EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA JIDICIAL DA COMARCA DE VALINHOS ESTADO DE SÃO PAULO Processo nº 1002318-36.2017.8.26.0650 Pedido de Recuperação Judicial Manifestação acerca dos requisitos para processamento de recuperação judicial. Preenchimento de requisitos formais. Possibilidade de efetiva recuperação econômica. R4C ASSESSORIA EMPRESARIAL, Administradora Judicial, nomeada nos autos do Pedido de Recuperação Judicial de Via Vitória Industria de Produtos Alimentícios Eireli, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, visando atender a decisão de fls. 382/384, expor o que segue:
Com o objetivo de oferecer à DD. Magistrada meios suficientes para analisar a real condição econômica, patrimonial e operacional da empresa requerente, foi realizada verificação acerca do cumprimento dos requisitos previstos nos artigos 48 e 51 da Lei 11.101/05, cujas conclusões seguem nos termos abaixo indicados, conforme ordenado no despacho de folhas 382/384: I. DO PEDIDO DERECUPERAÇÃO JUDICIAL EM CONTESTAÇÃO AO PEDIDO DE FALÊNCIA. A teor do artigo 95 da Lei 11.101/2005, o devedor poderá, no prazo de contestação ao pedido de Falência, pleitear sua Recuperação Judicial. Desta forma, não poderá ser declarada a falência se a pessoa contra quem foi requerida provar a apresentação do pedido fundamentado de Recuperação Judicial, congregando no mesmo, todos os requisitos necessários à própria Recuperação Judicial. Necessário ressaltar que trata-se de característica inerente ao pedido de Recuperação Judicial a denuncia, pelo próprio devedor, de sua condição de dificuldade econômica e financeira, mas também demonstre a possibilidade e o propósito de solucionar seus débitos em determinado prazo e sob certas condições, evitando o perecimento da empresa. É que o pedido de recuperação demanda a explicitação de um plano de recuperação, evidenciando a viabilidade da empresa. Importante ressaltar que e empresa encontra-se sem atividade nos meses anteriores, considerando que estava, até a concessão de liminar por este juízo, sem energia elétrica.
Essa condição, apesar de indicativa de atenção quanto à real capacidade de recuperação, não é impeditiva da concessão do benefício. Neste sentido, o presente requerimento de Recuperação Judicial elaborado pela empresa Via Vitória Industria de Produtos Alimentícios Eireli aborda as questões necessárias e encontra-se instruído dos documentos e requisitos determinados pela Lei, sendo necessária apenas uma breve complementação conforme abaixo exposto. II. DOS REQUISITOS FORMAIS PARA O PROCESSAMENTO DO PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL ART. 48 E 51 DA LEI 11.101/2005. Os requisitos necessários para instrução do pedido e deferimento do processamento da Recuperação Judicial estão elencados nos artigos 48 da Lei 11.101/2005, que dispõe: Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: I não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; II não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo IV não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. 1 o. A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente. 2 o Tratando-se de exercício de atividade rural por pessoa jurídica, admitese a comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo por meio da
Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica - DIPJ que tenha sido entregue tempestivamente. Pela análise dos documentos apresentados nos autos, em atividade focada, ainda, apenas nos aspectos meramente documentais, percebe-se que a requerente atende, com a necessidade de pequena complementação, aos requisitos dispostos no artigo 48 da Lei 11.101/2005. Importante destacar que essa constatação decorre da simples verificação da existência e da pertinência de algumas certidões e declarações. DISPOSITIVO LEGAL Art. 48 Lei 11.101/2005 Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: I não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; II não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo FLS PROCESSO Fls. 33, 89 e 90 (Comprovantes de Inscrição na Receita Federal do Brasil e Jucesp) Fls. 33, 89 e 90 (Situação Cadastral RFB Ativa) Fls. 36/37 (Certidão de Distribuição exclusiva de falência e RJ) Fls. 36/37 (Certidão de Distribuição exclusiva de falência e RJ) SITUAÇÃO
IV não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. Fls. 39, 40 e 42 (Declarações e Certidão Execução Criminal Detentora do Capital) De maneira direta, percebe-se que os requisitos formais, exigidos pela Lei 11.101/2005, basicamente retratados pelas certidões de regularidade perante a Junta Comercial e Receita Federal do Brasil e certidões de distribuição cíveis e penais, foram plenamente satisfeitos. Aliado aos requisitos formais, a lei exige alguns documentos específicos que devem acompanhar a petição inicial do processo de recuperação. Tais requisitos contam do art. 51 da Lei 11.101/2005, conforme a seguir destacado. Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com: I a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da crise econômico-financeira; II as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: a) balanço patrimonial; b) demonstração de resultados acumulados; c) demonstração do resultado desde o último exercício social; d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção; III a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente; IV a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o
correspondente mês de competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento; V certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores; VI a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do devedor; VII os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras VIII certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do devedor e naquelas onde possui filial; IX a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados. 1 o Os documentos de escrituração contábil e demais relatórios auxiliares, na forma e no suporte previstos em lei, permanecerão à disposição do juízo, do administrador judicial e, mediante autorização judicial, de qualquer interessado. 2 o Com relação à exigência prevista no inciso II do caput deste artigo, as microempresas e empresas de pequeno porte poderão apresentar livros e escrituração contábil simplificados nos termos da legislação específica. 3 o O juiz poderá determinar o depósito em cartório dos documentos a que se referem os 1 o e 2 o deste artigo ou de cópia destes. Quanto ao artigo 51, a Requerente atende, parcialmente, aos requisitos documentais exigidos pela lei, sendo necessária, se assim entender Vossa Excelência, a complementação de algumas informações pontuais, conforme apontamentos na tabela abaixo:
DISPOSITIVO LEGAL Art. 51 Lei 11.101/2005 Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com: I a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da crise econômico-financeira; II as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: a) balanço patrimonial; b) demonstração de resultados acumulados; c) demonstração do resultado desde o último exercício social; d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção; III a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente. IV a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de FLS PROCESSO Fls. 1 a 26 Fls. 49 a 56 203 a 210 e 212 Fls. 59 a 79 e 214 a 233 Ilegível Fls. 81 SITUAÇÃO, mediante descritivo dos fatos narrados na petição inicial., mediante a juntada de documentos contábeis gerais da empresa. parcialmente posto que documentos encontramse ilegíveis., mediante a juntada de relação com descritivo.
competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento; V certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores; VI a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do devedor; VII os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras; VIII certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do devedor e naquelas onde possui filial; IX a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados. Fls. 83 a 90 Fls. 92 Fls. 93 a 118 Fls. 119 a 191 Fls. 192 a 196 (Planilha com descrição de Ações Cíveis e Trabalhistas) Cumprido Documentalmente.. Veracidade dos dados comprovados mediante laudo contábil realizada pela Administradora Judicial.
De acordo com a verificação documental realizada no processo, a administradora judicial é de opinião de que foram atendidos os requisitos formais exigidos pela lei, sendo que a única ressalva, reside na necessidade de serem reapresentados os documentos relacionados no item III da tabela acima, posto que ilegíveis. III. DAS ATIVIDADES DA EMPRESA REQUERENTE Conforme narrado pela Recuperanda em seu pedido de Recuperação Judicial a empresa reconhece a crise pela qual está passando, mas sustenta que a mesma não se mostra irreversível, se concedida a tutela jurisdicional da Recuperação Judicial juntamente com a implementação de novo modelo de gestão apto a aprofundar o diagnóstico de problemas da Recuperanda viabilizando assim, soluções reais e concretas. Há, portanto, indícios, de que a empresa Requerente, embora de forma tímida, poderá superar a crise, caso as atividades sejam retomadas sob o comando de nova gestão financeira e econômica, bem como das atividades comercial, conforme solicitado na petição inicial da Recuperação Judicial. III. CONCLUSÕES De maneira objetiva, com base no despacho judicial que determinou a presente análise, esta administradora judicial é de parecer que a documentação apresentada no pedido inicial está de acordo com a legislação de regência, ressalvados os complementos documentais, absolutamente sanáveis, bem como, ao menos no presente momento, a Requerente revela indícios de viabilidade econômica de suas
atividades, constatação a ser confirmada no curso do processo, caso Vossa Excelência, que é o peritum peritorum, entenda pelo deferimento do processamento recuperacional. Campinas, 17 de julho de 2017. R4C Assessoria Empresarial Ltda Fernando F. Castellani OAB SP 209.877