PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 10ª REGIÃO ATA DE AUDIÊNCIA PROCESSO: 0001877 77.2014.5.10.0002 RECLAMANTE: Elizeu Josué de Paula RECLAMADA: Contax Mobitel S/A Aos vinte e seis dias do mês de junho de 2015, na sala de sessões da MM. 02ª Vara do Trabalho de Brasília DF, sob a direção do Sr. Juiz do Trabalho Raul Gualberto Fernandes Kasper de Amorim, realizou se audiência relativa ao processo em referência, oportunidade em que foi proferida a seguinte decisão: Vistos, etc. Dispensado o relatório (CLT, art. 852 I). FUNDAMENTAÇÃO http://www.trt10.jus.br/servicos/consultasap/atas.php?_1=01&_2=02&_3=2014&_4=1877&_5=www_516.&_6=26062015&_99=intra&_7=3 1/6
PRESCRIÇÃO Declaro a perda da pretensão de reparação dos direitos pecuniários tidos por violados em data anterior a cinco anos da propositura da presente reclamação trabalhista, fixando o marco prescricional em 12/11/2009 (CF, art. 7º. XXIX). DIFERENÇAS DE VERBAS RESCISÓRIAS Alega o reclamante que a reclamada não considerou todas as verbas salariais para o cálculo das verbas rescisórias, pautando se no valor e R$941,00 quando o correto deveria ser R$1.401,82, face à remuneração variável auferia pelo alcance de metas da empresa. Por sua vez, a reclamada diz que efetuou o pagamento corretamente, não havendo qualquer quantia paga por fora dos recibos de salário. Aprecio a questão. Não está o reclamante a sugerir o pagamento de salários à margem dos contracheques, mas sim que a rescisão foi apurada com base de cálculo incorreta. A ficha financeira do reclamante de janeiro e fevereiro/2014 traz o salário base de R$941,82 e várias outras parcelas salariais que deveriam compor a base de cálculo da rescisão, por exemplo, remuneração variável, DSR sobre remuneração variável, horas extras de 50% e 100%, DSR sobre as horas extras (fl. 14). http://www.trt10.jus.br/servicos/consultasap/atas.php?_1=01&_2=02&_3=2014&_4=1877&_5=www_516.&_6=26062015&_99=intra&_7=3 2/6
A reclamada, a seu turno, trouxe ao processo apenas a ficha financeira do ano de 2008 (fl. 154), período prescrito. Cabia à reclamada trazer ao feito os recibos de salário do reclamante ou a ficha financeira correspondente (CLT, art. 464) de modo a demonstrar que efetivamente se utilizou da base de cálculo correta quando da apuração rescisória, fazendo constar a média dos valores salariais pagos ao reclamante no ano anterior à rescisão (inteligência do art. 478, 4º, da CLT). Desse modo, não se desvencilhando de seu ônus probatório, tenho por verdadeira a anotação posta na inicial de que o valor médio a título de remuneração variável e demais parcelas salariais dos doze meses anteriores à rescisão era de R$460,00. Defiro o pedido de diferenças de verbas rescisórias, tendo por base a quantia de R$1.401,82, as diferenças de saldo de salário, comissões, diferenças de horas extras, diferenças de 13º salário proporcional, diferenças de férias proporcionais com o terço constitucional (fl. 05) em face dos valores já pagos ao obreiro (fls. 11 e 12). Defiro também o pedido de remuneração variável do mês de março/2014, integral (R$506,00), já que não há impugnação específica a respeito na defesa patronal (CPC, art. 302). Aqui incide o acréscimo da multa do art. 467 da CLT. Indefiro a multa do art. 467 da CLT nas demais parcelas, dada a contestação empresária. Extinto o vínculo de emprego em 07/04/2014 (fl. http://www.trt10.jus.br/servicos/consultasap/atas.php?_1=01&_2=02&_3=2014&_4=1877&_5=www_516.&_6=26062015&_99=intra&_7=3 3/6
141), o acerto rescisório ocorrido ainda no curso do aviso prévio, em 28/03/2014 (fl. 152), respeitou o prazo legal. Indefiro o pedido de multa do art. 477 da CLT. Entendo que o reconhecimento de diferenças de verbas rescisórias apenas por ocasião de processo judicial, em sentença, após efetiva análise de controvérsia instaurada a respeito, não é capaz de renovar o fato gerador da penalidade. Defiro em parte os pedidos, nesses moldes. MULTA DA DATA BASE Incontroverso que a reclamada encerrou suas atividades em abril/2014 e que não houve qualquer acordo coletivo no período de 2014/2015. Desse modo, a data designada para a revisão dos benefícios coletivamente instituídos, em 1º de maio, ficou prejudicada. Em que pese reconhecer a jurisprudência trabalhista consolidada a respeito da ultratividade das normas coletivas (TST, Súmula 277), não há como incidir esta súmula no caso em análise justamente porque a empresa não mais teve atividade nesta Unidade da Federação. Por data base se compreende não apenas uma data para a revisão dos benefícios trabalhistas instituídos coletivamente, mas que efetivamente exista essa negociação. Assim sendo, como a empresa encerrou e não foram http://www.trt10.jus.br/servicos/consultasap/atas.php?_1=01&_2=02&_3=2014&_4=1877&_5=www_516.&_6=26062015&_99=intra&_7=3 4/6
negociadas novas normas coletivas para o período subsequente, não houve data base. Inexistiu, aqui, dispensa obstativa à aquisição de novos direitos instituídos coletivamente exatamente porque inexistentes. Indefiro. CONCLUSÃO Por todo o exposto, julgo parcialmente procedentes os pedidos formulados por Elizeu Josué de Paula em desfavor da Contax Mobitel S/A, resolvendo o processo em seu mérito (CPC, art. 269, I), para condená la nas obrigações de pagar constantes da fundamentação supra, a qual integra a presente conclusão para todos os efeitos. Custas pela reclamada no importe de R$30,00, calculadas sobre o valor arbitrado à condenação, R$1.500,00. Deferida a justiça gratuita ao reclamante. Liquidação por cálculos (CLT, art. 879), incidindo juros e correção monetária na forma da lei (TST, Súmulas 200 e 381). Os recolhimentos previdenciários e fiscais seguem a Súmula 368/TST. Partes cientes (TST, Súmula 197). http://www.trt10.jus.br/servicos/consultasap/atas.php?_1=01&_2=02&_3=2014&_4=1877&_5=www_516.&_6=26062015&_99=intra&_7=3 5/6
Raul Gualberto Fernandes Kasper de Amorim Juiz do Trabalho Proc. 0001877 77.2014.5.10.0002, Pág. 4 http://www.trt10.jus.br/servicos/consultasap/atas.php?_1=01&_2=02&_3=2014&_4=1877&_5=www_516.&_6=26062015&_99=intra&_7=3 6/6