DOCUMENTO DE TRABALHO I

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Transcrição:

PARLAMENTO EUROPEU 2009-2014 Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos 4.4.2011 DOCUMENTO DE TRABALHO I sobre a proposta de directiva do Parlamento Europeu e do Conselho relativa às condições de entrada e de residência de nacionais de países terceiros para efeitos de trabalho sazonal Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos Relator: Claude Moraes DT\858924.doc Tradução externa PE460.623v01-00 Unida na diversidade

I. Contexto da proposta A Comunicação da Comissão intitulada "Plano de acção sobre a migração legal", de 2005, prevê a apresentação de uma proposta de directiva relativa às condições de entrada e residência de nacionais de países terceiros para efeitos de trabalho sazonal, considerando que "os trabalhadores sazonais são periodicamente necessários em determinados sectores (...) em que muitos imigrantes trabalham ilegalmente e em condições precárias". A Comissão publicou a sua proposta em Julho de 2010, integrada num pacote juntamente com a proposta de um regime de transferência temporária dentro das empresas de trabalhadores de países terceiros. O relator tem a firme convicção de que esta directiva é necessária para combater a exploração de trabalhadores sazonais, especialmente à luz de alguns acontecimentos recentes (nomeadamente em Rosarno, Itália, mas não confinados a um Estado-Membro particular). Acresce que a necessidade de trabalhadores sazonais extracomunitários é um fenómeno comum na maioria dos Estados-Membros, e a introdução de um quadro a nível da UE para a gestão deste tipo de fluxos é susceptível de proporcionar um genuíno valor acrescentado. Neste contexto, é de registar ainda que a criação de canais legais para a migração pode contribuir de modo relevante para diminuir a capacidade de atracção da migração clandestina e a exploração que lhe está associada. É também vital que esta directiva tenha muito em conta a necessidade de assegurar a igualdade de tratamento no mercado de trabalho da UE, para salvaguarda das condições de remuneração e de trabalho. Assim, o relator saúda esta proposta na sua generalidade, ressalvando por outro lado que há algumas áreas em que ela carece de reforços significativos, como adiante se explana. Esta proposta tem por base jurídica o artigo 79.º, n.º 2, alíneas a) e b), que confere ao Parlamento Europeu e ao Conselho poderes para adoptarem medidas relativas, respectivamente, às condições de entrada e à definição dos direitos dos nacionais de países terceiros que residam legalmente num Estado-Membro. Desde a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, a área da política de migração legal está sujeita ao processo legislativo ordinário, pelo que ao Parlamento cabe um papel reforçado no presente processo legislativo. A escolha da base jurídica desta proposta foi objecto de algumas críticas, tendo-se alvitrado que deveria ter-se optado antes pelo artigo 153.º, n.º 1, alínea g), relativo às condições de emprego dos nacionais de países terceiros que residam legalmente num Estado-Membro, em conjugação com o artigo 154.º, que prevê a consulta dos parceiros sociais. Contudo, esta proposta versa primariamente as condições e processos de admissão de trabalhadores sazonais, e não as respectivas condições de emprego. Além disso, a ter-se optado pelo artigo 153.º, n.º 1, alínea g), o Parlamento Europeu seria apenas consultado e o Conselho teria de deliberar por unanimidade. O relator reconhece que a questão da subsidiariedade foi suscitada por diversos parlamentos nacionais. Contudo, realça também que houve um número significativo de pareceres positivos de parlamentos nacionais sobre essa questão e que o número total de pareceres fundamentados (de seis parlamentos nacionais, com um total de seis votos) ficou aquém do número de votos necessário para desencadear o procedimento do "cartão amarelo". PE460.623v01-00 2/5 DT\858924.doc

II. Principais disposições da proposta 1. Panorâmica geral A proposta em apreço estabelece um procedimento rápido para a admissão de nacionais de países terceiros empregados como trabalhadores sazonais, com base em definições e critérios comuns aplicáveis a esses trabalhadores. A proposta prevê as condições que regerão a concessão da autorização de residência e de trabalho válida por um período máximo de seis meses por ano civil. Integra um grupo de disposições destinadas a assegurar aos trabalhadores sazonais uma protecção reforçada, que o relator saúda e que incluem: A admissão depende da existência de um contrato de trabalho ou de uma oferta de emprego vinculativa que especifique o salário a pagar e outras condições de trabalho. Os empregadores são obrigados a fazer prova de que o trabalhador sazonal disporá de alojamento adequado durante a sua permanência. Será criado um mecanismo de apresentação de queixas acessível não só aos trabalhadores sazonais, mas também a terceiros designados por estes, como sindicatos e ONG, a fim de garantir uma aplicação adequada das regras. A proposta consagra ainda um regime de igualdade de tratamento face aos trabalhadores nacionais no que respeita a determinados direitos (artigo 16.º). O relator, ciente embora do papel que a Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais será ainda chamada a desempenhar no que concerne a este artigo, considera tratar-se de disposições cruciais que importa reforçar ainda mais. 2. Definição do conceito de trabalhador sazonal A definição de trabalhador sazonal e dos critérios a aplicar-lhe constitui uma das principais disposições da presente proposta. De acordo com a definição constante no artigo 3.º, alínea b), por "trabalhador sazonal" entende-se "um nacional de um país terceiro que mantenha o seu domicílio legal num país terceiro, mas resida temporariamente no território de um Estado-Membro para efeitos de trabalho num sector de actividade dependente do ritmo das estações do ano, com base num ou mais contratos de trabalho de duração limitada celebrados directamente entre o nacional de um país terceiro e o empregador estabelecido num Estado-Membro". Esta definição suscita várias questões, a começar pela dos sectores abrangidos pela directiva. Por "actividade dependente do ritmo das estações do ano" entende-se "uma actividade que está ligada a um determinado período do ano por um acontecimento ou um padrão de acontecimentos durante os quais a mão-de-obra necessária é de longe superior à exigida para as operações habituais" (artigo 3.º, alínea c)). Porém, a proposta deixa a definição dos sectores abrangidos a cargo dos Estados-Membros, limitando-se a apresentar exemplos num considerando: as actividades dependentes do ritmo das estações do ano "são típicas de sectores como a agricultura, durante o período de plantação ou de colheita, ou o turismo, DT\858924.doc 3/5 PE460.623v01-00

durante o período de férias" (considerando 10). Tais definições padecem de falta de precisão: o conceito de necessidade de mão-de-obra "de longe superior à exigida para as operações habituais" é muito pouco claro e deixa uma margem muito ampla à interpretação. Além disso, se por um lado permite aos Estados-Membros adaptar a legislação à sua situação específica, esta disposição pode, por outro, levar a que a directiva seja aplicada a sectores muito distintos nos diferentes Estados-Membros. O relator é de opinião que importa identificar especificamente os sectores que devem ser cobertos por esta directiva, por via da sua relação estreita com factores sazonais. Os casos mais proeminentes são os da agricultura e do turismo. Outros sectores que têm um elemento de sazonalidade menos marcado, como a construção, poderão ser excluídos. Nos termos do artigo 2.º, n.º 1, da proposta, apenas os nacionais de países terceiros que residam fora do território dos Estados-Membros podem requerer admissão no território de um Estado-Membro ao abrigo desta directiva. Os nacionais de países terceiros que já se encontrem no território de Estados-Membros estão excluídos do respectivo âmbito de aplicação. O relator tem conhecimento de que um grupo de Estados-Membros apresentou uma proposta tendente a estender a aplicação da directiva aos nacionais de países terceiros que residam legalmente na UE. Visto que uma tal medida é passível de afectar de modo significativo a natureza da directiva, será necessário analisar melhor as suas implicações. Deste preceito, e da sua conjugação com a obrigação de regressar a um país terceiro consignada no artigo 11.º, n.º 1 e com a facilitação do procedimento de readmissão previsto no artigo 12.º, ressalta que esta proposta da Comissão tem por objectivo a criação de um sistema de migração circular, com a admissão de nacionais de países terceiros residentes fora da UE para cumprirem períodos de trabalho de alguns meses e regressarem depois aos seus países de residência. A migração circular pode proporcionar benefícios claros aos migrantes e aos países terceiros em termos de desenvolvimento, mediante a prevenção da fuga de cérebros e a facilitação do envio de remessas para os países de origem. No que se refere às disposições sobre a facilitação da readmissão de trabalhadores sazonais, seja pela emissão de vistos válidos por várias temporadas de trabalho, seja pela aplicação de um procedimento acelerado nas temporadas subsequentes, o relator observa que elas podem ser positivas para os trabalhadores sazonais, proporcionando-lhes uma maior segurança, além de encorajarem o retorno aos países de origem no termo do período estabelecido. Pode igualmente ser ponderada a possibilidade de se facultar o acesso ao estatuto de residente de longa duração aos trabalhadores sazonais que tenham cumprido um número significativo de temporadas de trabalho. De acordo com o artigo 11.º, os trabalhadores sazonais podem residir e trabalhar na UE por um período máximo de seis meses por ano civil. O relator assinala que, a este propósito, foram suscitadas algumas questões. Foi discutido em particular o período máximo de seis meses, dado que presentemente alguns Estados-Membros concedem aos trabalhadores sazonais autorizações de permanência mais prolongadas, que em certos casos podem chegar aos nove ou dez meses. Todavia, nessas situações, não podemos deixar de nos interrogar se estamos perante um emprego sazonal ou se, na realidade, se trata PE460.623v01-00 4/5 DT\858924.doc

antes de um emprego a tempo inteiro, sem os direitos de residência inerentes. É importante garantir que a duração da permanência não conduza ao abuso do sistema, em prejuízo dos trabalhadores sazonais. O relator considera, por isso, que o período máximo de seis meses proposto pela Comissão constitui a solução mais equilibrada. Chama-se ainda a atenção para o facto de a temporada de Inverno se espraiar por dois anos civis. Por esse motivo, talvez fosse mais apropriado substituir as referências ao ano civil por um período de doze meses. DT\858924.doc 5/5 PE460.623v01-00