UIRASSÚ DAMIÃO KLEBER DA SILVA AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DE NÍVEIS DE RUÍDO DOS OPERADORES DE MÁQUINAS E IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS



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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA REGIONAL DE CHAPECÓ CENTRO TECNOLÓGICO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO UIRASSÚ DAMIÃO KLEBER DA SILVA AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DE NÍVEIS DE RUÍDO DOS OPERADORES DE MÁQUINAS E IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS Chapecó SC, 2006

UIRASSÚ DAMIÃO KLEBER DA SILVA AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DE NÍVEIS DE RUÍDO DOS OPERADORES DE MÁQUINAS E IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) apresentada a Unochapecó como parte dos requisitos para obtenção do título de Engenheiro de Segurança do Trabalho do Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Engenharia de Segurança do Trabalho, em dezembro de 2006. Orientador: Prof. Eng. Eletricista MAURO THOMPSEN PASSOS. Chapecó SC, 2006

UIRASSÚ DAMIÃO KLEBER DA SILVA AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DE NÍVEIS DE RUÍDO DOS OPERADORES DE MÁQUINAS E IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS Monografia considerada APTA com nota, aprovada em de de, como requisito para obtenção do título de Engenheiro de Segurança do Trabalho do Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Engenharia de Segurança do Trabalho. ORIENTADOR e BANCA: Prof. Eng. Eletricista Mauro Thompsen Passos Prof. Eng. Civil Marcelo Fabiano Costela Prof. Dr. Cláudio Alcides Jacoski Chapecó SC, 2006

DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha esposa e aos meus queridos filhos.

AGRADECIMENTOS Á Deus, que em todos os momentos da minha vida ajudou-me para que eu nunca perdesse a coragem da superação dos desafios. A minha esposa Marli e meus filhos Evanoé e Bruna, pelos apoios e votos de confiança recebidos durante toda a jornada para chegar neste momento. Aos meus amigos Gilmar e Adelaide, pelo carinho e amizade que me receberam em sua residência e que me acolheram todos os finais de semana para que pudesse cumprir mais essa jornada. Ao meu orientador, professor Mauro Thompsen Passos, que acreditou e me deu um voto de confiança no meu trabalho e se dispôs a orientar as minhas idéias de pesquisa, e pela disposição e transmissão de seus sábios conhecimentos. Aos professores que durante essa trajetória me transmitiram seus conhecimentos. Aos meus queridos colegas de turma pela amizade conquistada e pelos apoios e incentivos recebidos. A todos, que, de alguma forma, contribuíram para a realização desta pesquisa: fica o meu mais sincero agradecimento e respeito.

RESUMO A avaliação dos níveis de ruído foi realizada em quatro propriedades rural da região de Videira e Fraiburgo no meio oeste catarinense, com o objetivo de avaliar de forma quantitativa os níveis de ruídos produzidos pelos diferentes conjuntos de máquinas e implementos agrícolas, para se saber qual a intensidade de ruído que os operadores estão expostos diariamente durante a jornada de trabalho. Para a análise destes resultados, considerou-se a Norma Regulamentadora (NR) 15 da Portaria 3214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego que impõem limites máximos diários permitidos em ambiente de trabalho. Sabendo que a grande maioria dos produtores da região possui tratores e diversos tipos de implementos para a realização de atividades agrícolas em suas propriedades, e que existe um grande numero de trabalhadores que operam estes equipamentos. E tendo conhecimento que os operadores estão sujeitos aos diversos aspectos insalubres dentre eles a exposição a doses elevadas de ruído. E que estas altas exposições é que afetam o sistema auditivo do operador, sendo este o órgão de maior exposição a este agente agressivo denominado ruído. O qual pode causar uma doença ocupacional e sendo a perda auditiva considerada uma doença de difícil reversão, optou-se por realizar este estudo para avaliar os níveis de ruído a que são expostos diariamente os operadores de máquinas agrícolas. Para este estudo utilizou-se de um medidor de nível de pressão sonora digital, e foram avaliadas setenta combinações diferentes utilizando-se de dezenove máquinas agrícolas com marcas e tipos diferentes e vinte e nove implementos diferentes, nos quais foram utilizados três tipos de tratamentos. Os tratamentos foram realizados nas seguintes condições de trabalho: 1) trator parado com motor em funcionamento; 2) trator parado com motor em funcionamento e acionando o implemento pela tomada de potência; 3) trator e implemento em operação de campo. As medições também foram obtidas atendendo as recomendações técnicas determinadas pelas normas brasileiras em vigor. Nas condições reais de operação de campo constatou-se que todos os conjuntos de máquinas e implementos apresentaram níveis de ruído acima do permissível que é de 85 db(a), para 8 horas de trabalho apresentaram valores entre 88 e 103 db(a). Somente considerando o ruído dos tratores o limite de tolerância permitido pela NR 15 da Portaria 3214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego, foi ultrapassado. Verificou-se neste estudo que os operadores estão realmente em condições de trabalho insalubre, visto que 42 % dos operadores avaliados já são portadores de Perda Auditiva Induzida por Ruído Ocupacional, sendo estes com idade superior a quarenta anos e com tempo de serviços acima de dez anos. E contatou-se que a maioria dos operadores avaliados não faz o uso de proteção auditiva e nem mesmo são submetidos a um programa de conservação auditiva. PALAVRAS-CHAVE: Trator, condições insalubres, ergonomia, equipamentos agrícolas

ABSTRACT The evaluation of the noise levels was accomplished in four rural properties in the area of Videira and Fraiburgo in the catarinense middle west, with the objective of evaluating in a quantitative way the levels of noises produced by the different groups of machines and agricultural implements, to know how much noise intensity the operators are daily exposed the work day. For the analysis of these results, it was considered Norma Regulamentadora (NR) 15 of the Entrance 3214/78 of the Ministry of the Work and Employment that impose daily maximum limits allowed in work atmosphere. Knowing that the great majority of the producing of the area have tractors and several implements types for the accomplishment of agricultural activities in its properties, and there is big a number of workers who operate these equipments. And knowing that the operators are exposed to the several unhealthy aspects among them the elevated noise exhibition. So these high exhibitions affect the auditory system of the operators, because is this the organ most exhibited to this aggressive agent denominated noise. It can cause an occupational disease which is considered auditory loss a disease of difficult reversion, we opted to make this study to evaluate the noise levels the operators of agricultural machines are daily exposed. For this study it was used a sound pressure level digital meter, and they were evaluated seventy different combinations being used nineteen agricultural machines with different parks and types and twenty-nine different implements, which were used three types of treatments. The treatments were accomplished in the following work conditions: 1) tractor stopped with motor in operation; 2) tractor stopped with motor in operation and working it implements for the potency taking; 3) tractor and implement in field operation. The mensurations were also obtained assisting the technical recommendations determined by the Brazilian norms in vigor. In the field operation real conditions it was verified that all the groups of machines and implements presented noise levels above the permissible that is 85 db(a), for 8 working hours they presented values between 88 and 103 db(a). Only considering the noise of the tractors, the limit of tolerance allowed by NR 15 of the Entrance 3214/78 of the Ministry of the Work and Employment, it was surpassed. It was verified in this study that the operators are really in unhealthy conditions of work, because 42% of the appraised operators nave already had of Induced Auditory Loss for Occupational Noise, having them superior age of forty years and with services time above ten years. And it was contacted that most of the appraised operators doesn't do the use of auditory protection and not even they are submitted to a program of auditory conservation. KEY WORDS: Tractor, unhealthy conditions, ergonomics, agricultural equipments

LISTA DE TABELAS TABELA 1 TABELA 2 TABELA 3 TABELA 4 TABELA 5 TABELA 6 TABELA 7 Conjuntos de tratores com seus respectivos implementos, condições de trabalho, marcha, rpm (rotação por minuto) e velocidade de trabalho... 63 Conjuntos de tratores com seus respectivos implementos, condições de trabalho, marcha, rpm (rotação por minuto) e velocidade de trabalho... 64 Conjuntos de tratores com seus respectivos implementos, condições de trabalho, marcha, rpm (rotação por minuto) e velocidade de trabalho... 65 Conjuntos de tratores com seus respectivos implementos, condições de trabalho, marcha, rpm (rotação por minuto) e velocidade de trabalho... 66 Médias de níveis de ruído obtidas nos tratores: MF 5275, New Holland 5630, Valmet 68, Valmet 785, Valtra 785, nas condições 1, 2 e 3... 69 Médias de níveis de ruído obtidas nos tratores: MF (Massey Fergunson) 275 4x4 traçado com cabine, MF 275 Simples com cabine, MF 275 Fruteiro traçado com cabine, nas condições 1, 2 e 3... 75 Médias de níveis de ruído obtidas nos tratores: Ford 5610, Valmet 68 e Valmet 88, nas condições 1, 2 e 3... 79 TABELA 8 Médias de níveis de ruído obtidas nos tratores: Valmet 880, Valmet 128, CBT 8440, MF 296, Valmet 65, Valmet 65, Valmet 62 e Colheitadeira Automotriz, nas condições 1, 2 e 3... 83 TABELA 9 Perfil dos operadores avaliados... 90 TABELA 10 Perda de Audição conforme audiometrias realizadas... 92 TABELA 11 Doses de exposição dos operadores em % encontrado durante a realização das atividades na condição 3 de trabalho: trator e implemento em operação de campo durante 7 horas de trabalho na propriedade rural 1... 95 TABELA 12 Doses de exposição dos operadores em % encontrado durante a realização das atividades na condição 3 de trabalho: trator e implemento em operação de campo durante 6 horas de trabalho na propriedade rural 2... 96 TABELA 13 Doses de exposição dos operadores em % encontrado durante a realização das atividades na condição 3 de trabalho: trator e implemento em operação de campo durante 6 horas de trabalho na propriedade rural 3... 97 TABELA 14 Doses de exposição dos operadores em % encontrado durante a realização das atividades na condição 3 de trabalho: trator e implemento em operação de campo durante 7 horas de trabalho na propriedade rural 4... 99

LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Ruído Contínuo... 22 FIGURA 2 Ruído Flutuante... 22 FIGURA 3 Ruído Impulsivo... 22 FIGURA 4 Comparativo dos níveis de ruído emitidos pelo trator MF 5275 utilizando-se de 6 implementos agrícolas, nas três condições de trabalho 70 FIGURA 5 Comparativo dos níveis de ruído emitidos pelo trator New Holland utilizando-se de 4 implementos agrícolas, nas três condições de trabalho 71 FIGURA 6 Comparativo dos níveis de ruído emitidos pelo trator Valmet 68 utilizando-se de 4 implementos agrícolas, nas três condições de trabalho 72 FIGURA 7 Comparativo dos níveis de ruído emitidos pelo trator Valmet 785 utilizando-se de 4 implementos agrícolas, nas três condições de trabalho 73 FIGURA 8 Comparativo dos níveis de ruído emitidos pelo trator Valtra 785 utilizando-se de 4 implementos agrícolas, nas três condições de trabalho 74 FIGURA 9 FIGURA 10 FIGURA 11 Comparativo dos níveis de ruído emitidos pelo trator MF 275 4x4 traçado com cabine utilizando-se de 3 implementos agrícolas, nas três condições de trabalho... 76 Comparativo dos níveis de ruído emitidos pelo trator MF 275 simples com cabine utilizando-se de 3 implementos agrícolas, nas três condições de trabalho... 77 Comparativo dos níveis de ruído emitidos pelo trator MF 275 fruteiro traçado com cabine utilizando-se de 3 implementos agrícolas, nas três condições de trabalho... 78 FIGURA 12 Comparativo dos níveis de ruído emitidos pelo trator Ford 5610 utilizando-se de 10 implementos agrícolas, nas três condições de trabalho... 80 FIGURA 13 Comparativo dos níveis de ruído emitidos pelo trator Valmet 68 utilizando-se de 10 implementos agrícolas, nas três condições de trabalho... 81 FIGURA 14 Comparativo dos níveis de ruído emitidos pelo trator Valmet 88 utilizando-se do mesmo implemento agrícola com rotação diferente, nas três condições de trabalho... 82 FIGURA 15 Comparativo dos níveis de ruído emitidos pelo trator Valmet 880 utilizando-se de 5 implementos agrícolas, nas três condições de trabalho 84 FIGURA 16 Comparativo dos níveis de ruído emitidos pelo trator Valmet 128 utilizando-se de 2 implementos agrícolas, nas três condições de trabalho 85

FIGURA 17 Comparativo dos níveis de ruído emitidos pelo trator Valmet 65 utilizando-se de 3 implementos agrícolas, nas três condições de trabalho 86 FIGURA 18 Comparativo dos níveis de ruído emitidos pelo trator Valmet 85 utilizando-se de 3 implementos agrícolas, nas três condições de trabalho 87 FIGURA 19 FIGURA 20 Comparativo dos níveis de ruído emitidos pelos tratores Valmet 62, MF 296 e CBT 8440 utilizando-se de 3 implementos agrícolas diferentes, nas três condições de trabalho... 88 Comparativo dos níveis de ruído emitidos pela Colheitadeira Automotriz em duas condições de trabalho... 89 FIGURA 21 Faixa etária (anos) dos operadores avaliados... 91 FIGURA 22 Percentual de perda auditiva dos funcionários avaliados... 93 FIGURA 23 Doses diárias de ruído em %, que os operadores estão expostos... 96 FIGURA 24 Doses diárias de ruído em %, que os operadores estão expostos... 97 FIGURA 25 Doses diárias de ruído em %, que os operadores estão expostos... 98 FIGURA 26 Doses diárias de ruído em %, que os operadores estão expostos... 100

LISTA DE SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ANSI American National Standards Institute (Instituto Americano de Normas e Padrões) db Decibel db(a) Decibel (escala A) Hz Hertz ou ciclos por segundos Leq (TWA - Time Weighted Average ) Nível de pressão sonora equivalente MR Marcha reduzida MS Marcha simples MTE Ministério do Trabalho e Emprego NBR Norma Brasileira Registrada NHO Norma de Higiene Ocupacional NR Norma Regulamentadora PAIRO Perda Auditiva Induzida por Ruído Ocupacional PCA Programa de Conservação Auditiva PTS (Permanent Thressold Shift) - Mudança Permanente de Limiar rpm Rotação por minuto SLOW Circuito de Resposta Lenta TDP Tomada de Potência TWA (Time Weighted Average) - Média Ponderada pelo Tempo TTS (Temporary Thressold Shift) - Mudança Temporária de Limiar

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 14 2 OBJETIVO GERAL... 16 2.1 Objetivo Especifico... 16 3 REVISÃO DA LITERATURA... 17 3.1 RUÍDO... 17 3.2 O OUVIDO HUMANO E A AUDIÇÃO... 22 3.2.1 Conceitos básicos sobre a anatomia do ouvido humano... 23 3.2.2 Fisiologia da audição... 24 3.2.3 Efeitos do Ruído no Sistema Auditivo... 30 3.2.4 Proteção Auditiva... 31 3.2.5 Audiometria Ocupacional... 35 3.2.6 Programa de Conservação Auditiva (PCA)... 39 3.3 RUÍDO OCUPACIONAL E DANOS AUDITIVOS... 41 3.4 EXPOSIÇÕES PERMISSÍVEIS AO RUÍDO... 48 3.4.1 O ruído nas Normas Regulamentadoras - NR, do Ministério do Trabalho e Emprego... 49 3.5 ESTUDOS REALIZADOS SOBRE O TEMA... 57 4 MATERIAL E MÉTODOS... 61 4.1 Local da avaliação dos níveis de ruído e quantidade de medições realizadas dos níveis de ruído...... 61 4.2 Equipamento utilizado na avaliação dos níveis de ruído... 61 4.3 Determinação dos níveis de ruído... 62 4.4 Tratamentos utilizados para realização das medições de ruído... 62 4.5 Máquinas e Implementos agrícolas avaliados nas propriedades 1, 2, 3 e 4... 63 4.6 Descrição dos métodos utilizados... 67 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 69 5.1 Resultados das avaliações de ruído realizadas nas propriedades 1, 2, 3 e 4... 69 5.2 Perfil dos Operadores Avaliados... 90

5.2.1 Perda de audição conforme audiometrias realizadas pelos operadores... 91 5.2.2 Dose de exposição em que o operador fica exposto... 93 6 Roteiro de um Programa de Conservação Auditiva (PCA)... 101 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 105 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 107 9 ANEXOS... 111 APÊNDICE A Planilha para calculo de Exposição de Ruído... 112 APÊNDICE B Tabela de transformação do resultado de equação (unidade) em db(a)... 113 APÊNDICE C Tabela das doses de exposição diária em %... 114 ANEXO A Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente 115

1 - INTRODUÇÃO A legislação brasileira prescreve que a exposição ao ruído ocupacional é uma relação entre o nível de pressão sonora com o tempo de exposição, e não simplesmente uma exposição instantânea, de modo que não se deve avaliar o ruído instantâneo, mas sim a dose equivalente de ruído que atinge o trato auditivo do operador (MERLUZZI, 1981). O operador poderá ficar exposto, por exemplo, durante 8 horas no nível de ruído equivalente a 85 db(a) (decibéis), ou a 90 db(a) durante 4 horas ou ainda a 95 db(a) durante 2 horas, sofrerá sempre o mesmo efeito em seu aparelho auditivo. Nas ultimas décadas, os tratores e equipamentos agrícolas fabricados no Brasil, tiveram um significativo aumento em suas dimensões e potências, visando um maior desempenho operacional. Esse aumento no porte das máquinas agrícolas, não teve a mesma evolução nas condições de segurança do operador, podendo-se afirmar, hoje, que nas tarefas agrícolas, o tratorista é um dos profissionais mais expostos a fatores insalubres. Os principais são: sol, chuva, frio, poeira, gases do motor, ruído, deriva de agroquímicos, vibrações, calor do motor, etc. (FERNANDES, 1991). Este estudo tem por objetivo avaliar de forma quantitativa os níveis de ruídos produzidos pelos diferentes conjuntos de máquinas e implementos agrícolas, para se saber qual a intensidade de ruído que os operadores estão expostos diariamente durante a jornada de trabalho. E verificar se os mesmos estão laborando em conformidade com legislação atual em vigor no Brasil. Conforme determinação dada pela Lei 6.514 de 22/12/77 que alterou a Capítulo V do Título II da CLT (Consolidações das Leis do Trabalho), relativo à Segurança e

Medicina do Trabalho na Seção XIII Das atividades insalubres e perigosas nos seus artigos 189 a 197 e em acordo com a Portaria Nº. 3214 de 08/06/78 que aprovou as NR (Normas Regulamentadoras). Além disso, conhecer a situação atual a que estão submetidos os operadores, assim como conhecer as variáveis presentes no universo de operações que executam em seu trabalho para se saber qual a intensidade de ruído que os operadores estão expostos diariamente durante a sua jornada de trabalho. Para isso foi necessário realizar várias medições em diversos tipos de máquinas e implementos, bem como conhecer o número de operadores expostos ao ruído que excedem o limite de tolerância, avaliar o tempo de exposição destes operadores, para que possa propor a implantação de um programa de conservação auditiva, a fim de evitar o surgimento de doença ocupacional causada pelo ruído, conhecido como Perda Auditiva Induzida por Ruído Ocupacional (PAIRO), por isso o nosso interesse em estudar um pouco mais do assunto, verificando estes níveis de ruído e a abrangências da patologia entre os operadores destas máquinas e para poder propor medidas que venham a melhorar as condições de trabalho nesta atividade, para que tenhamos esta representatividade dos dados será adotada uma série de cuidados técnico-científicos.

2 OBJETIVO GERAL Avaliar de forma quantitativa as doses de ruídos emitidas pelos diferentes conjuntos de máquinas e implementos agrícolas, para se saber qual a intensidade de ruído que os operadores estão expostos diariamente durante a jornada de trabalho, verificar se os mesmos estão laborando em conformidade com legislação atual em vigor no Brasil, para poder propor medidas que venham a melhorar as condições de trabalho desta atividade. 2.1 - Objetivo Especifico: Avaliar quantitativamente as doses de ruídos emitidas pelos conjuntos de máquinas e implementos agrícolas. Avaliar o número de operadores expostos a níveis de ruído que excedem o limite de tolerância. Avaliar o tempo de exposição dos operadores das doses de ruído. Propor um roteiro de um Programa de Conservação Auditiva.

3 - REVISÃO DA LITERATURA Conforme enfatizado na introdução, não pretendo me aprofundar nos conhecimentos de ruído. O objeto principal está concentrado em avaliar a exposição de ruído dos operadores de máquinas e equipamentos agrícolas. Porém, para um entendimento completo dos conceitos e procedimentos aplicados na pesquisa de campo, serão revisados nesta seção, alguns aspectos relacionados à física do ruído, à fisiologia da audição, aos efeitos auditivos e os métodos de medição e avaliação assim como uma proposição de um roteiro para a implantação de um programa de conservação auditiva. 3.1 RUÍDO Sobre ruído, ALMEIDA (1982) que cita o conceito de Andrés: "o termo expressa uma sensação subjetiva auditiva, originada por movimento vibratório e propagada através de meios sólidos, líquidos ou gasosos, com uma velocidade diferente, segundo o meio empregado em sua propagação; psicologicamente, entendemos por ruído uma sensação auditiva desagradável". A definição física do ruído encontrada no AURÉLIO (1975) diz que ele é um som constituído por grande número de vibrações acústicas com relações de amplitude e fase, distribuídas ao acaso. Os termos som e ruído são, freqüentemente, utilizados de diferentes maneiras, mas normalmente, o som é usado para as sensações prazerosas, como fala ou música e o ruído para descrever um som indesejável como buzina, barulho de trânsito e máquinas. Para um som ser

captado, é preciso que ele esteja dentro da faixa de freqüência captável pelo ouvido humano. Essa faixa, em ouvido normal, varia em média de 16 a 20.000 Hz. SANTOS e MATOS (1994) e AZEVEDO (1994). CAMAROTTO (1983 e 1985), GERGES (1992) e SANTOS (1994) citam alguns conceitos básicos da física do ruído. Duas são as características do ruído: intensidade e freqüência: A intensidade pode ser definida como a quantidade de energia vibratória que se propaga nas áreas próximas, a partir da fonte emissora, podendo ser expressa em termos de energia (watt/m2) ou em termos de pressão (N/m 2 ou Pascal). A freqüência é representada pelo número de vibrações completas em um segundo, sendo sua unidade de medida expressa em hertz (Hz). O ruído pode ser classificado como: a) Contínuo estacionário: ruído com pequenas variações dos níveis (até ± 3 db) durante o período de observação, que não deve ser inferior a 15 minutos; b) Contínuo flutuante ou intermitente: ruído cujo nível varia continuamente de um valor apreciável durante um período de observação (superior a ± 3 db) e c) Impacto ou impulsivo: ruído que se apresenta em picos de energia acústica, de duração inferior a um segundo e com, entre picos, inferiores a 1 segundo. Para MASSERA (1991) que definiu o ruído, suas características, e como ele nos atinge diz que: O ruído é uma das formas de poluição mais freqüentes no meio industrial. No Brasil, a surdez é a segunda maior causa de doença profissional, sendo que o ruído afeta o homem, simultaneamente, nos planos físico, psicológico e social. Pode, com efeito:

Lesar os órgãos auditivos; Perturbar a comunicação; Provocar irritação; Ser fonte de fadiga; Diminuir o rendimento do trabalho. O risco da lesão auditiva aumenta com o nível de pressão sonora e com a duração da exposição, mas depende também das características do ruído, sem falar da suscetibilidade individual. Mas para entender com o ruído afeta o ser humano é necessário compreender alguns conceitos básicos, os quais são fornecidos a seguir definidos também por MASSERA (1991). CONCEITOS Som: É qualquer oscilação de pressão (no ar, água ou outro meio) que o ouvido humano possa detectar. Quando o som não é desejado, é molesto e incômodo, pode ser chamado de barulho. Ruído: É um fenômeno físico que, no caso da Acústica, indica uma mistura de sons, cujas freqüências não seguem uma regra precisa. Faixa Audível: O alcance da audição humana se estende de aproximadamente 20 Hz a 20.000 Hz. Freqüência: É o número de vezes que a oscilação (de pressão) é repetida, na unidade de tempo. Normalmente, é medida em ciclos por segundo ou Hertz (Hz). Por exemplo: Alta freqüência: são os sons agudos Baixa Freqüência: são os sons graves

Comprimento de Onda: Conhecendo a velocidade e a freqüência do som, se pode encontrar o seu comprimento de onda, isto é, a distância física no ar entre um pico de onda até o próximo, pois: comprimento de onda = velocidade / freqüência. Para 20 Hz, o comprimento de onda é de 20 metros. Decibel (db): O som mais fraco que o ouvido humano saudável pode detectar é de 20 milionésimos de um pascal (ou 20 µpa - 20 micro pascais). Surpreendentemente, o ouvido humano pode suportar pressões acima de um milhão de vezes mais alta. Assim, se tivesse que medir o som em Pa, se chegaria a números bastante grandes e de difícil manejo. Para evitar isto, outra escala foi criada a escala decibel (db). A escala decibel usa o limiar da audição de 20 µpa como o seu ponto de partida ou pressão de referência Isto é definido para ser 0 db. Cada vez que se multiplica por 10 a pressão sonora em Pascal, adiciona-se 20 db ao nível em db. Desta forma, a escala db comprime os milhões de unidades de uma escala em apenas 120 db de outra escala. Nível de Pressão Sonora: Mede a intensidade do som, cuja unidade é o decibel (db). Amplitude: É o valor máximo atingido pela grandeza que está sendo analisada, que pode ser: deslocamento, velocidade, aceleração ou pressão. No caso de vibrações, as 3 primeiras grandezas são utilizadas, enquanto que para as vibrações sonoras, a última. Dose de Ruído: A dose de ruído é uma variante do ruído equivalente, para o qual o tempo de medição é fixado em 8 horas. A única diferença entre a dose de ruído e o ruído equivalente é que a dose é expressa em percentagem da exposição diária tolerada. Ruído Equivalente: Os níveis de ruído industriais e exteriores flutuam ou variam de maneira aleatória com o tempo e o potencial de dano à audição depende não só do seu nível, mas também da sua duração. Para o nível de ruído continuo, torna-se fácil, avaliar o efeito, mas se ele varia com o tempo, deve-se realizar uma dosimetria, de forma que todos

os dados de nível de pressão sonora e tempo, possam ser analisados e calculados quanto ao nível de ruído equivalente (Leq), que representa um nível de ruído contínuo em db (A), que possui o mesmo potencial de lesão auditiva que o nível de ruído variável amostrado. A necessidade de se usar um dosímetro de ruído, deve-se à dificuldade de se realizar os cálculos de forma manual. FERNANDES (2002) já define o ruído de maneira subjetiva: toda sensação auditiva desagradável, ou fisicamente, como todo fenômeno acústico não periódico, sem componentes harmônicos definidos. De um modo geral, os ruídos podem ser classificados em 3 tipos: 1 - Ruídos contínuos: são aqueles cuja variação de nível de intensidade sonora é muito pequena em função do tempo. São ruídos característicos de bombas de líquidos, motores elétricos, engrenagens, etc. Exemplos: chuva, geladeiras, compressores, ventiladores (Figura 1). 2 - Ruídos flutuantes: são aqueles que apresentam grandes variações de nível em função do tempo. São geradores desse tipo de ruído os trabalhos manuais, afiação de ferramentas, soldagem, o trânsito de veículos, etc. São os ruídos mais comuns nos sons diários (Figura 2). 3 - Ruídos impulsivos, ou de impacto: apresentam altos níveis de intensidade sonora, num intervalo de tempo muito pequeno. São os ruídos provenientes de explosões e impactos. São ruídos característicos de rebitadeiras, impressoras automáticas, britadeiras, prensas, etc. (Figura 3).

Figura 1 Ruído Contínuo Figura 2 Ruído Flutuante Figura 3 Ruído Impulsivo 3.2 - O OUVIDO HUMANO E A AUDIÇÃO Apresenta-se aqui um estudo sobre o ouvido humano, a fisiologia da audição e a sensibilidade do nosso sistema auditivo que foi definido por FERNANDES (2002).

3.2.1 Conceitos básicos sobre a anatomia do ouvido humano O ouvido é o órgão coletor dos estímulos externos, transformando as vibrações sonoras em impulsos sonoros para o cérebro. É, sem dúvida, a estrutura mecânica mais sensível do corpo humano, pois detecta quantidades mínimas de energia. Para fins de estudo, o ouvido é dividido em três partes: ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno. O ouvido externo compõe-se do pavilhão auditivo (orelha), do canal auditivo e do tímpano. A função da orelha é a de uma corneta acústica, capaz de dar um acoplamento de impedâncias entre o espaço exterior e o canal auditivo, possibilitando uma melhor transferência de energia. Essa corneta tendo uma certa característica diretiva, ajuda à localização da fonte sonora. As paredes do canal auditivo são formadas de ossos e cartilagens. Em média, o canal tem 25 mm de comprimento, 7 mm de diâmetro e cerca de 1 cm3 de volume total. O tímpano (membrana timpânica) é oblíquo e fecha o fundo do canal auditivo. Tem a forma aproximada de um cone com diâmetro da base de 10 mm. É formado de uma membrana de 0,05 mm de espessura e superfície de 85 mm2. Deve ficar claro, que o tímpano assemelha-se a um cone rígido sustentado em sua periferia por um anel de grande elasticidade, que lhe permite oscilar como uma unidade, sem sair do seu eixo. Logo depois do tímpano se tem o ouvido médio: uma cavidade cheia de ar conhecida também como cavidade do tímpano, cujo volume é da ordem de 1,5 cm 3 e que contém 3 ossículos: o martelo (23 g), a bigorna (27 g) e o estribo (2,5 g). A função de tais ossículos é, através de uma alavanca, acoplar mecanicamente o tímpano à cóclea (caracol), triplicando a pressão do tímpano. Na parte interna da cavidade do tímpano, existem as janelas oval e redonda, que são as aberturas do caracol. As áreas de tais janelas são da ordem de 3,2 e 2 mm2 respectivamente. A janela redonda é fechada por uma membrana e a oval é fechada pelo "pé" do estribo.

O ouvido interno inicia-se pela janela oval, seguindo um canal semicircular que conduz ao caracol (cóclea) que tem um comprimento de 30 a 35 mm e é dividido longitudinalmente em duas galerias, pela membrana basilar. O caracol tem aspecto de um caramujo de jardim e mede cerca de 5 mm do ápice à base, com uma parte mais larga de aproximadamente 9 mm. Pode-se dizer que o caracol consiste de um canal duplo enrolado por 2,5 voltas em torno de um eixo ósseo. A janela oval fecha o compartimento superior e transmite suas vibrações para a membrana basilar através da endolinfa, líquido viscoso que preenche esse conduto. O comprimento da membrana basilar é de 32 mm; tem cerca de 0,1 mm de espessura próxima à janela oval e 0,5 mm na outra extremidade. A janela redonda é uma membrana circular, muito elástica, que fecha a parte superior do canal e, mediante as suas contrações, compensa as variações de pressão produzidas pelas oscilações da membrana basilar. Sobre a membrana basilar estão distribuídas as células acústicas (Órgão de Corti), em número de 18 mil (externas e internas), de onde saem os nervos que formam o nervo acústico e levam o sinal elétrico até o cérebro. A membrana basilar atua como um filtro seletivo ou analisador de freqüências, em que a percepção de cada freqüência se realiza em um determinado ponto da membrana: as altas freqüências excitam a parte próxima da membrana oval e, à medida que se caminha para dentro do caracol, a freqüência diminui. O som sendo decomposto em sua freqüência fundamental e suas harmônicas são possíveis para nós distinguir o timbre dos sons, realizando uma verdadeira análise espectral. 3.2.2 - Fisiologia da audição 3.2.2.1 - Audição Via Aérea

O processo fundamental da audição é a transformação do som em impulsos elétricos ao cérebro. Esse processo passa pelas seguintes etapas: As ondas sonoras chegam até o pavilhão auditivo e são conduzidas ao canal auditivo (meato acústico externo). Além de conduzir o som ao canal auditivo, o pavilhão auditivo também ajuda na localização da fonte sonora. As ondas sonoras percorrem o canal auditivo e incidem sobre o tímpano (membrana timpânica), fazendo-o vibrar com a mesma freqüência e amplitude da energia do som. As ondas sonoras (pressão) são transformadas em vibração. A vibração do tímpano é transmitida para o cabo do martelo que faz movimentar toda a cadeia ossicular. A vibração do martelo é transmitida para a bigorna e para o estribo, através de um sistema de alavancas que aumentam em 3 vezes a força do movimento, diminuindo em 3 vezes a amplitude da vibração. A vibração da platina do estribo é transmitida sobre a janela oval, que está em contato com o líquido do ouvido interno. A vibração é transformada em ondas de pressão no líquido. Como a relação entre as áreas do tímpano e da janela oval é de 14:1, ocorre uma nova amplificação do som pela redução da área. A vibração no líquido da cóclea é, portanto, uma onda sonora (longitudinal), semelhante à onda sonora que chegou ao pavilhão auditivo, com a mesma freqüência, com a amplitude reduzida de 42 vezes (3 X 14) e a pressão aumentada de 42 vezes. As ondas sonoras se propagando nos líquidos do ouvido interno provocam a vibração da membrana basilar e do Órgão de Corti. A vibração chega até as células ciliadas, fazendo com que seus cílios oscilem saindo de sua posição de repouso. A oscilação dos cílios (na mesma freqüência da onda sonora original) causa uma mudança na carga elétrica endocelular, provocando um disparo de um impulso

elétrico para as fibras nervosas que são conduzidas para o nervo acústico e para o cérebro. A indicação de qual célula ciliada irá responder ao estimulo vibratório depende da freqüência do som: para sons agudos o deslocamento da membrana basilar é maior na região basal (próxima à janela oval) estimulando as células desta região; se o som é grave, o movimento maior da membrana basilar será na região apical. Um importante mecanismo de proteção ocorre no ouvido médio. Quando o estímulo sonoro atinge níveis acima de 70-80 db o processo de proteção é ativado, estimulando a contração do músculo estapédio (através do nervo facial), que faz alterar a forma de vibração do estribo sobre a janela oval. A platina do estribo passa a vibrar paralelamente à membrana da janela oval, impedindo a transmissão da vibração e inclusões muito pronunciadas que poderiam romper esta membrana. 3.3.2.2 - Audição Via Óssea As vibrações da energia sonora podem chegar ao ouvido interno (cóclea) através dos ossos do corpo humano, principalmente da caixa craniana. Um exemplo disto é o barulho que se escuta quando se mastiga ou quando se coça a cabeça. A audição por via óssea acontece quando as ondas sonoras chegam até os ossos da cabeça, fazendo-os vibrar; esta vibração é conduzida pelos ossos até os ossículos do ouvido médio e diretamente até a cóclea, provocando ondas nos líquidos internos e provocando a sensação da audição. A audição por via aérea é muito mais sensível que por via óssea; como exemplo, se eliminar a audição aérea de uma pessoa, ela escutaria um nível sonoro com, aproximadamente, 60 db de atenuação (redução de 10 6 ou 1.000.000 de vezes).

Estudos demonstram que os ossos do crânio vibram de forma diferente para diversas bandas de freqüência. Para sons graves, próximos a 200 Hz, o crânio vibra como um corpo rígido. Para freqüências em torno de 800 Hz a caixa craniana se deforma na direção anteriorposterior, e para 1500 Hz a deformação é lateral. Outro mecanismo importante na audição por via óssea é a vibração que chega ao ouvido através da mandíbula, que é ligada diretamente no osso temporal. 3.2.2.3 - Etapas da fisiologia auditiva Segundo FAVARO, F.H. e FAVARO, M.A.A.M (1991) as ondas sonoras atingem a orelha externa, o som é conduzido pelo conduto auditivo externo até a membrana timpânica resultando em movimentação da membrana timpânica e da cadeia ossicular que geram um deslocamento da platina do estribo na janela oval e um deslocamento em sentido oposto da membrana da janela redonda. Os líquidos labirínticos também são movimentados. A movimentação da perilinfa gera as ondas de propagação perilinfática. Cada freqüência sonora transmitida pela perilinfa provoca excitação máxima em determinada área da membrana basilar. Os sons agudos têm seu ponto máximo de amplitude próximo à base, os sons médios no ponto médio e os sons graves próximo ao ápice. A Cóclea Ativa nos últimos dez anos os conceitos sobre a fisiologia coclear se modificaram fundamentalmente. No órgão de Corti existem dois sistemas de células ciliadas: o das células ciliadas externas e o das células ciliadas internas. Existem diferenças anatômicas entre elas que têm implicações na fisiologia coclear. As células ciliadas externas têm uma função ativa e capacidade de contração. A energia mecânica liberada na contração destas células é responsável pelas otoemissões acústicas. Elas funcionam como um amplificador coclear e seriam capaz de acurada

seletividade frequencial. Tornam a cóclea um verdadeiro amplificador mecânico permitindo um aumento de até 50 db na intensidade de um estímulo. As células ciliadas internas são transdutores sensoriais, os verdadeiros receptores da mensagem sonora, produzindo codificação em mensagem elétrica que seria enviada pelas vias nervosas aos centros auditivos do lobo temporal. Apresentam uma seletividade de freqüência fina muito maior que as células ciliadas externas 3.2.2.4 - Etapas da fisiologia Coclear Seguindo a definição de FAVARO, F.H. e FAVARO, M.A.A.M (1991) sobre as Etapas da Fisiologia Coclear, pode-se descrever em 3 etapas: Primeira etapa transdução mecanoelétrica nas células ciliadas externas As vibrações mecânicas da membrana basilar e órgão de Corti provocadas pelas vibrações da perilinfa determinariam deslocamentos das células ciliadas externas acopladas à membrana tectória, desencadeando a sua despolarização e hiperpolarização. Neste mecanismo de vibração há uma seletividade de freqüências imprecisas. Há aparecimento de potenciais elétricos receptores, como os potenciais microfônicos cocleares. Segunda etapa transdução eletromecânica (ativa) nas células ciliadas externas Os potenciais elétricos formados provocariam contrações mecânicas rápidas das células ciliadas externas. Estas contrações constituem a base da eletromotilidade e ocorrem em fase com a freqüência sonora estimulante. A membrana tectória que está presa aos cílios das células ciliadas externas também se contrai. Este mecanismo constitui a base do funcionamento do amplificador coclear ativo.

Terceira etapa transdução eletromecânica nas células ciliadas internas O mecanismo ativo das células ciliadas externas provoca o contato dos cílios mais longos das células ciliadas internas com a membrana tectória e a conseqüente inclinação dos mesmos. Esta inclinação determina a despolarização das células ciliadas internas, sendo liberados neurotransmissores e ocorrendo a formação de uma mensagem sonora codificada em impulsos elétricos, que é transmitida ao sistema nervoso central pelo nervo acústico. 3.2.2.5 - Fisiopatologia aplicada ao ruído Alterações Cocleares: divide-se em duas: a) Temporárias: Durante os desvios temporários dos limiares auditivos há alterações discretas nas células ciliadas, edemas nas terminações nervosas auditivas, alterações vasculares, exaustão metabólica, modificações químicas intracelulares, diminuição da rigidez dos estereocílios, alterações do acoplamento entre cílios e membrana tectorial. Na maior parte das vezes, as alterações são reversíveis, havendo recuperação do limiar mesmo com presença de células lesadas. b) Permanentes: Durante os desvios permanentes dos limiares auditivos ocorrem alterações no fluxo coclear, alterações nos estereocílios (amolecimento, colapso, fusão, alongamento), aumento do número de células ciliadas lesadas ao longo da exposição, com redução dos processos ativos das células ciliadas externas, como a capacidade de contração rápida destas células, ocorrendo à degeneração de fibra nervosa do órgão de Corti. Quando estas alterações histológicas ocorrem, não há possibilidade de recuperação dos limiares auditivos.

3.2.3 - Efeitos do Ruído no Sistema Auditivo O ruído acima dos níveis estabelecidos como limite de tolerância pela legislação em vigor (Anexo 1 da NR 15 da Portaria nº. 3.214/78 do MTE) pode causar uma ou mais alterações no sistema auditivo, estas podem ser de três tipos segundo (SCHREINER & SCHREINER, 1999). 1 - Mudança temporária do limiar de audição ou surdez temporária que ocorre após a exposição do indivíduo a barulho intenso, mesmo por um curto período de tempo; 2 - Surdez permanente, que se origina da exposição repetida, durante longos períodos, a barulhos de intensidade excessiva. Esta perda é irreversível. Deve-se atentar para o fato de que, no começo do processo, as pessoas não percebem a alteração, porque esta não atinge de imediato, as freqüências utilizadas na comunicação verbal, entretanto, com o passar do tempo às perdas progridem; 3 - Trauma acústico, que é a perda auditiva repentina após a exposição a barulho intenso, causado por explosões ou impacto sonoro semelhante. Além dos problemas auditivos, existem outros efeitos possíveis, que têm potencialidade para provocar alterações em quase todos os aparelhos e órgãos que constituem o nosso organismo como um exemplo da vasta incidência dos efeitos do barulho: os vasos sangüíneos contraem-se, a pressão sangüínea eleva-se, as pupilas dilatam-se e os músculos tornam-se tensos. Estes efeitos "extra-auditivos" podem provocar ações sobre o sistema cardiovascular, alterações endócrinas, desordens físicas e dificuldades mentais e emocionais, entre as quais, irritabilidade, fadiga e maus ajustamentos, incluindo também a possibilidade de conflitos entre os trabalhadores expostos ao barulho.

3.2.3.1 - Riscos e prevenção Como som, compreende-se qualquer perturbação vibratória em meio elástico, que produz uma sensação auditiva (MERLUZZI, 1981). O ruído pode ser classificado como contínuo que é o ruído com pequenas vibrações dos níveis durante o período de observação, intermitente que cujo nível varia continuamente de um valor apreciável durante um período de observação e ruído de impacto que se apresenta em picos de energia acústica de duração inferior a um segundo. O ruído quanto a sua exposição pode ser classificado como continuo ou intermitente, para fins de aplicação de limites de tolerância e devem ser medidos com decibéis (db) com instrumento de nível de pressão sonora operado no circuito de compensação A SLOW (Circuito em Resposta Lenta), e devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador. Efeito do ruído no organismo, além do aparelho auditivo pode afetar o aparelho circulatório, aparelho digestivo, e causar danos à visão e causar alterações neuropsíquicas. As medidas de controle do ruído que devem ser adotadas são: retirada e/ou isolamento acústico da fonte emissora do ruído e o uso de proteção individual (SANTOS, 1994). 3.2.4 Proteção Auditiva O engenheiro é o profissional qualificado para controlar o ruído diretamente na fonte, tratando o ambiente acusticamente. Quando as medidas de controle na fonte não são suficientes, faz-se necessário o uso de equipamento de proteção auditiva, sendo um método considerado temporário e o último recurso para a proteção auditiva GERGES (1996). De acordo com MELNICK (1999), um EPI efetivo serve para proteger os efeitos do ruído na orelha interna.

SANTI (1998) cita a NR - 6 item 6.1, que considera EPI todo o dispositivo de uso individual, de fabricação nacional ou estrangeira, destinado a proteger a saúde e a integridade física do funcionário. As empresas são obrigadas por lei a oferecer EPI a seus funcionários, SANTI (1998) cita em seu artigo a Lei Nº. 6.514, de 22 de dezembro de 1997, secção IV: Artigo 166 A empresa é obrigada a fornecer aos empregados gratuitamente, Equipamento de Proteção Individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados. No mercado nacional e internacional existem vários tipos e marcas de protetores auditivos. CASALI (1998) comenta que os protetores atenuam geralmente as freqüências altas, distorcendo o som. Mas refere modelos em que à atenuação é constante em todas as freqüências, impedindo a distorção do som e facilitando a aceitação do funcionário. O autor explica que internacionalmente existem modelos que utilizam circuito eletrônico, fazendo com que o som de fora entre no protetor através de alto-falante e microfone. Na presença de ruído, age controlando e impedindo que ultrapasse 85 db. Quando o ambiente está favorável, o som é natural. Geralmente são mais aceitos, mas possuem um custo alto, de 10 dólares, e são indicados para funcionários que atuam em presença de sons intermitentes. Atualmente em empresas brasileiras utilizam-se abafadores de ruído tipo plug de inserção ou concha. Segundo GERGES (1999), os EPI s não vedam completamente a passagem do ruído, pois podem chegar na orelha interna através da vibração de ossos e tecidos do crânio, vibração do EPI gerando som ao MAE (Músculo Auditivo Externo) e passagem através do espaço com o mau ajuste na orelha externa.

MELNICK (1999) caracteriza os protetores. O concha é o protetor com vedação acústica diretamente na cabeça, através das hastes que realizam pressão. O material é rígido, denso e não perfurado. A vedação no fone é de espuma ou material fluido, atenuando as freqüências altas. O plug de inserção veda a passagem do som pelo meato acústico externo, pois é colocado diretamente no meato. Utilizam-se papel, algodão, cera, lã de vidro, silicone ou espuma para confeccioná-los (MONTES, 1997). Conforme MONTES (1997) e MELNICK (1999), existem vantagens e desvantagens para cada tipo de protetor. O modelo plug de inserção é pequeno, fácil de carregar e guardar, tornando-se mais confortável em ambientes quentes e convenientes para locais apertados ou fechados. Permite o uso de óculos, possui tamanho variável e sua atenuação varia de 10 db a 30 db. Apresenta desvantagens, pois exige mais tempo e esforço para ajustá-lo, sua proteção é menor e varia de acordo com a vedação no conduto do usuário. Quanto à higiene, necessita de mais cuidados para não causar infecções de orelha, e precisa também cuidado com a colocação e retirada do mesmo. É difícil de ser visualizado, dificultando na fiscalização da empresa, e, por ser pequeno, é facilmente perdido. O modelo concha possui apenas tamanho único, é mais aceito pelos funcionários e pode ser visto à distância, auxiliando no controle. É confortável em ambientes frios, possui vida útil longa, e é indicado para ruídos intermitentes devido à facilidade de remoção e colocação durante a exposição e sua atenuação varia de 20 db a 50 db. Suas desvantagens estão relacionadas com o alto custo, com a proteção que depende da pressão do arco na cabeça e que com o tempo poderá ser reduzida, é difícil de guardar e de carregar e ainda interfere com o uso de óculos e máscaras e causa desconforto pelo peso durante toda jornada de trabalho.

Para escolher o melhor protetor, a empresa deverá obter informações com o fornecedor quanto ao equipamento, ao certificado de aprovação expedido pelo Ministério do Trabalho e aos manuais com as instruções de utilização BARBOSA (1995). MORATA & SANTOS (1996) comentam também sobre a importância de se conhecer o ambiente de trabalho e a interferência que o EPI possa ocasionar na comunicação das pessoas em seu ambiente de trabalho. FERREIRA JÚNIOR (1998) concorda e impõe fatores para sua aquisição como: facilidade na colocação, de manuseio e de manutenção, além de comparação do preço em relação ao custo absoluto (unidade), custo relativo (unidade ao ano) e vida útil. DOMINGUITE (1998) afirma que a vida útil do EPI dependerá das condições de uso, dos cuidados e higiene durante o manuseio pelo usuário, e do ambiente de trabalho. O fator importante está na experiência do profissional da área de segurança aliado a estudos detalhados do produto que será adquirido, assegurando assim o tempo de vida dos protetores. BARBOSA (1995) comenta sobre o teste que deveria ser aplicado nas empresas para aquisição do EPI. O responsável pela aplicação do teste deve ser o gerente de recursos humanos, que seleciona as marcas a serem adquiridas, e o chefe de segurança do trabalho cumpre o procedimento enquanto o funcionário executa o teste em cada área específica. O funcionário que testar o equipamento deverá ser orientado e acompanhado pelo departamento de segurança para avaliar adequadamente e prestar informações necessárias à elaboração do parecer e do laudo técnico BARBOSA (1995). As características a serem avaliadas no teste são: conforto, maleabilidade, resistência, durabilidade, aderência e desempenho. BARBOSA (1995) menciona que, seguindo estas orientações, é possível adquirir equipamentos confiáveis, não pondo em risco a integridade física do funcionário e garantindo a segurança da empresa.

Os autores citados concordam que o primeiro fator a ser considerado para escolha do EPI é o conforto do funcionário, pois serão eles os motivados a usarem e assim prevenirem possíveis alterações auditivas. 3.2.5 Audiometria Ocupacional Segundo BANHI, A. M. et al. (1991) que definem as características de uma boa avaliação audiológica. A audiologia refere-se à ciência da audição e ao estudo do processo auditivo e tem sua base científica na Psicoacústica, interrelacionando-se com outras ciências. A Psicoacústica lida com os atributos de sensação do indivíduo para a freqüência, intensidade e, ainda, em relação a ruídos, sons musicais e vozes humanas. A avaliação da função auditiva é realizada por meio de inúmeros testes subjetivos que necessitam da colaboração do indivíduo para fornecer a resposta do exame e objetivos, que avaliam a audição do indivíduo sem que ele tenha que fornecer qualquer resposta ao teste. Estes exames buscam informações acerca da audição humana. O conhecimento da anatomia, fisiologia e fisiopatologia da audição e dos elementos da Acústica e Psicoacústica são pré-requisitos essenciais ao Audiologista. O sucesso do diagnóstico dependerá de testes bem elaborados, realizados com critérios científicos e analisados corretamente. Apesar da relativa facilidade na sua aplicação, a audiometria exige certas decisões a serem tomadas durante sua execução e a pessoa mais qualificada é aquela que tenha tido formação teórico-prática apropriada para a tarefa. Dos cursos de nível superior no Brasil, o de Fonoaudiologia é o que tem dedicado maior carga horária ao assunto. Além disso, os Conselhos Federais de Medicina e de