CTRL+C, CTRL+V: e o Plágio? Profa. Dra. Maria Cristina Comunian Ferraz Departamento de Ciência da Informação UFSCar Plágio Utilização da obra de outra pessoa sem indicação da verdadeira autoria (CUNHA; CAVALCANTI, 2008) 1
Qual é o espírito da palestra? Atividade educativa com participação coletiva! Primeira parte: Legislação sobre propriedade intelectual, todos conhecem? Segunda parte: Ler e escrever, qual é o problema? Considerações finais 2
Primeira parte: Legislação sobre propriedade intelectual, todos conhecem? Propriedade intelectual Patentes Marcas Indicações geográficas Desenho industrial Direito autoral e direitos conexos Software Cultivares Conhecimento tradicional 3
Lei veneziana de 1454 Se um trabalhador levar para outro país qualquer arte ou ofício em detrimento da República, receberá ordem de regressar; se desobedecer, seus parentes mais próximos serão presos, a fim de que a solidariedade familiar o convença a regressar; se persistir na desobediência, serão tomadas medidas secretas para matá-lo, onde quer que esteja (HUBERMAN, 1974) A propriedade intelectual é, sem dúvida, um ganho para a sociedade, uma evolução valorativa de bens antes calcado na materialidade, um reconhecimento público que idéias podem valer mais do que latifúndios (CRIBARI, 2006) 4
O fundamento da proteção da propriedade intelectual é o equilíbrio entre a proteção de direitos privados e o interesse social (MENDES; BUAINAIM, 2009) O direito de propriedade intelectual tem como um de seus objetivos assegurar o retorno de capital do autor/inventor bem como incentivar o desenvolvimento tecnológico futuro. No entanto, muitas vezes, acaba criando monopólios privados e ineficiências que a análise jurídica tradicional não consegue considerar (LEMOS, 2005) 5
Questões importantes. Plágio Falsa autoria Escritores-fantasma Direito autoral: Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998 Art. 7º São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como: I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas; II - as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza; III - as obras dramáticas e dramático-musicais; IV - as obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixe por escrito ou por outra qualquer forma; V - as composições musicais, tenham ou não letra; VI - as obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cinematográficas; VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia; 6
VIII - as obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética; IX - as ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza; X - os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, engenharia, topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência; XI - as adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, apresentadas como criação intelectual nova; XII - os programas de computador; XIII - as coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, dicionários, bases de dados e outras obras, que, por sua seleção, organização ou disposição de seu conteúdo, constituam uma criação intelectual. Art. 18. A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe de registro. Art. 22. Pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou. 7
Direito morais Art. 24. São direitos morais do autor: I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra; II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra; III - o de conservar a obra inédita; IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingilo, como autor, em sua reputação ou honra; V - o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada; VI - o de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de utilização já autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta à sua reputação e imagem; VII - o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre legitimamente em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado, ou audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor inconveniente possível a seu detentor, que, em todo caso, será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado. Direitos patrimoniais Art. 28. Cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica. 8
Art. 41. Os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1 de janeiro do ano subseqüente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil. Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais: I - a reprodução: a) na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação de onde foram transcritos; b) em diários ou periódicos, de discursos pronunciados em reuniões públicas de qualquer natureza; c) de retratos, ou de outra forma de representação da imagem, feitos sob encomenda, quando realizada pelo proprietário do objeto encomendado, não havendo a oposição da pessoa neles representada ou de seus herdeiros; d) de obras literárias, artísticas ou científicas, para uso exclusivo de deficientes visuais, sempre que a reprodução, sem fins comerciais, seja feita mediante o sistema Braille ou outro procedimento em qualquer suporte para esses destinatários; II - a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro;... III - a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra; 9
Principais interessados na discussão sobre direitos de autor Professores de ensino fundamental e médio Alunos de graduação e pós-graduação Pesquisadores/professores universitários Público em geral Segunda parte: Ler e escrever, qual é o problema? 10
Na educação escolar Voltando o olhar para a maneira como a escola tem tratado a leitura e a escrita, e o modo pelo qual essas práticas estão postas na sociedade industrializada, informatizada, midiatizada, percebese a distância enorme e bastante inquietante entre essas margens, e o quanto a escola, com suas pseudoatividades de leitura não reflexiva e desconectada com a vida, cassou a autoridade do leitor/produtor de textos. (SILVA, 2008) A escola, na maioria das vezes, tem pensado a escrita como prática estritamente escolar, cristalizada, sempre reforçada pelos exercícios escolares e provas que enfatizam a memorização, seqüência e hierarquização de conteúdos, modelos, receitas. (SILVA, 2008) 11
Questões importantes para quem trabalha com a educação escolar Cópia, onde está a criação? A cópia também pode ser uma reprodução de informações incorretas? Tudo o que eu leio é verdadeiro? Eu posso existir em um texto feito por mim? Eu posso criar, opinar, escolher um lado em um texto elaborado por mim? A internet é um facilitador? Os conteúdos da internet são públicos? Internet é sinônimo de Google, Yahoo, Altavista? Na universidade Na ciência, os textos lidos e revistos são transformados em outros textos, chamados revisões de literatura e estado-da-arte de um tópico de pesquisa. Eles são valorizados sempre e quando haja o reconhecimento explícito das origens dos dados (textos, imagens etc.) com autoria comprovada e aceitável. O corta e cola para uma montagem de uma revisão da literatura é permitido, desde que se façam todas as citações de forma correta. Dadas as referências citadas e o endereço de cada fonte como indicação importante para a investigação, o procedimento é legítimo. (MIRANDA; SIMEÃO; MUELLER, 2007) 12
Questões importantes para quem trabalha na universidade Todos sabem fazer uma revisão da literatura (pesquisa bibliográfica)? Todos sabem fazer uso, em um texto escrito, da opinião de outros autores? Todos sabem colocar a sua opinião em um texto escrito? Considerações finais Constatando, nos tornamos capazes de intervir na realidade, tarefa incomparavelmente mais complexa e geradora de novos saberes do que simplesmente a de nos adaptar a ela. É por isso também que não me parece possível nem aceitável a posição ingênua ou, pior, astutamente neutra de quem estuda, seja o físico, o biólogo, o sociólogo, o matemático, ou o pensador da educação. Ninguém pode estar no mundo, com o mundo e com os outros de forma neutra. Não posso estar no mundo de luvas nas mãos constatando apenas. A acomodação em mim é apenas caminho para a inserção, que implica decisão, escolha, intervenção na realidade. (FREIRE apud LEITE, 2011) 13
Intervenção na realidade Com relação ao plágio: devemos investir em atividades educativas para que nossas crianças e jovens possam existir como autores de suas próprias vidas. Referências BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/l9610.htm?. Acesso em: 16 abr. 2011. CRIBARI, I. (Org.). Produção cultural e propriedade intelectual. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2006. CUNHA, M. B.; CAVALCANTI, C. R. O. Dicionário de biblioteconomia e arquivologia. Brasília: Briquet de Lemos, 2008. HUBERMAN, L. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1974. LEITE, A. C. O. Pressupostos teóricos da perspectiva CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) no contexto de cursos de graduação a distância. 2011. Dissertação (Mestrado em Ciência, Tecnologia e Sociedade), Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2011. LEMOS, R. Direito, tecnologia e cultura. Rio de Janeiro: FGV, 2005. Disponível em: < http://www.overmundo.com.br/banco/livro-direito-tecnologia-e-cultura-ronaldo-lemos>. Acesso em: 16 abr. 2011. MENDES, C. I. C.; BUAINAIM, A. M. Inovações tecnológicas e direito autoral: novas modalidades de uso de obras e novas polêmicas sobre propriedade intelectual. Revista Parcerias Estratégicas, v. 14, n. 28, p. 119-152, jan./jun. 2009. MIRANDA, A.; SIMEÃO, E.; MUELLER, S. Autoria coletiva, autoria ontológica e intertextualidade: aspectos conceituais e tecnológicos. Ciência da Informação, v. 36, n.2, p. 35-45, maio/ago. 2007. SILVA, O. S. F. Entre o plágio e a autoria: qual o papel da universidade? Revista Brasileira de Educação. v. 13, n. 38, maio/ago. 2008. Obs: nos slides apresentados, o grifo é da autora da palestra 14