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Transcrição:

Busca do equilíbrio Conquistar sustentabilidade financeira e qualificar recursos humanos são alguns dos principais objetivos dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) no Brasil POR CAMILA AUGUSTO Ilustrações: Shutterstock Quando entrou em vigor em 2004, a Lei de Inovação trouxe um grande desafio para as Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs) do país: todas elas tiveram que criar um Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), órgão que possui a finalidade de gerir suas políticas de inovação. Passados oito anos, estima-se que existam mais de 120 NITs em ICTs, dos quais cerca de 50% estão implementados e, aproximadamente, 30% em implementação. O desafio surgido em 2004, no entanto, continua. A maioria desses núcleos enfrenta obstáculos para se sustentar. Os problemas passam pela carência de profissionais especializados para trabalhar nos NITs e pela falta de recursos contínuos. Além disso, há a questão da cultura dos pesquisadores das ICTs, que ainda não estão acostumados a lidar com inovação, e dos empresários muitos não possuem uma postura proativa e não procuram os núcleos em busca de transferência de tecnologia ou parcerias para o desenvolvimento de soluções. De acordo com o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Alvaro Prata, o fato de muitos NITs ainda estarem em implementação está relacionado, entre outros fatores, a uma mudança cultural nas ICTs. Muitas instituições que declaram que seu NIT está em implementação ainda necessitam de maior reconhecimento interno, incluindo recursos humanos para operacionalizar as questões ligadas às competências do núcleo. Também estão aprendendo a rever seus processos, de forma que possam concretizar proteções e comercializações do conhecimento, afirma. Sustentação financeira Atualmente, a maioria dos NITs depende de recursos da Financiadora de Estudos e 86

Projetos (Finep), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e, no caso de alguns estados, das Fundações de Amparo à Pesquisa. Os recursos, no entanto, são concedidos por meio de projetos com duração limitada e muitos núcleos apresentam fragilidade em relação à sustentação financeira de suas operações. Existe um problema desde o momento em que foram criados os NITs: o da estabilidade. A Lei de Inovação, quando veio, obrigou todas as ICTs a terem um núcleo, mas não disse de onde viriam os recursos para isso. Então, todos os NITs do Brasil são altamente instáveis, pois sobrevivem com base em projetos das agências de fomento, analisa Marcelo Portes de Albuquerque, coordenador do NIT Rio rede que abrange os núcleos de sete Unidades de Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro vinculadas ao MCTI. A última chamada de apoio da Finep destinada aos NITs ocorreu em 2008. Alguns estados, como o Rio de Janeiro, o Ceará e o Pará oferecem recursos aos núcleos. Em outros, no entanto, não há esse tipo de suporte. Uma das formas encontradas pelo MCTI para distribuir os recursos de maneira mais igualitária entre os núcleos foi incentivar a formação de redes de NITs, como as do Rio de Janeiro e Nordeste. Dessa forma, os núcleos podem participar de chamadas para receber recursos das agências de fomento de forma conjunta, sem se tornarem concorrentes um dos outros. De acordo com os gestores de NITs entrevistados pela Locus, ainda é distante a possibilidade de que os núcleos consigam se autossustentar por meio de royalties recebidos via contratos de transferência de tecnologias patenteadas, por exemplo. Na Universidade de Brasília (UnB) a primeira universidade pública a ter formalizada, através de resolução interna, a criação de um núcleo para lidar com propriedade intelectual apenas 10% do orçamento do NIT é fornecido por royalties, um número que, apesar de ainda ser tímido, é superior ao da maioria dos núcleos do país. Na opinião de Rosângela Bentes, da Rede NIT Amazônia Ocidental, a falta de recursos é o maior empecilho para a implantação e a efetiva operação dos NITs do país. A partir do momento em que se fala que é importante proteger e transferir, é necessário ter recursos. Precisamos disso para manter uma patente, por exemplo. E o orçamento das instituições está preparado para isso? Muitas ICTs não estão. Então, para não ficarem fora do sistema, dizem que o NIT está em implementação. Os projetos de fomento são necessários, mas não podem ser a única fonte de recurso, avalia. Recursos humanos Como dependem dos recursos advindos de projetos e não tem um aporte contínuo, as equipes dos NITs são, em sua maioria, formadas por bolsistas. Esse aspecto é apon- _OS MAIORES DESAFIOS DOS NITs - Obter recursos financeiros contínuos; - Ter quadros de profissionais qualificados para atuar nos núcleos; - Reduzir a dependência de bolsistas; - Criar uma cultura de inovação nas ICTs e no setor empresarial; - Falta de linha de financiamento que facilite o depósito de patentes no exterior; - Falta de política institucional nas ICTs; - Falta de suporte jurídico nas ICTs para resolver as questões conflitantes; - Falta de entendimento universidade-empresa; - Em relação aos pesquisadores das ICTs: incentivo ao patenteamento X pontuação com publicações. 87

tado pelos gestores dos núcleos como uma das principais fragilidades do sistema. No caso do Museu Goeldi tem sido recorrente a perda de bolsistas, que completam sua formação e alcançam melhores posições no mercado. Isto é bom para o bolsista, e a formação de recursos humanos qualificados faz parte da nossa missão institucional, mas urge a criação de um mecanismo de absorção destes profissionais para que o NIT possa efetivamente desempenhar seu papel, afirma Graça Ferraz, da Rede NIT Amazônia Oriental. A falta de uma carreira específica para atuação nos NIT também é uma dificuldade. A maior lacuna na legislação é a falta de criação de cargos e perfis de profissionais para atuarem nos NITs, que são responsáveis por gerir a política de inovação de uma instituição científica e tecnológica. A Lei de Inovação Federal institucionalizou os NITs, porém não criou mecanismos e uma estrutura forte para dar proteção ao desenvolvimento de produtos inovadores, explica Marcus Zanon, coordenador regional do Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec) na Região Sul e, também, coordenador da Rede NIT Paraná que já capacitou cerca de 50 bolsistas. De acordo com Luís Afonso Bermúdez, diretor do CDT/UnB, já existem discussões a respeito da criação dessa carreira, mas não há nada definido até agora. É uma grande luta das ICTs convencer o MEC Ministério da Educação] e o MCTI de que é importante a criação dessa carreira. Hoje o que existem são bolsas, iniciativas pontuais como a da UnB, em que formamos pessoal para trabalhar com isso, afirma. Cultura da inovação Outro desafio que as ICTs enfrentam na gestão dos NITs é o de incentivar a formação de uma cultura da inovação entre os estudantes e pesquisadores das instituições e, também, no setor empresarial. Para conseguir isso, os núcleos realizam ações de divulgação, como eventos, cursos e disciplinas nas universidades. A Universidade Federal da Bahia (UFBA), por exemplo, oferece disciplinas de elaboração de patentes, contratos de transferência de tecnologia e realização de prospecção tecnológica para alunos da graduação e pós-graduação. Queremos fazer com que eles entendam o que vai acontecer com aquilo que estão apropriando e evitar que tenhamos uma série de patentes na prateleira, explica Cristina Quintella, coordenadora do NIT da UFBA. Segundo ela, a maioria dos estudantes dessas disciplinas vem de cursos da área de Ciência e Tecnologia. Além disso, a Rede NIT Nordeste, a cada ano, organiza um congresso chamado PROSPECT&I, no qual são expostos os produtos desenvolvidos pelas ICT. O fator cultural é um dos maiores desafios do NIT Rio, formado principalmente por instituições que realizam pesquisas de ciência básica. O que temos feito ao longo desses anos são atividades de divulgação. Tentamos mostrar aos pesquisadores que patentear e publicar não são coisas incompatíveis, além de explicar conceitos de propriedade intelectual. É muito comum, no ambiente acadêmico, ouvirmos os pesquisadores falarem que fazem inovação todo dia. Na verdade, o que eles querem dizer é que fazem invenção ou descoberta todo dia. Mas inovação, não, afirma Marcelo de Albuquerque, do NIT Rio. Transferência de tecnologia Ainda é tímido o número de contratos de transferência de tecnologias realizados 88

pelas ICTs. Os dados do MCTI, com base em 2010, mostram que a grande maioria dos núcleos não possui esse tipo de contrato. De um total de 164 instituições, apenas 36 informaram possuir contratos (27 públicas e nove privadas), sendo que a maioria deles não envolve a transferência de tecnologias patenteadas. Para o secretário do MCTI, Alvaro Prata, o baixo número de contratos se deve à falta de estruturação dos NITs. A perspectiva do contrato de transferência de tecnologia é um estágio avançado do processo. Nem todas as instituições estão familiarizadas com todas as etapas na participação da inovação, e o tempo de assimilação para todas estas mudanças é necessário para que a negociação destas tecnologias desenvolvidas seja realizada de forma satisfatória, avalia. Ainda falta, na opinião dos gestores de NIT, a criação de um ambiente 150 120 90 60 30 0 55 Sudeste 6 Distribuição regional dos NITs 24 Sul 18 13 Centro-Oeste 0 10 Norte 3 31 Nordeste 4 133 Total Fonte: Relatório Política de Propriedade Intelectual das Instituições Científicas e Tecnológicas do Brasil, MCTI, 2010. 31 _O QUE DIZ A LEI DA INOVAÇÃO? Instituição Científica e Tecnológica: órgão ou entidade da administração pública que tenha por missão institucional, dentre outras, executar atividades de pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico. Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT): Núcleo ou órgão constituído por uma ou mais ICTs, com a finalidade de gerir sua política de inovação. Quais são as competências mínimas de um NIT? 1) Zelar pela manutenção da política institucional de estímulo à proteção das criações, licenciamento, inovação e outras formas de transferência de tecnologia. 2) Avaliar e classificar os resultados decorrentes de atividades e projetos de pesquisa para o atendimento das disposições da Lei de Inovação. 3) Avaliar solicitação de inventor independente para adoção de invenção, na forma da Lei de Inovação. 4) Opinar pela conveniência e promover a proteção das criações desenvolvidas na instituição. 5) Opinar quanto à conveniência de divulgação das criações desenvolvidas na instituição, passíveis de proteção intelectual. 6) Acompanhar o processamento dos pedidos e a manutenção dos títulos de propriedade intelectual da instituição. 89

Recursos obtidos com contrato de transferência tecnológica/licenciamento 60 54,55% 50 40 40,59% 41,89% 41,42% 30 20 13,13% 10 0 1,29% 0,81% 2,75% 3,56% Sem exclusividade Outras formas Com exclusividade Privada R$ 2.464.054,97 R$ 25.076.369,12 R$ 1.544.441,09 Pública R$ 77.522.138,92 R$ 79.097.149,71 R$ 5.260.702,00 Total R$ 79.986.193,89 R$ 104.173.518,83 R$ 6.805.143,09 Fonte: Relatório Política de Propriedade Intelectual das Instituições Científicas e Tecnológicas do Brasil, MCTI, 2010. e de um marco regulatório que facilite a interação universidade-empresa, além de mais tempo para que os contratos existentes rendam royalty. Nós estamos falando de núcleos que surgiram há poucos anos. Até hoje, o NIT da UFBA não recebe nenhum royaltie e a maioria dos núcleos da Rede NIT Nordeste também não. Normalmente, nesses contratos, as empresas pedem dois anos para colocar os produtos no mercado, pois eles foram desenvolvidos em escala de bancada, explica Cristina Quintella, do NIT UFBA, que firmou 30 contratos de transferência em 2011. Na UnB, 10% do orçamento do NIT da instituição é baseado em royalties. A universidade possui contratos de tecnologia desde que o núcleo foi criado, em 1998, mas a maioria deles não envolve tecnologia patenteada, e sim segredos industriais. A transferência via concessão de uso da patente ainda é baixa, mas, ao todo, temos cerca de 80 contratos de desenvolvimento, afirma Luís Afonso Bermúdez. De acordo com Bermúdez, o sistema de NIT ainda é muito novo e, com tempo, está progredindo. Não é assunto fácil. Não veio de uma cultura existente, está se transformando. Somente no ano passado, por exemplo, conseguimos formar uma associação nacional dos NIT. Com o tempo isso irá evoluir. L 90