DECISÃO ADMINISTRATIVA:



Documentos relacionados
Decisão Administrativa:

Processo Administrativo Auto de Infração n 0913/2014 Autuado: FRETCAR TRANSPORTE URBANO E METROPOLITANO LTDA.

I seja aprovado o projeto arquitetônico;

Decisão Administrativa:

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE Art. 2.º Para os efeitos desta lei, considera-se:

MINISTÉRIO PÚBLICO Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor - DECON

O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Faço saber que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA PROJETO DE LEI Nº 215, DE 2015 (EM APENSO OS PLS NºS E 1.589, DE 2015)

Lei nº , de 19 de outubro de Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:

DECRETO Nº DE 23 DE NOVEMBRO DE 2009


AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL RESOLUÇÃO N 25, DE 25 DE ABRIL DE 2008.

DECRETO Nº , DE 20 DE FEVEREIRO DE 2009.

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos DECRETO Nº 5.054, DE 23 DE ABRIL DE 2004.

TERMO DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA

CURSO DE DIREITO DA INFORMÁTICA LUIZ MÁRIO MOUTINHO

MENSALIDADES ESCOLARES

RESOLUÇÃO NORMATIVA - RN Nº 396, DE 25 DE JANEIRO DE 2016

Informe. Legislativo MUNICIPAL

PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA DIRETORIA DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR DECISÃO RELATÓRIO

O PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO P NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE

Ética na Pesquisa Animal. Dra. Arlene Pessoa

decorrentes de descumprimento total ou parcial de contrato fica regulamentado por

RESOLUÇÃO - RDC Nº 23, DE 4 DE ABRIL DE 2012

Plano de Controle de Qualidade. Resolução 3.954

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

LEI COMPLEMENTAR N 30, de (D.O )

TERMO DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA

O GOVERNADOR DO ESTADO DO ACRE


PL 2.057/2003 E APENSOS

RESOLUÇÃO INSTRUÇÃO Nº 127 CLASSE 19ª BRASÍLIA DISTRITO FEDERAL. Relator: Ministro Arnaldo Versiani. Interessado: Tribunal Superior Eleitoral.

TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA Nº 30 /2014

TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA AMBIENTAL

LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997.

AMBIENTE Contraordenações e Gestão de Pilhas e Acumuladores

Marco Civil da Internet

ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA GERÊNCIA DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR PROCON-MA

Deputada Estadual Vanessa Damo LEI DA ENTREGA COM HORA MARCADA - SP

Um programa de compliance eficiente para atender a lei anticorrupção Lei /2013

Art. 4º As instituições de que trata o art. 1º terão o prazo de duzentos e quarenta dias para se adaptarem ao disposto nesta Lei.

Prefeitura Municipal de Ipiranga do Norte

I - Apresentar Carteira Nacional de Habilitação, categoria A, em validade, expedida há pelo menos dois anos;

RESOLUÇÃO Nº. INSTRUÇÃO Nº CLASSE 12ª - DISTRITO FEDERAL (Brasília).

CONTADOR JOSE LUIZ VAILATTI. Lei /2013 LEI ANTI CORRUPÇÃO EMPRESARIAL

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

5º REVOGADO. 6º REVOGADO. 7º REVOGADO. 8º REVOGADO. 9º REVOGADO.

Lei nº , de (DOU )

CNPJ: / MODALIDADE: TRADICIONAL PROCESSO SUSEP Nº: / WEB-SITE:

PROJETO DE LEI Nº 7.415, de (Apensos os PL nºs 1.897, de 2003, nº 2.352, de 2003, nº 3.388, de 2004, 4.182, de 2004, e 4.

Decisão Administrativa

TÍTULO DE CAPITALIZAÇÃO APLUBCAP ECO 2.1 MODALIDADE DADE INCENTIVO PAGAMENTO ÚNICO CONDIÇÕES GERAIS

PROJETO DE LEI Nº DE 2011

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador LUIZ HENRIQUE

PORTARIA MPS N 170/2012 DE 25 DE ABRIL DE 2012 IMPLEMENTAÇÃO DE COMITÊ DE INVESTIMENTOS E OUTROS CONTROLES

Resolução nº 194 RESOLUÇÃO Nº 194-ANTAQ, DE 16 DE FEVEREIRO DE 2004.

RESOLUÇÃO RDC ANVISA Nº 345, DE 16 DE DEZEMBRO DE (D.O.U. de 19/12/02)

FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL NAS VIAS DE TRÂNSITO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PRODUTOS PERIGOSOS

TERMO DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA

DISCIPLINA AS ATIVIDADES DE LAN HOUSES, E ESTABELECIMENTOS SEMELHANTES NO MUNICIPIO DE MONTE ALEGRE DE MINAS E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

Perguntas F requentes Relacionadas à Inscrição de Entidades de Assistência Social nos Conselhos Municipais de Assistência Social e do Distrito Federal

CONDIÇÕES GERAIS DO CAP FIADOR I INFORMAÇÕES INICIAIS. SOCIEDADE DE CAPITALIZAÇÃO: Brasilcap Capitalização S.A. CNPJ: / II GLOSSÁRIO

PREFEITURA MUNICIPAL DE BAURU

ESTADO DE SERGIPE PREFEITURA MUNICIPAL DE ARACAJU Secretaria Municipal de Governo LEI COMPLEMENTAR N.º 64/2003 DE 23 DE DEZEMBRO DE 2003

ESTADO DE MATO GROSSO CÂMARA MUNICIPAL DE CUIABÁ

LEI Nº 124/95. A CÂMARA MUNICIPAL DE PINHAIS, Estado do Paraná, aprovou e eu, Prefeito Municipal, sanciono a seguinte Lei:

PORTARIA Nº 371/2009 DG. O DIRETOR GERAL DO DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO ESTADO DO PARANÁ - DETRAN/PR usando de suas competências na forma da lei e;

ÂMBITO E FINALIDADE SERVIÇO DE EMPRÉSTIMO DE VALORES MOBILIÁRIOS

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

RESOLUÇÃO CONCEA NORMATIVA Nº 21, DE 20 DE MARÇO DE 2015

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

DOU de 30/07/2015 (nº 144, Seção 1, pág. 73) DENATRAN - Departamento Nacional de Trânsito PORTARIA Nº 95, DE 28 DE JULHO DE 2015

Disciplina a corretagem de seguros, resseguros, previdência complementar aberta e capitalização e estabelece aplicáveis às operações de seguro,

O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições, D E C R E T A CAPÍTULO I - DA JORNADA DE TRABALHO

INSTRUÇÃO NORMATIVA - TCU Nº 56, DE 5 DEZEMBRO DE 2007

INSPEÇÃO DE PRODUTOS CONTROLADOS

TRIBUTAÇÃO DO SETOR IMOBILIÁRIO E DA CONSTRUÇÃO CIVIL. Martelene Carvalhaes

ASPECTOS LEGAIS DA PRODUÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO E FISCALIZAÇÃO DE SEMENTES E MUDAS

CÂMARA MUNICIPAL DE CORNÉLIO PROCÓPIO

RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA, CIVIL E PENAL NA SUPERVISÃO DOS FUNDOS DE PENSÃO. Rio de Janeiro, 11 de agosto de 2015

AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL RESOLUÇÃO Nº, DE DE DE.

LEGISLAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SALVADOR QUE DETERMINA "OBRIGATÓRIA" REALIZAÇÃO DE INSPEÇÃO PREDIAL POR PROFISSIONAL HABILITADO NO CREA

29 a 30 de maio de 2008 RESPONSABILIDADE CIVIL E RELAÇÕES TRABALHISTAS. Fraiburgo Santa Catarina

P REFEIT URA DO MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO

RESOLUÇÃO Nº 196, DE 24 DE AGOSTO DE 2011.

CONSIDERANDO o que o Sr. João Lima Goes relatou ao Conselho Tutelar de Alto Piquiri Paraná, cuja cópia segue em anexo;

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº , DE 18 DE DEZEMBRO DE 2014.

TERMO DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA

ANÁLISE DO EDITAL DE AUDIÊNCIA PÚBLICA SDM Nº 15/2011 BM&FBOVESPA

TÍTULO DE CAPITALIZAÇÃO APLUBCAP POPULAR 636 MODALIDADE POPULAR PAGAMENTO ÚNICO CONDIÇÕES GERAIS SOCIEDADE DE CAPITALIZAÇÃO: APLUB CAPITALIZAÇÃO S. A.

PROJETO DE LEI Nº, DE 2012

Decreto nº 7.568, de 16 de setembro de 2011

GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO DIRETORIA DE VISTORIAS

*Decreto /2012: DECRETO Nº , DE 16 DE JULHO DE DISPÕE SOBRE A REGULAMENTAÇÃO DA LEI COMPLEMENTAR Nº 489, DE 31 DE MAIO DE 2012.

Lei nº 9.933, de 20 de Dezembro de 1999

LEI , DE 29 DE DEZEMBRO DE

001) Quais serão os novos limites de enquadramento como ME ou EPP?

TÍTULO DE CAPITALIZAÇÃO APLUBCAP POPULAR 510 MODALIDADE POPULAR PAGAMENTO ÚNICO CONDIÇÕES GERAIS SOCIEDADE DE CAPITALIZAÇÃO: APLUB CAPITALIZAÇÃO S. A.

Transcrição:

DECISÃO ADMINISTRATIVA: Processo Administrativo Auto de Infração n 0879/2014 Autuado: POUSADA ARCO MUNDIAL LTDA - ME I - RELATÓRIO: POUSADA ARCO MUNDIAL LTDA - ME, inscrita no CNPJ nº 04.311.579/0001-64, estabelecido à Rua Capitão Inácio Prata, nº 00, Praia da Taíba, Município de São Gonçalo do Amarante/Ce, foi autuada pela fiscalização do Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor DECON, por infringir o art. 39, VIII, da Lei nº 8078/90 (Código de Defesa do Consumidor) c/c art. 2º do Decreto nº 28.085/06. Segundo o auto, foi constatado que, no ato da fiscalização, que o estabelecimento estava funcionando sem o Certificado de Conformidade do Corpo de Bombeiros, sendo

estabelecido o prazo de 10 dias para a autuada apresentar o documento devidamente regularizado. Notificada para os fins do art. 42 do Decreto nº 2181, de 20 de Março de 1997 (Sistema Nacional de Defesa do Consumidor SNDC) e do art. 21 da Lei Complementar Estadual nº 30, de 26 de julho de 2002, como se vê no auto de infração (fl. 02), a empresa apresentou defesa administrativa tempestiva (fls. 04/09), a qual será analisada oportunamente. Eis o relatório. Segue a decisão. II - FUNDAMENTAÇÃO: Inicialmente, ressalta-se que a Lei Estadual Complementar n 30, de 26 de julho de 2002, publicada no Diário Oficial do Estado do Ceará em 02 de fevereiro de 2002, criou o Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor - DECON, nos termos previstos na Constituição do Estado do Ceará, e estabeleceu as normas gerais do exercício do Poder de Polícia e de Aplicação das Sanções Administrativas previstas na Lei nº. 8.078, de 11 de setembro de 1990, como dispõe seu art. 14, que diz: Art. 14. A inobservância das normas contidas na Lei nº 8.078 de 1990, Decreto nº 2.181 de 1997 e das demais normas de defesa do consumidor, constitui prática infrativa e sujeita o fornecedor às penalidades da Lei 8.078/90, que poderão ser aplicadas pelo Secretário - Executivo, isolada ou cumulativamente, inclusive de forma cautelar, antecedente ou incidente a processo administrativo, sem prejuízo das de natureza cível, penal e das definidas em normas específicas Do exposto, passa-se a análise individual de cada irregularidade praticada pelo autuado, buscando a singularização e a fundamentação das infrações cometidas.

8.078/90) II. 1 Da Proteção a Vida, a Saúde e a Segurança do Consumidor - CDC (Lei A Política Nacional de Relações de Consumo, estabelecida no art. 4 do Código de Defesa do Consumidor - CDC, regula o atendimento das necessidades dos consumidores, dispondo que deverão ser observados e aplicados certos princípios, que servirão como norteadores das ações dirigidas aos consumidores, tais como: Dignidade da Pessoa Humana, Proteção a Vida a Saúde e Segurança, Transparência, Harmonia, Vulnerabilidade do Consumidor, Conservação dos Contratos, Responsabilidade Solidária, Inversão do Ônus da Prova e Efetiva Prevenção e Reparação de Danos. Veja-se: Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios (caput): A necessidade de proteção ao consumidor é de grande importância, e tem a finalidade de equilibrar as relações de consumo. O consumidor encontra-se constantemente em desvantagem de natureza técnica, econômica ou social, dentre outras, consequentemente, impossibilitando-o de buscar suas pretensões com iguais poderes perante o fornecedor, pois é este quem dispõe de maior domínio do serviço que presta. Do mesmo modo, os direitos básicos do consumidor, especificados pelo art. 6º do CDC, são considerados indispensáveis na proteção e defesa do mesmo. Dentre esses princípios está o da proteção da vida, da saúde e da segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos. Estes princípios possuem, assim, o escopo de tornar o produto ou serviço mais adequados e seguros ao usuário, nos seguintes termos:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; [ ] Aplicando os princípios supracitados ao caso em comento, são exaustivas as possibilidades de infrações. O fornecedor, sem tomar a devida cautela necessária, não apresentou o Certificado de Conformidade do Corpo de Bombeiros, que é de fundamental importância para proteger a vida dos possíveis usuários das instalações do hotel, além da própria vizinhança, bem como dificultar a propagação do incêndio, reduzindo danos ao meio ambiente e ao patrimônio público. Verifica-se, ainda, outra infração ao Código de Defesa do Consumidor, que prevê a prática abusiva do fornecedor, quando o mesmo não seguir as normas expedidas pelo órgão competente em relação a determinado serviço, nos termos do art. 39º, inciso VIII: Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: [...] VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO). Neste diapasão, a ação fiscalizatória constatou apenas uma irregularidade, qual seja a não apresentação do Certificado de Conformidade do Corpo de Bombeiros, a qual viola o disposto no art. 39, inciso VIII do Código de Defesa do Consumidor, uma vez que não respeita-se as exigências expedidas por órgão oficiais, conforme leitura do Auto de

Infração nº 0879/2014 (fls.02). Bombeiros II. 2 Da não apresentação de Certificado de Conformidade do Corpo de Por fim, ao não apresentar o Cadastro de Conformidade do Corpo de Bombeiros, o estabelecimento fiscalizado incorreu em violação ao artigo 2º da Lei Estadual nº 13.556, de 29 de dezembro de 2004, pois a licença para construção e funcionamento de qualquer estabelecimento deve ser precedida da expedição do referido Certificado, nos seguintes termos: Art. 2º. A expedição de licenças para construção, funcionamento de quaisquer estabelecimentos ou uso de construção, nova ou antiga, dependerão de prévia expedição, pelo órgão próprio do Corpo de Bombeiros, de Certificado de Conformidade do Sistema de Proteção contra Incêndio e Pânico. Destarte, o dispositivo acima elencado, com a exigência prévia do Certificado, visa proteger a vida dos possíveis usuários das instalações do hotel, além da própria vizinhança, bem como dificultar a propagação do incêndio, reduzindo danos ao meio ambiente e ao patrimônio público. II.3 Da análise da defesa A defesa da autuada não tem fundamento legal, tendo em vista que o ato do fiscal deste Órgão possui presunção juris tantum de legitimidade 1 e veracidade, ou seja, o ato 1 No escólio de Celso Antônio Bandeira de Mello: [...]a) Presunção de Legitimidade é a qualidade, que reveste tais atos, de se presumirem verdadeiros e conformes ao Direito, até prova em contrário. Isto é: milita em favor deles uma presunção juris tantum de legitimidade; salvo expressa disposição legal, dita presunção só até serem questionados em juízo. Esta, sim, é uma característica comum aos atos administrativos em geral;[...] (MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. Revista e atualizada até a Emenda Constitucional 64, de 4.2.2010., p.419.)

administrativo em geral é dotado de presunção de veracidade e conformidade com o Direito, cabendo, exclusivamente, ao particular, provar que o fato alegado em ato administrativo não condiz com a realidade. Em sua defesa (fls. 04/09), a autuada se limitou apenas a informar que está providenciando o Certificado de Conformidade junto ao Corpo de Bombeiros, sem no entanto apresentar nenhum documento ou protocolo de pedido do referido documento. Apresentou, ademais, o Alvará Sanitário e o Alvará de Funcionamento (fls. 07/08) Assim, apenas a informação de que está retirando o citado documento não demonstra cabalmente que a autuada irá retirá-lo, na medida em que é necessário o cumprimento de diversos requisitos, principalmente em se tratando de Certificado de Conformidade dos Bombeiros, o qual tem por escopo certificar que a empresa se adéqua a todas as questões referentes a proteção contra a propagação de incêndios, protegendo e garantindo a saúde e segurança do consumidor e de toda coletividade. Portanto, a defesa da autuada, no que tange a apresentação de documentos, há de carecer, conforme foi fundamentado acima, tendo em vista que apenas a simples informação de que está providenciando o referido documento não é garantia de que a empresa irá retirá-lo. Assim, a atuação deste DECON segue em sua atividade cumprindo obrigação posta na legislação vigente e entendendo necessárias ao fiel desempenho do seu mister, mormente em se tratando de procurar prevenir danos maiores à sociedade. Portanto, no caso em análise, não há que se descartar a infração, uma vez que esta existiu, foi comprovada, motivo pelo qual segue sendo julgada. II.4 Da estipulação da pena de multa: Com efeito, as sanções administrativas previstas para as praticas infrativas contra o consumidor estão determinadas no art. 56 da Lei n 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor CDC) e no art. 18 do Decreto nº 2181, de 20 de Março de 1997 (Sistema Nacional de Defesa do

Consumidor SNDC), entre elas a pena de multa. A pena de multa deverá ser graduada de acordo com a gravidade da infração, a vantagem auferida e a condição econômica do fornecedor, em montante não inferior a duzentas e não superior a três milhões de vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência (Ufir), como dispõe o art. 57, parágrafo único da Lei n 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor CDC); levandose também, em conta as circunstancias atenuantes e agravantes, além dos antecedentes do infrator, nos termos dos arts. 24 a 28 do Decreto nº 2181, de 20 de Março de 1997 (Sistema Nacional de Defesa do Consumidor SNDC). As circunstâncias atenuantes estão previstas no artigo 25 do Decreto nº 2181. São elas: a ação do infrator não ter sido fundamental para a consecução do fato; ser o infrator primário e ter o infrator adotado as providências pertinentes para minimizar ou de imediato reparar os efeitos do ato lesivo. As circunstâncias agravantes estão previstas no artigo 26 deste mesmo decreto, que assim dispõe: I - ser o infrator reincidente; II - ter o infrator, comprovadamente, cometido a prática infrativa para obter vantagens indevidas; III - trazer a prática infrativa consequências danosas à saúde ou à segurança do consumidor; IV - deixar o infrator, tendo conhecimento do ato lesivo, de tomar as providências para evitar ou mitigar suas consequências; V - ter o infrator agido com dolo; VI - ocasionar a prática infrativa dano coletivo ou ter caráter repetitivo; VII - ter a prática infrativa ocorrido em detrimento de menor de dezoito ou maior de sessenta anos ou de pessoas portadoras de deficiência física, mental ou sensorial, interditadas ou não; VIII - dissimular-se a natureza ilícita do ato ou atividade; IX - ser a conduta infrativa praticada aproveitando-se o infrator de grave crise econômica ou da condição cultural, social ou econômica da vítima, ou, ainda, por ocasião de calamidade. Fixa-se, a priori, a multa em 500 (quinhentas) UFIRCE para a cada infração constatada. Sendo, no caso, apenas uma irregularidade, a pena base mantém-se em 500 (quinhentas) UFIRCE. Inexistem nos autos informações quanto aos antecedentes da parte infratora, supondo-se que se trata de primário, circunstância atenuante, o que nos faz diminuir a pena em 1/3 (um terço),

ficando em 333 (trezentas e trinta e três) UFIRCE. A prática infrativa já descrita, caracteriza três circunstâncias agravantes em razão de trazer consequências danosas à coletividade; a autuada não tomou providências para evitar ou mitigar as consequências do ato lesivo, tendo em vista que não apresentou nem o protocolo do documento; trazer a prática infrativa consequências danosas à saúde ou à segurança do consumidor, tendo em vista a ausência do Certificado de Conformidade dos Bombeiros, o que nos leva a duplicar a pena, ficando em 666 (seiscentas e sessenta e seis) UFIR do Ceará. Ademais, deve-se levar em consideração o porte econômico da autuada, a qual é de PEQUENO PORTE, tendo em vista se tratar de MICROEMPRESA, o que nos leva a diminuir a multa em 1/3, totalizando o valor da multa em 445 (quatrocentas e quarenta e cinco) UFIR do Ceará. III -Da pena de interdição: Dentre as sanções administrativas previstas no art. 56 do Código de Defesa do Consumidor, está a interdição total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade. Referida medida deve ser aplicada no caso em questão em razão das consequências danosas trazidas à saúde e a segurança dos consumidores pela prestação de serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes, bem como pela ausência de alvará de funcionamento, documento essencial para iniciar qualquer atividade em imóvel. É necessário destacar também que, segundo o parágrafo único do artigo em comento, as sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela autoridade administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive por medida cautelar, antecedente ou incidente de procedimento administrativo. Da mesma forma, extrai-se do Decreto nº 2181, de 20 de março de 1997, que dispõe sobre a organização do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor SNDC e estabelece as normas gerais de aplicação das sanções administrativas previstas na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (CDC), que a prática infrativa sujeitará o fornecedor à penalidades, prescritas em lei, que poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, inclusive de forma cautelar, antecedente ou incidente no processo administrativo, sem prejuízo na aplicação de penas de natureza cível, penal e das definidas em normas específicas. Veja-se:

Art. 18. A inobservância das normas contidas na Lei nº 8.078, de 1990, e das demais normas de defesa do consumidor constituirá prática infrativa e sujeitará o fornecedor às seguintes penalidades, que poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, inclusive de forma cautelar, antecedente ou incidente no processo administrativo, sem prejuízo das de natureza cível, penal e das definidas em normas específicas: I multa; [...] X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade; Portanto, referida medida deve ser aplicada no caso em questão em razão das consequências danosas trazidas à saúde e à segurança dos consumidores pela prestação de serviço de alto risco em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes. IV DECISÃO: AO EXPOSTO, julgo procedente o auto de infração, tendo em vista que a parte autuada infringiu os arts. 6º, inciso I, 39, inciso VIII da Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor) c/c art. 2º da Lei Estadual 13.556/04, aplicando-lhe a pena de multa correspondente a 445 (quatrocentas e quarenta e quatro) Ufir do Ceará, nos termos do art. 57, parágrafo único da Lei n 8.078/90 e dos arts. 24 a 28 do Decreto nº 2181/97. Decreto, ainda, a pena de interdição total do estabelecimento, nos termos do art. 56, inciso X, da Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), até que a autuada se regularize, apresentando junto a este Órgão o Alvará de Funcionamento e o Registro Sanitário. Intime-se à parte autuada da presente decisão, por meio de notificação, para que se efetue o recolhimento da multa no prazo de 10 (dez) dias (Caixa Econômica Federal, agência 919 - Aldeota, conta nº 23.291-8, operação 006), ou se pretender, ofereça recurso

administrativo, no mesmo prazo, contra a referida decisão, à Junta Recursal do Programa Estadual de Proteção ao Consumidor JURDECON, como dispõe o art. 23 2º e art. 25, do mesmo diploma legal. O recolhimento da multa deverá ter seu valor convertido em moeda nacional, com a atualização monetária correspondente. Determino ainda que, após o pagamento da respectiva multa administrativa, o autuado, deve encaminhar-se ao Setor de Fiscalização deste Órgão, oportunidade em que deverá entregar o comprovante ORIGINAL de pagamento, para dar prosseguimento ao processo com a devida baixa no sistema. Caso a empresa autuada não apresente recurso da decisão administrativa, ou não apresente o comprovante ORIGINAL de pagamento da multa aqui aplicada, ficará sujeito as penalidades do artigo 29 da lei complementa nº 30 de 26.07.2002 (D.O 02.08.02). Art. 29. Não sendo recolhido o valor da multa no prazo de trinta dias, será o débito inscrito em dívida ativa, para subseqüente cobrança executiva. Informo ainda, que o valor atual da UFIR Ce (Unidade Fiscal de Referência do Ceará) corresponde a R$ 3,2075 (três reais e dois mil e setenta e cinco décimos milésimos de real). Cumpra-se. Fortaleza, 23 de abril de 2014. João Gualberto Feitosa Soares Secretário Executivo, em exercício

CERTIDÃO Certifico para os devidos fins que foi expedido, nesta data, mandado de notificação de Decisão Administrativa ao representante legal da empresa cuja razão social POUSADA ARCO MUNDIAL LTDA - ME, inscrito sob o CNPJ de nº 04.311.579/0001-64, a qual é parte autuada no Processo Administrativo de nº 0879/2014. O referido é verdade. Dou fé. Fortaleza, 23 de abril de 2014. Alexandre Augusto Diniz Campos Assessor Técnico Matrícula nº 216267 Secretaria Executiva DECON