josewagnerag@gmail.com 2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Instituto de Química jbosco@eq.ufrn.br



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Transcrição:

ANALISE DA EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO DO TEOR DE ÓLEOS E GRAXAS EM ÁGUA PRODUZIDA COM UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA COMBINADA FLOCULAÇÃO/FLOTAÇÃO POR AR DISSOLVIDO APLICANDO DOIS TIPOS DE FLOCULANTES NATURAIS DE MORINGA OLEÍFERA José Wagner Alves Garrido 1 ; Kássia Larissa Pinheiro de Lima 2 ; Emilianny Rafaely Batista Magalhães 3 ; Saulo Henrique Gomes de Azevêdo 4 ; João Bosco de Araújo Paulo 5 1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química josewagnerag@gmail.com 2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Instituto de Química kassialarissa@yahoo.com.br 3 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química emybatista_eq@hotmail.com 4 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química henrique.saulo@bol.com.br 5 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química jbosco@eq.ufrn.br RESUMO O objetivo do presente trabalho foi analisar a eficiência de remoção do teor de óleos e graxas em água produzida, utilizando a técnica combinada floculação/flotação por ar dissolvido com aplicação de floculantes naturais de moringa oleífera. Foram utilizados dois tipos de floculantes naturais produzidos a partir das sementes da planta Moringa Oleífera: primeiro foi disponibilizado pela empresa Claeff Engenharia e Produtos Químicos-FNMOI e o segundo desenvolvido na escala de laboratório-fnmol. O equipamento, consistindo de vaso saturador e três colunas de flotação, para realização da técnica floculação/flotação foi montado no Laboratório de Monitoramento, Tratamento e Reúso de Resíduos da Indústria de Petróleo LAMTRE/UFRN. Na primeira coluna foi utilizado o FNMOL, na segunda o FNMOI e na terceira não foi inserido floculante. Estudaram-se o efluente em três condições de ph s tal qual, ácido e básico. Observou-se que a variação de ph teve influência na remoção de TOG, o que o torna um parâmetro de controle importante, influindo nas cargas elétricas superficiais das gotículas de óleo. Quando foi aplicada apenas a técnica de FAD, na ausência de floculante, observou-se em alguns casos a maior remoção de TOG, concluindo que o sistema é eficiente no tratamento de água produzida. Palavras-chave: Floculante; Moringa Oleífera; TOG; Flotação. 1. INTRODUÇÃO Na indústria petrolífera, vários segmentos impactam negativamente o meio ambiente. No segmento representado pela extração do petróleo, o poluente mais relevante, particularmente pelo volume considerável, é a água produzida ou água de produção. Segundo o relatório Cenpes [2005] a água produzida se caracteriza pela presença compostos orgânicos tóxicos presentes em água de produção são os hidrocarbonetos voláteis (BTEX), hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fenóis, e ácidos carboxílicos; dentre os compostos inorgânicos, vários metais podem ser encontrados na água

produzida, como cádmio, cobre, níquel, chumbo e zinco, dentre outros compostos nocivos como sulfetos, N-amoniacal, óleos e graxas, caracterizando-se como um efluente de difícil descarte. O descarte inadequado deste efluente implica em efeitos nocivos ao meio ambiente, repercussão negativa da empresa, penalidades e um custo elevado com ações corretivas e mitigadoras, contrariando a legislação ambiental vigente, assegurada pelas Resoluções CONAMA 393 [BRASIL, 2007] e 430 [BRASIL, 2011]. Porém, para essa disposição, faz-se necessário o adequado tratamento deste efluente de modo a se extrair a máxima quantidade de óleo possível e diminuir a concentração dos demais constituintes de acordo com o atendimento da legislação ambiental em vigor. Então, o desenvolvimento de novas tecnologias para o tratamento da água produzida ou ainda o aperfeiçoamento das existentes é de extrema importância para que a indústria de petróleo continue a se expandir, minimizando os impactos ao meio ambiente. Nesse contexto, uma técnica que desperta interesse no tratamento de efluentes industriais, principalmente os oleosos, é a flotação [CRESPILHO & RESENDE, 2004; GE et al., 2004; GAO et al., 2005; SANTANA, 2009]. Segundo Santos et al. [2007], essa técnica tem sido bastante empregada na indústria de petróleo, no sentido de reduzir o teor de óleos e graxas em suspensão na água produzida a níveis adequados de acordo com as exigências legais. O rendimento do processo de flotação é aprimorado quando se associa a operação de floculação na etapa de prétratamento, segundo Spinelli [2001], quando a água a ser tratada necessita do processo de floculação, essa etapa passa a ser um ponto importante, em qualquer tecnologia de tratamento, que nos processos convencionais utilizam polieletrólitos (floculantes) comerciais, os quais são fornecidos à indústria com poucos detalhamentos de suas propriedades, e apesar de que em muitos países em desenvolvimento dificilmente podem suportar os elevados custos dos produtos químicos importados para o tratamento de águas residuais. Sendo assim, em vários países, inúmeras plantas estão sendo utilizadas como coagulantes/floculantes naturais, aonde alguns biopolímeros vêm sendo investigados mais intensamente que outros, como é o caso da Moringa Oleífera Lam, da quitosana e do tamarindo [SILVA et al., 2003; LÉDO, 2008; MAGALHÃES, 2014]. Em face ao exposto, o objetivo do presente trabalho foi analisar a eficiência de remoção do teor de óleos e graxas em água produzida, utilizando a técnica combinada floculação/flotação por ar dissolvido com aplicação de dois tipos de floculantes naturais de moringa oleífera. 2. METODOLOGIA 2.1. Origem da água produzida Na Figura 1, identifica a localização da área de origem da água produzida na zona de exploração e produção da Petrobras (UO RNCE), cuja é derivada de campos onshore e offshore. Figura 1: Localização da área de origem da água produzida utilizada neste estudo. Fonte: Adaptados de Preda; Alencar Filho; Borba [2008].

A água produzida foi coletada após o sistema de pré-tratamento por separador água óleo (SAO) existente em uma estação de tratamentos de efluentes da Petrobras da unidade operacional Rio Grande do Norte e Ceará (UO-RNCE). 2.2. Caracterização físico químicas da água produzida Após transporte e chegada no Laboratório de Monitoramento e Tratamento de Resíduos da Indústria do Petróleo LAMTRE da Universidade Federal do Rio Grande do Norte foram realizadas imediatamente as análises físico químicas. Para a realização da caracterização da água produzida foram utilizados basicamente dois equipamentos: sonda multiparamétrica, marca IN SITU, modelo MP TROLL 9500 (Figura 2) e o Infracal TOG/TPH da Wilks Enterprise Corp.- Modelo HATR-T2 (Figura 3). A relação dos parâmetros físico químicos avaliados e dos respectivos equipamentos que foram utilizados para a caraterização da água produzida estão descritos na Tabela 1. Tabela 1: Relação dos equipamentos e parâmetros físico químicos medidos. Equipamento Parâmetro utilizado Temperatura ( C) Condutividade (ms/cm) Cloreto (mg/l) Turbidez (FTU) ph TOG (mg/l) 2.3. Floculantes Naturais Sonda multiparamétrica Infracal 2.3.1. Floculante Natural de Moringa Oleífera Industrial - FNMOI O Floculante Natural de Moringa Oleífera industrial já é produzido na escala industrial e foi fornecido pela empresa Claeff Engenharia e Produtos Químicos. Figura 2: Sonda Multiparamétrica em conjunto com o palmtop (A), sensores (B) e eletrodos (C). Figura 3: Infracal TOG/TPH. 2.3.1. Floculante Natural de Moringa Oleífera (Laboratório) FNMOL Este foi preparado na escala de laboratório de acordo com alguns estudos [OKUDA et al., 1999; PAULO et al., 2013; MAGALHÃES, 2014]. Após a coleta das sementes de vagens secas de Moringa oleífera, as mesmas foram descascadas manualmente, trituradas até se obter um pó fino e submetidas a um processo de extração para a retirada do óleo. O pó seco obtido a partir dessas etapas foi misturado à água destilada na proporção de 1g para 50 ml de água. A

mistura obtida foi batida em um mixer por cinco minutos e levada à filtração a vácuo através de um papel filtro de 8 µm. O filtrado obtido foi utilizado como floculante. 2.4. Operação do Flotateste O equipamento para realização da técnica floculação/flotação por ar dissolvido foi montado no Laboratório de Monitoramento, Tratamento e Reúso de Resíduos da Indústria de Petróleo LAMTRE/UFRN em escala de bancada, foi construído com modificações de acordo com Lacerda et al. [1997] do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília (UnB). Este foi previamente utilizado por Lédo [2008] e Magalhães [2014]. É composto, de forma geral, por três colunas de flotação, onde ocorrem às etapas de mistura rápida, mistura lenta, floculação e flotação por ar dissolvido. Tais colunas estão conectadas a uma câmara de saturação pressurizada. Na primeira coluna foi utilizado o FNMOL, na segunda o FNMOI e na terceira não foi inserido floculante, executado em três condições de ph s tal qual, ácido e básico. A Figura 4 mostra um esquema geral do flotateste que foi utilizado. A saturação com ar da água de recirculação corresponde à primeira etapa do processo, na qual a câmara de saturação é cheia com água produzida tratada (TOG < 20mg/L) cerca de 2/3 do seu volume, e o compressor é acionado para atingir a pressão de 5kgf/cm2 em seu interior para a saturação da água que foi realizada por cerca de 20 min. Para os ensaios de floculação e flotação as colunas de flotação foram cheias com a água produzida e os floculantes foram dosados a partir de seringas localizadas na lateral das colunas. Para o início da rotação, referente à etapa de mistura rápida do processo, as paletas foram fixadas nos mandris e a rotação ajustada no variador de frequência. O tempo referente a esta etapa foi constante (3 min.) e cronometrado a partir da adição do floculante numa rotação de 226 rpm. Após este tempo, a rotação foi reduzida a 90 rpm, onde se deu início a etapa de mistura lenta (floculação) e cronometrada por 5 minutos. Ao término desta etapa, a agitação foi desligada e as hastes retiradas dos mandris. De forma imediata, as válvulas de cada coluna de flotação foram totalmente abertas, permitindo a injeção da água saturada com ar com a taxa de recirculação de 20%, iniciando o processo de flotação por ar dissolvido. Terminada a injeção, o tempo de flotação foi de 20 minutos, posteriormente se deu a coleta da amostra de água tratada. 2.5. Eficiência do sistema Figura 4: Esquema geral do flotateste. Fonte: Adaptado de Lacerda et al. [1997]. A eficiência foi avaliada a partir das análises dos teores de óleos e graxas antes do tratamento (água produzida bruta - APB) e depois do tratamento (água produzida tratada - APT). A equação (1 ) define a eficiência de separação.

TOG f (%) 1 *100 [1] TOGi Em que, TOG i é a concentração de óleo e graxas inicial da água produzida bruta- APB (mg/l) e TOG f é a concentração de óleo e graxas da água produzida tratada- APT (mg/l). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Caracterização da água produzida Na Tabela 2 apresentam os valores da caracterização físico-química da água produzida bruta. Tabela 2: Resultados da caracterização físico-química da água produzida bruta. Medição Medição Parâmetro Média 1 2 Temperatura (ºC) 35,07 33,46 34,265 Turbidez (NTU) 249,7 279,4 264,55 ph 6,27 6,61 6,44 Cloretos (ppm) 12536,4 7871,4 10203,9 Nitrato (ppm) 898,02 552,2 725,11 Condutividade 22,63 22,01 22,32 (ms/cm) TOG (ppm) 126 125 125,5 Na Figura 5 identifica as eficiências de remoção de TOG quando aplicados os FNMOI e FNMOL, juntamente com a técnica de flotação por ar dissolvido. Figura 5: Eficiências de remoção de TOG quando aplicados os dois tipos de floculantes naturais. 96% 97% 98% 98% 93% 84% 87% 79% 76% FNMOI FNMOL Sem floculantes ph normal ph ácido ph básico Conforme a Figura 5 as eficiências de remoção de TOG quando aplicados as três condições de ph s tal qual, ácido e básico, apresentaram os valores para o FNMOI a remoção do TOG roram de 96%, 79%, e 97%, respectivamente; para o FNMOL foram 84%, 87%, e 98%, respectivamente e na ausência de qualquer dos floculantes, apenas com a aplicação das condições do sistema de flotação a remoção de TOG foi de 93%, 76% e 98%, respectivamente. Observa-se na Figura 5 com as aplicações dos floculantes naturais apresentaram elevadas eficiências, quando comparado com o estudo de Magalhães [2014] que apresentou uma eficiência em média de 70% de remoção de óleo e graxas da água produzida. Outros estudos desenvolvidos com a aplicação de floculante de moringa, nesse caso no tratamento de efluentes da indústria alimentícia Lenhari e Hussar [2010] observaram ótimas eficiências no tratamento físico químico desse tipo de efluente. Observa-se que a variação de ph teve influência na remoção de TOG, o que o torna um parâmetro de controle importante, apresentando eficiência de média de 97,7% em ambas condições básicas, devido a desestabilização das cargas elétricas superficiais das gotículas de óleo pelo hidróxido de sódio.

Pode-se observar que quando aplicada apenas a técnica de FAD, na ausência de floculante, na condição de ph normal, a eficiência foi superior comparado com a aplicação do FNMOL, podendo dizer que que o sistema é eficiente no tratamento de água produzida, não sendo necessário a utilização de produtos químicos para correção de ph s. 4. CONCLUSÕES O FNMOI foi mais eficiente de que o FNMOL na condição de ph normal e básico. A técnica de FAD juntamente com o FNMOI foi a que apresentou maior eficiência 96% de remoção de TOG na condição de ph normal, concluindo que o sistema é eficiente no tratamento de água produzida. 5. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química/UFRN, FUNPEC/CNPq e a PETROBRAS/CENPES/UO-RNCE pelo suporte financeiro e material para desenvolvimento deste trabalho. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. RESOLUÇÃO CONAMA n. 393, de 8 de agosto de 2007. Dispõe sobre o descarte contínuo de água de processo ou de produção em plataformas marítimas de petróleo e gás natural, e dá outras providências. BRASIL. RESOLUÇÃO CONAMA n. 430, de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução n. 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente. CENPES. Caracterização do Efluente da Plataforma de Curimã PCR-1. Relatório Técnico Parcial. Jul. 2005. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/proc essos/c657c5d3/gtconamaaprespetr obras.pdf>. 12 janeiro 2015. CRESPILHO, F. N., RESENDE, M. O. O. Eletroflotação - Princípios e Aplicações. São Paulo: RiMa Editora. 74p. 2004. GAO, P.; CHEN, X.; SHEN, F.; CHEN, G. Removal of chromium (IV) from wastewater by combined electrocoagulation-electroflotation without a filter. Separation and Purification Technology, v.43, p.117-123, 2005. GE, J.; QU, J.; LEI, P.; LIU, H. New bipolar electrocoagulationelectroflotation process for the treatment of laundry wastewater. Separation and Purification Technology, v.36, p.33-39, 2004. LACERDA, M. R. S.; MARQUES, S. F. S.; BRANDÃO, C. C. S. A influência do ph de coagulação e do tempo de floculação na flotação por ar dissolvido no tratamento de água com baixa turbidez e presença de algas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 19, 1997, Foz do Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu, 1997. LÉDO, P. G. S. Flotação por ar dissolvido na clarificação de águas com baixa turbidez utilizando sulfato de alumínio e sementes de Moringa Oleífera como coagulantes. 2008, 123p. Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Pós Graduação em Engenharia Química. Natal-RN. LENHARI, J. L. B.; HUSSAR, G. J. Comparação entre o uso da moringa oleifera lam e de polímeros industriais

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