15,6 41 14,9 > 50,00 12 1,3 0-4 0.9 0 0 6 2,2 18 6,5 TABELA 5. Total de terra solta inicial e final dos formigueiros presentes em cada tratamento. Aracruz, Espírito Santo, 1993. Dodecacloro Sulfluramida Testemunha Área inicial de terra solta (m 2 ) 4389,5 1533,3 1549,7 Área final de terra solta (m 2 ) 7,0 0,6 2716,7 => Diferença (%) -99,8-100,0 +75,3 Infestação (ha) 1045,1 851,8 738,0 Isca aplicada (g) 140.000 41.000 0 => Isca (g/m 2 ) 31,9 26,7 -

GRÁFICO 3: Área de terra solta, inicial e final, de todos os formigueiros presentes nas três áreas dos tratamentos. Aracruz, Espírito Santo, 1993. No 90 o dia após a aplicação das iscas, a área total de terra solta, com atividade de formigas, teve uma redução de praticamente 100% nas áreas tratadas com as duas iscas, enquanto houve um aumento de 75,3% na área da testemunha (GRÁFICO 3 e TABELA 5), no período entre as avaliações inicial e final (6 meses). Recomenda-se a instalação de testes adicionais, com menores doses da isca de sulfluramida por olheiro ativo, procurando-se otimizar o seu uso e eliminar a sua devolução pelas formigas. AGRADECIMENTOS À Aracruz Celulose S.A., especialmente aos técnicos Jailson Antônio Ciarelli Simões e Edmilson Bitti Loureiro, à Sociedade de Investigações Florestais (SIF) e ao Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF), pelo apoio na realização desta pesquisa. Ao CNPq e a FAPEMIG pelas bolsas e auxílio concedidos a um dos autores deste trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, J. E M. Métodos de combate às formigas dos gêneros Atta e Acromyrmex na Aracruz. Apresentado na Reunião Técnica sobre Formigas Cortadeiras e a Produtividade Florestal, Belo Horizonte, MG, 1979. 11 p. ATTA-KILL. Formigas cortadeiras, problemas e soluções - dossiê técnico. São Paulo, 1993.28 p. BROOKS, G.T. Chlorinated insecticides: biological and environmental aspects. Boca Raton, CRC Press, 1975. v.2.

CAMERON, R.S. Potential baits for control of the Texas leaf-cutting ant, Atta texana (Hymenoptera: Formicidae). In: Vander Meer, R.K.; Jaff, E.K. & Cedeno, A. eds. Applied mirmecology: a world perspective. 1990. p.628-37. COUTO, L. et alii. Avaliação da eficiência do controle de Atta sexdens rubropilosa através do sistema de termonebulização, na região de Aracruz, ES. Revista árvore, Viçosa 1(1): 9-16, 1977. GIBSON, J.R.; IVIE, G.W. & DOROUGH, H.W. Fate of mirex and its major photodecomposition products in rats. Journal of agricultural and food chemistry, 20(6): 1246-8, 1972. JONES, A.S. & HODGES, C.S. Persistence of mirex and its effects on soil microorganisms. Journal of agricultural food chemistry, 27(3): 435-9, 1974. LARANJEIRO, A. J. Controle de formigas cortadeiras na Aracruz Florestal. Apresentado no Curso Internacional de Controle de Formigas Pragas, Campo Grande, MS, 1989. 20p. LARANJEIRO, A. J. Controle de formigas cortadeiras em reflorestamento: propagação, operação e monitoramento. In: Curso de Atualização no Controle de Formigas Cortadeiras, 1988. v.2. 24 p. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. COMMISSION ON NATURAL RESOURCES. ENVIRONMENT AL STUDIES BOARD. Kepone/mirex/hexachlorocyclopentadiene: an environmental assessment. Washington, National Academy of Sciences, 1978. 73p. PINHÃO, M.A.S. et alii. Mirex-S (Sulfluramid): uma sulfona fluoroalifatica para o controle de Atta (Hymenoptera; Formicidae). In: Congresso Brasileiro de Entomologia, 14, Piracicaba, SP, 1993. p.511. SANTOS, et alii. Controle de saúvas pelo sistema de termonebulização na região de Timóteo, MG. Brasil florestal, 9(38): 18-20, 1979. ZANÚNCIO, J.C. et alii. Emprego de iscas granuladas e pós-secos no controle de Atta faevigata, no município de Curvelo, MG. Revista árvore, 4(2): 221-6, 1980. ZANÚNCIO, J.C. et alii. Eficiência da isca granulada Mirex-S, a base de sulfluramida, no controle da formiga cortadeira Atta faevigata (f. Smith, 1858) (Hymenoptera: formicidae). Revista árvore, 16(3): 357-361, 1992. ZANÚNCIO, J.C. et alii. Eficiência da isca Mirex-S (sulfluramid 0,3%) no controle da formiga cortadeira Atta bisphaerica forel (Hymenoptera: formicidae). Revista árvore, 17(1): 85-90, 1993a.

ZANÚNCIO, J.C. et alii. Eficiência da isca Mirex-s (sulfluramid 0,3%) no controle de Acromyrmex crassispinus (Hymenoptera: formicidae). Anais do XIV Congresso Brasileiro de Entomologia. 1993b. p.696. ZANÚNCIO,J.C.; ZANÚNCIO, T.V. & SANTOS, G.P.A contribuição da pesquisa, em entomologia florestal, para a redução dos impactos ambientais dos reflorestamentos. p.696. In: Anais do Simpósio Brasileiro de Pesquisa Florestal., 1, Belo Horizonte, MG. 1993b. p.696. Trabalho recebido = 05/04/1994 Trabafhoaceito = 03/05/1995