Anuais Expoulbra Outubro 2015 Canoas, RS, Brasil

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Transcrição:

Anuais Expoulbra 20 22 Outubro 2015 Canoas, RS, Brasil OCORRÊNCIA DE MICROCOTYLE SP. (MONOGENEA, MICROCOTYLIDAE) EM POMATOMUS SALTATRIX (LINNAEUS, 1766) (PERCIFORMES, POMATOMIDAE) NO MUNICÍPIO DE TRAMANDAÍ, RS TIAGO S. SARMENTO 1,2, MOISÉS GALLAS 1,3, ELIANE F. DA SILVEIRA 1,4 1 Laboratório de Zoologia dos Invertebrados, Museu de Ciências Naturais, Universidade Luterana do Brasil. 2 Aluno do Curso de Ciências Biológicas da ULBRA. E-mail: tiagotja@hotmail.com 3 Pesquisador convidado, Museu de Ciências Naturais da ULBRA. E-mail: mgallas88@gmail.com 4 Professora do Curso de Ciências Biológicas da ULBRA. E-mail: elianefraga3@hotmail.com Resumo As anchovas (Pomatomus saltatrix) são encontradas nos Oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, nas regiões litorâneas e abundantes nos meses mais frios. Apresentam uma dieta carnívora, se alimentando de sardinhas, camarões, cefalópodes e outros crustáceos. No Brasil, já foram realizados trabalhos relacionados com a helmintofauna de anchovas, principalmente na região Sudeste do Brasil. O objetivo do presente estudo foi conhecer a biodiversidade de monogenéticos parasitos de anchovas no RS. Foram examinados espécimes de anchova (n = 8) coletados em março de 2015 por pescadores profissionais no Município de Tramandaí, RS. Os monogenéticos encontrados foram processados segundo as técnicas para o grupo. Nas brânquias das anchovas examinadas foram encontrados monogenéticos identificados como pertencentes ao gênero Microcotyle pela presença de haptor simétrico, grampos com estruturas uniformes, um par de ventosas orais, vitelário alcançando a parte posterior do corpo, útero sem voltas ou ramificações transversais, ovos não embrionados, átrio genital com armadura complexa. A prevalência de Microcotyle sp. em P. saltatrix foi de 87,5%, com intensidade e abundância médias de infestações de 11,57 e 10,12 helmintos/hospedeiro,

respectivamente. Até o presente momento, na América do Sul foram registrados sete espécies de Microcotyle, dentre elas, Microcotyle debueni e Microcotyle pomatomi em P. saltatrix no Uruguai e Brasil (Estado do Rio de Janeiro). Serão necessários mais espécimes de monogenéticos para a identificação específica. Este é o primeiro registro de Microcotyle sp. em anchovas no Rio Grande do Sul. Palavras-chave: Anchova. Helmintos. Ictioparasitologia. Introdução A anchova, também conhecida como enchova e enchovinha, Pomatomus saltatrix (Linnaeus, 1766), é uma espécie que possui uma ampla distribuição geográfica, da região da América do Norte prosseguindo até a América do Sul (FISCHER; PEREIRA; VIEIRA, 2011; SZPILMAN, 2000). No Estado do Rio Grande do Sul, é pescada de março a setembro no Município de Tramandaí. As anchovas jovens formam grandes cardumes, mas à medida que crescem, tendem a viver em pequenos grupos ou isolados, atacando cardumes de peixes (FISCHER; PEREIRA; VIEIRA, 2011; SZPILMAN, 2000). Na época reprodutiva, os cardumes migram para o alto mar para fora da plataforma continental, onde desovam (SZPILMAN, 2000). A dieta da anchova é carnívora, e se alimentam de sardinhas, camarões, cefalópodes e crustáceos (SZPILMAN, 2000). É um peixe altamente voraz, atacando inclusive indivíduos da mesma espécie. A anchova é um dos peixes marinhos mais procurados pelos pescadores esportivos, e também possui importância comercial (FISCHER; PEREIRA; VIEIRA, 2011; SZPILMAN, 2000). Em relação à helmintofauna, na América do Sul, existem registros de quatro espécies de monogenéticos em P. saltatrix: Macrovalvitrema sinaloense Caballero & Bravo-Hollis, 1955; Gotocotyla acanthura (Parona & Perugia, 1896) Meserve, 1938; Microcotyle pomatomi Goto 1899 para o Brasil (Estado do Rio de Janeiro) e Microcotyle debueni Mañe-Garzón 1959 para o Uruguai (COHEN; JUSTO; KOHN, 2013). O objetivo do presente estudo foi conhecer a biodiversidade de monogenéticos em anchovas pescadas no Município de Tramandaí, RS.

Material e métodos Espécimes de anchova examinados (n = 8), foram coletados por pescadores profissionais no Município de Tramandaí, RS, durante o mês de março de 2015. Os espécimes foram adquiridos na peixaria e embalados, individualmente, em sacos plásticos e colocados em uma caixa térmica com gelo, para transporte até o Laboratório de Zoologia de Invertebrados do Museu de Ciências Naturais da Ulbra para necropsia. As brânquias e as narinas foram examinadas para a procura de monogenéticos. Os espécimes encontrados foram fixados em formalina 5%, e conservados em etanol 70º GL (GALLAS; SILVEIRA; PÉRICO, 2015). Após, os monogenéticos foram montados em meio de montagem de Faure ou então, foram corados com carmim de Semichon (GALLAS; SILVEIRA; PÉRICO, 2015). Os parâmetros ecológicos foram determinados a partir de Bush et al. (1997). Os helmintos encontrados estão depositados na Coleção Helmintológica do Museu de Ciências Naturais da ULBRA. Resultados e discussão Os monogenéticos encontrados nas brânquias foram determinados como pertencentes ao gênero Microcotyle van Beneden & Hesse, 1863 por apresentar o haptor simétrico ou assimétrico, grampos com estruturas uniformes, um par de ventosas orais, vitelário desenvolvido alcançando a parte posterior do corpo, útero sem voltas ou ramificações transversais, ovos não embrionados e átrio genital com armadura complexa (YAMAGUTI, 1963). Segundo Cohen, Justo e Kohn (2013), na América do Sul foram registradas sete espécies de Microcotyle, dentre elas, Microcotyle debueni Mañe-Garzón 1959 e Microcotyle pomatomi Goto, 1899 foram registradas em P. saltatrix no Uruguai (MAÑE-GARZÓN, 1959) e, no Brasil para o Estado do Rio de Janeiro (GOMES; FABIO; ROLAS, 1972; KOHN; BUHRNHEIM, 1971; LUQUE; CHAVES, 1999; REGO et al., 1983), respectivamente. Para a identificação específica dos monogenéticos encontrados em P. saltatrix no RS, serão necessários mais espécimes para visualização e confirmação dos caracteres diagnósticos. A prevalência de Microcotyle sp. em P. saltatrix foi de 87,5%, com intensidade média da infestação de 11,57 helmintos/hospedeiro, abundância média da infestação de 10,12 helmintos/hospedeiro e a amplitude da

intensidade da infestação de 2-39 helmintos. Os parâmetros ecológicos de Microcotyle sp. do presente estudo foram comparados com os trabalhos de M. pomatomi em P. saltatrix no Rio de Janeiro (LUQUE; CHAVES, 1999; REGO et al., 1983). Rego et al. (1983) não apresentaram o tamanho amostral do hospedeiro e registraram uma prevalência de 42% e intensidade da infestação de 24 helmintos. Embora considerando o tamanho da amostra de P. saltatrix no presente estudo (n = 8), os valores encontrados para os parâmetros ecológicos estão próximos dos registrados por Luque e Chaves (1999) em P. saltatrix (n = 55): prevalência de 87,3%, a intensidade e abundância média de 7 e 6,1 helmintos/hospedeiro, respectivamente, e a amplitude da intensidade de 1-20 helmintos. Esses valores podem indicar que as larvas de Microcotyle apresentam capacidade de colonização similar em P. saltatrix independentemente da zona ocupada pelo peixe no Oceano Atlântico. Essa hipótese deverá ser confirmada após o exame de mais espécies de anchovas incluindo a análise de outros fatores relacionados com a ecologia da helmintofauna de P. saltatrix no sul do Brasil. Embora os espécimes encontrados no presente estudo não foram identificados a nível especifico, esta é a primeira ocorrência de Microcotyle sp. em anchovas no Rio Grande do Sul. Referências bibliográficas BUSH, A. O.; LAFFERTY, K. D.; LOTZ, J. M.; SHOSTAK, A. W. Parasitology meets ecology on its own terms: Margolis et al. revisited. Journal of Parasitology, Lawrence, v. 83, n. 4, p. 575-583, July/Aug. 1997. COHEN, S. C.; JUSTO, M. C. N.; KOHN, A. South American Monogenoidea parasites of fishes, amphibians and reptiles. Rio de Janeiro: Oficina de Livros, 2013. FISCHER, L. G.; PEREIRA, L. E. D.; VIEIRA, J. P. Peixes estuarinos e costeiros. 2. ed. Rio Grande: Luciano Gomes Fischer, 2011. GALLAS, M.; SILVEIRA, E. F.; PÉRICO, E. First report of Pterinotrematoides mexicanum Caballero & Bravo-Hollis, 1955 (Monogenea, Macrovalvitrematidae)

in Micropogonias furnieri (Desmarest,1823) (Perciformes, Sciaenidae) from the coastal zone of the state of Rio Grande do Sul, Brazil. Check List, São Paulo, v. 11, n. 2, p. 1568, Feb. 2015. GOMES, D.; FABIO S. P.; ROLAS, F. J. T. Contribuição para o conhecimento dos parasitos de peixes do litoral do Estado da Guanabara - Parte 1. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v. 70, n. 4, p. 541-553, out./dez. 1972. KOHN, A.; BUHRNHEIM, U. Ocorrência de Microcotyle pomatomi Goto, 1899 (Polistomata, Microcotylidae) na Baia de Guanabara. Atas da Sociedade de Biologia do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v. 14, n. 5 e 6, p. 131-133, set./dez. 1971. LUQUE, J. L.; CHAVES, N. D. Ecologia da comunidade de metazoários parasitos da anchova Pomatomus saltator (Linnaeus) (Osteichthyes, Pomatomidae) do litoral do estado do Rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, Curitiba, v. 16, n. 3, p. 711-723, jul./set. 1999. MAÑE-GARZÓN, F. Un nuevo trematodo monogenetico de America Meridional. Microcotyle debueni n. sp. Comunicaciones Zoologicas del Museo de Historia Natural de Montevideo, Montevidéu, v. 4, p. 1-7, 1959. REGO, A. A.; VICENTE, J. J.; SANTOS, C. P.; WEKlD, R. M. Parasitas de anchovas, Pomatomus saltatrix (L.) do Rio de Janeiro. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 35, n. 9, p. 1329-1336, set. 1983. SZPILMAN, M. Peixes marinhos do Brasil: guia prático de identificação. Rio de Janeiro: Mauad Editora, 2000. YAMAGUTI, S. Systema Helminthum. Volume IV. Monogenea and Aspidocotylea. New York: Interscience Publishers, 1963.