MONITORAMENTO DE ADULTOS DE Spodoptera frugiperda e Diatraea saccharalis EM ÁREAS DE MILHO E SORGO 1

Documentos relacionados
Ivan Cruz 1, Maria de Lourdes C. Figueiredo 1 e Rafael B. Silva 1.

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

SUSCETIBILIDADE DE DIFERENTES POPULAÇÕES DE SPODOPTERA FRUGIPERDA A INSETICIDAS QUÍMICOS

SELETIVIDADE DO INSETICIDA INDOXACARB SOBRE OS INIMIGOS NATURAIS DE SPODOPTERA FRUGIPERDA

Ocorrência e Danos de Diatraea saccharalis Fabr. (Lepidoptera: Crambidae) em Diferentes Cultivares de Milho (Zea mays L.)

88Efeito de Doses Crescentes de Composto Orgânico na Incidência de Insetos em Minimilho

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

AVALIAÇÃO DA IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA LAGARTA-DO-CARTUCHO NA CULTURA DO MILHO CULTIVADO EM SISTEMA ORGÂNICO

Efeito do inseticida Lorsban na supressão de Spodoptera frugiperda (Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) na cultura do milho.

Levantamento de adultos de Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) utilizando armadilha de feromônio em área comercial de milho Bt

Monitoramento de Adultos de Diatraea saccharalis Fabr. (Lepidoptera: Crambidae) em Algumas Regiões Produtoras de Milho (Zea mays L.

Efeito do Inseticida Match no Controle de Spodoptera frugiperda (Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) na Cultura do Milho.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES BIOLÓGICAS EM SPODOPTERA FRUGIPERDA EM MILHO NO MUNICÍPIO DE ITUIUTABA (MG)

Interferência de Spodoptera frugiperda (Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) na Produção de Matéria Seca e nos Rendimentos de

Flutuação Populacional do Parasitóide Eiphosoma vitticole (Crreson) (Hymenoptera: Ichneumonidae) em Milho Convencional e Transgênico (Bt)

BROCA DA CANA DE AÇÚCAR DIATRAEA SACCHARALIS

Aspectos Bioecológicos de Diatraea saccharalis Fabr. (Lepidoptera: Crambidae) em Plantas de Milho (Zea mays L.)

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Manejo integrado de Stenoma catenifer Walsingham (Lepidoptera: Elachistidae) Thaís Carolina Silva Cirino (1) ; Aloísio Costa Sampaio (2)

BROCA DA CANA-DE-AÇÚCAR Diatraea saccharalis MONITORAMENTO E CONTROLE

Espécies de Tricogramatídeos em Posturas de Spodoptera frugiperda (Lep.: Noctuidae) e Flutuação Populacional em Cultivo de Milho

Ocorrência de lepidópteros-praga em lavouras de milho, sorgo e algodão no Norte e Noroeste de Minas Gerais 1

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Módulo 3. Controle Biológico

Viabilidade do Biocontrole de Pragas em Sistemas Integrados. Sergio Abud Biólogo Embrapa Cerrados

Impacto do Milho Bt na Lagarta-do-Cartucho, Spodoptera frugiperda. Camila S. F. Souza, Kátia G. B. Boregas, Fernando H. Valicente

AS CINCO PRINCIPAIS LAGARTAS DA CULTURA DO MILHO NO BRASIL.

EFEITO DE DESALOJANTE E INSETICIDAS NO CONTROLE DA SPODOPTERA FRUGIPERDA (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) DO MILHO

Desenvolvimento de Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) em plantas de milho (Zea mays L.) adubadas com cama de frango

OCORRÊNCIA E INFESTAÇÃO DE Diatraea saccharalis (FABRICIUS, 1794) (LEPIDOPTERA: CRAMBIDAE) EM SALTO DO JACUÍ - RS 1

Níveis de infestação e controle de Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) no município de Cassilândia/MS

AVANÇOS E DESAFIOS NO CONTROLE BIOLÓGICO COM PREDADORES E PARASITOIDES NA CULTURA DO MILHO

XXX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO Eficiência nas cadeias produtivas e o abastecimento global

INSETOS-PRAGA NO BRASIL:

PALAVRAS CHAVE: mandarová, Erinnyis ello, monitoramento do mandarová, controle do mandarová, baculovirus, Baculovirus erinnyis.

OCORRÊNCIA DE PRAGAS E DOENÇAS DO CONSÓRCIO DE MILHO (Zea mays) E FEIJÃO (Vigna unguiculata L. Walp)

Tecnologias de Manejo As cinco principais lagartas da cultura do milho no Brasil

O presente estudo foi instalado no município de Alfenas-MG, a 900 m de altitude. Rodolfo Carvalho Cesar de San Juan 1

Associação dos Controles Biológico e Químico para Manejo da Lagarta-docartucho na Cultura do. Sorgo Forrageiro COMUNICADO TÉCNICO

SAFRA 2014/15 DEFINIÇÕES DO PROGRAMA FITOSSANITÁRIO DA BAHIA

UEMS-Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Rod. MS 306, km 6, , Cassilândia, MS.

Efeito de doses de composto orgânico sobre a incidência da lagarta-docartucho

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

PROPOSTA PARA IMPLEMENTAÇÃO DE MIP EM MILHO NO BRASIL IVAN CRUZ 1

Monitoramento e controle do bicudo da cana-de-açúcar, Sphenophorus levis Luiz Carlos de Almeida Erich Stingel Enrico De Beni Arrigoni

Aspectos Biológicos de Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) Alimentada com Buva (Conyza sp.)

INSETOS-PRAGA NO BRASIL: LAGARTA-PRETA

BPA COM FOCO NO MANEJO DAS PRAGAS-ALVO NAS CULTURAS Bt E DA CIGARRINHA-DO-MILHO

VI CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROECOLOGIA 11CONGRESSO LATINO AMERICANO DE AGROECOLOGIA

7. Manejo de pragas. compreende as principais causadoras de danos na citricultura do Rio Grande do Sul. Mosca-das-frutas sul-americana

Análise de trilha para componentes da produção de álcool em híbridos de sorgo sacarino 1

Instituto Federal Goiano Campus Rio Verde, GO

FICOU AINDA MELHOR O QUE ERA BOM

Cigarrinhas em Pastagens

SAFRA 2014/15 ORIENTAÇÕES DO PROGRAMA FITOSSANITÁRIO DA BAHIA

Controle biológico com uso do baculovirus: segurança e futuro dos bioinseticidas. Dr. Fernando Hercos Valicente

INSETOS-PRAGA NO BRASIL:

Resistência de Insetos a Inseticidas

MANEJO DE PRAGAS. Leila L. Dinardo-Miranda

INFORMATIVO TÉCNICO Boas Práticas Agronômicas Aplicadas a Plantas Geneticamente Modificadas Resistentes a Insetos MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS

Tecnologias de Manejo Manejo Integrado de Milho Bt

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

GESTÃO AVANÇADA DO CONTROLE DE PRAGAS EM GRANDES LAVOURAS DE CANA-DE-AÇÚCAR

Documentos. Seminário Temático Agroindustrial de Produção de Sorgo Sacarino para Bioetanol - Anais. ISSN Dezembro, 2012

Monitoramento e controle de mosca-das-frutas em pessegueiros no Sul de Minas Gerais 1

INFORMATIVO SOBRE TECNOLOGIAS DE RESISTÊNCIA A INSETOS SEMEANDO O FUTURO

Captura de Noctuídeos com Armadilha Luminosa na Região Norte de Londrina, Paraná

Manejo do milho Bt manejo integrado de pragas. Fernando Hercos Valicente Embrapa Milho e Sorgo

COMPARAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE DIFERENTES MARCAS DE FEROMÔNIO NA ATRAÇÃO DO BICUDO DO ALGODOEIRO *

Paulo A. Viana, José M. Waquil, Fernando H. Valicente, Ivan Cruz.

Otimizando o Uso de Milho Doce com Biotecnologia Bt

MULTI PLANTIO CATÁLOGO DE HÍBRIDOS VERÃO REGIÃO NORTE 2014/2015 REFÚGIO E COEXISTÊNCIA

Ordem Lepidoptera. Ordem Lepidoptera. Ordem Lepidoptera. Borboletas e mariposas

Prospecção de Fenótipos de Sorgo Contrastantes quanto à Incidência da Cigarrinha-do-Milho

ARMADILHAMENTO E COMPORTAMENTO SEXUAL CIRCADIANO DE ADULTOS DE Pectinophora gossypiella

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento ISSN Sete Lagoas, MG Dezembro, 2009 AUTORES

AVANÇOS NO CONTROLE BIOLÓGICO INTEGRANDO INOVAÇÕES AO PLANTIO DIRETO

RESISTÊNCIA NATIVA DE HÍBRIDOS DE MILHO À Spodoptera frugiperda

Efeito do Inseticida Match e sua Interação com os Inimigos Naturais no Controle de Spodoptera frugiperda (Smith, 1797), na Cultura do Milho

Palavras-chaves: Milho, controle químico e biológico, Spodoptera frugiperda.

Organismos. Predadores. Simone M. Mendes Embrapa Milho e Sorgo

Guilherme dos Reis Vasconcelos Engenheiro Agrônomo Professor; Consultor em MIP e Agricultura Sustentável; Horticultor.

O que é o Bicho-Furão. Prejuízos

2º Simpósio de Integração Científica e Tecnológica do Sul Catarinense SICT-Sul ISSN

Manejo. Broca. Rizoma. Manejo. Bananeira. da broca do rizoma da

Resumos do VII Congresso Brasileiro de Agroecologia Fortaleza/CE 12 a 16/12/2011

Posicionamento de Cultivares Convencionais

Com Altacor, você sabe onde as lagartas grafolita foram parar. Fora da sua lavoura

AMOSTRAGEM DE PRAGAS EM SOJA. Beatriz S. Corrêa Ferreira Entomologia

Monitoramento do mandarová da mandioca (Erinnyis ello L. 1758) para o controle com baculovirus (Baculovirus erinnyis)

MANEJO INTEGRADO DA LAGARTA-Da-CARTUCHO DO MILHO

ESTUDOS QUE COMPROVAM A EFICIÊNCIA DOS REFÚGIOS PARA A PRESERVAÇÃO DE TECNOLOGIAS TRANSGÊNICAS. Dr. Alexandre Specht. Pesquisador da Embrapa Cerrados

INJÚRIAS CAUSADAS PELA DERIVA DE HERBICIDAS NA FASE INICIAL DA CULTURA DO MILHO.

Cultivo do Milheto. Os principais insetos que atacam a cultura do milheto podem ser divididos em:

Maria de Lourdes C. Figueiredo 1, Ivan Cruz 1, Rafael B. Silva 1, Mario L. Del Sarto 1 e Angélica M. Penteado-Dias 2.

Comunicado Técnico. Novas formas de manejo integrado da Traça-do-Tomateiro. Geni Litvin Villas Bôas Marina Castelo Branco Maria Alice de Medeiros

DIAGNÓSTICO DO CULTIVO DE MILHO TRANSGÊNICO NO MUNICÍPIO DE CARVALHÓPOLIS

Transcrição:

MONITORAMENTO DE ADULTOS DE Spodoptera frugiperda e Diatraea saccharalis EM ÁREAS DE MILHO E SORGO 1 Guilherme Souza de Avellar 2 e Ivan Cruz 3 1 Trabalho financiado pelo CNPq/Fapemig 2 Estudante do Curso de Engenharia Agronômica da Univ. Fed. de São João del-rei, Bolsista PIBIC do Convênio Fapemig/CNPq/Embrapa/ FAPED 3 Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo Introdução O monitoramento é o passo fundamental na implementação de um programa de Manejo Integrado de Pragas (MIP). Controlar a praga na hora certa e com o produto certo pode levar à economia de dinheiro, tornar mais eficiente o programa de controle da praga-alvo e ainda ajudar a preservar os organismos benéficos na propriedade rural. Há muitos métodos de se monitorar os insetos-praga, e um destes é através do monitoramento dos insetos adultos utilizando armadilhas apropriadas. Tais armadilhas são consideradas ferramentas úteis no MIP, desde que utilizadas corretamente. Por exemplo, Cruz et al. (2012) demonstraram a eficiência da armadilha tipo Delta para monitorar adultos de Spodoptera frugiperda, a principal praga de milho nas Américas. Segundo os autores, o uso de tal armadilha iscada com feromônio sexual sintético já disponível no mercado brasileiro é essencial na tomada de decisão tanto para as pulverizações foliares como para a liberação dos parasitoides de ovos como a vespa Trichogramma pretiosum. Mais recentemente, Figueiredo et al. (2015) demonstraram a eficiência do parasitoide em liberações em áreas de milho produzido em sistema orgânico, atribuindo parte do sucesso obtido ao uso da armadilha para monitoramento da chegada da mariposa na área-alvo. As gramíneas, de modo geral, servem de alimento, especialmente para espécies de Lepidoptera, como é o caso das culturas de milho e de sorgo, que são suscetíveis ao ataque, por exemplo, de S. frugiperda (lagarta-do-cartucho) e Diatraea saccharalis (broca-da-cana), que causam severos prejuízos ao agricultor (CRUZ et al., 1999; FIGUEIREDO et al., 2006). A mariposa de S. frugiperda coloca seus ovos na planta e, após a eclosão, as lagartas iniciam a alimentação raspando os tecidos verdes de um lado da folha. Lagartas maiores dirigem-se para o interior do cartucho da planta e começam a fazer buracos na folha, podendo destruir completamente pequenas plantas ou causar severos danos naquelas maiores (CRUZ et al., 1995). A broca-da-cana de-açúcar, D. saccharalis, como o próprio nome comum indica é praga-chave neste cultivo, causando elevados prejuízos ao agronegócio brasileiro, pela sua alimentação no interior do colmo da planta. No milho, embora reconhecida como uma das espécies fitófagas associadas à planta, ainda não tinha recebido atenção como causadora de prejuízos econômicos. No entanto, em anos recentes, começou a haver demandas para seu controle em algumas regiões produtoras, em plantios próximos ou distantes da cana-de-açúcar (CRUZ, 2007). A biologia da praga inicia com a chegada da mariposa na área-alvo, ocasião em que a fêmea fecundada coloca seus ovos em grupos contendo, em média, 20 ovos. Logo após o período de incubação, que dura em torno de uma semana, nascem as larvas, que iniciam a alimentação nas folhas, cujos danos geralmente passam despercebidos, devido aos

danos visíveis da lagarta-do-cartucho. Após um período variável entre sete e dez dias, a forma imatura de D. saccharalis começa a atuar como broca, perfurando o colmo da planta e alojando-se na parte interna até a emergência do inseto adulto. Ao alimentar-se dentro do colmo, a broca provoca galerias que podem tomar todo o internódio. Vários internódios podem ser danificados. Como consequência da alimentação da praga, a planta fica enfraquecida e reduz sua produtividade (CRUZ, 2007). Este trabalho teve como objetivo monitorar a ocorrência de mariposas de S. frugiperda e D. saccharalis, utilizando armadilhas do tipo Delta iscada com o feromônio sexual da primeira espécie ( Biospodoptera ) ou fêmeas virgens para a segunda, em seis áreas distintas. Material e Métodos O experimento foi conduzido em três áreas distintas contendo, ao longo do ano, cultivos de milho e/ou de sorgo intercalados com áreas de pousio, da Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas, Minas Gerais, Brasil. As áreas são distantes umas das outras cerca de 2.000 metros. Uma das áreas é destinada ao cultivo orgânico, onde o milho é cultivado há mais de 15 anos. A segunda área é cultivada com milho e sorgo em sistema convencional, com utilização de insumos químicos, incluindo inseticidas químicos. A terceira área é cultivada com milho, no sistema convencional, porém, sem a utilização de inseticidas. Durante o período de janeiro a dezembro de 2015, fez-se o monitoramento dos insetos adultos através de armadilhas contendo o feromônio sexual sintético de S. frugiperda, Biospodoptera ou contendo fêmeas virgens de D. saccharalis (três fêmeas virgens/armadilha). As armadilhas, com capacidade para monitorar cinco hectares, foram distribuídas no centro de cada área-alvo, a partir do início da emergência da planta. Inicialmente, a armadilha foi colocada a um metro acima da superfície do solo. Quando a planta atingia a altura da armadilha esta foi, de maneira dinâmica, levantada, permanecendo sempre na altura do dossel da planta. Em média, a cada 15 dias, o feromônio sintético era substituído e, no caso das fêmeas virgens, trocadas uma vez a cada semana. Os pisos das armadilhas foram trocados à medida que ficavam cheios de insetos ou com excesso de impurezas. As avaliações sobre o número de insetos capturados foram diárias. Resultados e Discussão Para S. frugiperda foram capturados mensalmente, no ano de 2015, uma média de 5,94 mariposas na área orgânica, 4,23 na área convencional e 0,13 na área convencional sem a utilização de inseticidas químicos. Nitidamente, o pico médio de ocorrência de S. frugiperda ocorreu, independentemente da área amostrada, no mês de fevereiro (Figura 1). A Figura 2 mostra a captura diária de mariposas de S. frugiperda no pico de ocorrência em três áreas distintas. Considerando o nível econômico de danos equivalente a uma captura média de três mariposas (Cruz et al. 2009), é evidente a expectativa de danos severos na planta, por exemplo, após os dias cinco e seis, em todas as áreas, porém, principalmente nas áreas de cultivo orgânico e convencional. No geral, o número médio mensal de mariposas da espécie D. saccharalis foi significativamente superior ao mesmo número observado para S. frugiperda, com picos de ocorrência em abril (Figura 3). E, ao contrário do que ocorreu com a S. frugiperda, a espécie D. saccharalis apresentou vários picos de ocorrência (Figura 4), indicando que

ela pode estar ocasionando injúrias e, consequentemente, perdas econômicas em milho e em sorgo nas áreas avaliadas em Sete Lagoas, MG. Figura 1. Número médio de mariposas machos de Spodoptera frugiperda capturadas mensalmente por armadilha de feromônio em três áreas distintas em Sete Lagoas, MG.

Figura 2. Número médio diário de mariposas de S. frugiperda capturadas em armadilha iscada com feromônio sexual, no mês de pico de ocorrência (fevereiro) em três áreas distintas em Sete Lagoas, MG.

Figura 3. Número médio de mariposas machos de Diatraea saccharalis capturadas mensalmente por armadilha iscada com fêmeas virgens, em três áreas distintas em Sete Lagoas, MG.11 Figura 4. Número médio diário de mariposas de D. saccharalis capturadas em armadilha iscada com fêmeas virgens, no mês de pico de ocorrência (abril) em três áreas distintas em Sete Lagoas, MG.

Conclusões As mariposas tanto de S. frugiperda como de D. saccharalis estão presentes nas áreas de cultivo de milho e sorgo em Sete Lagoas, MG, em populações suficientes para provocar danos econômicos a estes cultivos. Existem diferenças significativas no número de mariposas das espécies S. frugiperda e D. saccharalis capturadas em armadilhas, mesmo em áreas relativamente próximas O uso de armadilha iscada com feromônio sintético de S. frugiperda ou com fêmeas virgens de Diatraea saccharalis permite detectar a presença do inseto em áreas-alvos e servir como ferramenta para determinar a necessidade de medidas de controle Referências CRUZ, I. A Broca da cana-de-açúcar, Diatraea saccharalis, em milho, no Brasil. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2007. 12 p. (Embrapa Milho e Sorgo. Circular Técnica, 90). CRUZ, I.; FIGUEIREDO, M. L. C.; OLIVEIRA, A. C.; VASCONCELOS, C. A. Damage of Spodoptera frugiperda (Smith) in different maize genotypes cultivated in soil under three levels of aluminium saturation. International Journal of Pest Management, London, v. 45, p. 293-296, 1999. CRUZ, I.; FIGUEIREDO, M. L. C.; SILVA, R. B.; SILVA, I. F.; PAULA, C.; FOSTER, J. Using sex pheromone traps in the decision-making process for chemical application against Spodoptera frugiperda (Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) larvae in maize. International Journal of Pest Management, London, v. 58, n. 1, p. 83-90, 2012. CRUZ, I.; OLIVEIRA, L. J.; VASCONCELOS, C. A. Efeito do nível de saturação de alumínio em solo ácido sobre os danos de Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) em milho. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, Jaboticabal, v. 25, p. 293-297, 1996. FIGUEIREDO, M. L. C.; MARTINS-DIAS, A. M. P.; CRUZ, I. Relação entre a lagarta-do-cartucho e seus agentes de controle biológico natural na produção de milho. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 41, p. 1693-1698, 2006. FIGUEIREDO, M. L. C.; CRUZ, I.; SILVA, R. B.; FOSTER, J. E. Biological control with Trichogramma pretiosum increases organic maize productivity by 19.4%. Agronomy for Sustainable Development, Paris, v. 35, n. 3, p. 1175-1183, 2015.